31 de agosto de 2021

OUVIR EXIGE HUMILDADE DE QUEM OUVE

Como muito bem argumentou o psicanalista, filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014) em uma de suas belas crônicas: “o ato de ouvir exige humildade de quem ouve. E a humildade está nisso: saber, não com a cabeça mas com o coração, que é possível que o outro veja mundos que nós não vemos”. Mas, admitir que o outro vê coisas que nós não vemos, implica reconhecer que vemos pouco ou errado. Bernardo Soares diz que aquilo que vemos é aquilo que somos. (Bernardo Soares é um tipo particular dentre os heterônimos do poeta e escritor português Fernando Pessoa. Ele é o autor do livro Desassossego).

Assim, para sair do círculo fechado de nós mesmos, em que só vemos nosso próprio rosto refletido nas coisas, é preciso que nos coloquemos fora de nós mesmos. Não somos o umbigo do mundo. E isso é muito difícil: reconhecer que não somos o umbigo do mundo! Para se ouvir de verdade, isso é, para nos colocarmos dentro do mundo do outro, é preciso colocar entre parêntesis, ainda que provisoriamente, as nossas opiniões.

Minhas opiniões! É claro que eu acredito que as minhas opiniões são a expressão da verdade. Se eu não acreditasse na verdade daquilo que penso, trocaria meus pensamentos por outros. E se falo é para fazer com que aquele que me ouve acredite em mim, troque os seus pensamentos pelos meus. É norma de boa educação ficar em silêncio enquanto o outro fala. Mas esse silêncio não é verdadeiro. É apenas um tempo de espera: estou esperando que ele termine de falar para que eu, então, diga a verdade.

A prova disto está no seguinte: se levo a sério o que o outro está dizendo, que é diferente do que penso, depois de terminada a sua fala eu ficaria em silêncio, para ruminar aquilo que ele disse, que me é estranho. Mas isso jamais acontece. A resposta vem sempre rápida e imediata. Para Rubem Alves resposta rápida quer dizer: “Não preciso ouvi-lo. Basta que eu me ouça a mim mesmo. Não vou perder tempo ruminando o que ele disse. Aquilo que ele disse não é o que eu diria, portanto está errado”.

Portanto, a luta pela felicidade em vida. A revolta por tudo aquilo que, embora lógico, não faz sentido (e, ainda assim, é aceito!). A palavra que é sentida pelo coração, como olhar para uma árvore, uma horta, uma amizade, a arte, Deus, o milagre da natureza e até mesmo a morte. Todos eles ganham uma nova dimensão quando paramos para olhar e ouvi-los. Temos que aprender a ter paciência, saber ouvir e a colocar-se no lugar do outro, por pior que este seja, pois quem ouve e compreende tem o dom de se colocar na mesma situação, entende o problema, e dá força para juntos encontrem a solução. As vezes fazemos as escolhas erradas para chegar ao lugar certo.

28 de agosto de 2021

DE POSSE DA CONSCIÊNCIA O HOMEM DESCOBRIU O AMOR

A vida do homem não pode ser vivida pela repetição do modelo da sua espécie, ele tem que vivê-la. O homem é o único animal que pode sentir-se aborrecido, que pode sentir-se expulso do paraíso. O homem é o único animal que considera a sua existência um problema que tem de ser resolvido e do qual não pode escapar. Não pode voltar ao estado pré-humano de harmonia com a natureza; tem que prosseguir no aprimoramento da sua razão até tornar-se o senhor da natureza e de si mesmo.

Presume-se que o homem que viveu no Jardim do Éden, em completa harmonia com a natureza, mas sem autoconsciência, inicia agora a sua história pelo primeiro ato de liberdade, pela desobediência ao comando do Criador. E concomitantemente, adquiriu a consciência de si mesmo, da sua separação, do seu desamparo; ao ser expulso do paraíso. Contudo, o pecado original é um ato de liberdade e o ganho da consciência plena.

Ao ganhar a consciência o homem descobriu o amor. Aprendeu que o amor não é apenas um sentimento forte, e sim uma decisão, um juízo e ao mesmo tempo, uma promessa. Se o amor fosse apenas um sentimento, não haveria base para a promessa de amar um ao outro para sempre. Um sentimento apenas, ele vem e pode ir. No amor também pode acontecer. Depende da nossa receptividade. Como posso julgar se ele vai ficar para sempre, se meu ato não envolver juízo e decisão?

Segundo o filósofo e psicanalista Erich Fromm (1900-1980) ao iniciar seu livro “A Arte de Amar”, afirma que para sermos sujeitos capazes de exercer essa arte, devemos aprender a teoria e a prática do amor. O amor é uma arte? Então requer conhecimento e esforço. Em muitos casos o ideal amoroso é desmistificado. Se não houver a consciência do estado de separação do homem e o exercício da liberdade para a prática do poder de amar, dando ao outro a expressão e manifestação de que se o amor não é vivo nele, em sua alegria, compreensão, interesse, conhecimento, sem sacrificar a própria vida, o pseudo amor se desfaz com os primeiros antagonismos. O amor que habita em mim é o que vai lhe devolver a harmonia do paraíso.

Entretanto, o amor é desvendado como resposta para o problema da existência humana. Só há certeza com relação ao passado; com relação ao futuro, a única certeza que existe é a da morte. A consciência do estado de separação faz com que o homem busque a união para superar a solidão, a culpa e a ansiedade. A necessidade de se unir é observada nos mais remotos mitos como, por exemplo: a história de Adão e Eva.

Portanto, Adão e Eva ao deixar o paraíso descobriram o amor e de posse desse conhecimento, sentiram que amar também é estar no paraíso, só que agora com consciência. No ato de união, o amor dá resposta à minha busca. De doar-me e penetrar a alma do outro, nesse encontro descubro o ser humano que sou no outro e sinto a minha humanidade. Cabe agora a cada um o dever de estar atento à solidão do outro. Contudo, ser capaz de amar é ter a coragem de assumir riscos e empreender a única maneira saudável de responder aos problemas da existência humana.  

27 de agosto de 2021

PASSAMOS PELO TEMPO E SÓ AS BOAS AMIZADES FICAM

Pode ser que um dia deixemos de nos falar, mas, enquanto houver amizade sempre há a possibilidade de fazermos as pazes novamente. Certamente um dia o tempo vai passar, mas, se a amizade permanecer, um ou outro há de se lembrar. Pode ser que um dia nos afastaremos, mas, se formos amigos de verdade a amizade nos reaproximará. Pode ser que um dia não mais existamos, mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos de novo um para o outro. Pode ser que um dia tudo se acabe, mas, com a amizade construiremos tudo novamente. Cada vez de forma diferente. Sendo único e inesquecível cada momento que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Seria maravilhoso conviver se as pessoas tivessem mais respeito em um mundo cheio de dor e injustiça. Quantas pessoas são infelizes na sua subjetividade. Algumas dizem que amam e tem fé em Deus e são incapazes de cultivarem amizades solidas e duradouras. Presume-se também que a amizade é um gesto de amor fraternal. Às vezes me pergunto! Depois de anos de convivência, por que tem que odiar ou perseguir o outro? Agora que aprendemos um pouco um do outro, que tal uma amizade alicerçada na confiança?

No entanto, ninguém é culpado porque ama ou deixou de amar. Se cuidar bem do amor, às vezes ele dura um bom tempo, muitas vezes até o fim da vida. Se não cuidar ele acaba mais ou menos depressa. As pessoas realmente precisam conhecer o verdadeiro significado do que é amar e ter fé em Deus. Por que não resolver as coisas naturalmente, com serenidade e sabedoria? Ninguém pode garantir que amará a vida inteira. Quem pode fazer esta promessa? Acabou-se o interesse entre duas pessoas, nem por isso precisam se maltratar ou ficar inimigas. Seria uma infantilidade dispensar a amizade depois de anos de convivência. Quantas intimidades não trocaram.

O nosso amor é uma miséria. Amamos na proporção do “quociente de inteligência” (Q.I.) de uma ostra (com todo o respeito às ostras) e achamos que isto é um grande amor. Um amor que só serve para provocar brigas e aborrecimentos. Somos egoístas até no momento de amar. Esquecemos que amar é doação, um entregar-se constante ao outro. Há duas formas para viver a vida: uma é acreditar que não existe milagre e a outra é acreditar que todas as coisas boas da vida são milagres.

No livro: “A Identidade” do escritor tcheco, naturalizado francês Milan Kundera (1929), afirma que a amizade é indispensável para o bom funcionamento da memória e para a integridade do próprio eu. Chama os amigos de testemunhas do passado e diz que eles são nosso espelho, que através deles podemos nos olhar. E vai além dizendo: “que toda a amizade é uma aliança contra a adversidade, aliança sem a qual o ser humano ficaria desarmado contra seus inimigos”.  

De modo que, amigo é aquele individuo que o tempo não apaga, que a distância não esquece e que a maldade não destrói. É um sentimento que vem de longe, que ganha lugar no seu coração e você não substitui por nada. É alguém que você sente presente, mesmo quando está longe, que vem para seu lado quando você está sozinho e nunca nega um sentimento sincero. Amigo não é coisa de um dia, são atos, palavras e atitudes que se solidificam com o tempo e não se apagam mais. O que fica para sempre, como tudo o que é feito com o coração aberto.

Portanto, precisamos de um amigo para conversar com o coração. Se não quisermos, não pudermos, não soubermos, com palavras, nos dizer um pouco de nós para o outro, senta ao lado dele assim mesmo. Deixa os olhos se encontrarem vez ou outra, até nascer aquele sorriso bom que acontece quando a vida da gente se sente olhada com amor. Senta apenas ao lado dele e deixa o silêncio de ambos conversarem espiritualmente. Às vezes, a gente nem precisa mesmo de palavras. Um olhar é capaz de traduzir o que sente e diz um coração.  

25 de agosto de 2021

O MAL DO SÉCULO É A SOLIDÃO E A FALTA DE AMOR

Uma vez Renato Russo (1960-1996), disse com uma sabedoria ímpar: “Digam o que disserem, o mal do século é a solidão”. Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem para notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias. Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em close ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, estão sozinhos.

Antes da pandemia, tinha mulheres contratando homem para dançar com elas em bailes, os chamados “personal dance”, incrível. E não é só sexo não, que homens e mulheres buscam, se fosse, seria fácil resolver, alguém duvida? Como me disse uma amiga, “a carne é fraca e a gente não é de ferro”. Embora respeito essa fala, mas, particularmente, não compactuo com esse pensamento. Somos racionais e a pratica do sexo casual (o fazer pelo impulso do momento), só aumenta a solidão e a nossa carência.

Estamos nos sentindo sozinhos e carentes, na mais absoluta solidão, mesmo estando juntos. Sentimos vontade de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar para quem a gente gosta e depois saber que vamos nos “amar” e dormir abraçadinhos de conchinha. Sabe, são essas coisas simples que estamos perdendo, nessa marcha de uma evolução cega e desprovida de sentimentos nobres. Sentimento esse, que transforma o deserto em paraíso.

Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira e a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a “sentir”, só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós. Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos, o número de comunidades como: “Quero um amor para vida toda!”, “Eu sou para casar!” até a desesperançada “Nasci para ser sozinha!”. E ainda tem aqueles que cantam: “Vá para o inferno com o seu amor!” Triste fim para muitos!

Portanto, unidos a milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plastificados, corpos modelados, quase etéreos e inacessíveis. Bonito para olhar, mas, difícil de suportar. Uma beleza física notável e um cérebro vazio, mergulhado na própria ignorância. Vivemos cada vez mais e retardamos o envelhecimento. Estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo um tiolzão infeliz, mas, pelo contrário, para chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras), foi preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. O coração não se encontra onde palpita, mas sim, onde ama.


23 de agosto de 2021

DISCUSSÕES QUE MACHUCAM E FEREM NOSSOS PRINCÍPIOS

Sempre há um momento na vida em que percebemos que certo tipo de  discussão não vale a pena. Quando tal coisa acontece, é melhor ficar em silêncio ou se afastar por um tempo. Há ocasiões em que a gente compreende o quanto é inútil tentar explicar as coisas, para quem as enxerga como inexplicáveis e não quer ouvir. O explicável torna-se apenas do seu ponto de vista. O outro não imagina que pode estar equivocado.

Mark Halperin (1965) é um escritor e jornalista especialista em discussões de resolução de conflitos na política, cujas teorias podem ser aplicada perfeitamente ao que acontece no dia a dia na vida privada das pessoas. Ele explica que as discussões mais complexas e aquecidas têm componente psicológico como se fosse uma “ameaça”, com a previsível sensação de que alguém quer minar os nossos princípios ou a nossa essência.

Muitas vezes a discussão é uma arte que dança à nossa frente com a leveza de pés de bailarina. Outras furiosa como uma dança grega. Poucos definem uma raiz lógica quando a conversa descamba para a grosseria. Julgar o outro sem base produz discórdia. As discussões, às vezes, são como a música desafinada ou uma rádio que está fora de sintonia. E nem sempre o diálogo é harmonioso. E aí a discussão é cansativa e estressante.

Existem discussões que são batalhas perdidas. Você pode permanecer em silêncio, mas há coisas que  deseja argumentar que nem necessita a gente dizer. Tem pessoas que são empedernidas, não são abertas ao diálogo. Há um grupo considerado da psicanálise e da filosofia que nos ensinam certas estratégias para enfrentar com sucesso qualquer discussão. Bons argumentos, usando a “heurística” ou “gestão emocional” adequada, seria definitivamente positivo para algumas pessoas que fazem o uso da razão.

A maturidade emocional não depende de idade.  Mas chegar a esse estágio é uma tarefa árdua para aplicar a maturidade no ponto onde é imprescindível, que é o equilíbrio ao escolher a palavra e o tom de voz no momento certo. Respeitar o que o outro diz e racionalizar o que ouvimos. Muitas vezes é mais sensato o silêncio; virtude que vale ouro. Daí podemos avaliar os aspectos que merecem nossa atenção ou o distanciamento definitivo.

É possível, por exemplo: que o nosso relacionamento com alguém da família seja complicado pelos anos de convivência. Portanto,  uma simples conversa é como cair sem paraquedas para o abismo do estresse. No entanto, tudo pode mudar se aceitar as diferenças ou um comportamento peculiar à aquela pessoa. Optamos pelo silêncio não é pelo receio de ser superado, mas de ser respeitado em nossa opinião, mesmo que silente.      

Portanto, amadurecer é também uma forma que transmite confiança interna, adequada para compreender que certas pessoas e os seus argumentos não se constituem ameaça para nós. Não devemos nos assustar ou nos fazer irritados quanto alguém, diante de nós, grita com gestos nervosos. Com calma e serenidade é possível atenuar o conflito e evitar a discussão.

21 de agosto de 2021

O BOM AMOR É AQUELE QUE NOS TRANSFORMA

Costumo sempre dizer que o bom amor é aquele que transforma as pessoas. Se me envolvo com alguém e se conseguimos cultivar bons sentimentos, nós dois nos desenvolvemos como seres humanos. Por outro lado, se tenho muitos amores, mas sou sempre o mesmo, desconfio que não amo ninguém.

Segundo o educador e escritor ítalo-americano Leo Buscaglia (1924-1998): “criamos um mito em torno do amor, como se ele fosse a solução para todos os problemas da nossa vida, alimentando-nos de felicidade a cada instante para todo e sempre”. Na verdade, não é bem assim. Mas também ninguém nega que o amor é uma troca poderosa de influência, isto é, o único que nos transforma e que realmente nos humaniza pela sua força analgésica.

O mito do amor perfeito seria uma delícia, se fosse verdade, mas igualmente fantasioso para quem cultiva esse mito. Muitas pessoas estão procurando esse amor perfeito. É comum em rodas de mulheres fazerem a seguinte pergunta: “Onde acho um homem que não seja só para transar ou só um marido chato, que seja um intermediário entre os dois, que possa ser agradável, interessante, gostoso de olhar, bom de prosear, que gosta de agradar e que faça sexo gostoso?” Será que existe alguém assim?

Quando você ama alguém, você não ama o tempo todo exatamente da mesma forma, é importante assinalar esse fato. Isto é impossível de existir. Seria até uma mentira fingir que isto acontece. Se fosse verdade, os casamentos não acabariam depois de algum tempo. Mas mesmo assim, é exatamente isso que a maioria de nós gostaria que fosse.

Para psicóloga e sexóloga Maria Helena Matarazzo (1942), toda a relação humana tem suas fases, são momentos em que o relacionamento atravessa maior ou menor intensidade. Há um momento em que a gente se sente absolutamente preenchido, em comunhão com o outro, isso quer dizer que estamos em “comum-união, quando a comunicação é intensa e plena. Sentimos-nos nutridos e achamos que esse vínculo é para sempre.

Mergulhamos na fantasia do amor perfeito, do encontro perfeito. Temos a sensação de completude total. É a fase onde o amor é cego. A gente esconde embaixo do tapete as coisas negativas, as nossas neuras, que podem corroer o desejo e o amor que existe entre ambos. São as nossas frustrações, as angústias e o medo que temos de mostrar esses sentimentos.

Mas, uma hora ele se apresenta e o encanto se despede. A fase romântica tem prazo de duração, por mais intenso que seja esse romance, as vezes o desencanto é inevitável. Só não sabemos quanto tempo dura essa fase, em que tudo parece ser lindo e não vemos defeito um no outro. A expectativa criada em torno do príncipe encantado ou da princesa, logo se desmorona.

De modo que, esse é o momento de confrontação das expectativas irreais do casamento. Aqui começamos a ver as diferenças daquilo que construímos antes do outro. Nesse momento sentimo-nos traídos, não aceitamos as diferenças. Também é o momento para surgir até uma nova paixão, as pessoas não acreditam que isso possa acontecer com elas. E carregam essa culpa pelo resto da vida.

Na fase da conquista, da sedução, as pessoas só mostram o lado bonito da sua personalidade, mostra uma educação, uma fineza que nunca se viu igual. Aqui as fraquezas e as feridas emocionais não aparecem, os medos ficam escondidos. Quando esse lado obscuro toma corpo, há uma tendência natural de cada um lutar, muitas vezes desesperadamente para mudar a pessoa amada, no intuito de salvar esse suposto amor perfeito. Começa o confronto entre as partes envolvidas na tentativa de um moldar o outro, para que ele corresponda à imagem idealizada lá no começo da sedução. 

Portanto, esse período é marcado de muita ansiedade, de muita angústia diante dos acontecimentos que ameaçam esse vínculo que ambos acreditam que é para sempre. É o momento em que a suposta união perfeita está chegando ao seu final. Descobrem que ninguém pode garantir a felicidade do outro. Cada um pode até criar condições para que o outro seja feliz, mas não pode lhe dar a felicidade. Cada um é único e ama do seu jeito. Os dois podem e devem se amar juntos. Mas esse “amor não é “perfeito, pelo simples fato de ser interpessoal. Tendo em vista, que a perfeição não é um atributo humano.  

17 de agosto de 2021

SÓCRATES JÁ DIZIA: CONHEÇA-TE A TI MESMO

No século quinto antes de Cristo vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates (470-399 a.C.). A sua filosofia não era apenas uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele escolheu viver. Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, sob a acusação de corromper os jovens com os seus ensinamentos, embora fosse inocente.   

Todavia, enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, os seus discípulos e amigos moviam céus e terra para livrá-lo da morte. O filósofo, porém, não moveu um dedo para evitar esse final triste. Muito pelo contrário, em perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardava o momento em que beberia o veneno mortífero. Na véspera da execução os amigos e discípulos conseguiram subornar o carcereiro, que logo abriu a porta da prisão.

Críton, o mais crítico dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre: “Foge depressa, Sócrates!”, perguntou o preso: “Fugir, por que?” Críton indagou prontamente: “Ora, não sabes que amanhã vão te matar?” E Sócrates seguro de si argumenta: “Vão matar-me? Ninguém pode me matar!” Insistiu Críton: “Sim, amanhã terás que beber a taça de cicuta mortal. Vamos mestre, foge depressa para escapares da morte!”

Responde o condenado: “Meu caro amigo Críton, que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim”. E Sócrates continua: “Pois o que eles vão matar é esse invólucro material, o meu corpo e não a mim, os meus pensamentos vão perdurar. Eu sou a minha alma. Ninguém pode matar Sócrates!” E ficou sentado com a porta da prisão aberta, enquanto Clíton se retirava chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.

No dia seguinte, quando o sentenciado já havia bebido o veneno mortal e seu corpo estava começando a desfalecer, pois, aos poucos o mestre ia perdendo a sensibilidade, ainda perguntou-lhe, entre soluços o discípulo: “Sócrates, onde queres que te enterremos?” Ao que o filósofo, semiconsciente murmurou: “Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates. Quanto a esse meu invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu que estão enterrando, pois eu sou a minha alma”.

Portanto, assim pereceu esse homem, que tinha descoberto o segredo da felicidade, que nem a morte lhe pode roubar. “Conheça-te a ti mesmo”, com essa frase Sócrates nos remete a uma profunda reflexão sobre a felicidade, a descoberta do verdadeiro “Eu divino”, do eterno e imortal, sobretudo, porque o desejo universal é a felicidade.

13 de agosto de 2021

MULTIDÃO DE ALMAS VAZIAS E CORAÇÕES PARTIDOS

Com sorrisos cada vez mais raros e sem poder de contagiar o outro; com muita impaciência ao invés de bom humor e brincadeiras prazerosas. Vivemos momentos de torturantes silêncios, onde deveriam existir palavras de afeto e carinho, cada vez mais pessoas vivenciam a solidão a dois, termo que ouvi pela primeira vez na voz de Cazuza, em “Eu queria ter uma bomba”, música do Barão Vermelho.

São olhares vazios, pensamentos dispersos e uma sensação enorme de “tanto faz”. Sem falar das grosserias que comentem diariamente. Na mesa do restaurante, o casal insiste em prestar atenção exclusivamente às telas de seus celulares; enquanto caminham, nenhuma palavra sai de seus lábios, e na despedida um beijo frio. No sexo, por não exigir diálogo, as coisas fluem um pouco melhor. Mas ainda assim é insuficiente. Pois, tudo parece ser feito automaticamente, mesmo no sexo.

O relacionamento, contudo, é mantido. Talvez por conveniência ou talvez porque essa realidade basta. Existem pessoas que se contentam com o básico e outras que temem a solidão mais do que qualquer outra coisa. Elas não percebem, porém, que estão sozinhas, apesar de terem uma companhia. Parece contraditório, mas não é. Soa como se as pessoas, com medo da solidão, resolvessem ficar sozinhas juntas. Assim é formada uma multidão de almas vazias, de corações partidos e mentes desencontradas.

Elas se sentem perdidas da mesma forma. Estão a sós com seus pensamentos, embora segurem uma mão. Sonham acordadas, mas preferem não falar sobre isso. Passam horas tentando saber porque aquelas pessoas malucas escrevem poemas e crônicas filosóficas sobre o amor. Ficam inconformadas por aqueles que dizem que até o céu muda de cor quando estão amando. Claro que isso não é verdade. O céu é da cor que querem aqueles que não sentem uma solidão esmagadora, estejam acompanhados ou não.

E assim assistimos relacionamentos começando e terminando dia após dia. Não haveria problema nenhum nisso, afinal, nossa existência é efêmera, e somos feitos de dúvidas e erros. O problema é assistir o seu relacionamento começar e acabar e ainda assim não aprender nada de valioso com ele. E sabe por que não? Porque vocês não estavam juntos. Apenas estavam sozinhos no mesmo lugar. Contudo, a estrada da vida está sempre em construção. A jornada é difícil, mas, a vida para os amantes é maravilhosa!

11 de agosto de 2021

NA TEIA DA VIDA SOMOS O RESULTADO DO QUE TECEMOS

Na teia da vida somos o resultado do que tecemos no dia a dia, criando armadilhas, conflitos emocionais, realizações e satisfação pessoal. Para conviver em harmonia é preciso entrar no mundo do outro e para isso implica em flexibilidade. Compreendemos a teia da vida como uma conexão cósmica, onde tudo se entrelaça. A lógica da vida joga conosco, tudo que mandamos para o universo, um dia volta para nós. Mas se um é a causa do outro, então, por que negamos o amor?

Os filhos são o resultado cuja causa é o encontro entre os pais. Um dia um entrou no mundo do outro, sem nenhuma explicação. O escritor francês Antoine de Saint Exupéry (1900-1944), nos ensina através da sua obra “O Pequeno Príncipe”, que amar não é olhar um para o outro, é olhar juntos na mesma direção e caminhar lado a lado para esta direção.

De modo que, enquanto não descobrir que flor você é no jardim de Deus, não tem como ser feliz. Só o amor é capaz de transformar nó em laços, no amor entrelaçamos um ao outro. Transformar o outro em único para mim entre tantos outros. No Pequeno Príncipe a raposa disse para o principezinho: “eu não como arroz, eu não gosto de arroz, mas você tem o cabelo amarelinho, agora cada vez que eu olhar para um arrozal vou me lembrar de você”. E conclui com uma linda metáfora, que é dos deuses: “eu amarei o barulho do vento soprando nos trigais”.

Imagina o trigal maduro ondulando com o vento, por associação de ideias a raposa lembrará dos cabelos loiros do principezinho. As pessoas são solitárias porque constroem muros ao invés de pontes. Penso que é loucura odiar todas as rosas porque uma te espetou. Olha que lição nos da essa narrativa do Pequeno Príncipe.

De modo que, descobrir as minhas fraquezas é um sinal de inteligência. Cultivar boas atitudes é sinal de inteligência. Ser inteligente não é aquele que acha que pode tudo. Inteligente é o sabe a onde não pode. Sábio é aquele que sabe onde está sua fraqueza. Somos um ser informado de um corpo e uma alma, duas substâncias que se fundi. O corpo é o templo da alma. Cultivar atitudes que transforma é amar sem nada exigir. Amar é quando um ajuda o outro a melhorar de vida e não quando o coloca para baixo. Quando não gostamos de uma pessoa, tudo que ela fizer não presta, mesmo que seja bom.

Portanto, precisamos aprender a ver através do outro as nossas fraquezas. Com essa semente de compaixão, esse senso de abertura, essa suavidade e de calor humano, é com isso que vamos nos conectar na teia da vida. Contudo, quanto mais genuínos somos, quanto mais honestos somos frente a nós mesmos, e sem pretensões ou maquinações frente aos outros, mais conscientes nos tornamos de toda a potencialidade que existe ao nosso redor. Cultivar boas atitudes, é colher amizades sinceras e duradouras.

5 de agosto de 2021

LEI DA ATRAÇÃO NO AMOR A LUZ DA PSICANALISE

A lei da atração no amor evoca a construção sequenciada dos relacionamentos como forma de criar base neles. Todo mundo segue isso de maneira pessoal, mas se guiar por essa estrutura evita pular etapas saudáveis desse contato. A começar pelos sentimentos que isso desperta entre os amantes.

Sentimentos que nos levam sempre alimentar de maneira positiva essa emoção, que carregamos para que possa atrair sensações parecidas com o que espera de um grande amor. A maneira como a sua perspectiva se comporta influencia diretamente nas oportunidades que te impulsionam ao encontro do amor. Basta focar apenas no que deseja.

A lei da atração no amor vai muito além do que desejamos, necessitando de um foco para funcionar. Tocamos nesse ponto porque muitas pessoas acabam mirando naquilo que elas não querem em vez de fazer o movimento contrário. Com isso, sempre mire com clareza naquilo que deseja e projete essa imagem no mundo. Caso sinta amor por alguém, não deixe a distância afastá-lo desse sentimento nobre.

A gratidão se torna mais uma camada para atrair o que queremos. No momento em que emanamos sentimentos permeados pela ingratidão, trazemos mais facilmente dor e desconforto à vida. Por isso, seja grato pelas conquistas que já teve e pela possibilidade de trazer novas em seu caminho. Continue amando mesmo nas lembranças aquele que pela sua vida um dia passou.

Por meio da visualização conseguirá projetar os seus desejos de maneira grandiosa e bastante realista. É através disso que uma frequência mais poderosa será emitida ao universo e retornará a você. Ficará mais fácil de abrir caminho ao amor que tem buscado até aqui. Podemos orientar as nossas mentes para tocar aquilo que queremos e, então, trazer até nós. Utilize sempre de sua perspectiva positiva, não apenas no amor, mas também na sua vida diária.

O fluxo de sua mente pode acabar sofrendo interferência e afetando diretamente o que está procurando no amor. A fim de evitar isso, tente trabalhar a meditação para acalmar a sua mente e aprender sobre. Sem contar que isso vai eliminar as impurezas que estimulam você a ter pessimismo e duvidar do que faz. Molde parte de sua rotina para que o amor floresça e dê as flores que tanto tem desejado.

Portanto, dessa forma, vibre cuidadosamente a sua energia, de maneira a evitar que a negatividade seja um problema nessa busca do amor. Seja claro, direto e evite as distrações pelo caminho. Por mais delicado que isso possa ser, o esforço empregado costuma ser recompensador. Tenha em mente que esse processo é construído cuidadosamente para que a pessoa certa venha até você. A paciência te ajudará a não ceder ao desejo de desistir nos primeiros momentos. Amores correspondidos demoram para sere encontrados, mas existem.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...