30 de março de 2011

O QUE É A VERDADE?

      Quando perguntamos o que é a verdade, está implícito que seja tudo aquilo que posso comprovar ou verificar. Isto é, a verdade é a representação fiel de alguma coisa existente na natureza. É a qualidade pela qual as coisas se apresentam como são. Para o filósofo grego Aristóteles, a verdade é a harmonia total ou parcial, entre o meu pensamento subjetivo e a realidade objetiva, existe uma completa identificação do sujeito com o objeto.

      Segundo a filósofa Marilena Chauí, a idéia de verdade foi construída ao logo dos séculos, com base em três concepções diferentes, vindas da língua grega, do latim e do hebraico. A palavra verdade do grego alétheia, quer dizer: “o não esquecido, não escondido, não dissimulado”. Todavia, a verdade é o que vemos numa contemplação ou o que se mostra aos nossos olhos. Verdade em latim, veritas quer dizer: “precisão ao rigor e à exatidão de um relato, no qual se diz com detalhes pormenores e fidelidade o que realmente aconteceu”. Em hebraico, verdade quer dizer emunah, que significa: “confiança” está ligado à pessoa que cumpre o que promete e que é fiel a palavra dada ao pacto feito, que não traem a confiança. Por conseguinte, palavras como averiguar e verificar indicam buscar a verdade; veredicto é pronunciar um julgamento verdadeiro.

      Por outro lado, pergunta-se se a verdade tem valor objetivo e autônomo, ou se não passa de uma opinião subjetiva e heterônoma. A verdade, dizem os relativistas, não é uma norma fixa, espécie de monopólio, pelo qual eu deva orientar o meu espírito e a minha ética, mas é, antes de tudo, como um boneco ou fantoche que eu mesmo fabrico e manipulo como bem entendo, segundo as conveniências do momento. Se minha verdade for desfavorável aos meus interesses individuais, modifico-a até que se amolde aos meus gostos pessoais, aos interesses do meu grupo, da minha pátria ou da minha igreja.

      Neste último caso, a verdade deixa de ser livre e soberana, para se tornar escrava e servidora dos meus interesses. Deixa de ser uma verdade libertadora, pois ela mesma não é livre.

      A aceitação de uma verdade absoluta, por um lado, como acontece na religião, tem conseqüências graves. Por outro lado, existe uma adesão a uma verdade relativa, mais complexa ainda. Esse conflito em torno da verdade cavou um abismo invisível entre esses dois grupos em que se divide a humanidade em todos os tempos. Portanto, todos os bens e todos os males, no plano da moral e da ética, derivam da aceitação prática desta ou daquela filosofia sobre o caráter e a função da verdade. Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará. Nesta frase lapidar contem uma profunda filosofia de vida, que pode amenizar esse conflito entre os povos. Ninguém tem a verdade, mas, todos buscam a verdade.         

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