30 de novembro de 2018

NINGUÉM CRUZA NOSSO CAMINHO POR ACASO

Acredito que tudo que acontece em nossa vida, seja de bom ou de ruim, obedece a um propósito divino, que serve para nos purificar e nos melhorar como pessoa humana. É incrível como muitas vezes, em nossa vida, as pessoas boas, cuja virtude é a compaixão, chegam até nós de modo inesperado e, simplesmente, nos momentos em que mais estamos precisando. E o mais incrível é que essas pessoas ao entrar em nossa vida, trazem belos ensinamentos para o nosso presente. Até parecem que estão sabendo de nossas dores. Chegam na hora certa para nos ajudar. Chegam para nos mostrar algo, para nos conduzir por um caminho melhor, para nos curar, nos amparar e nos direcionar para o amor e a paz de espírito. Eu diria que todos, absolutamente todos que cruzam nossos caminhos, o fazem por um motivo maior.

Entretanto, algumas pessoas vêm outras vão. Algumas chegam e outras saem. Algumas são provações e desafios. Outras são como professores que a vida nos manda. Vejo nestas pessoas um anjo com asas, que foram enviadas para nos iluminarem no momento que mais precisávamos. Viver é divino e se não fosse, como poderíamos explicar a perfeição e a sabedoria da natureza? Sob todos os aspectos a vida é uma reflexão. Uma reflexão que nos leva a pensar e analisar os caminhos que temos que percorrer, quando nossas necessidades gritam dentro de nós esperando uma resposta. Somos capazes enxergar muito longe, de sentir tudo o que o coração é capaz de suportar. Tenho como certo que o pensamento leva meu espírito para lugares que jamais o meu corpo percorreu e fará com que entre em estado de devaneio pelas inúmeras ideias e sensações que percorrerão as profundezas da minha alma.

Portanto, todo o caminho parece estar traçado em nós mesmos. Ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não entramos na vida de alguém sem nenhuma razão. O universo conspira para que as pessoas se encontrem e resgate algo umas com as outras. Conhecer a alma significa conhecer o que as pessoas sentem o que elas realmente desejam de nós ou o que elas procuram no mundo, pois só assim é que poderemos tê-las por inteiro na nossa vida. Ao sentir alguém que cruza o nosso caminho e se torna especial para nós e, nesse momento ocorre trocas prazenteira é o estado mais gostoso de sentir a vida. De modo que poderá nos dar um momento de felicidade e nos fazer sentir iluminados. Todas as pessoas podem nos trazer a nossa tão esperada paz e nos fazer sentir nos braços da divindade. Tudo na vida obedece a um propósito. No desejo de cada um e no seu tempo certo, o amor nos toca.

27 de novembro de 2018

PRECISA DA AUSÊNCIA PARA DESEJAR A PRENSENÇA

Não acredito em pessoas que se complementam. Só acredito em pessoas que se somam. Às vezes não conseguimos dar cem por cento do que gostaríamos de dar a nós mesmos. Como posso cobrar cem por cento do outro? Tem gente que precisa da ausência para desejar a presença, o que é lamentável. Quando tem a presença não valoriza. O ser humano não é absoluto. Muitas vezes ficamos indecisos, temos dúvidas e medo, mas se uma pessoa tem amor e respeito pela a outra, ela sempre se faz presente. Pelo fato do que tenho não me pertencer, embora faça parte de mim. Tudo o que tenho foi colocado pela vida a minha disposição, para que possa dividir com aqueles que entram na minha vida. Tendo em vista, que ninguém cruza nosso caminho por acaso e nós não estramos na vida de alguém sem nenhuma razão.

No entanto, há muito que dar e o que receber; há muito que aprender, com as experiências boas ou ruins. Tudo que nos acontece de bom ou de ruim na vida obedece a um propósito, do qual tiramos alguma lição. Quando a gente não consegue tirar da cabeça alguém que nos feriu, estamos somente reavivando a ferida, tornando-a muitas vezes bem maior do que poderia ser. Até porque nem sempre as pessoas te ferem voluntariamente. Muitas vezes somos nós que nos sentimos feridos e a pessoa nem mesmo percebeu o estrago. E nós nos sentimos decepcionados porque aquela pessoa não correspondeu a nossas expectativas. A gente se decepciona e decepciona também. De modo que é bem mais fácil pensar nas coisas que nos atingem.

Portanto, um dia vamos deixar esse mundo, vamos sair dessa vida para sempre. A única coisa que vamos deixar é a lembrança do que fizemos aqui. Seja bom, tente dar sempre o primeiro passo, nunca negue uma ajuda ao seu alcance, perdoe aqueles que fizeram uso do seu convívio e hoje te ignoram. Seja uma benção na vida de quem está ao seu lado. Cada pessoa é a linguagem de Deus, que chega até nós. Ele usa os que estão aqui dispostos a cumprir essa missão. A eternidade está nas mãos de todos nós. Viva de maneira que quando partir, muito de você fique naqueles que tiveram a sorte de te encontrar. Contudo, felicidade não é nenhuma recompensa, é um direito natural de todo ser humano. Se já foi feliz um dia, mesmo que por um momento, isso pode encher seu coração de esperança. Porque o sol volta, a chuva volta mesmo às tempestades voltam, Sendo assim, os bons momentos também voltam.

23 de novembro de 2018

NÃO ACREDITO NO AMOR COMO POSSE

Para o filósofo e teólogo judeus Martin Buber (1878-1965) dividiu as relações humanas em dois tipos: O “eu-você” e “eu-isso”. O primeiro representa as relações amorosas, à troca de reciprocidade. Enquanto no segundo é marcado por relações possessivas e manipuladoras, isto é, pessoas que se relacionam com o outro como se este fosse um objeto. Todavia, uma relação saudável precisa principalmente de interação “eu-você”, mas frequentemente cometemos o erro de tratar as outras pessoas como coisas, criando uma dinâmica “eu-isso”. Uma maneira ante social e desrespeitosa que denota poder e que certamente resultará em rivalidade. Razão pela qual não acredito no amor como posse.

No entanto, amor é para dar e receber, é a doação do outro para conosco, é assim que deve ser visto. Às vezes não recebemos, mas é importante continuar dando. A posse não funciona com o amor, é um dos temas mais recorrente nos meus ensaios filosóficos: “Crônicas do Amor em Verso e Prosa”, que agora também virou livro. Entendo que o amor não muda com o tempo, a única coisa que muda é a maneira como se fala de amor. As histórias de amor são sempre iguais. A forma de falar do amor é que muda. O amor é um projeto sempre renovado que surge de repente. Ele traz em si uma exigência de permanência no tempo. Amar é aceitar o outro tal como ele é e tal como será, imutável com o seu potencial de dinamismo.

Portanto, vejo no amor uma comunhão intensa, que cada qual participa da vida um do outro e qualquer separação representa um dilaceramento. Não conseguimos estar sós, porque fomos programados para dar e receber amor. E estando a sós, não sabemos dar a nós próprios! No fundo, o querer possuir, o ser nosso é uma limitação da felicidade, porque gera ciúme, desconfiança, conflitos e discussões. O amor nunca poderá florescer, se estiver enclausurado. É como uma flor numa jaula, que dificilmente crescerá, porque não há espaço para a criatividade, nem espaço para o próprio crescimento. E, sem crescer, tudo para e morre. Até o amor!

19 de novembro de 2018

TUDO NA VIDA É RITMO

No meu corpo trago registros pelos anos vividos, que veste essa morte bem devagarinho. Bendito o vento noturno que anda no dorso do destino. Não tenho perdões para pedir se acreditei em meus enganos. Tais a velha mangueira do pomar que largaram frutos na vida ainda que fartos. Peço-vos só, Senhor e Pai, que nesta hora em qualquer lugar, haja um menino de coração decidido olhando a exata luz deste esplendor humano da tua cruz.

São gritos de vida pelo mundo, no seu reino efêmero como dos amantes, a primeira dança que urge delícias e erotismo, pólen emigrando e provocando estranhezas nos corpos do homem e da mulher. Junto aos rios as árvores são vestais celebrando um rito de risos, orgia que finca raízes em nossas almas. É o império tecido de cipós e ramas, sustentado por pássaros e paixões.

Tudo na vida é ritmo e nessa toada cheguei até aqui. Sob a geada ou sob neve corre o rio da vida. Coxas no quente da cama, vidas entrando em vidas, aflições gozosas. Rola também a despeito do frio triste a quente consolação dos sexos. Inverno que mata e recria recolhimento meditado de brasas que resistem. Noites de nudez e brancura de versículos bíblicos e carnes rangendo.

Portanto, quando algo é feito com a mesma finalidade, é um fim que recomeça ou uma névoa matutina que vai ao horizonte puxar o sol para as colinas. No ritmo da vida mora debaixo dos cobertores o doce dos corpos e detrás de janelas e portas fechadas, em fogão que se acende, mora a reconstrução das novas estações. Amo esse momento de transição como se fosse o fim da infância. E debaixo desta árvore, há dois corpos anunciando-se ao tato do mundo.

16 de novembro de 2018

A NOVA MULHER QUEBRANDO PARADIGMAS

A transformação do mundo e dos valores recorrente a modernidade, se da numa velocidade gigantesca. Os paradigmas estão aí para ser quebrados. E são as mulheres as primeiras a quebrar, por serem mais perceptivas e sedentas por mudanças. Tudo começa com um olhar atento da nova mulher. Ela olha para a vida com entusiasmo e consegue enxergar mais do que meras futilidades. Com os pés fincados no chão e sem medo de enfrentar os percalços da vida, humildemente segue sua jornada. Ela sabe e de jeito nenhum deve ser arrogante, egocêntrica, desonesta, desanimada e infeliz. Ela tem que ser definitivamente simpática, grata, humilde, verdadeira, animada, amorosa e feliz. São muitos os paradigmas a ser quebrados. Olhando para o seu lado poético, sentimos nela o cheiro da natureza e a beleza de uma flor, que distribui carinho e é cheia de amor. Tem cor de paixão e sempre um abraço para os momentos de solidão. Possui um sorriso de menina e uma força tão grande, que é notada na sua adrenalina. Sonho de criança, mas, jamais na vida perde a esperança.

É uma pena que os valores chegaram distorcidos juntos com a modernidade. Para o amor não tem limite, ou se ama mesmo ou se inventa desculpas para não dizer exatamente que ama. É tão difícil encontrar pessoas bacanas numa sociedade egoísta. E quando se encontra as pessoas se limitam no seu circulo fechado. Que mundo complexo! Há tantos que querem amar e não conseguem, há poucos que têm a chance e a desperdiça. Talvez por ter se machucado no amor, que não consegue ver mais sinceridade nas pessoas, a não ser cobrança. Mesmo assim acreditamos no amor. De alguma forma para alguém nesse mundo ainda existe a mulher ideal ou vice e versa. Embora os homens estejam deixando muito a desejar. Algumas mulheres, ainda continuam cultivando o amor romântico. Mas afinal, como deve ser essa mulher ideal? Esta pergunta entre várias outras perseguem as mulheres de modo geral. Este é um ponto difícil de discutir, pois cada mulher tem seu jeito, cultura e costumes específicos.

Portanto, a mulher ideal é aquela que consegue administrar sua vida, independente de sua forma, sua cultura, sua religião e sua nacionalidade. Esta mulher que é simples por natureza, que sabe como ninguém entender os sinais do amado, antevendo lhe os movimentos estando sempre ao seu lado. Ou aquela que não seja perfeita, mas que busque a perfeição em todos os seus gestos. É aquela mulher que mostra a sua beleza todos os dias, como no primeiro encontro, fazendo dos momentos com o seu amado um eterno reencontro. Para essa mulher mesmo com o passar dos anos, tem sempre o sorriso de menina, pois o enrugar da pele é ínfimo perante a alma feminina. A nova mulher se apresenta perante a sociedade como a mais formosa dama. Contudo, é na intimidade que a nova mulher partilha todos os seus segredos. Descobrimos com ela, que as histórias de amor são sempre iguais. A forma de sentir e de falar do amor é que muda. Mesmo ela não sendo uma “deusa onipotente”, sabe como ninguém trazer um pedacinho do céu para o seu homem.          

11 de novembro de 2018

MATURIDADE É SINÔNIMO DE SABER VIVER

Vivemos neste século uma grande transformação de costumes. A começar pela liberdade de ser e de se exprimir. Novos paradigmas estão surgindo, como a espiritualidade, o autoconhecimento, o afeto e a alegria. Somente nos últimos quarenta anos, a sexualidade deixou de ser negado, o que significa que essa temática também está ganhando terreno na maturidade. Por conseguinte, a mulher madura busca um homem gentil, protetor se solicitado, que tome iniciativa e satisfaça alguns de seus desejos. Que seja responsável, atencioso, carinhoso e aceite carícias e as saboreie. Que saiba receber e se entregar, que viva o erotismo de corpo inteiro, cujo encontro não seja só sexo, mas também celebração. Essa nova mulher quer um homem sensual, de prazer pleno difuso, com o qual nasce para saber aproveitar a vida de várias formas, o que só cessa com a própria morte.

Já o homem maduro busca uma mulher ativa, segura e provocante. Traduzindo melhor, uma mulher gostosa, quente, que gosta de ser apreciada, que goste de fazer sexo, que goste de dar prazer, que fique excitada quando está junto do seu parceiro. Entretanto, são poucas e raras as pessoas que chegam a idade madura na plenitude, sabendo se abrir para a vida, dar e receber, fazendo do sexo uma contra dança de parceiros, que se encontram, se apreciam, se realizam, caso venham a se separar, sentem falta depois e até mesmo saudades. Quando os amantes conseguirem colocar o sexo num plano maior ligado à espiritualidade, isso ajudara as pessoas a se libertarem de seus medos, culpa e vergonha, raiva e desespero de solidão, tudo o que traz infelicidade e impedem a nós  todos de amar para valer, em qualquer idade.

Portanto, se nós não curarmos primeiro, todas as feridas não se fará a revolução sexual na maturidade. E não há como curá-las a não ser por meio da informação clara, da palavra cuidadosa, do toque amoroso. Da verdade implícita. Como diz um provérbio oriental: “Se mergulhas e não encontras pérolas no mar, não pensem que elas não existem”. Ao nascer o nosso corpo ainda não foi escrito, no dizer do filósofo inglês John Locke (1632-1704): "nossa mente é como uma folha de papel em branco, uma tabua rasa, que durante a nossa experiência no mundo se incumbe de imprimir". Com o passar dos anos a nossa própria história, cultura, os desejos e a própria vida se inscrevem, como um carimbo de nossa vivência. Contudo, trazemos muitas biografias de uma mesma vida. Quase tudo o que foi possível lá, está firmemente registrado no corpo e na mente. De modo que maturidade também é sinônimo de saber viver. Desfrutar do sexo pleno, amoroso e maduro, parece-nos dominar a nossa própria essência humana. Somo apenas um corpo, nosso cartão de visita que traz registrado a nossa biografia.

8 de novembro de 2018

VELHICE NÃO É SINAL DE ESTUPIDEZ

Assim como a juventude não é sinal de produtividade, a velhice não é sinal de estupidez. O meu medo não é das atividades profissionais que se encerram com o passar dos anos, mas, da vida que continua. Que o medo não seja da indiferença, mas da própria vida em si. Há um equilíbrio e uma contradição em cada idade. Há uma dor em cada idade. Mas é o momento de dar uma resposta dura, que talvez os anos de trabalho tenham impedido que eu dissesse com clareza: “quem sou eu?” Agora sem a fantasia e sem a personagem. A vida é um caminho longo, onde você é mestre e aluno. Algumas vezes você ensina e todos os dias você aprende. Por outro lado, envelhecer é tornar-se invisível, já não sou mais o centro das atenções, logo, sou apenas eu e minha circunstância. A solidão é o lugar onde estou comigo mesmo. A fama e a atenção é o lugar onde estou com os outros. Diz um ditado popular: “conversa de velho ninguém escuta”. Será que não mesmo?

Não sei mais se tenho medo da velhice ou tenho medo de mim mesmo. A diferença entre inferno e purgatório na tradição católica, é que o inferno é para sempre e o purgatório é passageiro. Os budistas tem razão, desejar incessantemente algo, tem um defeito. Impede que eu veja a beleza do lugar onde estou. Na certa vou ser infeliz. Incessantemente vou ver o pior de cada situação. Não quero ser estupido, só quero ser feliz. Envelhecer é para mim, ficar observando as árvores, os rios e os pássaros, voando de galho em galho. Gosto de apreciar o meu contato com a natureza. Afinar a sensibilidade, apreciar com a alma e ver com o coração. É levar os olhos para passear pela natureza, é a estratégia bibliográfica, parar e fixar o olhar em tudo que encanta a alma. Envelhecer é saber desejar o que posso, e aproveitar o que consigo. Dizer a cada época, não existe nada no meu tempo que não seja agora. Como diz Santo Agostinho (354-430) no seu ensaio as Confissões: “Só existe o presente, o passado é uma memória e o futuro é inexistente”. Só existe o hoje, este é o meu tempo. “Nunca fui nada, apenas sou”.

Portanto, quero estar na companhia de pessoas que façam a viagem até o fim, e não daquelas que nos acompanham por conveniência. Quero pessoas que nos acompanham nesta jornada, que tenha objetivos e descubra no prazer de envelhecer uma alegria que nunca teve antes, porque o nosso tempo é agora. Quero ter garantia que minha vida continua sendo minha e gerida por mim, instrumentalizada por mim, tecida com os fios aleatórios do amor. Apesar da minha pouca idade (67 anos), pai de três filhos, sendo a caçula adolescente (13 anos) e a eterna juventude que carrego, por conta desse entusiasmo descobri no exercício físico o prazer da corrida e na música, a leveza da dança. Aqui está o verdadeiro segredo da longevidade. Mente sã em corpo são. Posso dizer que estou em paz com o meu espírito e com aqueles que me estimam e apreciam o que eu escrevo. O que mais posso querer da vida? Como dizia Madre Tereza de Calcutá (1910-1997): “Quem julga as pessoas não tem tempo para amá-las”.

4 de novembro de 2018

NOTÓRIA DECADÊNCIA NA EDUCAÇÃO

É triste ver que a escola publica ainda segue padrões tradicionais referentes ao século XIX, apoiando-se em instrumentos poucos chamativos e eficazes para o desenvolvimento e concentração do aluno contemporâneo. Como esperar que uma instituição tão sólida em sua disposição, com paredes que sufocam a possibilidade de uma criança ver o mundo e carteiras que as isolam de seu convívio social com os demais colegas e até com a figura do próprio professor? Essa instituição educacional pode efetivamente, estar a serviço do desenvolvimento humano e criativo de um indivíduo? Ora negligenciada nos investimentos, ora tratada como objeto de consumo, em que o aluno é cliente, a escola acaba caindo em uma lógica mercantilista e, assim, se desviando de seu propósito básico, que é o de educar.

No entanto, o capitalismo selvagem transforma tudo em mercadoria. A educação não podia ser a exceção. Nesse contexto não há espaço algum para acolher o sofrimento do professor. A esse mestre é reservada a solidão. O que parece é que alguém deve ser culpabilizado pela notória decadência da educação. O professor cumpre um papel muito diferente de sua função de educador. Cumpre a função de ser o responsável direto pelo não desenvolvimento educacional. Mas e aquele professor que consegue atingir o seu aluno e desenvolver um trabalho coletivo com seus alunos? Esse professor cai na cilada de ser usado para culpar os outros professores que não atingem sua meta de trabalho, além, claro, de ser rechaçado pelos seus próprios colegas por ter conseguido fugir do peso de uma lógica tradicional.

Portanto, a decadência da educação é uma realidade vital e condicionada por circunstâncias concretas e chamada a superá-la a partir da própria situação em que se encontra o sujeito da educação. De modo que educação é a apropriação da cultura, e através da história se torna a construtora do sujeito histórico. É através da educação que nos fazemos humanos e históricos, como autores no modo de refletir sobre a realidade, sobre o mundo e sobre nós mesmos. A pergunta correta a se fazer é a seguinte: “A escola da resposta às necessidades presentes?” “Nosso sistema educativo continua sendo para o aluno um sistema educativo que o atrai?” Não! Há muito tempo deixou de ser. Temos hoje uma escola do século XIX, professores do século XX e alunos do século XXI. Basta olhar a queda de inscrições no Enem 2018, que foi de 5,5 milhões de inscritos, menor número desde 2011. Houve uma redução de 18% em relação a 2017. Isto não é notória decadência no ensino público? Só um dado para fundamentar o que digo: na Diretoria de Ensino Região Leste de Campinas, temos um déficit de 560 professores. Onde está o problema?

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...