8 de março de 2011

O SENTIDO DA VIDA

O ser humano é um composto de corpo material e alma espiritual. Estes dois princípios, distintos um do outro, se unem para formar um todo substancial, de modo que tudo o que o homem realiza é psicossomático. E qual o sentido que o ser humano busca para sua vida, já que ele é um Todo e um ser que pensa numa peça só, “corpo e alma?" Quantas pessoas já se perguntaram sobre qual o sentido de sua vida? Se por acaso tem alguma tarefa para ser concluída, ou uma missão cobrando continuidade? Quantos já experimentaram a estranha sensação de não ter nenhum propósito, um objetivo ao qual se dedicar? Ou uma tarefa que só pode ser levada à frente por você e por ninguém mais? Quem já pensou como seria sua vida daqui a quinze anos?
É necessário dar uma pausa em nossa vida para sentir o  contato com a natureza e perceber o quanto somos importantes diante da criação do universo. Passeávamos certa vez pelos verdes campos eu e o meu filho Eduardo M. Junior, que contava com oito anos de idade. Quando subitamente ele deparou-se com uma casa de João de Barro. Uma espécie de pássaro que faz a sua casa de barro no topo da árvore. Só que aquela árvore era especial, pois, ela representa o símbolo do Estado do Paraná. Expliquei ao meu filho que a araucária ou o pinheiro daquele Estado, cujo nome científico é: “Araucária Angustifólia”. Essa árvore símbolo, das matas do Paraná, está se acabando por uma simples razão. Porque infelizmente, a gralha-azul está em extinção e ela responde por mais da metade do plantio da araucária no Estado do Paraná. Por obra da natureza a gralha-azul recolhe o fruto da pinha, come o que lhe basta e armazena a sobra para o verão. Ou seja, guarda os frutos enterrando-os em terreno favorável, após fazer com o bico, inconscientemente, um trabalho de escarificação da semente, favorecendo ainda mais o germinar. Como a gralha-azul geralmente armazena mais do que pode comer ou como acreditam os pesquisadores, ela esquece onde enterrou os pinhões que acabam germinando e nascendo outra árvore gigante. São novos pinheiros saindo para a vida, para compensar e enfeitar à natureza. Dar sentido a vida é isso. É compreender as razões lógicas da natureza. Entretanto, a beleza que vemos está além da nossa compreensão. E quando a compreendemos enaltecemos o que é belo.       
O filósofo e teólogo dinamarquês, Soren Kierkegaard, pode ser considerado o grande precursor do movimento existencialista. Segundo ele, o importante é o individual, não o universal. Contudo, desvendou o sentido da subjetividade humana, apresentando a vida como um risco e a necessidade de sermos livres para correr esse risco.
A descrença de Kierkegaard na razão ganhou aliados interessantes no final do século XIX e começo do século XX. Um deles foi Sigmund Freud, o criador da psicanálise que com a descoberta do inconsciente demonstrou que o ser humano não era dono de si, isto é, tão racional assim como pensava os Iluministas. Tornava-se evidente assim, a existência de outra parte sonâmbula e irracional que dirige a criatura humana durante a maior parte de sua trajetória existencial.
Antes do advento da psicanálise, somente era considerado como objeto da psicologia clássica as três faculdades da alma: o entendimento, a memória e a vontade. O entendimento para captar a realidade, a memória para guardar, isto é, reter essa realidade e a vontade para agir, operar como conseqüência diante da realidade. Portanto, não havia espaço para os sentimentos, afetividades e desejos. Esses aspectos da personalidade eram considerados como paixões, isto é, elementos perturbadores do psiquismo humano que não eram fundamentais na estruturação da personalidade. O ser humano era visto como um ser racional, dotado de inteligência e vontade. Segundo o psicanalista Juan Guillermo Droguett, no seu livro: “Desejo de Deus – Diálogo entre psicanálise e fé”, nos mostra como a afetividade era tratada, assim como, o "primo pobre” que havia de se conhecer para dominar melhor. Ele descreve a psicologia clássica como reducionista do psiquismo humano, que não dava conta da totalidade do ser humano. A psicologia clássica ignorava o homem na sua totalidade porque desconhecia o inconsciente.
O homem só se deu conta da sua irracionalidade, somente depois de duas grandes guerras. Um retrato da falência humana. A sua racionalidade estava desfigurada e já não era tão humana assim como parecia. Em um nível mais elevado, a comunicação é uma eterna luta para o ser humano sair de si, superar o seu egoísmo de ir ao encontro do outro, completando-se buscando evadir-se de um abismo sem fim, que é o vazio e o isolamento existencial.
Procedemos como se não tivéssemos nenhuma responsabilidade em relação aos sentimentos e pensamentos dos outros, insistindo em que encontrem felicidade nas coisas materiais que lhe fornecemos. Justificamo-nos dizendo: “Trabalho duro, pago as contas, dou-lhes tudo e o que deseja mais. O que mais posso fazer?” O que mais podemos fazer é sermos receptivos ao que estão pensando, conversar com as pessoas sobre suas aspirações, tocá-las naquele espaço sagrado por trás de suas formas e encorajá-las a vivenciar suas vidas de maneira justa e autentica.
Por conseguinte, certa vez ouvi no curso de graduação em filosofia, o professor Regis de Morais argumentar: “Se você não descobrir qual é sua missão no mundo, ela certamente ficará incompleta, porque ninguém poderá concluí-la, cada pessoa é como uma peça de um quebra cabeça. Só ela pode ocupar o espaço vazio e, se não ocupá-lo, ficará deslocada, e o Todo, incompleto”. Contudo, Albert Einstein disse numa frase inteligente: “Grandes espíritos sempre encontraram violenta oposição das mentes medíocres. Sou grato a essas pessoas que disseram não. Foi por causa delas que fiz sozinho o que precisava ser feito”. Enfim, baseado no meu conhecimento empírico ao longo da minha vivência, posso afirmar que: “A vida é muito curta para vivermos o que os outros querem”. Seja você mesmo hoje e sempre.

Um comentário:

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...