29 de outubro de 2012

ALCANCE DA MENTE NO TEMPO

Naturalmente na nossa vida diária, presenciamos fatos extraordinários que na maioria das vezes escapam do nosso conhecimento e explicação racional. Sobretudo, quando se trata de acontecimentos estranhos em torno de pessoas queridas, ou seja, de pessoas que gostamos muito e que fazem parte do nosso circulo de afetividades.

Um casal de amigos relatou certa vez um fato muito curioso que ocorreu com eles. Ambos estavam separados e não se viam e nem se falavam a mais de uns cinco dias. Com muita saudade o rapaz mandou um email para a namorada, que dizia o seguinte: ”te amo tanto”, e a mensagem trazia frases poéticas e românticas. No mesmo dia e na mesma hora a moça posta uma mensagem musicada intitulada: “eu te amo tanto”, uma canção romântica do cantor Roberto Carlos, praticamente com os mesmos dizeres. O curioso é que ambos só tomaram conhecimento das mensagens horas mais tarde. Nenhum dos dois sabia da mensagem, mas pensaram e tiveram o mesmo sentimento simultaneamente. Esse fato foi comprovado pelos amigos mais próximos.

Outro caso curioso que ilustra bem essa comunicação telepática aconteceu em Campinas, cidade que fica no interior do Estado de São Paulo. Foi até publicado em livros esse fato. Uma jovem desperta de repente após uma noite de sono e verifica no relógio que são seis horas e trinta e cinco minutos, nesse exato momento o relógio para. Ao sentar na cama, ela vê refletido no espelho do guarda roupa a imagem do seu noivo, que deveria estar a trezentos km de distância. Achou que era uma miragem, talvez por estar pensando nele naquele momento e não deu muita importância ao fato. Por volta das nove horas, ela recebe um telefonema avisando que seu noivo havia sofrido um acidente de carro às seis horas e trinta e cinco minutos da manhã e estava hospitalizado. O carro foi abalroado por um caminhão desgovernado.

Fatos como esses é comum no nosso dia a dia. Quem já não pensou em uma pessoa que não via há muito tempo e de repente do nada a pessoa aparece ou telefona. Quantas vezes a gente não está andando pelas ruas pensando numa determinada pessoa e de repente ao virar a esquina tromba com a mesma, e logo vem àquela velha frase: “você não morre mais”, estava pensando em você. Às vezes o outro não acredita muito. Mas é a mais pura verdade, essas coisas acontecem de fato.

Outro dado para ilustrar esse alcance da mente. Também foi publicado em livros. Uma menina de dez anos de idade estava em uma praça perto de casa, com duas amigas estudando matemática, matéria para prova na escola. Quando de repente tudo que a rodeia se desvanece para ela e aparece nitidamente sua mãe caída sobre o chão de um quarto que não era usado na sua casa. A visão foi tão clara e detalhada, que a menina percebe até um lenço bordado de renda que está a pouca distância da mãe. Tão real era a aparição que, logo que desaparece, a menina em vez de voltar para casa, corre a procura do médico que atendia no Posto de Saúde ali perto.

A menina não pode dar muitos detalhes ao médico, porque a mãe, na realidade, estava em perfeito estado de saúde e naquele momento, deveria estar ausente de casa. Mas lhe conta a visão e o convence a ir com ela até a casa. O médico vai mais para tranqüilizar a menina do que por outra coisa. Chegam correndo os dois o médico levando tudo na brincadeira para acalmar a garotinha nervosa e, encontram o pai na porta muito tranqüilo e sereno. Naturalmente o pai estranha a chegada do médico, tão apressado e pergunta o que está acontecendo. “É a mamãe” responde a menina e conduz o médico e o pai ao quarto abandonado. Lá exatamente como tinha visto e descrito a menina encontraram a mãe, deitada no chão, o lenço de renda perto.

A pobre senhora tinha sofrido um ataque cardíaco. Depois de atendê-la e encaminhar para o hospital, declara o médico que, se não tivesse chegado imediatamente, demorado um pouco mais o desenrolar desse episódio teria sido fatal. No caso a menina teria visto mesmo à distância a realidade de um quarto abandonado e a mãe no chão desfalecida, assim como viu também o lenço de renda ao lado da mãe no chão. Tudo indica que a menina teria conhecido o pensamento, consciente ou inconsciente que certamente a mãe tinha do seu estado de saúde e lugar onde se encontrava no chão. A menina teve uma clarividência. Vamos analisar se existe ou não uma faculdade de conhecimento paranormal em nós, capaz de conhecer e captar fatos perto ou distante do nosso habitat.

O primeiro grupo de estudos sobre telepatia e clarividência começou com a Sociedade para Pesquisa Psicológica de Londres em 1882. Depois de anos estudando fenômenos paranormais, já na Universidade de Duke na Carolina do Norte EUA, em 1934 o pesquisado e professor de psicologia, Joseph Banks Rhine (1895-1980), considerado o pai da parapsicologia, chegou à seguinte conclusão. Que existe de fato uma faculdade de conhecimento paranormal em nós, chamada psi-gamma, palavra que tem origem no grego e significa: conhecimento da alma, capaz de conhecer passado, presente e futuro numa margem de dois séculos, mais ou menos, ou seja, cinco gerações.

Portanto, esta faculdade do nosso inconsciente, que todos nós temos, é capaz conhecer tudo que ocorre perto ou distante de nós. A psi-gamma prescinde da distância e do tempo, alcança milhares de quilômetro, não existe nenhum obstáculos para conhecer e captar telepaticamente os acontecimentos do nosso mundo. É uma faculdade de percepção extra sensorial, que existe em todo ser humano, mas nem em todos se manifesta, exceto algumas pessoas em circunstâncias especiais. Sente-se que algo está acontecendo, mas não sabe interpretar. É um fenômeno espontâneo e está sempre relacionado com pessoas próximas de nós, ou seja, com pessoas do nosso circulo de amizade e de nossa relação afetiva.            

21 de outubro de 2012

MAIS AMOR E MENOS DOR

Ao assumir uma relação de cumplicidade com outra pessoa, seja no casamento ou entre namorados, ou seja, qualquer tipo de vida a dois em comum, a pessoa esta abrindo para si mesma e para o seu parceiro a possibilidade ou a chance de serem felizes juntos. Mas por trás dessa esperança de harmonia existe uma dura realidade.

Entretanto, quanto mais os dois desejam permanecerem juntos, mais eles brigam para mostrar quem tem mais razão e assumir o domínio da relação. Para o psicoterapeuta e educador Harville Hendrix, que trabalha com psicoterapia de casais, argumenta que as frustrações do casal originam-se de necessidades não satisfeitas na infância e como à pessoa tenta inconscientemente removê-las usando táticas infantis, provocando na relação um desgaste de sentimentos.

Todavia, se a pessoa não está recebendo o amor que esperava do outro, o mais indicado para salvar a relação amorosa neste caso é a busca do diálogo aberto e franco. Comunicar-se com clareza e respeito pelo outro. Recorrer com maior precisão e sensibilidade. Abandonar atitudes chantagistas do tipo: “é sua obrigação”, “você devia”, sinceramente não gostos dessas duas palavrinhas, elas só servem para machucar a quem eu amo. Atitude como essa não ajuda, só aumenta a dor um do outro e depois são palavras derrotistas e pejorativas. Leva a pessoa a tratar o outro como objeto descartável, que usa e joga fora quando achar não server mais.

A pessoa focaliza a energia no sentido de suprir as suas necessidades e responsabilizando o seu amado pelas suas frustrações criadas por expectativas não satisfeitas. Por outro lado, quando ambos promovem o diálogo aberto e franco, com serenidade e confiança um no outro, percebem que aos poucos a espiral decrescente da luta para mostrar quem tem razão, vai se transformando num saudável processo de crescimento emocional e espiritual. Entretanto, nenhuma pessoa é uma ilha. Ela carrega multidões, são crenças introjetadas que colecionou ao longo de sua vida. Todas muito bem guardadas no seu inconsciente.

Portanto, a vida a dois é uma viagem psicológica e emocional que começa com o encantamento, no êxtase da atração, nesse emaranhado de conflitos que trilhamos por caminho pedregoso da autodescoberta que vai culminar na criação de uma união íntima, com a possibilidade de ser feliz e terminar a vida se possível ao lado da pessoa amada. O fato de aproveitar ou não todo o potencial que cada um tem, em busca dessa felicidade não depende da habilidade da pessoa em atrair o parceiro perfeito. Depende da vontade de cada pessoa em adquirir conhecimento sobre as áreas ocultas e obscuras de si mesmo, para melhor compreender o outro. E assim transformar essa relação amorosa num saudável processo de crescimento emocional e espiritual. Diminuindo a dor e promovendo o amor.                 

20 de outubro de 2012

A CRISE EXISTENCIAL QUE NOS ABATE

Diz Spinoza (1632-1677) em sua Ética: “a emoção que é sofrimento deixa de ser sofrimento no momento em que dela formarmos um ideia clara e nítida”. Vale para aqueles não conseguem se encontrar no apoio espiritual, contudo, a probabilidade de sucumbir interiormente e decair física e psicologicamente aumenta cada vez mais. Geralmente essa crise se configura muito entre os jovens e em algumas pessoas idosas, cuja vida para eles já perdeu o sentido. Aquele jovem que está sempre de mau humor, que se mete no quarto e não quer saber da vida. Tem lá o seu som. O quarto é um chiqueiro. Ele não quer que entre ninguém, não faz nada e não quer nada. Não se sabe exatamente o que está fazendo ou pensando. Mergulhado numa crise de angústia, ele se nega a tomar qualquer medida em prol de si mesmo. Ele entrega os pontos. Conheci uma pessoa que entrou numa depressão tão profunda, que ficava deitada nas próprias fezes e urina. Ela se negava a viver, pois não havia mais nada na vida que lhe interessava.

O neurologista e psiquiatra Victor Frankl (1905-1997), médico austríaco fundador da escola da Logoterapia, que estuda o sentido existencial do individuo e a dimensão espiritual da existência. Frankl ocupou na Faculdade de Medicina da Universidade de Viena, a cadeira de psiquiatria que foi ocupada por Freud. Criou a Escola Existencial de Psicanálise, com varias publicações internacionais. Fugindo da perseguição nazista foi morar nos Estados Unidos, onde recebeu apoio para prosseguir em suas experiências e estudos.

Em seu trabalho na Universidade começou a observar os jovens que lá cursavam e espantou-se com o número elevado de jovens neuróticos. Desajustados completamente, mergulhados numa angústia da qual ele não sabia explicar a causa. Constatando isso, procurou usar o esquema freudiano de interpretação das neuroses, dessa ansiedade, imaturidade e obsessão. Mas essa interpretação não o satisfez. Freud afirmava que uma neurose surge a partir da repressão do instinto sexual, da libido. Frankl concluiu que não era esse o motivo da neurose existente naqueles jovens, pois a moçada se pegava numa boa sexualmente, não reprimia nada, todo mundo ali estava solto sexualmente e muito a vontade. Aparentemente não havia razão para neurose.

Não encontrando resposta nessa teoria Frankl buscou outra explicação. Procurou a interpretação de Alfred Adler (1870-1937), fundador da psicologia do desenvolvimento individual. A qual afirma que a neurose é causada por um bloqueio no impulso de auto-afirmação, portanto, um problema de personalidade. Ou seja, o jovem não é aceito, não se afirma, não se promove nem se destaca e ai se instala a neurose. Essa teoria adleriana também não satisfazia as hipóteses levantadas. Os estudantes das Universidades Norte Americanas eram jovens que se destacavam, com muita chance de projeção social. Eram numerosas as oportunidades de empregos e de destaques no mercado profissional. Por que, com tantas chances de realização aqueles jovens ainda eram neuróticos? Entretanto, não podia ser pela frustração do impulso de auto-afirmação. Esta teoria também estava descartada.

Acreditando que poderia existir outra causa para as neuroses espalhadas naquela juventude, Frankl começou a observar mais profundamente. Por que essa angústia, de onde ela vem? Por que essa insatisfação com a vida? Não se entende com os pais, não faz amizades duradouras. Refugia-se nas drogas, nas bebidas e na prostituição. Dificilmente consegue levar um relacionamento afetivo a sério. Estão sempre enturmados e arrumando encrenca o tempo todo. Através dessas indagações Frankl descobriu que essa juventude não tinha um sentido existencial. Os pais não haviam passado para aqueles jovens o sentido da existência.  

Explorando mais esse filão, chegou-se a conclusão de que o ser humano nasce com um impulso e uma vontade. Com um desejo que Frankl chamou de significação, um impulso de busca do sentido da existência. Se não damos para nossos filhos um sentido da existência, eles passam a ter uma angústia de uma fome não saciada. Quando esse impulso não é satisfeito, se instala uma neurose de angústia, de ansiedade, que faz o nosso jovem não gostar de nada, invariavelmente está insatisfeito até consigo mesmo. Ele se sente perdido num vazio existencial desses impulsos não satisfeitos. Entretanto, este jovem está cheio de interrogações não respondidas. Esse quadro, Frenkl denominou de neurose noógena. Do grego noos que significa: mente. Na verdade, uma doença do espírito, isto é, da alma. Assim nasceu a Logoterapia, um método de tratamento psicológico. A terapia da alma, do espírito.

Portanto, o que falta para ser humano é mais verdade no seu sentimento. Acreditar mais no amor, saber compreender o outro através do diálogo aberto e franco, exercitar a compaixão por aqueles que estão desesperados e precisam de ajuda. Entretanto, o encontro com o outro somente se da, quando temos abertura para aceitá-lo da maneira como ele realmente é. Ninguém consegue ter plena abertura para conhecer outro ser humano se não amá-lo. Contudo, somente o amor o torna capaz de conscientizar o ser amado daquilo que ele pode e deveria vir a ser. Como dizia Nietzsche: “quem tem um porque para viver pode suportar qualquer coisa”. Eu diria; nada pode nos abater quando encontramos um sentido para o nosso existir. Quando experimentamos o amor, que na verdade é o símbolo da nossa própria existência. Só existo de verdade, quando amo verdadeiramente.    

13 de outubro de 2012

A DOR NOSSA DE CADA DIA

Nós seres humanos vivemos em um mundo de bem e mal, e isto torna nossas vidas dolorosas e complicadas na maioria das vezes. Não somos respeitados como gostaríamos de ser. Nossos direitos de cidadãos são negligenciados, mas temos deveres a cumprir, se quisermos continuar na honestidade. Muitas vezes perdemos até a nossa dignidade e, tudo isso nos causa dor e angústia. Não é o que acontece com os animais. Suas vidas são muito mais simples, sem os problemas morais e as decisões morais que nós humanos temos que enfrentar. As categorias bem e mal na verdade não existem entre os animais. Eles podem ser limpos ou sujos, obedientes ou desobedientes, porém, não podem ser bons ou maus. O termo como cachorro bom ou mau não se referem ao valor moral daquilo que os cães escolheram fazer, mas apenas ao fato de serem convenientes ou inconvenientes para nós, assim como temos tempo bom ou tempo ruim.

Para usarmos um termo que ninguém antes da nossa geração poderia entender, os animais são geneticamente programados. Instintos inatos dizem-lhes quando comer, quando dormir, quando a fêmea está no cio e exala o seu odor. Seguem seus instintos e têm muito poucas decisões difíceis a tomar. Nós seres humanos, contudo, não temos similares no mundo das criaturas vivas. Segundo os ensinamentos bíblicos a nossa imagem e semelhança de Deus permitem-nos com base na moral, dizer não aos instintos. Podemos deixar de comer mesmo que estejamos com fome. Assim como podemos abster-nos do sexo mesmo quando nossos instintos estão excitados, não por temor de sermos punidos, mas porque entendemos os termos bem e mal de maneira diferente dos animais.

A história da vida dos humanos é de elevação acima da natureza animal e da aprendizagem do controle dos instintos através da moral. É assim porque pensamos, ou seja, porque temos a faculdade da razão, do entendimento. Enquanto o sexo e a reprodução são naturais e não problemático para todos os animais, para os humanos é marcada de dor e angústia. Basta às fêmeas entrarem no cio, os machos são atraídos por elas e a espécie é preservada. Nada podia ser mais simples. Agora compare isto às tensões sexuais existentes entre nós seres humanos.

Vamos pensar na adolescente que espera a atenção do garoto, sentindo-se ignorada e pouco atraente, o garoto que não consegue concentrar-se nos estudos, acariciando a ideia de suicídio porque a namorada rompeu com ele. A moça solteira que engravidou e não aceita o aborto, porém, não está certa sobre que outra decisão tomar, tendo em vista que os pais não a apóiam. A esposa profundamente deprimida porque o marido a deixou por outra mulher. As vitimas de estupros, os produtores de filmes pornográficos, a banalização e promiscuidade sexual. Tudo isso tão simples e direto para os animais, é tão doloroso para nós (a menos que nos comportemos como os animais), porque conhecemos o mundo do bem e do mal.

Por outro lado da dor, também existe a delicia de sermos humanos. Uma relação sexual pode significar infinitamente mais para nós do que para os animais ou para alguém que veja no sexo apenas um instinto a ser satisfeito ou somente para reprodução. Pode significar ternura, afeto mútuo, entrega responsável, um sentimento que transcende e revela a divindade. Os animais acasalam e se reproduzem. Só aos seres humanos é dado o saber o que é o amor, com toda a dor que o amor às vezes nos envolve. Como dizia o poeta e compositor Vinicius de Moraes: “são demais os perigos desta vida para quem tem paixão”.

Finalmente, todas as criaturas viventes estão destinadas e programadas geneticamente para morrer, porém, só os seres humanos vivem no vale da sombra da morte. Os animais protegem-se instintivamente contra as ameaças a suas vidas e ao seu bem estar, mas não sabem que vão morrer. O conhecimento desse fenômeno de que um dia morreremos muda completamente nossas vidas de muitas maneiras. Leva-nos a tentar fraudar a morte pela realização de algumas coisas que nos faça sobreviver. Por exemplo: “tendo filhos, escrevendo livros, exercendo um impacto sobre nossos amigos e vizinhos para que se lembre de nós, se possível com admiração”. Contudo, nos faz valorizar as coisas boas que fazemos. Como visitar uma amiga ou um amigo na casa de repouso aos finais de semana. Ler um livro, levar palavras de conforto a uma pessoa doente, apreciar o nosso contato com a natureza. Isto significa fazer parte da humanidade, a imagem e semelhança de Deus. Significa saber que algumas opções são boas e outras não, cabendo a nós compreender as diferenças.

Portanto, finalizo essa reflexão com uma citação bíblica que certamente nos aproxima da dor nossa de cada dia: “os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti que te propus a vida e a morte, o bem e o mal escolhe, pois, a vida é para que vivas” (Deuteronômio 30, 19). Pense que isto não poderia ser sido dito a nenhuma outra criatura vivente, a não ser a nós humanos, que temos a liberdade de escolha. Buda disse nos seus ensinamentos que o homem só pode salvar-se do sofrimento se despertar de suas ilusões e dar-se conta de sua realidade. Despertar com o mundo e livra-se dos preconceitos. Contudo, a filosofia nos ensina que o ser na medida em que é considerado pela inteligência é uma verdade e, na medida em que é desejada pela vontade é, um bem.             

5 de outubro de 2012

A VIDA É UMA CRÔNICA

A palavra grega chronos, que significa tempo. Todo acontecimento que ocorre dentro de um tempo e espaço, que podemos observar e registrar vira história. Assim como fotografar quando saímos para um passeio, não deixa de ser um registro histórico, ocorreu numa determinada época da nossa vida. Fato esse, que consideramos como um relato cronônimo, que é um designativo de divisão do tempo. Que também pode implicar numa experiência de amor vivida por alguém e que, eternizou uma época da sua vida, daquelas que marcam profundamente a sua existência, assim, como a história de amor vivida por Romeu e Julieta.

Na crônica da vida, são tantos os relatos que muitas vezes sentimos medo de viver e de se entregar. Sentimos medo até do amor que podemos experimentar. Quem não quer viver um grande amor? É difícil achar alguém que não queira, mas às vezes falta coragem para tanto. As pessoas estão sempre à espera deste amor fantasia, com gosto de Walt Disney, de maçã verde e cereja no canto da boca. Ou gosto de lágrimas que serão secadas com os lábios ou com os olhos aflanelados de quem está apaixonado. Sempre esperamos do outro, embora o medo seja só nosso.

Viver com medo é viver pela metade, mas não enxergamos dessa maneira. Todos nós queremos esse amor estrela, que vai povoar nossos sonhos e encher nossas cabeças com partículas da atmosfera. Mas que também vai descer a terra para descascar cebola, lavar pratos, fazer compras no supermercado e dar xarope na hora da tosse. Vamos fingir que viver não da trabalho.

Todo mundo quer e pouca gente tem. Todo mundo procura, pouca gente acha, e às vezes quando acha, joga no lixo da primeira esquina. Tudo isso é medo de viver. Só porque receia ter um elevador na barriga quando descobre a possibilidade de estar apaixonado. Medo de sentir aquela bateria de escola de samba no coração no momento do encontro. Qual música escolher para selar esse pacto de que seja infinito enquanto dure, entre os amantes? Simplesmente, porque a música nos faz lembrar e nos remete no tempo e na história dos acontecimentos. Comumente, o outro se torna o meu espelho, sobretudo, quando olho para seus olhos e vejo os meus refletidos como se fosse uma pérola de brilhante.

Como diz o autor da música sem companhia, Paulo César Pinheiro, na voz da saudosa Clara Nunes: “Tudo que esperei de um grande amor era só juramento que o primeiro vento carregou. Outra vez tentei, mas pouco durou. Era um golpe de sorte que um vento mais forte derrubou. E assim de quando em quando eu fui amando mais. Passai por ventos brandos. Passei por temporais. Agora estou no cais onde há uma eterna calmaria. Eu não aguento mais viver em paz sem companhia”.

Talvez porque não quis comprar champanhe no momento em que o corpo do outro desejava ser taça, assim como não quis subir a montanha russa e sacolejar no espaço vazio. Por que não se aventurou a experimentar um prazer maior do que já teve? Será que foi por medo de perdê-lo e não se acostumar com pouco? Por que não quis tentar ser feliz? Só por que dizem que a felicidade dura pouco? Além do medo, passamos muito rápido pela vida, mas registramos tudo pelo pouco que vivemos.

A gente se acostuma com o que aparece no lugar do amor maior, mesmo porque este aí não da em árvore. Engolimos sapos que nunca vão virar gente, muito menos príncipes e princesas, só que da trabalho revirar o brejo ou procurar o pé da Cinderela, para calçar o sapato velho que temos guardado há tanto tempo. Compreender que o mundo é uma grande lagoa cheia de sapos coaxando fora do tom e há que se ter ouvidos bons para escutar uma nota certa.

Encontrar alguém para caminhar juntos, é necessário perder o pavor de parecer ridículo aos olhos daquele que subestima. Pelo fato de falar sozinho, de rir por nada, de escrever versos doidos e textos sem pé e nem cabeça, de fazer papel de criança e até de louco às vezes. Ser capaz de emocionar com o passarinho bem-te-vi que canta feliz, de ser sonhador e acreditar que é possível virar essa pagina, de correr riscos, sair da rotina, dar cambalhotas e apanhar beijos no pé da fruta mais cobiçada do pomar. A nossa maior imperfeição é criticar o outro por fazer diferente. Porque é nele que projetamos as nossas fraquezas.

Portanto, a vida é uma crônica, escrita a todo o momento na história de cada um. Temos que ter a consciência de ser solidários, infantis, amadurecidos, saber andar na corda bamba, dar flores, falar bobagens, entender de coisas sérias e sobretudo, não ter medo de errar. Conta a sabedoria oriental, que certa vez um monge tibetano, criou coragem e resolveu tirar uma dúvida com o seu mestre. Então perguntou: “mestre como faço para me tornar um sábio?” Respondeu o mestre: “Boas escolhas”. O discípulo fica pensativo por alguns instantes e depois torna a perguntar: “mas como fazer boas escolhas?” “Experiência”, diz o mestre. Por alguns segundo o monge pensa e torna a perguntar: “e como se adquire experiência, mestre?” “Más escolhas”. 

3 de outubro de 2012

A PRIMEIRA SEPARAÇÃO DO AMOR

O amor nasce com o surgimento da própria vida. Antes mesmo de nascer, experimentamos no útero materno sensações de extremo conforto e acolhimento, que coincidem com o prazer proporcionado pela paixão e que procuramos repetir pela vida afora, sempre buscando no outro.

Com o amor é igual tanto quanto se está dentro do útero, quando se está apaixonado por alguém passamos a nos sentir protegidos, envolvido por uma sensação de prazer, de ausência de qualquer necessidade é, como se o outro fosse a minha pele, sinto-me protegido. Para sentirmos isso, não precisa de muita coisa, basta estar ao lado da outra pessoa, para nos acharmos completos e protegidos. Essa sensação de completude vivida na paixão é muito parecida com aquela experimentada durante a gravidez.

Quando a criança nasce ocorre à primeira separação do amor. Ela sai de uma situação de conforto e proteção, para enfrentar o mundo que, num primeiro contato, se apresenta para ela de forma gelada, gerando uma sensação de desproteção e abandono que coincide com aquela que ocorre quando acaba um relacionamento amoroso, fica um vazio, abre um buraco no chão onde pisamos, parece um abismo. A vontade que se tem é de voltar ao útero materno. Temos a impressão de que nunca mais voltaremos a sentir tudo aquilo de novo. E isso provoca um sentimento de perda e de desespero, a chamada “dor do amor”.

Todavia, esse sentimento não implica só numa perda, mas numa dor, que é a maior de todas as dores. Não há dor que se compare a esta, causada pela separação do amor. Não é só algo dos poetas, não é só quem fala de amor como os filósofos, de uma maneira geral, que consegue perceber isso. Todos que estão apaixonados, que se entregam de verdade, correm o risco de sofrer a dor do amor.      

Entretanto, parece que todos nós nascemos com uma espécie de “tatuagem invisível” da primeira dor de amor. O momento da separação de uma situação ideal que, ao longo da vida, sempre tentamos repetir. Só que precisa ter muita coragem para tal ousadia, depois de sofrer a dor do amor, conseguir amar novamente não é uma tarefa fácil. Por conseguinte, todos nós nascemos, em tese, com dificuldade de amar. Ficamos sempre na expectativa de que o outro se mostre apaixonado e interessado primeiro por nós, para certificar de que não vamos sofrer a dor do amor. Isto é péssimo para os amantes e, impossível de constituir-se numa relação estável, onde a dor do amor não seja inevitável. Não temos essa certeza. Quem pode garantir que vai dar certo ou não?

Portanto, quando a gente encontra alguém que nos olha com encantamento, admiração, interesse e gosto, desperta em nós espontaneidade e solicita aproximação. O estado mais gostoso da vida é quando esse amor aparece. Porque quem eu amo torna-se o meu Guru. É com esta pessoa que tenho que aprender coisas da vida, trocar abraços e caricias. São essas necessidades vitais, importante e fundamental para a nossa sobrevivência. Concluo essa reflexão com uma frase do poeta Vinícius de Moraes, que traduz bem esse sentimento: “Que não seja imortal posto o que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”.     

2 de outubro de 2012

O CAMINHO SUPREMO DA SEXUALIDADE

Certa vez li a seguinte frase: “em que momento os amantes entram na mais completa posse de si mesmo se não quando estão perdidos um no outro?” Penso que essa frase é do filósofo francês e padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955). Sobretudo, porque o assunto sexualidade nunca foi tão discutido e pesquisado como está sendo nesse século. Tamanha a importância que vem alcançando e quebrando tabus, pois se trata da nossa extensão física e espiritual. Eu sou um corpo informado de uma alma, segundo a tradição cristã.

A fusão de dois corpos na intimidade sexual é, fisiologicamente, o mais íntimo de todos os relacionamentos de que o ser humano é herdeiro. É uma união das partes mais sensíveis de cada um com uma intimidade ainda maior do que é possível com quaisquer outras partes do corpo. Fazendo dessa intimidade sexual o caminho supremo pelo qual nos tornamos parte um do outro; a pulsação do coração da outra pessoa é sentida como nossa. É como estar nos braços da divindade. No entanto, ansiemos por essa libertação de intimidade sexual e por um principio de medo ou insegurança, acabamos por frustrar e amputar a manifestação desse amor no momento do encontro.

Outro erro grave que muitos cometem é a idéia de que, como a intimidade sexual é às vezes recreação, trocas de carícias em momentos prazenteiros, onde ambos exploram e experimenta o êxtase dos seus corpos, confunde isso como apenas um simples momento de prazer. Contudo, ninguém se torna íntimo da pessoa com quem está encantada. Tal posição ignora não apenas o significado da intimidade sexual, mas também o poder do deus Eros. Entretanto, não é de admirar que o verdadeiro erotismo em nossa sociedade esteja sendo inexoravelmente substituído pela pornografia.

O grande escritor e romancista russo, Fiódor Dostoievski (1821-1881), nos oferece uma síntese desse uso do sexo. Em “Os Irmãos Karamazov”, que narra o pai bêbado e bufão, voltando para casa de uma festa, à noite, aceita o desafio dos amigos e pratica sexo, com uma mulher idiota que está caída na vala. O resultado dessa cópula gera um filho que mais tarde mata o pai. O uso desse símbolo narrado por Dostoievski tem um significado poderoso para os adeptos do sexo livre e sem cumplicidade. Esse ato sexual, que é o sexo sem intimidade levado ao ponto mais extremado, resulta em última análise na própria morte. Todavia, uma das coisas mais tristes em nossa cultura é esse tipo de relação descartável e compulsiva, parece ser fruto da desvalorização da pessoa humana que vem disseminando a potencialidade do amor.

Portanto, o perigo é que tais pessoas alienadas, que tem medo da intimidade, se encaminhem para uma existência de robôs, anunciada pelo estancamento de suas emoções não apenas nos níveis sexuais, mas também em todos os níveis, apoiadas pelo lema de que sexo não envolve qualquer intimidade. Assim, não é de admirar que esses casais que se encontram nas noites aos finais de semana e vão para cama com certa facilidade. Depois de um esforço medonho para mostrarem desempenho e na maioria das vezes bêbados. Após essa relação sexual de péssima qualidade e angustiante, para não dizer deprimente é, que vem pergunta. “Qual é o seu nome, querida?” E assim, cada um com o seu medo, vagando pela noite e vivendo uma vida descartável.          

1 de outubro de 2012

BONDADE TAMBÉM SE APRENDE

Eu não tenho medo dos anos e não penso em velhice. E digo para vocês também, não pensem nisso. Nunca diga estou envelhecendo ou estou ficando velho. Eu não digo. Eu não digo que estou ouvindo pouco ou enxergando pouco. É claro que quando preciso de ajuda, eu digo que preciso de ajuda. Todos precisam de ajuda em algum momento da vida. 

Procuro sempre ler e estar atualizado com os fatos e  isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. Assim como também, escrever para vocês. O melhor roteiro é ler e praticar o que lê. O bom é produzir sempre e não deixar a vida passar pelos anos. Também não diga para vocês que estão ficando esquecidos, porque assim vocês realmente ficarão esquecidos. Nunca digo que estou doente, digo sempre estou ótimo. Eu não digo nunca que estou cansado, nem que estou triste. Nada de palavra negativa. Só palavras e energias positivas. É o que eu quero passar para vocês. Tem gente que fica se desgastando o tempo todo querendo ter razão, ao invés de querer ser feliz onde está e com quem está. 

Entretanto, quanto mais disser estou ficando cansado e esquecido, mais cansado e esquecido ficará. Vamos nos convencendo disso e convencemos também os outros. Então fiquem em silêncio, respire fundo antes de qualquer ação! Sei que tenho muitos anos. Estou com mais de sessenta anos de idade. Precisamente todos os anos, no dia treze de outubro completo mais um ano de vida e não percebo que cada dia que passa é um dia a menos que tenho para viver. Sei que venho do século passado, e que trago comigo todas as idades, mas não sei se sou velho ainda, penso que não. Pelo menos não me sinto velho e nem cansado. Já fui jovem e muitos dos jovens de hoje não sabem se vai chegar a viver a idade que tenho hoje.

Vocês se acham velhos? Tenho consciência de ser autêntico e procuro superar todos os dias a minha própria personalidade, despedaçando dentro de  mim tudo que é velho e morto, pois lutar é a palavra vibrante que levanta os fracos e determina os fortes. Entretanto, o mais importante é semear, produzir milhões de sorrisos, como faço diariamente com as minhas brincadeiras, produzir solidariedade e amizade é a minha filosofia de vida. É isso que nos faz feliz. Procuro semear otimismo e plantar sementes de paz e justiça. Tento com os meus textos encorajar os amantes a não desistirem do amor que sentem. Nem sempre consigo, mais não desisto nunca. Pois acredito que só o amor transformar as pessoas e devolve a alegria de viver num mundo justo e mais humano. 

Portanto, digo o que penso, com "esperança". Penso no que faço com "". Faço o que devo fazer, com "amor". Esforço-me para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. A vida é muito curta para se ter inimigos. Agradeço sempre pelo dom da vida e de poder "amar" mesmo sem ser compreendido. Agradeço sempre, pela luz do dia, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa. Agradeço sempre, por permitir-me viver o dia de hoje, pelo meu esforço e desejo de superação. Sou feliz por estar aqui com vocês e deixar essa mensagem de "amor e fé".

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...