28 de abril de 2022

AS FONTES DE ALEGRIA ESTÁ NO MUNDO DE DENTRO

Na verdade, eu sei o que acontece com as pessoas e o que elas desejam, ao procurar uma psicoterapia; é reaprender a esquecida arte de Rezar. Claro que elas não sabem disto. Falam sobre outras coisas, dez mil coisas diferentes. Não sabem que a “alma deseja uma só coisa, cujo nome esquecemos. Preocupados com a beleza, com a estética e continuam escravos da ganância, aonde estão todos presos ao mundo de fora.

Como disse o poeta, dramaturgo e crítico de língua inglesa, considerado um dos representantes mais importantes do modernismo literário. Recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1948, estudou filosofia e literatura em Harvard, Thomas Stearns Eliot (1888-1965), dizia ele que temos conhecimento do movimento, mas não da tranquilidade; temos conhecimento das palavras e ignoramos as palavra.

Sendo assim, todo o nosso conhecimento nos leva para mais perto da nossa ignorância, e toda a nossa ignorância nos leva para mais perto da morte. Por detrás da nossa tagarelice (falamos muito e escutamos pouco) está escondido o desejo de Orar. Muitas palavras são ditas porque ainda não encontramos a única palavra que importa. Eu gostaria de demonstrar isso agora. Para começar, abra bem os olhos! Veja como este mundo é luminoso e belo! Tão bonito que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) até mesmo lhe compôs um poema:

Olhei para este mundo – e era como se uma maçã redonda se oferecesse à minha mão, madura dourada maçã de pele de veludo fresco. Como se mãos delicadas me trouxessem um santuário, santuário aberto para o deleite de olhos tímidos e adorantes: assim este mundo hoje a mim se ofereceu“.

Tudo está bem. Tudo está em ordem. Nada impede o deleite dessa dádiva. Ninguém doente. Nenhuma privação econômica terrível. O que há mesmo, é o gostar das pessoas com quem se vive, sem o que a vida teria um gosto amargo. Mas isso não é tudo. Além das necessidades vitais básicas a alma precisa de beleza. E a beleza está em todos os lugares, na lua, na rua, nas constelações, nas estações, no mar, no ar, nos rios, nas cachoeiras, na chuva, no cheiro das ervas, na luz que cintila na água crespa das lagoas, nos jardins, nos rostos, nas vozes, nos gestos.

Além da beleza estão os prazeres que moram nos olhos, nos ouvidos, no nariz, na boca, na pele. Como no último dia da criação, temos de concordar com o Criador: “olhando para o que tinha sido feito, viu que tudo era multo bom”. E, no entanto, sem que haja qualquer explicação para esse fato, tendo todas as coisas, a alma continua vazia. Álvaro de Campos é um dos heterônimos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), ele colocou este sentimento num poema:

Dá-me lírios, lírios, e rosas também. Crisântemos, dálias, violetas e os girassóis acima de todas as flores. Mas por mais rosas e lírios que me dês, eu nunca acharei que a vida é bastante, Faltar-me-á sempre qualquer coisa. Minha dor é inútil como uma gaiola numa terra onde não há aves. E minha dor é silenciosa e triste como a parte da praia onde o mar não chega.“

Portanto, como se uma nuvem cinzenta de tristeza-tédio cobrisse todas as coisas. A vida pesa. Caminha-se com dificuldade. O corpo se arrasta. As pessoas procuram a psicoterapia alegando faltar um lírio aqui, uma rosa ali, um crisântemo acolá. Buscam, nessas coisas, a única coisa que importa: a alegria. Acontece que as fontes da alegria não são encontradas no mundo de fora. É inútil que me sejam dadas todas as flores do mundo: as fontes da alegria se encontram no mundo de dentro. Ou seja, dentro de cada um de nós.

20 de abril de 2022

OS FILÓSOFOS VIVEM CONOSCO

Existe uma impressão generalizada de que o filósofo se compraz no cultivo de um modo de viver e de pensar exóticos, que é razão para que o julguemos vivendo um tipo de vida incomum. Por isso consideramos sempre que há uma grande distância entre o modo de viver e de pensar dos filósofos e o viver e o pensar dos homens em geral. Na verdade, porém, os filósofos convivem conosco.

Assim como a atmosfera em que vivemos está povoada de seres invisíveis, que aspiramos em nossa respiração, sem o saber (p. ex: cada cm cúbico de ar tem milhões de moléculas de ar), a atmosfera de nossa vida de pensamentos está povoada de idéias de filósofos, que fazemos circular sem ter a menor consciência disto.

Propomos-nos, assim, chamar a atenção para o que efetivamente acontece: os filósofos, que julgamos muito distantes de nós, vivem conosco, ao nosso lado, e até em nós mesmos, presentes em nossos próprios pensamentos. Nós o conduzimos conosco, sem o saber.

Quantos brasileiros ignoram que o lema “Ordem e Progresso” inscrito em nossa bandeira foram tomados da filosofia positivista de Augusto Comte (1798-1857). Da mesma forma, passou a ser um ditado popular a expressão “Contra fatos não há argumentos”. É do próprio positivismo que retiramos este princípio.

Quando encontramos, alguém que julga que a vida deva consistir no gozo dos prazeres sensíveis, aí está, sem o saber, um epicurista. Por outro lado, se encontramos alguém que afirma que cada um tem uma verdade para si mesmo, estamos diante de um relativista.

Quando alguém nos diz, por exemplo, que uma obra de arte não tem valor em si, mas vale pela impressão causada no espectador, e admite que cada um possa ter uma impressão completamente diversa sobre o mesmo objeto, ele está assumindo uma posição que em filosofia, chama-se subjetivismo. Há os que julgam que a razão tem um valor absoluto, e tudo pode ser explicado pela razão. Estes estão na linha do racionalismo.

Poderíamos alargar por muito tempo ainda à série de exemplos. Basta-nos, contudo, mostrar que os homens carregam consigo posições filosóficas, assumidas sem saber. Os filósofos não se afastam da vida. Eles convivem conosco, marcando a vida humana com sua presença constante. Os homens que julgam não afastar-se da vida, estes, por não se ocuparem da filosofia, estes sim podem estar afastados da realidade, pois deixam, por deficiência de concepção, de viver como poderiam e deveriam viver.

TEMOS A ILUSÃO DE CONTROLAR NOSSOS PENSAMENTOS

No século XIX, o otimismo filosófico levava a filosofia a afirmar que, enfim, os seres humanos haviam alcançado a maioridade racional, e que a razão se desenvolvia plenamente para que o conhecimento completo da realidade e das ações humanas fosse atingido. No entanto, Karl Marx (1818-1883), no final do século XIX, e Sigmund Freud (1856-1939), no início do século XX, puseram em questão esse otimismo racionalista.

Marx e Freud, cada qual em seu campo de investigação e cada qual voltado para diferentes aspectos da ação humana. Marx, voltado para a economia e a política; Freud, voltado para as perturbações e os sofrimentos psíquicos, fizeram descobertas que até agora, continuam impondo questões filosóficas. O que descobriram eles?

Marx descobriu que temos a ilusão de estarmos pensando e agindo com nossa própria cabeça e por nossa própria vontade, racional e livremente, de acordo com nosso entendimento e nossa liberdade, porque desconhecemos um poder invisível que nos força a pensar como pensamos e agir como agimos. A esse poder - que é social - ele deu o nome de “ideologia”.

Freud, por sua vez, mostrou que os seres humanos têm a ilusão de que tudo quanto pensam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o controle de nossa consciência porque desconhecemos a existência de uma força invisível, de um poder - que é psíquico e social - que atua sobre nossa consciência sem que ela o saiba. A esse poder que domina e controla invisível e profundamente nossa vida consciente, ele deu o nome de “inconsciente”.

Diante dessas duas descobertas - psíquico e social - a filosofia se viu forçada a reabrir a discussão sobre o que é e o que pode a razão, sobre o que é e o que pode a consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento, sobre o que são e o que podem as aparências e as ilusões. Ao mesmo tempo, a filosofia teve que reabrir as discussões éticas e morais: “O homem é realmente livre ou é inteiramente condicionado pela sua situação psíquica e histórica?”

Se for inteiramente condicionado, então a história e a cultura são causalidades necessárias como a natureza? Ou seria mais correto indagar: “Como os seres humanos conquistam a liberdade em meio a todos os condicionamentos psíquicos, históricos, econômicos, culturais em que vivem?”. O século XIX prosseguiu uma tradição filosófica que veio desde a antiguidade e que foi muito alimentada pelo pensamento cristão.

Nessa tradição, o mais importante sempre foi a ideia do infinito, isto é, da natureza eterna (dos gregos), do Deus eterno (dos cristãos), do desenvolvimento pleno e total da história ou do tempo como totalização de todos os seus momentos ou suas etapas. Prevalecia a ideia de todo ou de totalidade, da qual os humanos fazem parte e na qual os humanos participam. No entanto, a filosofia do século XX tendeu a dar maior importância ao finito, isto é, ao que surge e desaparece, ao que tem fronteiras e limites.

9 de abril de 2022

DE CORAÇÕES PARTIDOS, ASSIM SEGUE O REBANHO

Com sorrisos cada vez mais raros e sem poder de contagiar o outro; com muita impaciência ao invés de bom humor e brincadeiras prazerosas. Vivemos momentos de torturantes silêncios, onde deveriam existir palavras de afeto e carinho, cada vez mais pessoas vivenciam a solidão a dois, termo que ouvi pela primeira vez na voz de Cazuza, em “Eu queria ter uma bomba”, música do Barão Vermelho.

São olhares vazios, pensamentos dispersos e uma sensação enorme de “tanto faz”. Sem falar das grosserias que comentem diariamente. Na mesa do restaurante, o casal insiste em prestar atenção exclusivamente às telas de seus celulares; enquanto caminham, nenhuma palavra sai de seus lábios, e na despedida um beijo frio. No sexo, por não exigir diálogo, as coisas fluem um pouco melhor. Mas ainda assim é insuficiente. Pois, tudo parece ser feito automaticamente, mesmo no sexo.

O relacionamento, contudo, é mantido. Talvez por conveniência ou talvez porque essa realidade basta. Existem pessoas que se contentam com o básico e outras que temem a solidão mais do que qualquer outra coisa. Elas não percebem, porém, que estão sozinhas, apesar de terem uma companhia. Parece contraditório, mas não é. Soa como se as pessoas, com medo da solidão, resolvessem ficar sozinhas juntas. Assim é formada uma multidão de almas vazias, de corações partidos e mentes desencontradas.

Elas se sentem perdidas da mesma forma. Estão a sós com seus pensamentos, embora segurem uma mão. Sonham acordadas, mas preferem não falar sobre isso. Passam horas tentando saber porque aquelas pessoas malucas escrevem poemas e crônicas filosóficas sobre o amor. Ficam inconformadas por aqueles que dizem que até o céu muda de cor quando estão amando. Claro que isso não é verdade. O céu é da cor que querem aqueles que não sentem uma solidão esmagadora, estejam acompanhados ou não.

E assim assistimos relacionamentos começando e terminando dia após dia. Não haveria problema nenhum nisso, afinal, nossa existência é efêmera, e somos feitos de dúvidas e erros. O problema é assistir o seu relacionamento começar e acabar e ainda assim não aprender nada de valioso com ele. E sabe por que não? Porque vocês não estavam juntos. Apenas estavam sozinhos no mesmo lugar. Contudo, a estrada da vida está sempre em construção. A jornada é difícil, mas, a vida para os amantes é maravilhosa!

7 de abril de 2022

ESPERAR É MAIS DO QUE UMA SIMPLES ESPERA

A espera se da na esquina dos nossos dias, como uma espera nutrida de loucura. Coisa que só no amor se configura, um misto de susto, fome e alegria perene. Esperar é mais do que uma simples espera. Inventamos uma chegada ornada de ousadias e olhos acesos de quem esperou. A arte que mora neste olhar, nos põe a esperar. Na espera, tal desprezo é a força desse amor que também sentes, que resultei bobo de amor, sem heroísmo, nada, apenas preso na espera que nos enlaça em suas correntes e alimenta de sonho o sonhador.

São muitas flores sobre o meu silêncio enquanto espero. Melhor apenas poucos girassóis enlouquecidos. E mais rouxinóis cantando sons de sol, de sal, de Hortênsia, para alegrar a espera. Ainda melhor, se os teus despojos fossem plantados num trigal febril de paixão, nuvens e pássaros pelo alegre mês de abril que se despeja sobre os nossos olhos cheios de esperanças. Um dia voltarás trazendo estrelas de um céu pacífico e sem sofrimentos, banhado na brandura dos anjos.

Custou-me a compreender, assim como custou a enxergar o resplendor de humildade que andava por gestos tão nobre vindo da profundidade do coração de quem me tocava. Coração de cortinas delicadas, estatuetas, luzes muito mansas, jarra d’água e compêndios de alquimia. Vi muitos partindo desta vida e sobre mim desabou a confiança na espera. Vi o que sou. Um andante distraído, que sofre e não enxerga seu próprio sofrimento. Deixei escapar o brilho das almas de pessoas importantes que caminhavam ao meu lado.

Portanto, o dia de ontem foi esperança de hoje, como hoje é a esperança do amanhã. Mas esperança mesmo, é a certeza permanente em cada minuto, em cada hora de vida. É ainda o instante final que se extingue na morte. Pois, é triste perder pessoas queridas; porém mais triste ainda é acreditarmos que a centelha de vida do ser amado se extinguiu para sempre, que o pó retornou ao pó e que nada mais existe, a não ser a lembrança que habita o nosso ser. Contudo, continuo a esperar, por uma razão muito simples, porque sou fruto deste amor cósmico. Porém, a esperança por esta espera é o que tempera a minha fé.

5 de abril de 2022

PORQUE ERA ELA E PORQUE ERA EU

Como dizia o grande escritor brasileiro João Guimarães Rosa (1908-1967), no livro: “Grande Sertão Vereda”: “O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme”. O cantor Roberto Carlos diz na música “Outra Vez”, que: “No amor, ninguém na verdade foi, porque quando se ama verdadeiramente, quem foi é, e sempre será”. Mas, afinal, o que faz nascer uma amizade duradoura? O que move uma paixão desmedidamente extraordinária em nossos humanos corações? O que nos leva a gostarmos tão intensamente de uma pessoa, por vezes tão diversa de nós? No entanto, o amor é uma amizade constituída. Mas por que, depois de amar tanto, com a separação vem à inimizade? Quando amamos perdidamente uma determinada pessoa e mantemos com ela um relacionamento amoroso que, no dizer do poeta Vinícius de Moraes: “Que seja infinito enquanto dure”. Ou seja, para sempre, até que a morte nos separe. Será mesmo verdade, que o amor morre junto com o fim das relações, como acontece com frequência nas amizades? Se realmente morre, podemos afirmar que era amor?   

No entanto, nossos amigos e parentes veem essa relação vivida com olhos de quem assiste a algo em que a lógica se volatiliza e se lhes escapa, como algo improvável, indefinível, pleno de estranheza, difícil de ser decodificado, entendido, assimilado. Muitos não entendem esse tipo de amor, que aos seus olhos, esses dois apaixonados, nada têm haver um com o outro. Para desvendar esse mistério, buscando uma compreensão satisfatória desse entendimento, o compositor, cantor, dramaturgo e escritor Chico Buarque (1944), foi buscar a melhor definição nos ensaios do célebre filósofo, escritor e humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592).

Chico conta numa entrevista que Montaigne, por ser insistentemente questionado sobre o porquê de sua mais que imensa e eterna amizade por outro humanista e filósofo francês Étienne de La Boétie (1530-1563), cuja morte precoce o levou a escrever o ensaio “Sobre Amizade”, aonde faz uma homenagem a La Boétie. No ensaio Montaigne disse apenas que gostava dele e ponto. Quinze anos mais tarde, revendo o que escrevera, o escritor acrescentou que gostava do grande amigo “porque era ele”. Outros quinze anos depois fez mais um acréscimo à frase, completando-a definitivamente: “porque era ele, porque era eu”. O compositor e cantor Chico Buarque entendeu como simples, porém, perfeita a definição dada por Montaigne. De modo que, essa frase também era perfeita para definir a paixão, o amor que sentimos por alguém. No entanto, Chico se valeu dessa frase para compor uma música feita para a trilha sonora do filme brasileiro: “A Maquina”, do diretor, roteirista e compositor João Falcão (1958).

Portanto, a essência do que definiu Montaigne está no nome da música: “Porque era ela, Porque era eu”. Coisa do coração não se explica: “Amamos e não explicamos o porquê desse amor por uma determinada pessoa”. Maravilhoso essa definição da amizade de Montaigne. Formidável a sacada do Chico em compor essa música: “Porque era ela, porque era eu”. Sensibilidade com esta magnitude não é para qualquer um. Só os poetas compreendem para além das explicações do amor. Contudo, encerro essa reflexão com a letra da música de Chico Buarque; porque era ela, porque era eu: “Eu não sabia explicar nós dois, ela mais eu. Porque eu e ela não conhecíamos poemas e nem muitas palavras belas. Mas ela foi me levando pelas mãos, íamos tontos os dois, assim ao léo. Ríamos, chorávamos sem razão. Hoje lembrando-me dela, me vendo nos olhos dela, sei que o que tinha de ser se deu. Porque era ela, Porque era eu”.

3 de abril de 2022

A BELEZA INTERIOR FICA E A FÍSICA O TEMPO LEVA

Segundo o filósofo grego Aristóteles (384-322), escreveu em seu ensaio “A Metafísica”, que a virtude leva à beleza, ou seja, a beleza transborda porque vem da virtude. Quando há uma beleza interna e é praticada exemplarmente, a condição humana assimila e transborda isso em beleza real. Pode haver ou não a beleza inata neste corpo, desde que haja uma alma virtuosa, quando ela transborda, vai harmonizar as possíveis imperfeições deste corpo. Se já havia beleza neste corpo, vai tornar-se muito mais luminoso e radiante. 

De modo que, o desenvolvimento da virtude, naturalmente leva à beleza, independente do corpo físico ou qualquer outro elemento que ele possa ter. É curioso como nós temos uma percepção alterada da aparência das pessoas, quando sabemos da bondade e da generosidade que elas tem. Mesmo aquelas pessoas com sinais acentuados de velhice. Não podemos deixar de olhar com a alma, sem deixar de ter aquele sentimento de ternura e carinho, que normalmente temos diante da beleza física.

Se ampliarmos um pouco mais essa noção de beleza, não só para a divindade teológica, mas também para aquilo que existe de divino dentro nós. Na verdade, o divino que existe em nós, nos conduz de alguma maneira, ao ocupar esse espaço, quando ele transparece fisicamente, esse é o momento em que a essência entra na existência, ou seja, reflete no mundo físico a sua beleza interior. Desse modo, da ao homem a possibilidade da beleza real e profunda.

Porém, a beleza real e profunda, vem da divindade e pertence ao ser humano. Sendo assim, a beleza física não pertence ao ser humano, pertence a um ciclo de vida e nada impedirá o tempo de tomar isso de nós. Veja por exemplo; o ator e cineasta francês  Alain Delon (1935), a sua beleza física transformou-o em símbolo sexual dos anos 60 e 70. Contudo, hoje em 2022, o filho do ator, Anthony Delon (1964), confirmou via um post no Instagram que seu pai estava se preparando para um suicídio assistido, que é permitido na Suíça, atual país em que o ator mora.  Segundo o próprio ator, ele estaria cansado da vida e da velhice, já que sofreu dois AVCs, o qual o deixaram bem debilitado.  

No entanto, a beleza metafísica como propriedade do ser humano, continua inteiramente sob o seu poder, porque vem da alma. Nada que seja realmente seu pode ser tirado. De modo que essa beleza real, naturalmente pertence a essência humana. Na Idade Média falava-se que a beleza só era alcançada através de Deus, ou seja, a beleza é uma propriedade de Deus, e só quando o homem se coloca a serviço do Criador, recebe alguma espécie de iluminação.

Portanto, conta a lenda, que uma mulher jovem era tida como atraente e uma mulher bela e inteligente, era a mulher que detinha algo de sabedoria. Porque essa beleza metafísica tem um caráter de legitimidade, muito maior do que aquele que é uma mera conjunção genética associada a uma idade da vida. Contudo, a beleza interior fica para sempre e a física o tempo leva, mais ou menos depressa. É o caso citado acima, do ator Alain Delon. Não podemos esquecer que o tempo é implacável com a beleza física. Não há controle científico e humano que resolva. Essa beleza não nos pertence!   

1 de abril de 2022

O MITO DE EROS E PSIQUE UMA JUNÇÃO PERFEITA

A história de Eros e Psique faz uma alegoria direta sobre a união de duas pessoas numa jornada de crescimento. Um relacionamento não é intocável e sempre o casal passa por situações para se reavaliarem e trocar de posições. Nisso, o erro cometido por Psique se tornou um obstáculo na relação dos dois, fazendo Eros se sentir traído.

Eros, o amor, e Psique, alma, relata o poder da união avassaladora entre esses dois. Isso porque existe uma honestidade nesse contato, algo que induz duas pessoas se conectarem sem medo. Ainda que não explique cada situação, faz com que cada relacionamento seja o mais claro possível quanto seus limites.

Em suma, esse mito de Eros e Psique faz um simbolismo da alma que é provada através das dificuldades. E quando passa em cada teste, acaba recebendo a sua recompensa com o amor verdadeiro. Certamente, a saga desses dois pode trazer mais interpretações e descrever situações que acontecem mesmo no presente.

Na história de Eros e Psique percebemos que Psique era uma jovem ingênua a ponto de não questionar sua vida. Mesmo quando Afrodite a castigou, não se houve muita resistência por sua parte e aceitou sua punição sem hesitar. Porém, a mesma cedeu espaço também as críticas e sugestões de sua família, mesmo que quebrasse a confiança do marido.

É preciso abrir espaço a essa questão porque esse tipo de situação ainda costuma acontecer no presente. Um dos cônjuges acaba dando espaço demais para que outras pessoas interfiram em sua relação. Você pode se imaginar sendo parceiro de uma pessoa que valoriza a opinião externa sobre os seus relacionamentos? As alegrias e dificuldades precisam ser trabalhadas entre o casal, sem qualquer influência externa.

Fazendo um paralelo ao mundo real, eles passaram por muitas dificuldades graças à curiosidade dela. Claro que se for o caso, você não enfrentará monstros ou tempestades como descritas na história, mas outras dificuldades reais. A falta de confiança em um relacionamento acaba por afastar cada um.

Portanto, nem toda relação é perfeita, mas o modo como lidamos com ela impacta diretamente em seu sucesso ou fracasso. É preciso ter cuidado quanto as suas ações, de modo a respeitar o outro quando isso o atingir. Caso isso seja quebrado, pode acabar afastando o casal e gerando um abismo, dificultando o reencontro.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...