30 de abril de 2020

O FASCISMO RESSURGE NA NOVA REPUBLICA

Fascismo é uma ideologia política ultranacionalista e autoritária, caracterizada por poder ditatorial, repressão da oposição por via da força e forte arregimentação da sociedade e da economia. Era um movimento político e filosófico, um regime (como o estabelecido por Benito Mussolini na Itália, em 1922), que fez prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais e que é representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um ditador, no nosso caso do presidente da República, Jair Bolsonaro. Vale lembrar, que o fascismo ganhou destaque na Europa na primeira metade do século XX. 

O fascismo foi capaz de assumir formas derivadas no curso da história, mas, o filósofo, escritor e professor italiano Umberto Eco (1932-2016), autor do romance “O Nome da Rosa”, um dos maiores sucessos literários da época. Ele identificou algumas características ao que chamou de “Fascismo Eterno” ou “Ur Fascismo”, que pode ser definido como irracionalismo. Segundo Eco, uma dessas características é suficiente para o fascismo se materializar. Parece que nosso atual sistema liberal atende a mais de um critério.    

A primeira característica do fascismo eterno é o culto à tradição. Não pode haver progresso no conhecimento. A verdade foi colocada de uma vez por todas, e nos limitamos a interpretar cada vez mais sua mensagem obscura. A ideologia neoliberal quer ser "pragmática", "além de qualquer ideologia" e evitar qualquer debate porque é o ponto final. Os fracassos do neoliberalismo são atribuídos ao fato de que não fomos suficientemente longe em seguir seus preceitos e que nossos problemas serão resolvidos quando concordarmos em nos envolver totalmente com eles. Aí termina todo o questionamento, apesar dos argumentos das autoridades que emanam da academia, incluindo os ganhadores do Prêmio Nobel. 

O conservadorismo implica a rejeição do modernismo. A rejeição do mundo moderno está oculta por uma rejeição do modo de vida capitalista, mas consistiu principalmente em uma rejeição do espírito de 1789 ( lembrando que foi em 1776, que o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Declaração de Independência). O Renascimento e a Era da Razão soam o início da depravação moderna. O modernismo hoje é caracterizado pela consciência das mudanças econômicas do século passado, que implicam uma luta necessária pela ecologia e contra o dumping social, que caracteriza-se pela adoção de práticas desumanas de trabalho, pelo empregador, com o objetivo de reduzir os custos de produção e, assim, aumentar os seus lucros. 

Portanto, essas lutas são negadas pela extrema-direita, o que as impede através de seu dogma de proteção ao investimento e livre-mercado, sem regulamentação. O fascismo eterno mantém o culto da ação à ação. Pensar é uma forma de castração. Como resultado, a cultura é suspeita, pois é sinônimo de pensamento crítico. Temos um governo preocupado em destruir a cultura, a ciência, a educação e a criticidade através de ações e omissões de órgãos que deveria promover tudo isso. A pauta de costumes é a justificativa que os fascistas sempre usaram ao longo do tempo.

25 de abril de 2020

ESCREVER SIGNIFICA ABRIR-SE EM DEMASIA

Começamos essa reflexão citando o escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924): “escrever significa abrir-se em demasia. Por isso, não há nunca suficiente solidão ao redor de quem escreve; jamais o silêncio em torno de quem escreve será excessivo, e a própria noite não tem bastante duração”. Sendo assim, escrever é um trabalho dos mais difíceis, não é todas as pessoas que têm coragem suficiente para enfrentar esse tipo de empreitada prazerosa, o gosto pela escrita. No entanto, a escrita reflete a personalidade de quem escreve. Pessoas que escrevem bem têm algo de diferente no brilho pessoal. Abusando um pouco das metáforas, elas são charmosas e possuem um dom que quase da para ouvir o que escrevem. Somos parte de tudo o que existe no mundo. Quando conseguimos compreender esse fato, veremos que não estamos escrevendo, e sim deixando que todas as coisas escrevam através de nós.

Escrever é uma ocupação bastante absorvente e, não raro, exaustiva. Mas sempre me considerei muito feliz por poder levar a vida entregando-me a algo que da prazer. Pouquíssimas pessoas podem fazê-lo. O meu estilo é mostrar a fisionomia da alma. Ela é menos enganosa do que o corpo que mostramos. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara. Por mais bela que esta seja, torna-se logo insípida e insuportável porque não tem vida, de modo que mesmo o rosto vivo mais feio é melhor do que a máscara. Sou o que escrevo e do jeito que escrevo. Só tenho certeza de uma coisa, o que escrevo é melhor do que eu. O que escrevo quero que toque de alguma forma na vida de quem lê. Tranquilizar-me talvez seja a principal razão porque escrevo. É quase inacreditável o quanto a frase escrita pode acalmar e domar o ser humano. Um texto sem alma não se sustenta, não sobrevive. Não pode comover e, portanto, não pode criar nenhum laço minimamente catártico com o leitor. Um bom diálogo através da linguagem escrita é como fazer sexo; tem que ter ritmo, sedução e ser envolvente.

Entretanto, o trabalho do escritor é oferecer uma história que envolve, fascina, provoque e, acima de tudo registra-se como única e absoluta. Tendo em vista, que escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível. Nesse sentido, a história e o romance, a ideia e a forma, são como a agulha e o fio, e não existe alfaiate que recomende o uso do fio sem a agulha, ou da agulha sem o fio. Um bom texto parte como uma onda, movendo-se pela superfície do mar. As ideias irradiam da mente do autor e colidem com outras mentes, desencadeando novas ondas que retornam ao autor. Estas geram outras reflexões e emanações e assim por diante. O talento é algo maravilhoso, mas não é capaz de carregar quem dele desistir. Por acaso, não seremos nós aquela folha de papel em branco de que fala o filósofo e empirista inglês John Locke (1632-1704), que um dia alguém vai nos ler?

Portanto, a literatura é para mim uma mimese da vida, com contornos de todos os valores e temas que rodeiam a nossa realidade. É uma forma de tentar entender o processo de formação do ser humano, único capaz de empreender raciocínios imaginativos. Foi através da literatura que brotou em mim o amor e transformou a minha vida numa poesia. Hoje posso dizer que, realmente, vivo uma história de amor com as palavras. Olhando para trás sinto que algumas fontes começam a jorrar apenas quando estou só. O artista precisa ficar só para criar; o escritor para elaborar os seus pensamentos; o músico para compor; o cristão para rezar e o poeta para escrever nossa história de amor. Só escrevo porque me sinto compelido a botar para fora o que penso e sinto. Durante muitos anos a solidão foi minha mola propulsora. Concluo essa reflexão citando o escritor português José Saramago (1922-2010) que diz: “ser escritor não é apenas escrever textos ou livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção”. A minha exigência é o amor que trago no meu coração e a intervenção, é essa paixão louca que me leva feito vento sem direção.

22 de abril de 2020

A VIDA É BELA PARA QUEM A AMA

Amar a vida é saber conviver com os seres vivos. O pior modo de viver seria através da guerra. Ou bem ou mal, prezamos pela vida. Algumas vezes a guerra é inevitável. Mas, nunca é bom. Bom mesmo é viver em paz. Nada melhor que acordar olhar a manhã e dizer a si mesmo: “Não há nada a temer. A vida é bela”. Nada pior do que estar na vida como um pesadelo, a cada instante a morte nos observa, dando gargalhadas. O mais baixo dos sentimentos humanos é o ódio. Não cria nada. Não traz felicidade, mas desgraça. Matar o filho do outro não faz reviver o teu irmão. Apenas gera mais ódio e fúria, e mais luto em tua própria casa.

A inteligência existe para tornar o homem melhor. Para fazê-lo compreensivo e cordato. Para que se entenda com os outros homens. Com a inteligência distinguimos o justo do injusto. A inteligência nos ensina. Que todos os homens têm direito a seu chão, à sua pátria e à liberdade de governar a sua vida. Nenhuma força é capaz de apagar a injustiça e domar o injustiçado. O caminho da paz é o entendimento, jamais a imposição e o terror. Quem de fato desejaria um futuro de desgraças e morticínio? Só um idiota aceita isso.

Até parece que nos querem destruir. Tirando os nossos direitos. O homem sonha com um futuro de paz e felicidade, que não nasce da violência, mas do diálogo. Todos os que se odeiam e se matam, alegam razões para isso. E ninguém os convencerá do contrário. Só chegarão a um acordo, quando se sentarem à mesa e disserem: “Esqueçamos as ofensas passadas”.

Em 2003 algo parecido foi escrito por Ferreira Gullar (1930-2016), um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, Ferreira Gullar morreu aos 86 anos, foi militante do Partido Comunista Brasileiro e, exilado pela ditadura militar, viveu na União Soviética, no Chile e na Argentina. Desiludiu-se do socialismo em todas as suas formas e morreu achando o capitalismo “invencível”.

Portanto, em dez mil anos de história nunca tivemos um ano de paz na terra, é um ódio espantoso, um querendo destruir o outro, de maneira sórdida e covarde. No aniversário de São Paulo no dia 25 de janeiro de 2009, Ferreira Gullar escreveu um artigo na Folha de São Paulo fazendo menção a Israel e Palestina que trazia como título: “As Razões do Ódio”. O texto mostrava dois estados, para dois povos que se odeiavam. Qual a relação existente com o Brasil de hoje e o texto em questão?   

19 de abril de 2020

O DESPERTAR PARA A LEITURA

O objetivo da educação é ensinar a pensar. Criar na criança essa curiosidade, criar a alegria de pensar. Essa é a situação certa para começar o ensino, sobretudo, quando o professor fala, provoca a curiosidade na criança e ela interage e faz pergunta. Como incentivar e despertar para a leitura? Não é mandando alguém ler, porque a relação com a leitura é uma relação amorosa. Eu vou ler não porque o professor mandou. Quando o professor manda, já estragou. Então você tem que criar o gosto pela leitura. E como se cria o gosto pela leitura? Não é mandando ler, mas lendo para o aluno. Quando minha filha, a Maria Eduarda era pequena, sempre antes de dormir pedia para ler ou contar uma estorinha, era o momento propício para sentar ao seu lado e ler ou criar uma nova estorinha. Como um bom contador de história, eu fazia isso com muito gosto. A missão do professor não é dar respostas prontas, porque as respostas já estão nos livros e na internet. A missão do professor é provocar a inteligência do aluno, provocar o espanto, provocar a sua curiosidade e sua capacidade de pensar.

No meu tempo de garoto, no grupo escolar onde estudei lá no começo, tinha aula de leitura e era a aula mais apreciada pelas crianças. A aula em que a professora lia para nós. Ainda lembro-me do poema: “O Menino Azul” de Cecília Meireles. O texto mostrava o que toda criança precisa: amizade, companheirismo, acreditar nos adultos. Ninguém conversava na aula, era um silêncio absoluto, não precisava a professora dizer: “crianças silêncio, preste a atenção”. Na escola não pode ter essa palavra silêncio, porque naturalmente se a escola é boa, as crianças vão se interessar e fazer silêncio. Elas vão gostar e ter prazer naquilo que estão fazendo. Frequentemente os professores só tem que repetir aquilo que já vem nas apostilas. Era preciso que os professores parassem e dissessem: “não vamos seguir o programa, vamos fazer as coisas que são essenciais no ambiente em que as crianças vivem”. É importante que os professores façam sempre a seguinte pergunta: “isso que vou ensinar serve para quê”?

Os professores tem que estar junto com os alunos para ajudá-los. Os professores são companheiros dos alunos, não tem que dar nota, porque a nota é uma inverdade, aquilo que o aluno produz numa prova, não revela o que ele pensa. Precisamos de uma educação ligada à vida, é para isso que a gente aprende, para viver melhor, ter prazer, ter mais eficiência e poupar tempo, não se arriscar demais. O aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento fez o seu trabalho, que é nos fazer esquecer. Só assim podemos avaliar a capacidade de pensar dos alunos, que é diferente de memória. Pede ao aluno para escrever uma redação. O professor da vários temas para o aluno escolher um. Por exemplo: “escreva uma carta ao presidente da República aprovando ou desaprovando o uso da energia nuclear”. Esse tema não tem uma resposta certa, o que interessa é saber se o aluno é capaz de pensar por conta própria. Nós não somos movidos pelas ideias, nós somos movidos pelos sentimentos. A transformação da educação no Brasil passa por dentro do pensamento e sentimento dos professores. De modo que, o professor é o ponto central de qualquer programa de transformação do ensino brasileiro.

Posso dizer com conhecimento de causa, que a leitura seguida da produção de texto, não é uma metodologia nova, e não se restringe ao ensino universitário. O estudante do ensino fundamental e médio, pode perfeitamente recorrer a esse método, bastando dominar mecanismo de leitura e de expressão escrita. Quantas vezes o aluno teve, por exemplo, que assistir a um filme e depois analisá-lo? O filme é um texto, é possível de ser comentado, analisado, resumido em seu enredo ou conteúdos, caso seja um documentário. Aquilo que o aluno assistiu pode ser passado para o papel, com suas próprias palavras. Quando um professor pede esse tipo de tarefa para seus alunos, seu objetivo deve ser o aprofundamento de determinado assunto ou conhecimento. Ou melhor, propor ao aluno que crie uma espécie de “diálogo” com o “texto” estudado. Assim, cada um terá consciência de que o saber é para ser partilhado, ele não está fechado e acabado em cada texto que se produz.

Por conseguinte, a produção de texto não pode ser encarada apenas como uma atividade das aulas de Filosofia, Literatura ou de Língua Portuguesa e ficar restrita à composição textual que focalize um tema proposto. A partir do momento em que o aluno começa a escrever, com suas próprias palavras, as ideias principais que foram desenvolvidas no texto lido, focalizando os diferentes aspectos abordados, desdobrados em assuntos secundários, mas relacionados, pode-se tratar do resumo de um texto. Faz-se o mesmo, porém usando as palavras do próprio texto, pode ser então o seu fichamento. Em ambos os casos o aluno estaria recorrendo ao procedimento denominado síntese. Essas duas atividades colaboram muito no domínio de conteúdos e podem ser aplicadas não apenas a textos extraídos de livros, ou de enciclopédias, como também a reportagens de jornais e de revistas, páginas da internet etc. Referem-se a qualquer disciplina que o aluno faça na escola, como, por exemplo, em Educação Física, a partir do momento em que o aluno precisa obter melhores informações a respeito da modalidade esportiva que pratica. Essa produção de textos pode ser fruto de pesquisa e não deve ser confundida com relatório.

Para gostar de ler é preciso praticar, criar o hábito da leitura, com o intuito de obter informações. A partir do momento em que o aluno já o tenha adquirido tudo se torna mais fácil. Voltando a questão do filme a que o aluno assistiu e teve de analisar: será que já se surpreendeu ao ouvir o seu professor comentar que havia pedido para analisar o filme e não recontar a sua história? Isso mesmo! Contar o que se passou não é a mesma coisa que analisar os dados apresentados. Esse é um passo mais adiante, pois, além da compreensão do enredo, o aluno vai se posicionar diante do “texto”, aplicando a ele conceitos previamente conhecidos ou expondo ponto de vista pessoal a partir de elementos observados nesse mesmo texto. Isso é realizar a análise, pode se tratar de uma resenha. O que foi anteriormente exemplificado de um filme pode ser aplicado, a um livro de romance, a um conto, peça teatral, alguns eventos culturais, reportagens, até mesmo a partir da observação de uma tela de pintura artística ou de dados de uma pesquisa científica.

Portanto, as atividades de leitura e da escrita não são exercidas separadamente. Se for integrada uma a outra, ou seja, a todas as disciplinas que o aluno estuda, o ensino-aprendizagem se tornará mais ágil e eficaz. Ao mesmo tempo, o estudante participará ativamente no processo, crescendo com mais desenvoltura e espírito crítico, preparando-se para sua autonomia como ser pensante, que sabe discernir e fazer opções. Contudo, para nós educadores, é sempre um prazer irrevogável formar alunos leitores, pesquisadores e se possível alguns escritores. É o que procuro passar aos alunos nas oficinas de leituras.      

15 de abril de 2020

AMAR É PRESERVAR A IDENTIDADE DO OUTRO

O valor de uma relação amorosa está no encontro de seres autônomos e independentes, em que a única certeza é que não há ninguém superior ou inferior aos outros. Em tudo que se observa na natureza, percebem-se as forças de atração e repulsão. Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva. Entretanto, para nós humanos a relação sexual se transforma em erotismo, gesto esse que simboliza o primeiro passo para a nossa humanização. Porque essa forma de relação envolve a paixão, o desejo, a busca de fusão, o amor erótico e o desenvolvimento a dois.

Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Não sabem entender as diferenças de um e de outro. Quando estão apaixonadas, julgam estar amando. O amor, porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente, à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. Está na nossa capacidade de descentrar-se, sair de si, ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito, que nada quer em troca. Ao dar amor colocamos a prova nossa força, a expressão de nossa vitalidade. No amor damos aquilo que temos de vivo em nós que é: a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias.

Todavia, a paixão implica em um gostar de mim no outro. Estou projetando nele a minha necessidade, ele me é conveniente naquele momento. Isto não é amor e sim paixão. Idealizo o outro e moldo de acordo com os meus interesses. A paixão é marcada por cobranças e desejos não realizados. Quando não consigo a realização dos meus propósitos a tendência é desistir e buscar em outras pessoas a satisfação para os meus desejos. É uma forma egoísta de se relacionar. A paixão não tem identidade, ela desclassifica e diminui o outro sem piedade.

Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. O amor é uma força de aproximação, aconchego, envolvimento e responsabilidade. Essa força dinamiza a vida que existe em cada um de nós. Derruba fronteiras, estabelece contatos verdadeiros e partilha solidariedade. Ser amoroso está na “essência”, é uma característica da personalidade do ser humano. Pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Só quem recebeu amor é capaz de amar sem medo.

Portanto, a capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora, das águas e do ar. Contudo, no amor há percepção da inter-relação universal, da fraternidade humana e cósmica.

11 de abril de 2020

PÁSCOA É RENASCIMENTO E ESPERANÇA RENOVADA

Não poderia deixar passar esta época sem agradecer por todas as coisas maravilhosas, que todos vocês me proporcionaram ao longo de todo ano. Penso ter os amigos mais fiéis e filhos encantadores que alguém pode desejar. Na verdade, vocês leitores, amigos e filhos, são imensamente especiais para mim. E só espero que a “entrega de Jesus”, esteja presente na memória de todos nesta Páscoa maravilhosa.

De modo que, Páscoa é renascimento, é passagem, é mudança de atitude e transformação. “É ser de novo um mesmo ser”, que recomeça pela própria libertação. Fica para trás uma vida cheia de poeira e começa agora um novo caminhar cheio de luz, de fortalecimento e esperanças renovadas. Gosto de olhar para o “arco-íris” rasgando o céu e balbuciando ao meu pensamento, que Jesus ressurgiu para nos provar que o “amor incondicional” existe, assim como a vida eterna. Isto é, seremos eternos para aqueles que nos amam.

Porém, esta é uma época em que todos devem lembrar de coisas tão importantes como: “a amizade, a bondade e a fraternidade”. Bens como a família, filhos e os amigos, que também merecem ser comemorados em todos os momentos, como algo especial em nossa vida. É fundamental relembrar que a Páscoa é mais do que a fé na palavra de Deus e na ressurreição de Jesus. Celebre a felicidade, o carinho e a humildade em todos os momentos desta linda Páscoa. Momento certo para refletir e fazer renascer sentimentos mais nobres, como o amor e a compaixão.

Portanto, se cada um cultivar sentimentos bons, fraternais e altruístas. Dessa forma poderemos contribuir para um mundo melhor e mais justo. Vale lembrar, que a Páscoa simboliza o triunfo da vida sobre a morte, do amor sobre o ódio. É a época ideal para refletir sobre o verdadeiro significado da vida e a importância do amor. Queridos amigos, vamos juntos celebrar a vida, o amor e a esperança. Vocês são as maiores benção que alguém pode desejar. São para mim, mais um motivo para juntar à comemoração de uma data tão extraordinária quanto essa. Tudo o que puder fazer, farei para que sejam felizes, de modo que, vocês são os maiores responsáveis pela minha felicidade. Feliz Páscoa a todos, em particular aos meus filhos: Eduardo Ju, Danielle e Maria Eduarda.

5 de abril de 2020

ENTRE O MEDO E O ISOLAMENTO SURGE O AMOR

Com o advento do Coronavírus, essa Pandemia que assola a humanidade. O medo e o isolamento tomou conta de todos nós. Começamos a tomar conhecimento de nós mesmos, como seres capazes de consciência e liberdade, percebemos nossas diferenças em relação ao restante da natureza. Passamos a sentir solidão, esse medo mórbido tomando conta da nossa individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida, são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro.

Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão (1900-1980) argumenta em seu livro “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, sobre esse estado cruel de abandono e desamparo que os seres humanos vivem: “O homem é dotado de razãoé a vida consciente de si mesmotem consciência de side seus semelhantesde seu passado e das possibilidades de seu futuroEssa consciência de si mesmo como entidade separadaa consciência de seu próprio e curto período de vidado fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontadede ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separaçãode sua impotência antes as forças da natureza e da sociedadetudo isso faz de sua existência apartada e desunida, uma prisão insuportávelEle ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homensunir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior”.

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo ser humano para vencer o isolamento e escapar da loucura. O amor é fundamental para o ser humano e para a sociedade em geral. Sem amor, o ser humano torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com o outro.

Portanto, não se sensibilizar com o abandono dos velhos, a morte das crianças, a miséria do povo, a poluição e a destruição do Planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. De modo que, sem amor não há encontro, não há diferenças. Só nos resta a escuridão do individualismo, em particular, para aquelas pessoas incapazes de relações duradouras e profundas. O momento está nos mostrando isso. Como dizia Guimarães Rosa (1908-1967): “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”. Foi essa a conclusão que chegamos, com o ataque mortal do “convid19”.  

2 de abril de 2020

AMORES PERFEITOS TORNARAM-SE ARTIGO DE LUXO

O amor no mundo contemporâneo tornou-se artigo de luxo. Quantas pessoas são capazes de viver um amor verdadeiro e de boa qualidade? Atualmente, o amor está cada vez mais escasso. E por que o amor está cada vez mais distante das pessoas de bem? Será o amor uma ameaça para os nossos instintos mais primitivos ou para a sociedade?

Entretanto, falamos do amor de Jesus Cristo a mais de dois mil anos, e nem de longe damos conta, que ele morreu por nos ensinar o amor e por nos amar demais. A sociedade organizada em pirâmide torna a todos inimigos um do outro. Somos competidores e cruéis ao mesmo tempo, não nos importando com o nosso próximo e curiosamente nem conosco mesmo.

Podemos não ter o corpo que gostaríamos de ter ou a altura, mas você é o melhor que você tem. E quando reconhecer isso estará progredindo. Não conheço nenhuma escola que ensine o respeito por si mesmo. Sempre que olhava para os meus alunos, tinha uma sensação de que a primeira ponte que temos que construir é a ponte para dentro de nós mesmos.

Acho simpática essa ideia da ponte. Minha primeira aula de catecismo foi introduzida por um padre. Lembro-me até hoje dessa aula de catequese onde o padre dizia o seguinte: “Deus saiu da eternidade e entrou no tempo e na história, se fez homem na pessoa de Jesus, viveu entre nós e pregou o amor e a paz entre os homens. Mostrou que o primeiro amor da minha vida sou eu, só assim posso amar incondicionalmente o meu próximo, a partir do amor que tenho por mim.” Tarefa difícil, mas não impossível, amar o outro como a ti mesmo. Vamos além, dizia ele: “Vou para o Pai preparar-vos uma morada, pois na casa do meu Pai há muitas moradas”.

Portanto, fiquei encantado com essa ideia de ponte entre o mundo material e o mundo espiritual. Penso que as relações humanas duradouras são marcadas por essa ponte. Uma ponte que exalte nossa humanidade, que exalte nossa imperfeição, nossa solidão e acima de tudo nossas carências afetivas e de proximidades com o outro.

AMOR PERFEITO TORNOU-SE ARTIGO DE LUXO

O amor no mundo contemporâneo tornou-se artigo de luxo. Quantas pessoas são capazes de viver um amor verdadeiro e de boa qualidade? Atualmente, o amor está cada vez mais escasso. E por que o amor está cada vez mais distante das pessoas de bem? Será o amor uma ameaça para os nossos instintos mais primitivos ou para a sociedade?

Entretanto, falamos do amor de Jesus Cristo a mais de dois mil anos, e nem de longe damos conta, que ele morreu por nos ensinar o amor e por nos amar demais. A sociedade organizada em pirâmide torna a todos inimigos um do outro. Somos competidores e cruéis ao mesmo tempo, não nos importando com o nosso próximo e curiosamente nem conosco mesmo.

Podemos não ter o corpo que gostaríamos de ter ou a altura, mas você é o melhor que você tem. E quando reconhecer isso estará progredindo. Não conheço nenhuma escola que ensine o respeito por si mesmo. Sempre que olhava para os meus alunos, tinha uma sensação de que a primeira ponte que temos que construir é a ponte para dentro de nós mesmos.

Acho simpática essa ideia da ponte. Minha primeira aula de catecismo foi introduzida por um padre. Lembro-me até hoje dessa aula de catequese onde o padre dizia o seguinte: “Deus saiu da eternidade e entrou no tempo e na história, se fez homem na pessoa de Jesus, viveu entre nós e pregou o amor e a paz entre os homens. Mostrou que o primeiro amor da minha vida sou eu, só assim posso amar incondicionalmente o meu próximo, a partir do amor que tenho por mim.” Tarefa difícil, mas não impossível, amar o outro como a ti mesmo. Vamos além, dizia ele: “Vou para o Pai preparar-vos uma morada, pois na casa do meu Pai há muitas moradas”.

Portanto, fiquei encantado com essa ideia de ponte entre o mundo material e o mundo espiritual. Penso que as relações humanas duradouras são marcadas por essa ponte. Uma ponte que exalte nossa humanidade, que exalte nossa imperfeição, nossa solidão e acima de tudo nossas carências afetivas e de proximidades com o outro.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...