29 de março de 2017

OS VALORES VALEM E AS PESSOAS SÃO

Todos os dias cada um de nós tomamos decisões e agimos de acordo com os nossos valores. Os valores não estão nas coisas em si, eles dependem de quem avalia por isso os valores podem variar de pessoa para pessoa. Os valores podem mudar com o tempo. Quando os nossos valores mudam, muda o nosso olhar sobre as coisas do mundo. Os valores valem e as pessoas são. O que isso quer dizer? Isto quer dizer que, os valores não são propriedade das coisas ou das pessoas. Os valores só existem na medida em que alguém avalia e valoriza, portanto, há muitas diferenças nos valores. Valor implica sempre uma relação de sujeito com um objeto. Quanto vale uma árvore contada, por exemplo? Ela tem valor diferente para cada pessoa. Para um ambientalista ela tem um valor estético, que justifica sua preservação. Para o biólogo a árvore abriga varias espécie de pássaros, que ficariam prejudicados se ela fosse derrubada. A preocupação como a sobrevivência com outras formas de vida é um valor ético. Para uma pessoa gananciosa e materialista isso não significa nada a não ser o lucro que vai ter com a derrubada da árvore.

Nós decidimos e agimos em função de valores que temos. Porém, o mais certo seria dizer, que as nossas decisões de ação mostram quais valores na verdade, nós temos. Porque muitas vezes nós dizemos que acreditamos em tais valores e agimos de outra forma. O valor de verdade é aquele valor que se manifesta na nossa ação. Se digo que sou contra mentira, contra a traição, contra a falsidade e contra o roubo e na pratica eu minto, traio, falsifico e roubo, esse é o meu valor. As pessoas que têm valor nas nossas vidas são escolhidas por nós, assim como a prioridade que lhes damos. As etapas pelas quais passamos determinam de forma perigosa as máscaras que vestimos e as máscaras que os outros usam. Por isso, para desmascarar egoísmos e falsas companhias, primeiro é preciso limpar as próprias lentes e perceber o suicídio que significa ter a pretensão de ser como os outros esperam e anseiam que sejamos.

Quem inventou os valores? Foram os homens que inventaram os valores e estão continuamente avaliando e reavaliando seus valores. E nesse processo de revisão permanente, os homens buscam valores que proporcionem uma vida melhor, mais justa, digna e solidária, que convive o pacífico entre todos. Na perseguição desses valores, o homem vai se modificando e aprimorando como se estivesse numa olimpíada. Para o filósofo alemão Friedrich Nietszche (1844-1900), a ação mais alta da vida livre, é o nosso poder para avaliar valores. Para ele o bem o mal não são valores existentes em sim mesmo. Tem uma identidade e uma significação independente dos grupos humanos ou dos indivíduos em confronto que define o que é o bem e o que é o mal. Esses valores nunca são questões eternas, mas elas dizem respeito sempre a aquilo que é mais forte para afirmar o seu ponto de vista e aquele que tem que sofrer esse ponto de vista. Portanto, há sempre uma relação de força, é sempre o mais forte que age pela a afirmação dizendo, algo é bom e imediatamente o mais fraco na vontade diz isto é um mal.

Portanto, os valores são entidades virtuais, eles não existem na realidade, não são propriedades dos objetos, são atribuídos as coisas pelo sujeito. Os valores só existem na medida em que uma pessoa avalia e valoriza. Por isso existem muitas diferenças nos valores. Eles variam conforme a época e os critérios das pessoas. Todas as nossas decisões são baseadas em valores e quando nossos valores mudam, muda a nossa maneira de ver o mundo. O ideal é que cada pessoa busque os seus valores internamente, e saiba como trabalhar com eles para alcançar seus objetivos. Pare por um momento da correria do dia a dia, relaxe tranquilamente, seja num banco de praça, em um café, logo após o almoço, escolha um momento para ser somente seu, e faça a seguinte pergunta a si mesmo: “O que é importante para mim?” Na grande maioria das vezes, as respostas que você obter desta pergunta, irá indicar seus valores. Contudo, falamos de vínculos saudáveis e insanos, de pessoas que nos enriquecem e pessoas que nos prejudicam com seus costumes e com expectativas. Somos obcecados por agradar o mundo todo, o que acaba gerando a sensação de que estamos rodeados por uma quantidade mais do que por qualidade. Normalmente isto muda com o passar do tempo e seja pelos anos ou pelos danos, começamos a dar prioridade a aqueles que realmente, consideramos importantes nas nossas vidas.     

28 de março de 2017

O AMOR É NECESSÁRIO

Estou convencido assim como muita gente boa está, de que a resposta que o homem precisa dar à vida é o sair de si, ter atitudes não egocêntricas e exercitar a capacidade de amar, de autotranscendência, ter realmente gosto pela vida. No filme “Tempo de Despertar”, com Robert De Niro, após passar quase trinta anos de sua vida em estado de inconsciência, ao despertar, nos dá um exemplo do amor que sente pela vida, dizendo: “Que as pessoas esqueceram o que é viver, estar vivo. É preciso que lembrem o que tem e o que podem perder. Sinto a alegria de estar vivo. O dom da vida. A liberdade de viver. A maravilha que é viver. As pessoas não apreciam as coisas simples, como trabalho, lazer, amizade e família”.

Comenta Leo Buscaglia, no livro “Amando Uns aos Outros”, que certa vez soube de um homem de vinte e poucos anos que foi encontrado morto em seu apartamento no campus da universidade de Miami, onde estudava. Os jornais disseram que ele havia sido visto pela última vez no dia de Ação de Graças. Quando o encontraram, ele já estava morto há dois meses. Sua ausência não foi percebida por ninguém, sequer no Natal, continua ele. “Cada vez mais somos privados das oportunidades de contatos pessoais, e a possibilidade de formar relacionamentos duradouros se torna cada vez mais difícil”. Buscaglia lembra o escritor e o filósofo Allan Fromme que dizia: “Nossas cidades, com o aumento de suas populações, seus arranha-céus, estão criando espaços para solidão. Vizinhança desintegra-se sob escavadoras dos construtores, e famílias se dispersam na busca de empregos e profissões em todo lugar”. Eu vou um pouco além, num mundo de rodas de amigos e de altos papos estão se acabando. Ninguém tem mais paciência para ouvir o outro. As pessoas não conversam mais, falam como papagaios, cada um com seus problemas. Os velhos e familiares vizinhos estão sumindo.

Eric Berne, eminente psiquiatra, que estudou vários aspectos das relações entre indivíduos, estava preocupado em aproximar novamente as pessoas na intimidade. Ele nos mostrou como muitos papéis e jogos que desenvolvíamos estavam impedindo a comunicação, distanciando-nos uns dos outros e destruindo qualquer possibilidade de nos tornarmos íntimos de amigos e amantes preciosos. Uma das maiores reclamações entre os jovens de hoje é a de que, apesar de receberem atenção material, sentem-se privados de um relacionamento íntimo com seus pais.

Nada melhor que nossa experiência para ilustrar. Sou pai de três filhos: Eduardo Junior, Danielle e depois de vinte e três anos veio a Maria Eduarda, que hoje está com seis anos de idade. Quando eles nasceram saudáveis não perguntei por que. Por que tive tanta sorte? O que fiz para merecer essas crianças perfeitas? Mas quando eles adoecem, eu pergunto por que. Quero saber o por quê? O que está acontecendo? Eu me sinto bem quando os vejo, principalmente sabendo que estão bem. Talvez seja porque no amor há uma alegria. Eu diria um gozo, como se aquilo que se deseja, dele já se disponha. É por isso que nada podemos fazer sem amar, nem mesmo aprender com nossos jovens. Começar uma pesquisa, reformar um país, cultivar um jardim, salvar uma civilização, educar uma criança, estudar musica.

Para fazer é preciso desde o início encontrar-se no amor, possuir o futuro que ainda não existe. Se cultivar um jardim, é preciso desde já gozar desse jardim como se ele já estivesse cultivado. Se educarmos uma criança, é preciso que nos transportemos para o fim e nela já vislumbremos o novo homem ou a nova mulher. Aprender a tirar melodias de um instrumento como se já estivesse fazendo um grande concerto, para uma calorosa plateia.  Se é a reforma ou a salvação de um país, é preciso ver estas coisas como possíveis, praticáveis, apesar das dúvidas que nos causam, das nossas inseguranças nos políticos. A isto se chama amar. Muitos dirão como disse certa vez uma amiga estudante de psicologia: “isto não é amor, mas sim esperança, fé, entusiasmo, qualquer outro sentimento, menos amor”.

Sem dúvida, posso até concordar, mas o amor contém todas essas coisas. O amor é um sentimento de prazer e felicidade. O amor aplica-se à afeição do homem e da mulher, imagino que é aí que ele se acha mais encarnado, mais sensível e figurado pelos movimentos do sangue nos dois corpos. Sinto que as pessoas estão brincando cada vez mais com coisas tão séria como é o amor. O filósofo Regis de Morais numa linguagem poética demonstra: “O amor é um rico encontro humano cuja, a duração não deve ser discutida. O amor está na arte em que duas pessoas precisam conquistar de um relacionamento feito de compreensão e generosidade. Tudo dependerá da convivência”.

Acredito que o amor é fruto de uma amizade constituída, pautada na confiança. Primeiro construo o alicerce e depois levanto as paredes deste imenso complexo chamado amor. É muito bom encontrar pessoas que realmente amem a vida. Certa vez ouvi da minha amiga Aparecida Helena, educadora em Londrina, Estado do Paraná, a seguinte frase: “Prefiro ser uma pessoa menos jovem, mas com espírito de adolescente, do que um adolescente com espírito cansado”. O mistério escondido, a bondade e o sentido de cada coisa não se alcançam só pelo conhecimento. É preciso ainda uma aposta razoável de que, atrás do mal tudo é bom, de que atrás das nuvens o sol brilha. Esta certeza é a fé que tenho de que o amor é necessário, é o alimento da alma, fundamental para a nossa sobrevivência.

A minha saudosa mãe Lazara Alexandrina de Jesus, mais conhecida como Dona Lazinha, que faleceu aos cento e seis anos de idade. Ela disse certa vez uma frase para um conhecido nosso, que nunca mais saiu da minha memória: ”Não sou ninguém, mas sou muita coisa. O senhor tem razão, mas eu tenho muito mais”. Penso até hoje na força dessa expressão. O quanto de fé e amor próprio está contido nesta frase. É como se ela dissesse: “o primeiro amor da minha vida sou eu mesma. Primeiro me amo, para depois amar meu próximo”.

Portanto, o amor é a única resposta ao problema da existência humana. Mas temos a tendência de considerar o amor uma coisa superficial e basicamente dispensável. A maioria das pessoas renuncia o amor desde muito cedo na vida. Como se ele não fosse vital. No entanto, crucificaram Jesus Cristo, deram um tiro em Mahatma Gandhi, assim como assassinaram Martin Luther King, decapitaram Thomas More e envenenaram Sócrates. A sociedade tem pouco espaço para a honestidade, a ternura, a bondade ou o interesse pelo seu próximo. Como disse Gandhi: ”Tudo o que vive é o teu próximo”. 

21 de março de 2017

O ROSTO HUMANO SE ENCONTRA DESFIGURADO

O individualismo é a mais cerrada solidão; enquanto que o coletivismo de cunho burocrático é outra dura modalidade de solidão. Só mesmo o movimento de entra-se em relação autêntica com o outro é que permite a redescoberta do sentido profundo de existir convivendo. De modo que o ser humano, no mundo e em comunhão com o mundo, foi sempre tema nuclear de si mesmo. Para o filósofo austríaco-judeu Martin Buber (1878-1965), que examinaremos nesta reflexão levantou varias indagações sobre a relação do homem com a sociedade de consumo. Assim por exemplo: qual o lugar que corresponde ao homem no cosmo? Quais as suas relações com o destino e com o mundo das coisas? Como o homem se relaciona com o seu semelhante na sociedade de consumo?

Na obra central de Buber, “Eu e Tu”, colhemos suas próprias palavras: “São três as esferas nas quais o mundo da relação se constrói. A primeira é a vida com a natureza onde a relação permanece no limiar da linguagem. A segunda esfera é a vida com os homens, onde a relação toma forma de linguagem. A terceira é a vida com os seres espirituais, onde a relação embora sem linguagem gera a linguagem”. Contudo, é claro que as relações humanas estão desfiguradas por conta da modernidade líquida. As pessoas se relacionam como se o outro fosse objeto. A relação eu-isso entre pessoas tem aspectos patológicos, oriundos de fixações emocionais no desenvolvimento de traumas sofridos nos intercâmbios afetivos e deformações da personalidade produzidas pelo descaso humano da sociedade de consumo.

Há seres humanos infelizes que se tornaram incapazes de amar, só querem ser amados. São aquelas pessoas impotentes para se afeiçoar, vivendo o que poderia ser chamado de déficit de alteridade que só lhes permite ver os outros como objetos úteis e convenientes. Não é necessário acrescentar que, para essas pessoas desventuradas, o seu próprio eu decai para a condição objetal. Cito Santo Agostinho (354-430), que construiu belos pensamentos em torno dos vocábulos latinos frui e uti: “Fruir é inteiramente diverso de utilizar; a fruição implica comunhão prazerosa, enquanto que a utilização só diz de manifestações frias”. Lembro aqui estas ideias de Agostinho porque uma das coisas que mais têm degenerado as relações interpessoais é esse pragmatismo com o qual pergunto apenas se o outro – meu semelhante – pode ou não ser-me útil.

O eu da relação eu-isso difere do eu da relação eu-tu. O primeiro eu apenas observa e estabelece juízos de valores, enquanto o segundo, diferentemente de ser uma coisa em si mesma, é algo que acontece na comunhão relacional do “encontro humano”, E há nisto uma dinâmica especial, pois o tu é evanescente por não ser estaticamente objetivado; de modo que há a exigência de uma busca constante do relacionamento eu-tu. Ora, entre pessoas cujo encontro humano foi de tal modo legítimo que lhe estreitou a convivência em verdadeiro amor, seguem acontecendo momentos de eu-isso como acidentes neuróticos da relação. De qualquer forma, nessa relação ocorre necessariamente que o tu seja o outro polo do nosso eu, pois este só pode ser confirmado na plenitude de sua humanidade por um tu. Tal confirmação está, é claro, no fato da “exigência de reciprocidade”.

Portanto, no livro “Eu e Tu”, trata-se de uma obra profundamente filosófica. Para compreender a filosofia do diálogo em sua totalidade seria necessário ter conversado com o próprio Martin Buber, devido ao tamanho da complexidade presente na sua obra. Entretanto, a despeito de toda complexidade (que demonstra a riqueza e validade da obra) é possível inferir que compete nos priorizar a relação eu-tu, principalmente, em se tratando do Tu eterno, o encontro com Deus. Sem esquecer, porém, que a experiência através da palavra-princípio eu-isso é necessária para o nosso conhecimento de mundo. Devemos também, enxergar a natureza como um tu e não como um isso, pois, na relação eu-isso visualizamos a natureza como um tu e não como um isso, pois, na relação eu-isso visualizamos a natureza como um fim útil, assim como o mundo capitalista à enxergar, implicando por sua vez, nos desastres ambientais visto atualmente e na situação pré-apocalíptica em que colocamos nossa casa mãe no eu-isso

11 de março de 2017

O POETA E A PRINCESA

O amor é como o sol. Uma nuvem pode escondê-lo, mas nunca apagá-lo. Quando daqui algum tempo, espero que muito distante, chegaras aos confins do azul do céu e guardaras justamente no olhar da princesa toda cor deste planeta, que com rosas vermelhas enfeitou o amor que o poeta fotografou. Que alegrou a beleza dos rios e dos verdes campos por onde ela pisou. E as canções de amor que ouvia no silêncio da noite, entre uma melodia e outra o poeta lia nas estrelas as inspirações que escrevia.

Vem mais um dia semear esperança num coração solitário. Uma semente caída de uma árvore pode produzir outra árvore, porque a natureza é feita dessa energia descrita no amor. Só um sonho vagarosamente pela noite adentra e não amanhece se a realidade não vier contemplar o despertar desse amor. Por esse passado o poeta e a princesa, viveram a eternidade de um coração inspirado. Como uma força cósmica, todas as tardes vêm semear esperança neste coração solitário.

O silêncio para o poeta é marca de sua inspiração. Falar da princesa é como pintar a natureza. Uma música veio seguindo os passos da princesa e o poeta pode ver o brilho em teus olhos, como a cauda de um cometa riscando o céu estrelado em noite fria de inverno. O balanço da música brincava com o espaço solitário do poeta, renovando os anos passados em cada nota musical. Ambos não querem morrer, pois querem ver como será envelhecer.

A princesa construiu na cabeça do poeta uma nova moradia. Embriagados pelo amor da fonte universal, olham o vento brincando no quintal, embalando as flores do jardim e transformando tudo em sinfonias. Com essa musicalidade do corpo, é que renova a gratidão de haurir a leveza, que a razão incendeia. Os olhos é uma janela acesa de vida, que tritura as ansiedades e acolhe gente que chora como este simples poeta.

Já dizia o poeta: “deixa o rio andar ou empurra um rio abstrato, mantendo as vidas da vida”. Rasga por dentro uma dor que machuca em cores, a vida passa como cortes de metal, em vagalhões de mar e luz, misturando o céu e a terra. Vinda de outras vidas sangra o espírito que o amor espera. O poeta ouve o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. E as coisas se transformam em poesia. O poeta entra no universo das coisas e faz amor com as palavras. Eis que surge a princesa e penetra no corpo do poeta e o novo evangelho se anuncia: “o amor se fez carne”. Agora, ambos estão vivos e a prova de que permanecem no amor é a saudade que eterniza a memória de seus corações. Nesses versos mostra que a vida anterior que retorna em forma de dor que não dói, mas pode ser fatal.

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...