26 de novembro de 2017

LIBERDADE E PAIXÃO PELA VIDA

O pai da psicanalise Sigmund Freud (1856-1939), sempre se referiu ao sexo feminino como um “continente negro”. Num dos seus ensaios ele conta que uma de suas pacientes, sonha com um arranjo de flores, misturando violenta com lírios e cravos. Numa abordagem psicanalítica, os lírios representam a pureza, os cravos o desejo carnal e por último, não menos importante, as violetas como a necessidade inconsciente da mulher de ser violentada pelo o homem.

Para contrapor Freud, vem surgindo um fato novo, que implica na mudança de comportamento do homem moderno. Para demonstrar essa tese, observa-se que os homens de modo geral andam fugindo da raia das mulheres. Talvez porque elas estão mais atualizadas, leiam mais, estudam mais e se interessam por novidades, sem falar na independência econômica de muitas. Uma parcela significativa de mulheres, atualmente cuida e administra sozinha uma casa de família. Todavia, os homens estão cada vez mais encolhidos no seu mundinho, e ainda acham que sabem tudo. Não leem livro, não estudam, não fazem cursos e vivem procurando não sabem bem o que, em whatsapps e redes sociais.

Entretanto, uma mulher moderna, razoavelmente bem sucedida na vida, independente, bonita e inteligente, de certo modo assusta os homens, ainda mais aqueles sarados, que se acham e são metidos a machões. Esses então, não suporta ficar de fora do centro das atenções. A grande maioria dos homens não tem tanta competência assim e nem maturidade para tanto. São carentes e frágeis, cai com facilidade na lábia de certas mulheres aproveitadoras e oportunistas. Sexualmente falando são extremamente monótonos e primitivos.

O homem que se acha o gostosão, o machão latino, como tem muitos por aí, não tem coragem de se propor ou de casar com mulher que ele sente-se inferior a ela. Ainda hoje em pleno século XXI, conheço mulher com grande potencial intelectual que se casou, não digo com homem incompetente, mas, com homem comum e com pouca formação escolar e muito autoritário. É bom que se diga, ao contrario também existe. Há mulheres que atazana a vida do homem. Mas, muita dessas mulheres submete inteiramente, para que o marido ou o namorado não se sinta ferido no seu amor próprio. Que horror!

Penso que está aqui o começo de todas as loucuras humanas. Deixar de ser eu mesmo, para ser o que o outro quer. Vale lembrar sempre, que viver com medo é viver pela metade. Todos nós aprendemos que o tempo nunca volta atrás e o futuro inventa novas emoções. É melhor fazer alguma coisa ao invés de não fazer nada. A nossa primeira obrigação é reconquistar a alegria de estar vivo, assim como a nossa dignidade. Isto é, seguir os interesses vivos que estão na minha frente. Ter maior clareza naquilo que realmente esperamos da vida, procurar olhar com o coração o que nos faz bem. E fazer amigos verdadeiros. O mundo precisa de boas amizades, para curar-se do egoísmo.

Portanto, uma abertura maior, mais segura e confiante, com menores possibilidades de engano a si mesmo e ao outro. A decorrência disso é a nossa capacidade de encontro conosco mesmo e com o amor que nutrimos pela vida. Passamos a atuar constantemente em favor do que realmente é a nossa vida, buscando o que nos dá prazer. Sobretudo, depois de tantos anos de repressão, agora chegou o momento das mulheres declarar independência ao machismo sádico. Somente pessoas sensíveis e gentis, tanto homem como mulher, irão herdar este espaço que constituímos para ser feliz com quem amamos. Contudo, agradeço a todos os dias da minha vida, dizendo: “que maravilha estar aqui, como é bom viver, como é bom ser eu mesmo”. Da vida nada se leva a não ser a vida que se leva.

24 de novembro de 2017

DESPIR-SE PARA TRANSFORMAR A DOR EM AMOR

Vivemos com medo de tudo que é novo, o desconhecido nos assusta e às vezes até nos paralisa. No filme: “Irmão Sol, Irmã Lua”, do diretor Franco Zeffirelli, de 1972, narra à trajetória da vida de São Francisco de Assis (1182-1226), um jovem sonhador, filho de comerciante, que desfrutava de bons vinhos, lindas mulheres e canções sem ter nenhuma preocupação. Quando a guerra e as doenças assolaram a região onde viveu, ele sofre uma grande transformação. Resolveu abandonar tudo ao ver essas coisas ruins acontecendo na sua região. Foi aí que resolver transformar essa dor em amor Ao aparecer diante do Bispo local, ele se despe de suas roupas, simbolizando a renúncia a sua vida prévia para dar início a uma vida dedicada a Deus e ajudar aqueles que mais necessitavam. Mas sua pregação só iria chegar ao ápice quando ele vai a Roma, para ter uma audiência com o Papa Inocêncio III.

O filme é maravilhoso relatando a vida do nosso bondoso Francisco de Assis. Um homem que teve a coragem de abandonar a vida rica, o luxo, os prazeres do mundo, a família e viver para o seu próximo. E o desistir das satisfações efêmeras, dos bens materiais, das regalias e diversões, ele alcançou o maior triunfo de sua vida. Seguindo o exemplo de Paulo de Tarso conseguiu realizar em si mesmo, uma profunda reforma moral e social, através do tempo. Compreendeu que o seu desiderato era servir, era amar ao próximo como a si mesmo, era seguir os ensinamentos maravilhosos do mestre Jesus. Irmão Sol, Irmã Lua que é um excelente filme, uma grande demonstração de humildade e uma lição de vida para os cristãos. Seu diálogo com Deus traduz a sua essência ao dizer: “Senhor, fazer-me instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor (...). Pois é dando, que se recebe, é perdoando que se é perdoado e é morrendo que se vive para a vida eterna”!

Puxei pelo filme, por ter muito a ver com a nossa reflexão. Principalmente, na cena em que ele se despe de suas roupas e sai rumo ao que acredita para sua vida. A atitude firme do jovem Francisco mostra que, em certos momentos de nossas vidas, a ruptura tem que ser radical. Para iniciarmos uma profunda transformação em nossa vida, devemos colocar em xeque valores, tradições, ensinamentos e posturas que são como roupas velhas em uma alma que aspira por amor e vida em abundância. Esse caminhar em direção ao nada, numa linguagem nietzschiana, só para fazer referência ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que chamava o nada de “niilismo”.

Sem essa consciência, como vou saber se sou conservador ou progressista, se sou bom ou mal, forte ou fraco, se não chego até a linha que demarca o limite entre uma posição e outra? Chegar ao ponto zero ou ao nada requer uma reflexão profunda, íntima, dos valores que tenho que são meus por convicção, com aquele que acostumei e incorporei por osmose social. Enquanto não chegarmos a esse ponto zero, despir-se dessas roupas velhas em detrimento das novas, a tendência é encontrar desculpas para nossas fraquezas e fracassos. Onde não há transformação e nem crescimento, não podemos afirmar que o amor ali impera. Ao plantar a dúvida podemos estar decretando a morte ou a possibilidade de conhecer o infinito. Pois é através do amor que o infinito revela-se em nós e com a sua luz nos ilumina e nos guia.

Portanto, dizer que somos assim por causa da família, ou da condição social é uma forma de arranjar culpados pela nossa inércia e esconder o medo que temos da transformação. Contudo, a tarefa em buscar do nada não é fácil, precisamos de ajuda, talvez de um psicoterapeuta ou de um religioso consagrado. Mas o importante é predisposição para o encontro é para com os conflitos diante das velhas roupas que queremos arrancar do corpo. A grande sabedoria da vida é saber envelhecer. Porque a alma nunca envelhece, só nos torna cada vez mais sábio. A mensagem que fica é a seguinte: “Despir-se para transformar a dor em amor”. Tudo na vida é consciência.

20 de novembro de 2017

O DRAMA DA NOSSA VAIDADE

Vivemos em tempos de modernidade líquida, nada é feito para durar muito, nem mesmo as amizades. Nós não consertamos mais coisas, assim como não consertamos mais relações humanas, nós trocamos. A vaidade é o preço maior que pagamos para qualquer coisa. Nós não compartilhamos mais dores e fracassos, pelo contrário, bloqueamos qualquer um que se atreva a nos contrariar no “Facebook” ou no “Whatsapp”. Julgamos o outro com facilidade, com sorriso no rosto e mostramos uma imagem falsa, de uma vida feliz. Ao trocarmos de carro, de computador ou de pessoas que amamos por outras, vamos substituindo a dor do desgaste pela vaidade da novidade. Ao trocar alguém creio, imediatamente tornamo-nos pessoas mais interessantes aos olhos do novo. E não percebemos que aquele espelho, continua sendo o drama da nossa vaidade.

Todavia, o que não toleramos na pessoa anterior é que ela nos mostrou o quanto estamos decaindo, envelhecendo e que não somos mais interessantes para ela. E na nova pessoa, exploramos o quanto queremos ser interessante. É triste constatar que o nosso mundo hoje tenha eliminado a humildade como virtude. É fascinante, por exemplo; que aceitamos todo e qualquer elogio, porque dentro de nós, segundo os místicos medievais, há um demônio da vaidade esperando por elogios. Aquele que acredita no que não pode ser acreditado. Como Lúcifer um dia, acreditou que podia ser igual a Deus. Apesar de saber que um Arcanjo criado, jamais poderia ser igual a Deus. Ou seja, repetimos e é aqui que a natureza humana entra: “O pecado de Lúcifer”.

Entretanto, brigamos permanentemente por esse “Ego” insaciável. Vale lembrar os budistas, que centraram fogo nesse ego que nos corrói por dentro. Porque nós preferimos ser perseguidos, a ser ignorados. Preferimos tudo, menos não ser visto e elogiado, porque viver hoje é ser visto. Senão fotografar onde estivemos e o que estamos fazendo, de nada valeu a nossa estadia. Ver é viver. E ser visto é ter a certeza que vivi. Se o homem escolher, poderá saber que tudo aquilo que parece fazer bem aos outros é na verdade, um engano de vaidade. De modo que, a todo instante a nossa vaidade é testada. E como não gostamos de dizer que somos vaidosos, nós a desfazemos através de recursos, fazendo-se passar por humildes e simpáticos a todos que nos rodeiam. De modo que, acabamos sustentando esse grande vicio que é o da vaidade. As pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas. Mas que vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. O que nos determina é o que a vida nos ensinou.

Portanto, temos que nos conformar que a vaidade seja uma instituição, que a vaidade esteja presente entre nós permanentemente. Temos que aprender a lidar com ela, para não ficar com falsas humildades. Temos que aprender, que sempre haverá alguém mais hábil, melhor e acima de nós. A única maneira de não ser vaidoso e pensar apena em nós, é parar de nos comparar com os outros, ou seja, devo pensar somente em mim. Isto é uma redundância. Por conseguinte, não tem saída jeitosa para nós humanos, estamos todos isolados. Nos momentos que o meu “Eu” é reconhecido e dialoga com os outros. Chamamos a isso de encontro, amizade, namoro ou casamento. E nos momentos que não dialoga, que ninguém se escuta e não se entende, chamamos a isso de encontro, amizade, namoro ou casamento. Contudo, no meio desta dialética, nós tratamos então, do pecado, do erro, do vício e da vaidade. Concluo com uma frase que gosto muito de João Guimarães Rosa (1908-1967), do seu livro: “Grande Sertão Veredas”: “Amigo para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo do outro. Amigo, é que a gente seja, mas sem precisar saber o por que é que é”.

18 de novembro de 2017

SE HÁ RESPEITO O AMOR NÃO MORRE

Os relacionamentos chegam ao fim por diversos motivos. Alguns por excesso de ciúmes, outros por exagerados cuidados, outros por falta de respeito, mas, dificilmente acabam por falta de amor. Talvez eu esteja entre uma pequena parcela da população, que ainda acredita no amor. Muitas vezes abandonamos uma pessoa, ainda sentindo muito amor por ela. Mas, a nossa relação sofreu tantos maus tratos, que não há mais como continuar. As relações são afetadas pela maneira como o outro nos trata, seja de uma forma boa ou ruim. Se bem cuidado, o amor dura uma vida, se maltratado dura semanas.

Porém, é interessante comparar do inicio ao fim do relacionamento. No começo as pessoas são gentis, educadas e se mostram preocupadas com o outro. Deixam até aquela sensação de eternidade na história de amor que estão começando a viver. Mas, na primeira briga, desrespeitam o companheiro de forma cruel, como se não tivesse nenhum sentimento entre eles. Em algum momento a sociedade pregou que basta amar para uma relação durar. E muita gente boa acreditou nisso. E o cuidado com o outro? E o afeto e o respeito, não precisam? Ou engole tudo isso com gelo? A verdade é que as pessoas perderam o respeito pelos outros e, no calor das emoções, usam as ofensas como quem usa uma metralhadora com a intenção de matar.

No entanto, conforme a rajada pode ser fatal e levar esse amor ao óbito. Mata o respeito, mata a confiança e principalmente a vontade de continuar. A pouco tempo li um livro interessar que tem tudo a ver com o tema tratado, cujo título é: “O Lobo da Estepe”, do escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962), Prêmio Nobel de Literatura em 1946. Ele conta a história de um intelectual cinquentão vivendo em plena desvairada década de 1920 que, após abandonar a regrada vida burguesa, se entrega à dissipação da vida boêmia dos bares, dos salões de dança onde aprende o jazz das elegantes cortesãs.

Através dessa leitura e com a minha experiência, consegui entender o que acontece na alma humana diante dos conflitos e como podemos lidar com eles. Segundo o próprio Hesse: “o livro trata, sem dúvida, de sofrimentos e necessidades, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê no amor”. Nesse livro, em certo momento da narrativa, Hesse apresenta o conflito do homem entre a vontade de viver e de morrer, já que a segunda atitude parecia ser a solução de todos os problemas: “apesar de nunca querer morrer de verdade, sonhava com a morte do sofrimento”. Queria matar aquilo que doía: o remorso, o medo da solidão, uma saudade de quem partiu para sempre. Vale lembrar, que saudade é amar o passado que nos machuca.

Portanto, alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem sirvam de reportagem para os noticiários sensacionalistas, deixam marcas profundas na alma das pessoas amadas. Entenda, de uma vez por todas, que ciúme doentio não é manifestação de amor, que onde prevalece à dor e a humilhação, não pode haver relacionamento saudável. Podemos ter a infelicidade de ser vítima da primeira ofensa ou da primeira agressão, mas não precisamos aceitar a segunda. Respeite-se e não precisará exigir isso dos outros. Lembre-se que violência começa com o desrespeito e, desrespeito, começa com a nossa aceitação. Contudo, todas as pessoas são merecedoras de respeito e consideração. Tendo em vista, que a felicidade só aparece para aquele que sofre, que se machuca na vida e que mesmo assim, busca e tenta sempre, trilhar o caminho do bem. 

15 de novembro de 2017

POR CIÚMES CAIM MATOU ABEL

No livro de Gênesis 4-8, registra a história de Caim e o seu irmão mais novo Abel que apresentaram ofertas a Deus. Porém, a oferta apresentada por Caim a Deus foi rejeitada e do Abel foi aceita. Possuído por ciúmes, Caim armou uma emboscada para seu irmão. Sugeriu a Abel que ambos fossem ao campo e, lá chegando, Caim matou o irmão. Pelo simples ciúmes que sentia do irmão em relação aos seus cuidados e amor com as ovelhas. Abel era um humilde pecuarista, que amava o que fazia. Algum tempo atrás, deixaram um comentário no meu Blog que dizia o seguinte: “lindo e verdadeiro, pois o ciúme realmente já me afastou de quem dizia me amar”. Fiquei sabendo depois que, muitos outros pretendentes se afastaram dessa pessoa. Esta é uma pequena amostra do quanto o ciúme é nocivo para nossa vida afetiva. Talvez porque ele cega o indivíduo, a ponto de tornar-se inseguro e covarde. Vale lembrar, que a covardia é mãe da crueldade.

De modo que, estar junto de alguém é uma arte por demais difícil em nosso mundo, onde as relações afetivas, não são feitas para durar muito. Nossa total falta de apoio cultural para as atitudes de convívio e interação. A pessoa amada é, entre outras coisas, um símbolo do outro ou de todos os outros. Quem está amando, sabiamente trata bem os demais. Na verdade, o amor é o sentimento concreto de solidariedade humana. Para entender melhor, faremos a seguinte pergunta: “O que espera de nós o mundo?” No mínimo que sejamos solidários e amorosos com os nossos semelhantes. É interessante perguntar quanta energia psicológica está sendo consumida por namorados e casais que tentam viver em seus relacionamentos por trás de uma máscara, recheada de intrigas, maledicências e fofocas. Usam com facilidade a palavra traição sem nada antes provar. Ouviram dizer e nada mais. A única coisa que a verdade nos pede é que não a julguem antes de conhecê-la.

Todavia, uma das coisas que a psicologia nos ensina, é que o indivíduo muito ciumento, geralmente é reprimido na sua subjetividade, pouco espontâneo, confia pouco nos seus próprios valores. Não pouco se apresenta como pessoa cheia de culpa e muito rígida em seus valores e, por conseguinte, torna-se muito controladora e o pior, manipula a todos que estão a sua volta. Vejo o ciúme como uma animada aventura policial, na qual o bandido, o cafajeste, o mentiroso, o traidor, é na verdade, a pessoa amada. Se não fosse trágico seria cômico. Quem se declara juridicamente vítima, na verdade, comporta-se como detetive e promotor, não raro com interrogatório sob tortura psicológica ou física, ameaças claras. Desconfia da pessoa com a qual vai continuar vivendo até não sei quando. E o pior, envolve outras pessoas que nada tem a ver com o seu problema.

O ciúme é o pior sentimento da humanidade, como vimos na história bíblica dos irmãos Caim e Abel, porque ele impede a generalização do amor. Parece que uma das raízes do ciúme é a possessividade, o pensar, sentir e comportar-se como se o outro fosse propriedade ou objeto possuído. O que nem sempre se esclarece é que esta posse quase sempre é recíproca. O policial manda e o bandido obedece. Está implícito que um é propriedade do outro. Não sei como dizer de modo decente essa coisa de subestimar um ao outro. De modo que, o ciumento é um verdadeiro senhor de escrevo diante daquele que se diz amar. Se o amor é reciproco, há espaço para sentir ciúmes? Como dizia o filósofo francês existencialista Jean-Paul Sartre (1905-1980): “só existe senhor onde existem escravos”. Aceitar que meu amor possa não estar me amando neste momento é um alto índice de maturidade afetiva de ambos. Afirmam alguns psicanalistas que o ciúme é uma manifestação cultural de nossa inibição de agressão. Dos crimes passionais, nove em dez são por ciúmes. O ciúme tem tudo a ver com o ódio. O ciumento com o seu controle, consegue afastar cada vez mais, a quem ele diz amar. É um verdadeiro torturador do outro e de si mesmo.

Portanto, se alguém lhe disser que seu ciúme é sinal de amor, fuja desse amor como o diabo foge da cruz. Desejar a companhia de pessoas queridas, pedir por essas companhias, tentar prolongar os momentos juntos, fazendo-se o mais simpático possível, tudo isso parece muito bom e encantador. São tentativas legítimas de conservar ou conseguir o que desejo e o que é bom para o meu corpo e minha alma. É uma tentativa de conquistar aquilo que me é importante, e de um jeito que não afaste a pessoa da minha amizade, e nem da nossa convivência. Contudo, no momento em que começa a restrição, começa a agressão e o distanciamento. Quanto mais o ciumento fecha a vigilância, mais cresce no seu companheiro o desejo de se livrar desse vigilante. Quanto mais cresce na vítima o desejo de livrar-se, mais cresce no ciumento a necessidade de controlar. Enfim, permitir que o comportamento do outro seja a causa do meu desconforto emocional é de uma infantilidade absurda.

12 de novembro de 2017

HISTÓRIA DA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA

Para fundamentar tudo que vou dizer nesta reflexão, começo citando o filósofo e teólogo Huberto Rohden (1893-1981): “quem julga ter provado Deus é ateu, e quem adora esse deus, demonstrado é idólatra”. Diante destas palavras, então, não podemos ter certeza da existência de Deus? Não é uma resposta fácil. Vale lembrar, que a filosofia tem uma coisa que a religião não tem, que é a necessidade de certo “ateísmo metodológico”. O filósofo tem que ser alguém que não pode ter crenças dentro da pesquisa filosófica, ainda que se tratasse de Deus, porque para a filosofia Deus não é “impossível” ele é “improvável”. Improvável significa que não posso provar e nem negar a existência de Deus. Porque Deus não é impossível para o filósofo afirmar a sua não existência. Para isto, teria que provar que Deus não existe. Como negar o que não posso provar?

De modo que não podemos negar aquilo que não se pode provar. Segundo porque Deus não é um ser físico, um super indivíduo, residente em alguma galáxia do universo. Terceiro porque, pessoa é necessariamente algo ou ser infinito que tem um fim, limitado. Tudo o que o homem fala sobre Deus, através da linguagem religiosa, nada mais é que uma confissão de suas aspirações e projeções. É sua consciência do mundo e de sua crença num ser metafísico. Podemos dizer que a Bíblia é, antes de tudo, a história da experiência religiosa de um povo singular. Aqui estamos falando do povo de Israel. Singular pela intensidade de sua experiência religiosa. Dentro da história das religiões, o povo judeu aparece marcado por sua inquietação religiosa, isto é, sua relação com Deus. A experiência religiosa concreta e singular desse povo não é a primeira que aparece ao ler a Bíblia. Apesar da singularidade assinalada, um historiador ou um filósofo imparcial, não verá em Israel nada de extraordinário.

Entretanto, o que se pode perceber ao assinalar o Antigo e o Novo Testamento, é que não seria mais do que um gênero literário, do qual se expressa à vivência religiosa de alguns seres humanos e através do qual só um crente poderá induzir a palavra de Deus. Portanto, a Bíblia é um livro escrito por homens, logo se conclui que a palavra de Deus não é direta e sim um desejo do autor que a escreveu. Levando em consideração que nós humanos somos a linguagem de Deus. Sendo assim, Deus é um nome religioso de Ser, enquanto este ser é experimentado em uma revelação que suscita a fé. Isto mostra que há mais sentido na palavra “Deus” que na palavra “Ser”. Parece que a primeira reúne todos os valores significantes da cultura pelo simbólico. Dirigimos diretamente ao Deus que formulamos, imaginamos e expressamos. Neste contexto, passamos a compreender a proibição do Antigo Testamento, de se fazerem imagens de Deus ou pronunciar seu nome.

Trata-se no fundo, de evitar o risco de idolatria. A ideia de Deus é sempre culturalmente condicionada. E mesmo quando um padre ou pastor transmite o que ele pensa que seja Deus, o seu deus, esse deus é transformado em função do que as pessoas então aptas a pensar sobre o que seja Deus. Não podemos definir Deus; porque no fundo toda tentativa de definir Deus encerra-se numa idolatria. Portanto, no pensamento do Antigo Testamento, Deus é revelado na história (o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó), é na história, não em uma situação que transcenda a história, que se acha a salvação do homem. Isto significa que as metas espirituais do homem são inseparavelmente ligadas a transformação da sociedade e da política. Fundamentalmente não é um domínio capaz de ser divorciado dos valores morais e da alto-realização do homem.

No entanto, o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) combateu a religião exatamente por ela estar alienada e não atender às necessidades verdadeiras do homem. A luta de Marx contra Deus era na realidade contra o ídolo a que chamam de Deus. Marx dizia: “não são ateus os que desprezam os deuses das massas, porém, aqueles que atribuem as opiniões das massas aos deuses”. O ateísmo de Marx era a forma mais adiantada de misticismo racional. Muito mais do que os defensores de Deus e da religião que o acusavam de ateu e impiedoso. De modo que a razão de Deus é uma necessidade que está no sonho, na linguagem, no discurso e na vida de cada ser humano. Quando deixamos de acreditar nestas instâncias, Deus desaparece. Gostaria de provocar o raciocínio lógico de alguns crentes fazendo a seguinte pergunta: “Qual seria a sua reação ao sentir que Deus é impotente diante do mundo?” O que me ocorre com esta indagação, é que haveria de revisar a onipotência de Deus, no sentido de mostrar que o mundo está em nossas mãos, sob a nossa exclusiva responsabilidade, e que nós, por outro lado, estamos nas mãos do mundo, nas mãos das forças da natureza e de suas leis, sem delas poder fugir.

Portanto, o verdadeiro crente não precisa recorrer à hipótese-Deus, para situar-se e atuar no mundo. O que minha fé diz: “é que Deus está presente no fundo da nossa própria atividade humana”. A experiência nos diz que é mais difícil acreditar nos humanos que a gente vê, do que em Deus que a gente não vê. Então, a pergunta que faço: “como acreditar em Deus, se não acreditamos no ser humano?” Tudo isso só para dizer, que a sombra dessa necessidade de transcendência de Deus, presente em algumas pessoas, que não esbouçam nenhuma reação critica sobre sua relação com Deus e com o seu próximo. De que adianta teoricamente, falar do meu amor a Deus, se não pratico esse amor com o meu próximo. Contudo, por conta disso, continua as eternas mentiras que criaram. Na verdade, não tem nada a ver com a fé ou crença de cada um. Mas, a fé e a crença têm que respeitar pelo menos o bom senso de cada um que pratica o bem. Talvez seja essa, a minha maior experiência com a divindade, praticar o bem sem olhar a quem. É com o meu semelhante, que compartilho a experiência do sagrado. Pensar Deus é uma questão de fé. Deus é um pensamento. Que sem o qual não existo. 

9 de novembro de 2017

OLHAR PARA O ENTARDECER DA VIDA

O símbolo das decisões sabia na Grécia Antiga era uma coruja. E a coruja só voa quando o sol se põe, os gregos e os romanos diziam: “a ave de minerva só alça voo no entardecer”. Assim como a juventude não é sinal de produtividade, a velhice não é sinal de estupidez. O meu medo não é da função que se encerra, mas, da vida que continua. Que o medo não seja da indiferença, mais da própria vida em si. A aposentadoria é uma ocasião não para deprimir, mas, para revelar quem de fato eu sou. Acredite, a cor da vida é a cor da morte. Ninguém se torna excepcionalmente diferente no fim do que era no meio, só a velhice piora algumas coisas.

Há um equilíbrio e uma contradição em cada idade. Suspiramos pela infância e a juventude, mas, nenhuma criança jamais acordou e disse: “como eu gosto de ser criança”. Só os mais velhos que compõem os poemas dizem: “aí que saudades que eu tenho da aurora da minha vida”. Por que naquela época o Natal era uma festa mágica? E hoje é uma festa cara, que eu lembro com susto quando se aproxima. Há uma dor em cada idade, há uma dor na falta de autonomia infantil, há uma dor no envelhecimento. Mas é o momento de dar uma resposta dura, que talvez os anos de trabalho tenham impedido que eu dissesse com clareza: “quem sou eu?” Agora sem a fantasia e sem a personagem.

Envelhecer é tornar-se invisível, já não sou mais o centro das atenções, logo, sou apenas eu e minha circunstância. Aquilo que está a minha volta. A solidão é o lugar onde estou comigo mesmo. A fama e a atenção é o lugar onde estou com os outros. Não sei mais se tenho medo da velhice ou tenho medo de mim mesmo. A diferença entre inferno e purgatório na tradição católica, é que o inferno é para sempre e o purgatório é passageiro. Os budistas tem razão, desejar incessantemente, tem um defeito. Impede que eu veja a beleza do lugar onde estou. Na certa vou ser infeliz. Incessantemente vou ver o pior de cada situação. Envelhecer é para mim, ficar observando as árvores, os rios e os pássaros, voando de galho em galho, coisa que eu não fazia quando jovem.

Portanto, envelhecer é afinar a sensibilidade, apreciar com a alma e ver com o coração. É levar os olhos para passear pela vida, é a estratégia bibliográfica, parar e fixar o olhar em tudo que encanta a alma. É saber desejar o que posso, e aproveitar o que consigo. Dizer a cada época, não existe nada no meu tempo que não seja agora. Como disse Santo Agostinho (354-430) nas Confissões: “só existe presente, o passado é uma memória e o futuro é inexistente”. Só existe hoje, este é o meu tempo. Nunca fui nada, apenas sou. Contudo, quero estar na companhia de pessoas que façam a viagem até o fim, e não daquelas que nos acompanham por conveniência. Pessoas que nos acompanham nesta jornada até o ultimo suspiro, que tenha objetivos e descubra no prazer de envelhecer uma alegria que nunca teve antes, porque o nosso tempo é agora. Quero ter garantia, que minha vida continua sendo minha e gerida por mim, instrumentalizada por mim, tecida com os fios aleatórios do amor. Como dizia Madre Tereza de Calcutá (1910-1997): “quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.

5 de novembro de 2017

PESSOAS EMOCIONALMENTE IMATURAS

O que caracteriza uma pessoa emocionalmente imatura? O problema da maturidade ou imaturidade traz consigo muitos mitos. Ninguém admite ser rotulado por um único aspecto. Cada um de nós é um recipiente no qual se misturam diferentes formas de consciência: “somos ignorantes e sábios”. Crianças e idosos, maduros e imaturos. Somos uma mistura, embora dependendo do momento algumas características se destaquem mais do que outras. Essa imaturidade pode ser definida como uma condição onde as pessoas ainda não renunciaram aos seus desejos ou fantasias da infância. Acreditam que o mundo gira ao seu redor e que a realidade está aí para se ajustar ao que elas desejam.

Como dizia o físico alemão Albert Einstein (1879-1955): “A maturidade começa a se manifestar quando sentimos que nos preocupamos mais com os outros do que com nós mesmos”. Mais do que uma definição abstrata, a maturidade ou imaturidade se mostra através de características de comportamento. Pessoas que agem mais pela emoção que pela razão. Entender que o mundo não gira ao seu redor é um processo doloroso para o imaturo. Aos pouco aprende a reconhecer que nem sempre consegue tudo o que quer, que as outras pessoas e o seu mundo também têm as suas necessidades. Até porque no limiar do amadurecimento, envolve o sair da prisão de si mesmo e perder a ilusão que nos rodeia durante a vida.

Enquanto estamos perdendo gradualmente essa fantasia, também estamos nos tornando consciente de uma bela possibilidade: “a aventura de explorar o universo simbólico do outro”. Aprenderemos a preservar o “Eu” e com isso, chegaremos até “Outro”. Porém, compreendemos que os sacrifícios e as restrições são necessários para alcançarmos o sucesso. Comprometer-se com uma meta ou com uma pessoa não é uma limitação da liberdade, mas uma condição para se projetar melhor a longo prazo. Crescer é abandonar esse doce estado de irresponsabilidade. Amadurecer é compreender que somos os únicos responsáveis pelo que fazemos ou deixamos de fazer. Reconheça os seus erros e aprenda com eles. Saiba reparar os danos que causou e aprenda a pedir perdão. Todavia, para as pessoas imaturas, os outros são um meio e não um fim em si mesmo. Não precisam dos outros porque os amam, mas os amam porque precisam deles. Dessa forma, eles costumam construir laços através da dependência.

Para estabelecer ligações com base na liberdade, somos obrigados a ter autonomia. No entanto, as pessoas emocionalmente imaturas não têm uma noção clara do que seja autonomia. Muitas vezes elas acreditam que satisfazer as suas vontades é um comportamento autônomo, mas para assumir as consequências dos seus atos, elas precisam dos outros para amortecer, esconder ou aliviar a sua responsabilidade. Agir pelo impulso é uma das características mais marcantes das pessoas imaturas. Por exemplo; nas relações amorosas, a fim de satisfazer os seus desejos imediatamente, essas pessoas imaturas não medem esforços para machucar o outro, com o dinheiro é um pouco pior, compram o que não precisam com uma grana que não têm. Às vezes elas embarcam em aventuras fantasiosas bizarras. Não analisam objetivamente os sentimentos afetivos e não consegue avaliar as consequências a médio e longo prazo. Estão sempre deprimidas, pelo simples fato de satisfazer os seus caprichos.

Portanto, é bom que se diga as pessoas não decidem ser imaturas. Essas características de imaturidade não surgem ou permanecem com a decisão consciente dos indivíduos. Quase sempre resultam das lacunas ou vazios sofridos na infância ou podem ser consequência de experiências infelizes que o impediram de evoluir. Contudo, se você é assim ou conhece alguém assim, não o julgue. Na verdade, o importante é perceber que impulsionar o seu próprio crescimento emocional pode leva-lo a uma vida melhor.

2 de novembro de 2017

DAMOS O MÁXIMO, MAS NADA É VALORIZADO

Vivemos em um mundo em que os costumes pesam sobre nós como obrigações. Muitas coisas que fazemos por solidariedade acabam se transformando numa obrigação. Geralmente não é algo explícito, de alguma forma acabamos percebendo o que os outros esperam de nós e nos sentimos obrigados a fazê-lo. O problema é que, quando damos o máximo, dentro do nosso limite, nada disso é valorizado. Isto contrasta com o que acontece com as pessoas que faz pouco, sendo que o mínimo que fazem é valorizado. De modo que cada um se valoriza livremente através de um preço alto ou baixo, e ninguém vale mais do que o valor que da a si próprio. Portanto, ser livre ou escravo depende de cada um.

Muitas vezes damos tudo o que temos, mas ainda assim nunca é o suficiente. E quando deixamos de dar-lhes o que acham que precisam nos acusam de egoístas. É importante ressaltar que nem sempre essas atitudes são baseadas em egoísmo, mas em confusão, falta de diálogo e ausência de amor. Quantos relacionamentos acabaram por falta de diálogo. De modo que dar tudo, pode se transformar em um fardo para o outro, que imagina que não vai conseguir nos recompensar. Isso, às vezes, faz com que as pessoas sintam raiva, se afastem ou não saibam como agir. Não importa o que aconteça, o importante é comportar-se com moderação e não oferecer muito aos outros. De certa forma, somos nós que definimos nosso preço, por isso temos que ser cuidadosos na hora de nos entregarmos ao demais.

Como diz o escritor Paulo Coelho (1947): “Livre-se dos que duvidam de você, junte-se aos que lhe valorizam e ame a quem lhe apoia e respeita”. Todavia, se queremos ser livres, devemos nos livrar do egoísmo ao qual nos sujeitamos. Só porque alguém de quem gostamos espera algo de nós, não significa que devemos fazê-lo. Temos que desaprender que os sacrifícios nos fazem pessoas melhores. Agindo assim, estamos desprezando ou negligenciando uma parte emocional e física muito importante para a nossa felicidade. Quando alguém nos fere intencionalmente e nos exige algo, esta pessoa não merece continuar ao nosso lado. Chegou a hora de parar de apoiá-la e manter distância para não ser contaminado por esse egoísmo. Isso nos deixará mais forte.

Entretanto, quando analisamos essa situação, é normal sentir-se incomodado ou ferido. Temos que manter a concentração para sermos cada vez mais construtivos e não machucarmos ninguém, principalmente a nós mesmos. Não precisamos ser agressivos, mas assertivo e persistente. Começando com pequenas coisas, para que possa comunicar suas necessidades sem se sentir culpado. Fale na primeira pessoa e inicie o diálogo com frases como: “Há situações nas quais eu me sinto desrespeitado”, em vez de frases como: “Você não me valoriza”. O outro só nos valoriza se nós mesmos nos valorizarmos. Isso nos ajuda a rejeitar os pedidos abusivos que não trazem nada de bom, e a perceber o que nos faz bem.

Por conseguinte, ter sempre em mente que cada um tem o direito de ser respeitado e deve ficar atento para que ninguém roube a sua capacidade de sentir o quanto vale e aceitar o reconhecimento que merece. E com o amor não é diferente. Hoje o amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um tempo de secreto egoísmo. Somos intolerantes e mesquinhos com os outros. A vida em sociedade é feita de pequenas e grandes mentiras. Assistimos diariamente as relações de amizade se deteriorando e o espaço para a solidão aumentando a cada dia. Contudo, pessoas fechadas no vazio do seu mundo e projetando no outro a razão do seu fracasso. Sem falar das relações que começam ou terminam sem contato algum. Analisamos o outro por suas fotos e frases de efeito. Não existe uma troca vivida. Estamos todos numa solidão em meio a uma multidão. O corpo se inquieta e a alma sufoca. 

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...