27 de maio de 2011

A ARTE DE EXPRESSAR COM O CORAÇÃO

Parece que as pessoas e os parceiros afetivos, tanto homens como mulheres, estão se esquecendo de que as relações humanas precisam ser nutridas e adubadas todos os dias para se manterem vivas, essa não parece ser uma tarefa impossível, pois há de se praticar os exercícios naturais de constantes carícias como o abraço, palavras carinhosas de incentivo e aceitação do outro.
A carícia significa toda a manifestação humana física, verbal ou gestual que transmita a outra pessoa uma sensação de bem estar, aceitação e reconhecimento. Uma manifestação que demonstre o quanto ela é importante para você. Melhor do que falar sobre carícias é recebê-las ou praticá-las.
Os estudos vêm demonstrando que a falta ou a insuficiência de carícias tem enorme influência no bem estar, até mesmo na saúde física e mental das pessoas. Fenômeno esse que começa nos primeiros anos de vida. Especialistas são unânimes em afirmar que a criança precisa tanto de estímulos físicos quanto de alimentos. Sem os toques e carícias, ela provavelmente acabará sofrendo de alguma debilidade mental e poderá até morrer por sentir-se rejeitada, caso seja privada dessas relações físicas.  
Segundo o filósofo e psiquiatra canadense Eric Berne, criador da “Análise Transacional”, ele acredita que exista na nossa estrutura corporal uma cadeia biológica que leva da privação emocional e sensorial a mudanças degenerativas e até a morte por causa da apatia. Neste sentido, as fomes de contato físico, de abraços e de aconchego têm a mesma relação com a sobrevivência de um organismo humano quanto à fome de alimento
Algum tempo atrás, li um livro muito interessante, chamado “TOCAR”, escrito pelo antropólogo e humanista inglês Ashley Montagu. É um livro com mais de quatrocentas páginas mostrando os fantásticos valores psicológicos, salutíferos, sociais e afetivos do contato físico. Ele pouco fala de sexo. Fala de envolvência, carinho e contato como ações que estimulam a idade vital. O melhor estímulo conhecido para a defesa do sistema imunológico são as trocas de carícias bem feitas e bem recebidas. Para o pesquisador, o melhor remédio para aliviar o stress são as carícias bem feitas e bem recebidas. Tendo em vista, a dificuldade que as pessoas têm em promover o contato físico, se alguém o abraça é porque vai querer transar. Bater pode, xingar pode, abraçar e tocar são sinais de  perigoso contato porque mexem com a libido, portanto, tais ações não podem e não devem ser trocadas entre as pessoas. Assim como a carícia bem feita, o diálogo de boa qualidade também está escasso. A maioria dos nossos gestos de carinho são estereotipados, tornam-se gestos vazios por isso os fazemos automaticamente, meio “robotizados”, sem nenhuma conexão com o outro. É como se eu não estivesse presente.
Esse livro deveria ser lido por todos os educadores do mundo todo, porque o nosso trabalho na educação é gelado, frio, somos indiferentes, mantemos uma relação de blindagem com os alunos. Temos a coragem de chamar essa linha de ensino e aprendizagem de educação, assim como chamamos a restrição da espontaneidade do aluno de “educação”. E se o educador, com uma bagagem maior de conhecimento, resolve dar uma aula sobre amor e sexualidade, a escola vem abaixo e a direção surta. Isto se não der Processo Administrativo Disciplinar, no mínimo dá cadeia ou exorcismo, na certa o professor é irresponsável ou pedófilo.
 Entretanto ficou demonstrado nas experiências científicas que se acariciar um cachorro durante um tempo, ele vai apresentar resultados bem diferentes quando comparados aos cachorros que não foram acariciados. O livro tem pilhas de pesquisas com animais para provar o quanto eles reagem à atenção, ao cuidado e ao carinho. Se entre ratinhos, que foram bem cuidados e manuseados, vária vezes ao dia e os ratinhos que não tiveram nenhum contato físico e que só foram alimentados pelo experimentador, esse último grupo certamente vai apresentar uma deficiência imunológica gigantesca. Ao retirar a tireoide e a paratireoide dos ratinhos dos dois grupos observados, os que não foram acariciados morrem em dois dias e os que foram acariciados duram em média um mês. Essa diferença é muito significativa.
Por tudo isso  é que acredito que é importante que os amantes aprendam a mostrar o coração através das carícias. Não deixar ficar apenas na intenção e naquela vontade de abraçar, acariciar, de beijar ou dizer ao outro que está encantado e que é muito bom estar junto, quando isto for verdadeiro, do coração, faz-se necessário que haja a fala informando o parceiro sobre sua intenção. Nunca se acanhe de pedir um abraço ou um carinho, quanto sentir falta. Assim é nas relações, como na vida em geral, muitas coisas se perdem por não expressar ou pedir naquele momento em que há o envolvimento de um pelo outro.
Portanto sempre que possível realçar verbalmente as qualidades do outro, pois esse é um comportamento lícito para que se concretizem as diversas manifestações de carícias. Tendo em vista que somos um projeto de humanidade e isto implica que todo o ser humano é imperfeito por natureza, não somos melhores e nem piores que o outro. Aprender a curtir o que outro tem bom, antes de perder energia em lamentar ou criticar o que precisa mudar. Criar e recriar sempre e continuadamente novas sensações, novas emoções, novas manifestações de carícias através de uma expressão simples de afeto, ternura e sedução, a principal matéria prima da carícia.   

23 de maio de 2011

EXCITAÇÃO NÃO É DESEJO

Por mais que nossa sociedade proclame a importância do desejo sexual, temos uma tendência a considerar excitação e desejo a mesma coisa. Na verdade, não se trata do mesmo fenômeno. O desejo pressupõe algo externo, ou seja, o que eu quero e que me impulsiona na busca desse objeto para a minha satisfação. A excitação, ao contrário, é um sentimento de preservação daquilo que possuo. É manter acesa a chama do erotismo o tempo máximo possível, por medo da crise da rotina que persegue as relações. Sobretudo, porque a transferência do amor e da ternura são situações mais fáceis de acontecer com as mulheres e bem mais difíceis de serem concretizadas com os homens.
Na nossa cultura. se privilegia o desejo e pouco se fala da excitação. Não damos conta do quanto é relevante separar essas duas coisas. Valorizamos muito o desejo que sempre pressupõe um objeto externo não possuído e quando o possuo, deixo de desejá-lo. Se a pessoa já se satisfaz porque pensa que esse desejo já foi realizado, logo passa a buscar outros desejos. Como o desejo se alimenta de certa insatisfação que combina muito bem com toda a indústria consumista, a sexualidade torna-se o alvo maior do capitalismo selvagem.
As mulheres de hoje, não são para amar e, sim, para olhar e se deliciar. Como dizia no meu tempo, “é muita areia para qualquer caminhão”. São tão olímpicas que alguns homens e, em particular, os machões, brocham, não por desinteresse, mas por impossibilidade técnica. É como se elas dissessem: “Eu sou melhor que você, eu sou perfeita, eu sou malhada; você não passa de um gordo solitário, trancado na sua medíocre vida sexual”.
Antigamente, a mulher gostosa sabia seduzir e praticava a arte da sensualidade. Hoje, diante de uma Sharon Stone, o machão que fica horas diante da internet se deliciando com as peladas da  webcam, torna-se um pobre excluído. Além de rica, é gostosa para o delírio de proletários sexuais, que jamais terão dinheiro para conhecê-la. No geral, essas mulheres robóticas, provocam um tesão de classe. Parecem dizer: “Quanto mais uso o meu corpo, mais livre me torno. O meu ideal é ser desejada como um bom produto”. A meu ver e de muita gente boa, isso não leva a lugar nenhum a não ser, a uma profunda frustração, porque depois de saciado esse desejo só nos resta o tédio, uma vida miserável. Todo dinheiro que antes se gastava com psicoterapia, hoje se gasta com a modelação do corpo nas academias.
O desejo tem características extremamente aristocráticas, porque privilegia do ponto de vista das relações interpessoais, aquelas que são mais desejadas. No caso das mulheres, as mais belas, as mais olímpicas, as “ melancias” da vida. No caso dos homens, os mais ricos, os inteligentes e os “desleais”, pois para quem não sabe, os cafajestes fazem um sucesso medonho com as mulheres. As mulheres adoram homens safados e cafajestes, esses são alvos prediletos da maioria das mulheres. Até em campanhas publicitárias eles aparecem fazendo o tipo cafajeste.
O sexo casual também faz parte dessa visão aristocrática, sempre é importante entender que ele privilegia umas poucas minorias e desfavorece a grande maioria. Por exemplo, aquelas pessoas mais sinceras, as mais tímidas, as que falam a verdade, as que não são tão boas de conversa fiada, as que não frequentam vida noturna e as que não atendem as exigências do mercado de consumo sempre são marginalizadas.
O sexo como excitação depende menos do desejo visual masculino, por isso acaba homogeneizando mais as relações e, por causa disso, gera nas mulheres um desejo de ser desejada. Por isso elas buscam certos adornos que, supostamente, acham que servem para aumentar os desejos visuais masculinos. Mas nesse ponto também esbarram num outro viés complicado, porque leva para o caminho do consumismo exagerado e às vezes de uma forma desenfreada. Então, como atrair os homens?
Nota-se que o elemento tátil é o que define mais que tudo o clima de excitação, porque ele se abastece através de trocas gostosas e prazenteiras, tal como uma boa conversa, trocas de carícia com algum parceiro que lhe é interessante naquele momento e, assim, segue-se o momento prazeroso com as carícias verbais que praticamente não dependem de novidades. Por outro lado, o desejo é pura novidade e tão pouco combina com as relações sentimentais. Tanto o homem como a mulher se tiver uma relação de qualidade, não precisa mais do desejo. Ninguém deseja o que possui. A mulher ou o homem deixa de ser objeto do desejo mútuo para ser objeto de excitação um do outro, portanto para se concretizar a excitação haverá as trocas gostosas de carícias, o estabelecimento da intimidade e o esquentar das relações que são estreitadas a partir da aceitação das carícias e da mútua reciprocidade.      

21 de maio de 2011

OS EFEITOS DA SEDUÇÃO

A palavra sedução é muitas vezes mal interpretada, utilizada de forma pejorativa, com uma conotação negativa. Legalmente, essa palavra quando aparece, vem carregada de preconceito, sempre se refere a um crime, que consiste em conseguir vantagens sexuais mediante falsas promessas. No entanto, dentro de certos limites, a sedução é um processo normal e desejável nos relacionamentos humanos. Assim, um bom professor seduz seus alunos, assim como um bom dentista e um médico  seduzem seus pacientes.
A sedução, compreendida como um processo que leva outras pessoas a gostarem de nós, é algo de positivo. A imagem negativa que se faz da sedução tem muito mais de preconceituoso e de maledicente, do que algo de saudável para as boas relações humanas. Não descartamos que existam pessoas manipuladoras e implacáveis, transformando o outro em seu dependente, através de um jogo sórdido que se caracteriza pela formação de laços invisíveis, que vão se formando ao redor do seduzido. Tais laços encantam a pessoa, que não nota a armadilha e acaba envolvida nessa trama e não percebe que está sendo seduzida.
A sedução é um modelo de relação social, muito usado para incentivar o consumismo, na caça aos votos em épocas de eleições, na ascensão profissional e, principalmente, nas conquistas amorosas. Por isso a dominação nas sociedades modernas, tende a ser cada vez mais exercida pela sedução e cada vez menos pela coerção, que não deixa de ser um aspecto positivo para um bom relacionamento, porém a sedução pode ainda ser posta em prática para se conseguir vantagens, como nos casos de promoção no trabalho, de conquista de posição ou favores que possam levar até o seu objeto de desejo maior que é chegar ao poder. Usa-se a sedução até mesmo para espionar alguém.
Entretanto, em termos de sedução afetiva que visa o exercício da sexualidade, todos nós, de uma maneira ou de outra, sentimo-nos incompletos e desejamos buscar no outro o que nos falta. Na realidade, prometemos ao outro um reencontro com o estado de plenitude que ele um dia perdeu. Contudo, se um homem detectar que uma determinada mulher tem as qualidades que lhe faltam, fatalmente vai tentar seduzi-la e, usando a sua imaginação, é capaz de usar de toda a sua fantasia para desencadear um desejo na sua vítima que logo percebe, mas não foge.
Portanto uma  vez engrenado o processo de sedução, se a vítima estiver gostando e, provavelmente,  a essa altura ela já esteja envolvida, iniciará  uma ardilosa trama para seduzir o seu sedutor, usando das mesmas técnicas. Por isso, o seduzir e ser seduzido pode resultar num delicioso encantamento um pelo outro, que tem como consequência uma deliciosa paixão. Há uma identificação, ambos acreditam nas mesmas aspirações e sentimentos. E é nesse processo que as almas gêmeas só enxergam similitudes e sentem que podem completar um ao outro, por isso não veem defeitos, vivem uma intensa sensação de prazer e euforia, além de  se viciarem um no outro.
Quando o suposto sedutor olha intensamente no fundo dos olhos da sua seduzida, o que ele vê não é a imagem da pessoa amada, mas sim sua própria imagem, completada com o que lhe falta, pois se espelha no que o outro tem, em outras palavras, a paixão não é pelo outro, mas sim por si mesmo como na fábula grega de Narciso que se apaixonou pela sua própria imagem refletida no lago.
Portanto, como diz o poeta Vinicius de Moraes: “Que não seja imortal posto o que é chamas, mas que seja infinito enquanto dure”. Naturalmente, a fase de paixão é de curta duração, na maioria das vezes não ultrapassa umas poucas semanas ou no máximo alguns meses. Não importa o tempo que dure, estar apaixonado é uma das melhores coisas da vida. A intensidade da emoção sentida, por si só, justifica qualquer tristeza que possa ocorrer mais tarde. A máscara vestida durante o processo de sedução não pode ser mantida o tempo todo e para sempre. Enfim, triste daqueles que nunca viveram uma grande paixão e que nunca exploraram a arte da sedução!        

16 de maio de 2011

O QUE É A FOFOCA?

A fofoca é um assunto que damos pouca ou nenhuma importância. Ninguém leva a sério, por achar esse assunto banal. Imagina se alguém resolvesse fazer uma tese científica sobre a fofoca, na certa seria ridicularizado na universidade, porque fofoca é uma bobagem, imagina se isso pode merecer um estudo científico. Entretanto, pode e deve ser levado mais a sério, pela importância que esse assunto tem e pelo estrago que pode causar na vida social de uma pessoa. A fofoca para quem não sabe, governa o mundo.
Em todo centro de poder no mundo a começar pelas corporações políticas mundiais, são governadas por fofocas. Sempre um querendo saber o que o outro está pensando ou fazendo. É bom saber que quem menos decide num país é o Presidente da República. Porque está cercado de monstros e quando se propõe a fazer algo pelo povo, alguns desses monstros dão uma rosnada, e o Presidente recua, para não entrar em choque com determinados setores da sociedade. Tudo isso se dá assim por que há interesses das classes dominantes em jogo.
Em cada decisão política tomada, sempre há alguém dizendo que esta medida pode não ser boa para economia. E o Presidente fica amarrado, sem poder agir, por conta da fofoca. Onde fica evidente a fofoca? Nas bolsas de valores, pois quantas delas subiram e desceram por conta da fofoca? Outro exemplo claro de fofoca é o local onde você trabalha ou onde mora. As pessoas sabem mais de você do que você mesmo.
Se somarmos as fofocas sobre sexo – quem deitou com quem e quem foi enganado – com as de família, alcançamos metade da fofoca mundial. Muitos sentimentos pessoais ruins se demonstram nas fofocas sobre a vida privada das pessoas. Gente boa falando de gente ruim.
A fofoca, ao se tornar pública, pelo fato de ser transmitida e até modificada pelos meios de comunicação ou em repartições públicas, pode ter a justificativa de que as pessoas que falaram ainda têm a coragem de dizer que aquilo não é fofoca, e sim, a opinião pública de quem está se posicionando. Qual a origem dessa fofoca? A fonte é respeitável? Os jornais, revistas e a opinião pública relatam o que todos desejam ouvir ou temem e ninguém tem a coragem de se declarar. Na verdade, todos vigiam a todos, para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer. E, com isso, vai se formando uma rede dos que não estão certos, que é igualzinha a dos que estão certos. O problema é que cada um acha o “seu” certo, portanto o “outro” está errado. Se nem eu e nem minha família temos nada de errado, então o mal tem que estar sempre no outro. E nessa trama enrolada, já assisti muitos casamentos se desfazerem, como também, muitas pessoas perderem o emprego e até pagarem por um crime que não cometeram, por conta dessa maldita fofoca que é um poderoso fator antirrevolucionário.
Uma sociedade de classes não é nem mais e nem menos inteligente do que uma inteligência conceitual, que é ótima para classificar e péssima para compreender, explicar, aceitar pessoas inteiras, com todas as suas características. Quando peco contra minha classe social, de algum modo, saio dela. Isto é, ao fazer diferente do que os outros esperam, nego minha uniformidade, nego ser igual a todos os outros. Saio daquele padrão e viro um desclassificado. Nesse momento, não sinto somente que saí da minha classe. Sinto também que tenho toda a minha classe contra mim. Ao me fazer diferente, oponho-me contra a lei e a lei me persegue. Qual a lei da fofoca? A lei do preconceito, dos costumes, de ser e fazer diferente dos outros. Pode-se afirmar que, de certo modo, a fofoca controla a sociedade mais do que a polícia. Antigamente fofoca era maledicência, isto é, falar mal de alguém. Hoje fofoca é qualquer comentário sobre pessoas. Por isso ela tornou-se muito perigosa, pois pode acabar com a carreira e com a vida de um cidadão de bem. Você, do dia para noite, vira inimigo e vilão dentro desse sistema. Quem faz a fofoca está sempre certo, errado é o “outro”.
Para finalizar, vou recorrer ao filósofo grego Sócrates no caso a seguir. Um dia um conhecido se encontrou com o grande filósofo, e lhe disse: - Sabe o que escutei sobre teu amigo? – Espere um minuto, replicou Sócrates: - Antes que me digas qualquer coisa, quero que passes por um pequeno exame. Eu o chamo de exame do TRIPLO FILTRO. – Triplo filtro? Perguntou o outro. – Correto, continuou Sócrates. Antes que me fales sobre meu amigo, pode ser uma boa idéia filtrar três vezes o que vais dizer. O primeiro filtro é a VERDADE. Está absolutamente seguro de que o que vais dizer é certo? – Não, disse o homem, realmente só escutei sobre isso... – Bem, disse Sócrates, então realmente não sabes se é certo ou não. – Agora me permitas aplicar o segundo filtro, que é o da BONDADE. – É algo bom o que vais dizer de meu amigo? – Não, pelo contrário... – Então, desejas dizer algo ruim dele, porém não está seguro de que seja certo. Mesmo que agora eu quisesse escutá-lo, ainda não poderia, pois falta um filtro, o da UTILIDADE. – Me servirá de algo, saber o que você vai me dizer do meu amigo? – Não, na verdade, não. – Bem, concluiu Sócrates. Se o que desejas dizer não é certo, nem bom e tão pouco me serás útil, por que eu iria querer saber?
Portanto, a amizade é algo inviolável. Nunca perca uma amizade por alguma fofoca ou comentário maledicente e sem fundamento. A vida é muito curta para vivermos segundo a opinião dos outros e viver o que os outros acham ou querem.    

13 de maio de 2011

COMO ANDA A SATISFAÇÃO SEXUAL DA MULHER?

      A satisfação sexual da mulher, embora seja de suma importância para a felicidade humana, aos poucos parece que o interesse do homem instala-se e ele começa a se preocupar e quer saber como sua parceira está se sentindo em relação a ele. Talvez a grande maioria dos homens não tenha a coragem de perguntar o que elas acham deles no momento de intimidade, por medo que ela diga sinceramente, que já conheceu coisa melhor. O machão não suporta ouvir isso de uma mulher. Em matéria sexual os homens em geral não são sinceros e, muito menos tão competente como se dizem ser. Por outro lado, esse discurso pouco aparece nos estudos científicos sobre sexualidade feminina no Brasil.

      Algum tempo atrás, na região metropolitana de São Paulo, foi desenvolvido um questionário a partir de um estudo piloto elaborado pela Sociedade Brasileira de Sexualidade Humana, só conseguiram reunir 120 mulheres entre 25 e 45 anos de idade, com parceria sexual fixa, ou seja, são mulheres que têm sempre o mesmo parceiro. Só pelos resultados, já é detectada a preocupação com relação ao assunto analisado sob o ponto de vista profissional.

      O fato mais importante surgido nessa pesquisa foi à associação entre orgasmo e satisfação sexual, atingindo 80% das pesquisadas. Sentir-se atraída sexualmente pelo parceiro apareceu em 74% das mulheres paulistanas. Ter parceiros carinhosos é importante para a satisfação sexual de 66% das mulheres e as carícias dos parceiros apareceram em 61%. As fantasias sexuais com o seu parceiro íntimo ocorrem em 50% das mulheres. A satisfação sexual desse grupo foi referida por 86% das mulheres pesquisadas, sendo que 15% delas não estariam satisfeitas sexualmente pelo seu companheiro, entendendo que precisam de mais carinho do parceiro, eles são muito monótonos e precários na cama. Uma das pesquisadas ainda complementou o questionário dizendo: “estar satisfeita sexualmente para mim é estar em sintonia plena com o meu companheiro, o que nem sempre acontece”.

      Extrapolar a condição do ato em si, não é uma simples descarga física, mas é o encontro do carinho pelo prazer, pela vontade de estar realmente com o outro, de ser inteiro nesse momento de entrega plena. É dar e receber, é sentir-se aceito como é. Isto é, o verdadeiro encontro com a divindade.

      A satisfação sexual é quando duas pessoas se sentem atraídas uma pela outra. Nesse encontro nasce o desejo de se tocarem e de se possuírem.  Quando esse momento sublime acontece, a atração e o desejo são recíprocos e a satisfação sexual é intensa e total. Se tudo o que acontece em uma relação é mútuo, com certeza, ambos sairão realizados.

      Qual consequência que a indústria pornográfica acarreta para quem tenta viver de acordo com este padrão cultural de uma sexualidade consumista e de pouca valorização do outro? Acabam se transformando em pessoas com pouca espontaneidade e sempre insatisfeitas consigo mesmas. Trata-se quase que de uma divisão que induz à prática do sexo sem afeto, do sexo pelo sexo, transformando o parceiro ou a parceira, apenas em um objeto descartável que uso para descarga das minhas energias, dispensando o principal que é a carícia com afeto e ternura, matéria prima para o estímulo da mulher.

      Portanto, a insatisfação sexual da mulher no mundo moderno procede. Tendo em vista, que a mulher se prende muito mais aos estímulos românticos, enquanto que o homem se prende aos estímulos visuais, físicos. É através do corpo que existimos e é através dele que podemos saborear a beleza e a graça deste fenômeno que é a sexualidade humana. Como todos os outros animais, estamos sempre tentando, de um modo ou de outro, fazer a vida mais prazerosa e confortável possível. Isto significa que estamos à procura do prazer. Estamos à procura de uma harmonia com a natureza e com o ser humano. Prazer é coisa que sentimos no corpo, embora nossa tendência seja atribuir ao externo. Quando dizemos que aquele beijo na boca nos dá prazer, atribuímos o prazer ao beijo, ao externo, ao outro, quando, na verdade, o prazer veio da sensação de nossa boca em contato com outra boca, de nosso corpo em contato com outro corpo. Contato físico é algo transcendental. A pele é gostosa sempre, não tem cor e nem idade para sentir prazer sexual. Só preciso do meu corpo para ser feliz e fazer o outro feliz.   

1 de maio de 2011

SEXO E AMOR NÃO ANDAM JUNTOS

Sexo e amor são um desses equívocos milenares que vem nos acompanhando ao longo da nossa história e cultura. Desde sempre, as pessoas pensam no sexo e no amor como parte do mesmo impulso. Quando, na verdade, eles são completamente diferentes. Sexo é um fenômeno físico e o amor é um fenômeno espiritual. O físico, eu alimento e o espiritual, eu cultivo.

Às vezes, por acaso, sexo e amor andam juntos e com muita dificuldade. Porque o amor é um fenômeno que tem a ver com a experiência do nascimento. O bebê que estava aconchegado no útero da mãe, ao nascer, experimenta uma sensação enorme de desamparo, de incompletude. Essa sensação horrível de vazio e incompletude vai nos acompanhar ao longo de toda a vida. Sensação essa de desamparo que, efetivamente, pede, do ponto de vista da criança, um aconchego, isto é, uma aproximação física no colo da mãe.

Por isso o primeiro objeto de amor é a nossa mãe, e é através dela que a gente se sente seguro, em paz e em harmonia, para isso basta estar perto dela. O nosso remédio paliativo, nos momentos desagradáveis e de desamparo, que nos acompanha desde o nascimento. Contudo, o amor é um fenômeno interpessoal por excelência, porque, na verdade, depende da existência de um objeto externo. Por ser interpessoal, desqualifica qualquer ideia de amor por si mesmo. Preciso do outro para a realização plena desse amor. Para Schopenhauer, o amor é um prazer negativo, porque traz um desconforto que é amenizado pelo aconchego, isto é, um prazer que deriva do fim de uma dor e, por ser interpessoal, só o outro pode aliviar essa dor.

O sexo aparece no fim do primeiro ano de vida. É quando a criança começa a se reconhecer como independente da mãe. É a fase exploratória, em que ela começa a se pesquisar e a descobrir o seu próprio corpo e experimenta sensações agradáveis em determinadas áreas do corpo, como a de inquietação e excitação consigo mesma, que não depende de nenhum objeto externo. Todavia, o sexo aparece como fenômeno pessoal, de excitação e não de paz, que é prazer positivo porque não depende de um desconforto prévio para existir. Por conseguinte, não tem absolutamente nada a ver com o amor. É incrível que de vez em quando consigam coabitar as duas coisas.

Os princípios da sexualidade, na nossa cultura e para biologia, sob muitos aspectos, têm muito mais de agressividade, do que de amor. Na selva primitiva, os machos para copular ou até chegar às fêmeas e obter a aceitação das mesmas, valiam-se, presumivelmente, da sua força física.

Segundo os estudiosos, o número de mulheres era menor em relação ao número de homens que, aparentemente, deveria ser uma vantagem para as mulheres. Seria, na certa, uma desvantagem, pois uma única mulher copulava com vários homens. Além das mulheres viverem menos que os homens, por causa dos muitos filhos e, também, porque precisavam cuidar sozinhas desses filhos os quais, frequentemente, morriam na sua maioria no parto, dadas as condições precárias. Por outro lado, não tinham quem as ajudassem a prover esses filhos, porque a paternidade ainda não existia. A paternidade é uma aquisição que, provavelmente, vem junto com a idade da pedra, quando os homens ficavam fascinados por uma determinada mulher e a pegava pelos cabelos e a levava para sua toca. Esse é o primeiro momento em que as mulheres começam a ganhar o seu espaço. Ela passa a ser escrava só daquele homem que, supostamente, vai protegê-la de outros homens.

Entretanto, é um susto para os homens saber que o desejo visual é uma propriedade masculina e que não é presente com tanto vigor nas mulheres. Sobretudo porque os homens gostariam que as mulheres tivessem também desejo visual e os atacassem. Hoje as mulheres até chegam com mais frequência nos homens, não porque elas têm desejo visual, mas porque a maioria deles não se propõe e estão desinteressados e folgados demais, e se a mulher não fizer isso, ela acaba ficando sozinha.

Há uma tendência na vida real das pessoas, tanto dos homens como das mulheres, no campo da sexualidade, de copiarem os padrões da indústria pornográfica que é uma das coisas mais tristes que vem acontecendo na contemporaneidade. Atualmente, parece que quem dita às normas da conduta sexual é a indústria pornográfica, que não é o elemento mais ideal para ensinar sobre comportamento sexual. Aumentando a preocupação dos homens sobre o tamanho do pênis, porque afinal a indústria pornográfica sugere que quanto maior, melhor. Fato esse que também não é verdade. As mulheres preocupadas em ter orgasmos múltiplos e, com isso, fingem orgasmo como nunca tiveram antes. Tudo isso introduzido e criado pela indústria pornográfica. Infelizmente, isso traz um colorido fortemente acentuado de agressividade. Qualquer criança que viesse a olhar um casal copulando, iria achar isso muito mais parecido com uma luta do que com uma troca de carícias entre casais.

Portanto, o amor existe enquanto serve para o desenvolvimento das pessoas, para que haja entre elas uma troca de qualidades e para que as duas saiam enriquecidas da ligação amorosa. O bom amor, quando existe, ele transforma as pessoas. Se me envolvo com alguém, e se conseguimos cultivar nossos sentimentos, nós nos desenvolvemos como seres humanos. Quanto ao sexo, não precisa do amor para praticá-lo. Praticar sexo é uma escolha e obter prazer é uma possibilidade.           

AS COISAS SÃO OS NOMES QUE LHE DAMOS

O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofri...