19 de novembro de 2018

TUDO NA VIDA É RITMO

No meu corpo trago registros pelos anos vividos, que veste essa morte bem devagarinho. Bendito o vento noturno que anda no dorso do destino. Não tenho perdões para pedir se acreditei em meus enganos. Tais a velha mangueira do pomar que largaram frutos na vida ainda que fartos. Peço-vos só, Senhor e Pai, que nesta hora em qualquer lugar, haja um menino de coração decidido olhando a exata luz deste esplendor humano da tua cruz.

São gritos de vida pelo mundo, no seu reino efêmero como dos amantes, a primeira dança que urge delícias e erotismo, pólen emigrando e provocando estranhezas nos corpos do homem e da mulher. Junto aos rios as árvores são vestais celebrando um rito de risos, orgia que finca raízes em nossas almas. É o império tecido de cipós e ramas, sustentado por pássaros e paixões.

Tudo na vida é ritmo e nessa toada cheguei até aqui. Sob a geada ou sob neve corre o rio da vida. Coxas no quente da cama, vidas entrando em vidas, aflições gozosas. Rola também a despeito do frio triste a quente consolação dos sexos. Inverno que mata e recria recolhimento meditado de brasas que resistem. Noites de nudez e brancura de versículos bíblicos e carnes rangendo.

Portanto, quando algo é feito com a mesma finalidade, é um fim que recomeça ou uma névoa matutina que vai ao horizonte puxar o sol para as colinas. No ritmo da vida mora debaixo dos cobertores o doce dos corpos e detrás de janelas e portas fechadas, em fogão que se acende, mora a reconstrução das novas estações. Amo esse momento de transição como se fosse o fim da infância. E debaixo desta árvore, há dois corpos anunciando-se ao tato do mundo.

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