28 de setembro de 2011

A MULHER NO ESTADO TÂNTRICO

Todos os grandes pensadores da humanidade, sempre se referiram ao sagrado feminino com inferioridade e desdenho, como se a mulher existisse somente para procriar e servir ao seu senhor. O caminho percorrido para que as mulheres chegassem até os nossos dias em iguais condições com os homens e assim ser reconhecida, foi uma luta árdua e penosa. Todavia, para a filosofia Tantra Hindu, a mulher é considerada a sacerdotisa por ensinar aos homens de boa vontade a arte do amor. Porque só a mulher é capaz de sentir prazer em qualquer parte do corpo, com muito mais intensidade do que qualquer homem. Não é a toa que na filosofia tântrica ela é considerada professora do amor romântico por tamanha capacidade de intimidade amorosa com o seu homem.
Dizer que é a mulher quem conduz e dita o ritmo durante o sexo tântrico é uma redundância e uma afronta para os machões de plantão. Desde a paquera até a cama quem dita às regras sempre foi mulher. As mulheres sabem da suscetibilidade sexual dos homens. Talvez seja esse um dos pontos críticos do Tantra Hindu, saber prolongar o prazer sexual. E isso tem despertado muita estranheza nas pessoas e principalmente nos homens que precisam aprender a conter a ejaculação. Para quase todos os homens esse controle parece impossível, antinatural, muito desagradável. Na hora da cama, do sexo, um número significativo de homens vira meio bicho, afoito e o orgasmo é o estímulo final a ser alcançado. Invariavelmente a mulher é obrigada a fingir orgasmo só para agradar o seu parceiro que reclama caso ela não sinta algum prazer.
Com o sexo tântrico não é assim que acontece. Aqui o sexo não é praticado visando o orgasmo e o que interessa é atingir um estado de consciência maior sobre o corpo do outro. A prática não quer apenas potencializar o orgasmo e intensificar o prazer. É muito mais que isso é espantar a afobação ao concentrar e espalhar a energia sexual pelo corpo inteiro. Entretanto, a mulher por natureza é Tantra. Tendo em vista que uma relação sexual comum dura em média quinze minutos e quatro segundo de orgasmo. Tanto barulho pra nada. No sexo tântrico ela dura no mínimo duas horas. Caso dure menos de uma hora é considerado ejaculação precoce. No entanto, o sexo tântrico tem uma duração mínima, mas não tem uma duração máxima. Aqui a ejaculação é considerada um desperdício de energia vital e por isso deve-se aprender a adiá-la.
Se experimentar um ciclo sexual demorado, se o aceito e aproveito, posso dizer que estou me fazendo tântrico. Se acompanhar o desenvolvimento natural da sexualidade, se a deixei amadurecer no sentido de ir aprendendo com ela, em vez de fixá-la em um padrão único e monótono, torna-me tântrico mesmo sem pretender ser, e mesmo sem treinamento.
A sexualidade também amadurece com o tempo e pode ser aprendida, claro que evidentemente se o indivíduo conquistar liberdade e condições para isso. Todavia, o mais difícil é vencer os incríveis preconceitos que existem em torno desse assunto sexualidade. Se o indivíduo se livrar de tudo o que é dito sobre o envelhecimento sexual, então qualquer pessoa, tanto homem quanto a mulher chega quase naturalmente ao Tantra.
Portanto, podemos concluir que a mulher está anos luz na frente do homem na questão da sexualidade. Estando a mulher num clima amoroso de muita excitação, ela é capaz de sentir prazer em qualquer parte do corpo ao contrário de muitos homens que são diretos e precários no momento da relação amorosa. Contudo, não existe mulher fria, existe homem incompetente ou, o que é mais triste ainda, homem desinteressado. Assim como também não existe homem impotente, existe mulher incapaz de despertá-lo ou desinteressada. Lembrando que só o contato amoroso pode nos salvar através do prazer concreto, cutâneo, sensorial e afetivo.   

24 de setembro de 2011

SEXO, AMOR E CASAMENTO

As mudanças de comportamento e os estudos nos últimos cinquenta anos vêm demonstrando que sexo, amor e casamento são incompatíveis não andam juntos, são completamente diferentes, autônomos e para falar a verdade, são três situações essencialmente antagônicas. Mesmo Freud considerava o amor como uma expressão sublimada da sexualidade e, portanto, colocava os dois impulsos na mesma categoria. Penso ser isso a causa de enormes volumes de equívoco em torno do assunto. Muitos profissionais como psicólogos, filósofos e educadores, de modo geral, continuam cometendo graves erros ao juntar as três coisas. São fenômenos completamente distintos, não coabitam entre si. 
Segundo o psiquiatra Flávio Gikovate, o amor é um impulso que surge desde os primórdios da vida, desde o nascimento. É o responsável pela paz e harmonia que a criança sentiu de alguma maneira durante o período uterino, isto é, o amor como busca de harmonia através da aproximação física e espiritual com outro ser humano. As manifestações da sexualidade surgem pela primeira vez no fim do primeiro ano de vida. Fazem parte do processo de individuação, isto é, quando a criança começa a se reconhecer como entidade autônoma, como criatura independente da mãe e começa pesquisar o próprio corpo. Descobre que em certas partes do corpo ao tocar, provoca uma sensação muito especial e muito agradável. No entanto, é um fenômeno de desequilíbrio, ao contrário do que acontece com o amor, que é um fenômeno de equilíbrio.
Por conseguinte, amor é paz, aconchego e sexo é excitação, movimento, ação. Talvez por isso mesmo que Freud tenha tão insistentemente falado na ideia de sexo como impulso vital por excelência. Ele reconhecia a existência de dupla tendência no ser humano.
Entretanto, essa separação entre sexo e amor me parece absolutamente fundamental, principalmente porque o amor além de ser um fenômeno interpessoal é uma busca permanente do ser humano em todas as outras fases da vida, completamente diferente da busca sexual que é pura excitação e essencialmente pessoal, ou seja, um fenômeno auto-erótico, que persiste como auto-erótico pela vida afora. Por isso o corpo, além de marcar a nossa presença no mundo, ele é fonte de prazer pessoal.
Há uma tendência na nossa sociedade de achar que amor e casamento andam juntos, que não há como separar, que o amor intenso é algo que pede o casamento. O casamento é entendido como um compromisso sólido, estável e de união. Então por que amor e casamento não combinam? Por uma razão muito simples, o amor é uma emoção e o casamento é uma instituição. Entretanto, os casamentos antigos, de algumas décadas atrás, duravam a vida inteira porque derivava de arranjos racionais entre as famílias. Sobretudo, porque o casamento não foi feito para a felicidade humana e sim para a organização social.
A partir do momento que começaram a enfiar o ingrediente amor no casamento, os resultados não têm sido dos melhores. O número de divórcios só tem aumentado no Brasil. A busca da verdade parece ser um caminho muito pouco percorrido nestes últimos tempos. As pessoas não juntam ideias e continuam na ilusão de que é possível conciliar essas três coisas, sexo, amor e casamento.
As pessoas esqueceram que o estado mais gostoso da vida é quando estou encantado por alguém. Nesse momento estão ocorrendo trocas fundamentais para a nossa vida. Essa pessoa torna-se o meu “Guru” e me transforma. O bom amor é aquele que transforma as pessoas. Não existem regras para esse sentimento. A não ser sentir esse estado de êxtase, no corpo e na alma.
O que faz com que uma determinada pessoa, completamente neutra para mim, se transforme da noite para o dia em uma pessoa especial, única, sem a qual não posso mais viver? O que provoca essa mágica? Todavia, se quiser transferir esse encantamento para o casamento é líquido e certo que será uma catástrofe. Tendo em vista, que o lugar que menos se faz sexo é no casamento. E quando se faz, é tudo muito rápido e precário.  
Também é evidente que as afinidades intelectuais, do ponto de vista de projetos de vida e objetivos, se transformam em coisas fundamentais porque garantem a harmonia dos amantes. Claro que as diferenças acabam por determinar brigas, tensões e contradições, é difícil imaginar que o casamento possa existir e funcionar bem num clima desses.
Portanto, o encantamento é a razão maior da nossa existência. O encanto é o maior sentimento da vida porque nos mantém vivos sempre. A pessoa admira na outra alguma coisa que ele enxergou de muito especial. E o amor deriva dessa admiração. O sexo é a consequência de trocas pessoais, de carícias que poderão acontecer ou não. Já o casamento é uma empreitada de alto risco que pode não coabitar com o encantamento. Contudo, nada provoca sensação de medo mais forte que a felicidade amorosa. A sensação de harmonia e paz, de aconchego, onde tudo permanece sereno. Tudo isso é tão bom, que nos faz sentir assim tão bem, de tal modo... que parece que estamos em pecado, segundo a inveja humana.       

20 de setembro de 2011

A SONSA E O CAFAJESTE

Uma das coisas mais difíceis no mundo moderno é um homem se entender profundamente bem com uma mulher. E vice e versa. Está suposto, que duas pessoas, quando envolvidas afetivamente, por força dos costumes sociais, buscam alternativas para ficarem juntas no casamento. E o pior de tudo, com a promessa de serem fiéis até o fim da vida. É o que se jura na presença de um padre ou de um pastor diante das testemunhas. Quem pode jurar que vai amar o outro a vida inteira? É preciso negar tudo que experimentamos de bom na vida como sentimento e emoção para fazer uma promessa dessas. Seria mais razoável se um dissesse para o outro: “vamos fazer o possível e um pouco mais para convivermos bem”. Mas garantir amor eterno é não saber o que está dizendo. Porque afinal, a ideia de que se tem do casamento é para sempre. Contudo, continuamos falando do casamento como o maior encontro da vida, quando todo mundo está cansado de saber que é uma panela de pressão pronta para explodir. Por que será? Por que nenhuma mãe se preocupa em preparar o seu filho homem para a geração seguinte. Assim, como também a filha mulher é preparada desde muito cedo para ser submissa ao seu homem. E aqui começam todas as desgraças humanas das relações amorosas.
Em geral tenho pesquisado as redes sociais e em particular aquelas que têm como pressuposto básico aproximar as pessoas para um possível encontro amoroso. E vem surgindo um fato novo em torno das relações humanas, que de certo modo, não deixa de ser preocupante e ao mesmo tempo cômico. É comum a gente ler no perfil desses sites, principalmente das mulheres: “Estou em busca de um grande amor, um homem que me faça feliz, que seja carinhoso e romântico. Que queira um relacionamento sério. Que me ame o tempo todo, para a vida inteira”. Teve uma que escreveu que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar não precisar dela. Aqui já é um caso para se pensar. Como posso querer alguém para amar e não precisar dessa pessoa? Por outro lado, onde existe esse homem perfeito que ama a mesma pessoa, vinte quatro horas por dia, a vida inteira? Como pode alguém ainda acreditar numa história dessas? 
Entretanto, o individualismo vem se fazendo moda popular, existe um novo tipo de conquistador refinado, para atender essa demanda, que as mulheres adoram; o cafajeste, que vem fazendo um sucesso medonho no meio feminino. Por que as mulheres preferem mais os cafajestes? Porque eles são diretos e dizem exatamente o que elas querem ouvir. E por que os homens preferem mais as sonsas? Porque elas aceitam com mais facilidade as mentiras, sem questionar. Mesmo porque não é interessante saber da verdade e sim ostentar essa vaidade. Prato cheio para os cafajestes. Todavia, o perfil do cafajeste é abusar dos sentimentos alheios, ele engana a esposa, é falso e chantagista. Esse é o quadro do macho padrão. Ao contrário temos a sonsa. Que também é dissimulada e manhosa. Elas adoram um paparico e são perigosas.
Antigamente tínhamos como grande referência na história de amor perfeito, Romeu e Julieta. No entanto, hoje vivemos dentro de uma sociedade consumista, anacrônica, onde as mulheres viraram frutas, objetos de desejo prontos para ser consumidas, cuja referência está muito distante do amor romântico que ainda povoa as mentalidades ocidentais desde o século XII.
As mulheres de hoje não são para amar e nem para serem amadas. Assim como muitos homens também. Estão muito mais preocupados em exibir o corpo sarado. Algumas mulheres são tão olímpicas, que alguns homens brocham só de olhar e imaginar. Não por desinteresse, mas por impossibilidade técnica. É como se elas dissessem: “sou melhor que você, eu sou perfeita, malhada e você não passa de um gordo solitário, trancado na sua medíocre vida sexual”. Até parece que o ideal dessas mulheres é ser desejada como um bom produto. Elas provocam um tesão na classe masculina, onde o machão latino vira um pobre excluído.
Entretanto, muito frequentemente homens e mulheres têm fascínio por cafajestes e sonsas. As melhores pessoas costumam ficar fascinadas pelos opostos. A nossa história está cheia de casos assim para comprovar o quanto as pessoas são diferentes, mesmo estando apaixonadas.
Portanto, se o ser humano pudesse ter essas horas de felicidade com algumas pessoas e não com qualquer uma, é evidente que estaríamos em um mundo muito melhor. Seria muito mais fácil cooperar para a preservação e o desenvolvimento desse mundo, teríamos mais prazer de estar junto a alguém e de atuar com esse alguém, que tanto bem nos faz. Concluo com uma frase magnífica de uma amiga jornalista, Edna Madalozzo, para ilustrar a nossa reflexão: “Somos vadias e somos santas. Somos mulheres fortes e lutadoras. Queremos ser livres e respeitadas.”    

14 de setembro de 2011

ENERGIA SEXUAL TÂNTRICA

Tantra é uma palavra sânscrita,“Tan” significa expansão e “Tra”,  libertação. O Tantra é como um caminho da libertação através da expansão também encontrará muitas referências no sexo espiritual. Entretanto, o Tantra propriamente dito envolve a aproximação muito lenta do homem com a mulher, aproveitando cada passo, sentindo cada pequeno gesto, olhar, sorriso e contato físico. Uma forma sábia de prolongar estes momentos prazenteiros é viver em eterna delícia. Esta é a essência da mensagem Tântrica.
O que as pessoas não sabem é que, se fizerem essa proposta tântrica para seus parceiros, vai fazer uma fantástica mudança na sua vida inteira. Na verdade, a prática do sexo Tântrico leva a pessoa a mudar os hábitos sexuais e a forma como se vê a relação amorosa. Desprendendo-se de imagens, conceitos e atitudes como a do homem dominador e da mulher submissa, responsável pela satisfação sexual do parceiro. Aqui a mulher não precisa se vestir de enfermeira e nem de mulher samambaia. A excitação nesse caso acontece num processo de relaxamento e não por fetiches ou fantasias. O Tantra é popularmente conhecido como uma técnica que retarda o orgasmo e potencializa o prazer. Essa prática proporciona um movimento de energia sexual capaz de se expandir e circular pelo corpo todo, passando pelos canais de energia chamados de Chakras, amenizando aquela afobação, sem nenhuma necessidade de urgência de terminar logo. Podendo durar em média umas duas horas de prazer intenso. Além do mais a sensação tende a ser diferente do sexo comum, porque em vez de expulsar a energia e terminar logo, o prazer se espalha para o resto do corpo. No caso do homem, isso significa que não há ejaculação precoce para a satisfação e a alegria da mulher.
No Tantra Hindu é a mulher a sacerdotisa, que leva e ensina ao homem a arte do amor. Está implícito no Tantra que a mulher sabe sentir prazer muito mais e melhor do que o homem, o que é evidente para um bom observador. Num bom clima amoroso pode-se dizer que a mulher sente prazer em qualquer parte do corpo. É óbvio que a mulher seja a professora do amor romântico por natureza, só ela é capaz de tamanha intimidade amorosa com seu parceiro.
A essência do Tantra está no prazer prolongado, é aquele “ir” devagar e percebendo cada movimento do corpo, é o ficar atento ao que está fazendo e sentindo o momento de intimidade. Segundo o psicanalista e pesquisador Wilhelm Reich, a nossa sexualidade padrão parece uma coisa frenética, angustiante, sofrida, desesperada e na maioria das vezes agressiva de ambas as partes. Uma mistura de sentimentos variados, inclusive raiva, angústia, ódio, até fáceis de compreender se levarmos em conta a nossa história de repressão durante séculos. Nos encontros sexuais sempre existe uma voz íntima principalmente na mulher a dizer: “agora vou fazer o que não se deve”. Então, tudo fica apressado, frenético, ansioso e pior ainda, carregado de culpa. Penso que para sentir uma alegria prazerosa, de corpo inteiro, você precisa aprender a relaxar, rir de si mesmo, de sentir-se gostoso ou gostosa, sem culpa, sem medo e sem vergonha. Mas para isso é preciso desmanchar tudo o que aprendemos na vida. Com a prática Tântrica isso é possível.
Portanto, em nossa sociedade e cultura, somos ensinados a racionalizar nosso modo de viver, fazer julgamento sobre o que achamos ser certo ou errado e lutar contra aquilo que não está de acordo com as nossas expectativas. O Tantra em contraste a tudo isso, nos ensina a aceitar tudo o que está acontecendo e deixar fluir sem medo ou stress. Expandindo a nossa consciência e movendo a nossa energia através de tudo que a vida nos apresenta. Dar boas vindas a todos os nossos mais loucos pensamentos, sentimentos e desejos. Isto significa amar todas as partes do meu corpo e aprender com elas. Não julgue mal a si mesmo ou qualquer outra coisa, mas aprenda quem você é de fato para se aceitar de verdade. Pois, da vida nada se leva a não ser a vida que se leva.              

3 de setembro de 2011

O TIRANO QUE VIROU BULLYING

O que era chamada antigamente de criança rebelde, agressiva e mal criada que vive arrumando encrenca e infernizando as demais crianças, principalmente no ambiente escolar, mudou de nome. Como nos casos de agressões e violências entre os alunos desde as séries iniciais até o ensino médio, têm como o grande vilão dessa história o bullying. Uma realidade assustadora que muitos desconhecem ou não percebem o tamanho do problema que tem dentro das escolas.
A palavra bullying é derivada do verbo inglês “bully” que significa usar a superioridade física para intimidar alguém. Também pode ser usado como adjetivo, referindo-se a valentão, tirano. Como verbo ou como adjetivo, a terminologia “bullying” tem sido adotada em vários países como designação para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais. As vítimas são as crianças e adolescentes considerados mais fracos e frágeis dessa relação, transformados em objeto de diversão e prazer por meio de brincadeiras maldosas e intimidadoras. Sobretudo pelo seu caráter intencional e repetitivo de agressões contra uma mesma vítima a ponto dessa pessoa agredida querer revidar em forma de massacres cruéis, como já aconteceu.
Alguns estudiosos do assunto como a psiquiatra e pesquisadora Ana Beatriz Barbosa Silva e a educadora e pesquisadora Cléo Fante, asseguram que as simples brincadeiras de mau gosto podem revelar uma ação muito séria. Causando desde simples problemas de aprendizagem até sérios transtornos de comportamento, responsáveis por índices de suicídios e homicídios entre jovens estudantes.
Entretanto, sendo um fenômeno antigo, mantém ainda hoje um caráter oculto, pelo fato de as vítimas não terem coragem suficiente para denunciar. Isso contribui com o desconhecimento e a indiferença sobre o assunto por parte dos profissionais ligados à educação. Tendo em vista que pode manifestar em qualquer lugar onde existam relações interpessoais.
A consequência dessa tirania afeta a todos, mas a vítima, principalmente é a mais prejudicada, pois poderá sofrer os efeitos do seu sofrimento silencioso por boa parte de sua vida. Pode desenvolver atitudes de insegurança e grandes dificuldades de relacionamento, tornando-se uma pessoa apática, retraída, indefesa aos ataques externos. Sobretudo na vida adulta quando é centro de gozações entre colegas de trabalho ou familiares. Apresenta um autoconceito de menos valia e considera-se inútil, descartável. Podendo até desencadear um quadro de neurose, como a fobia social e, em casos mais graves, psicoses que, a depender da intensidade dos maus tratos sofridos, tendem à depressão, ao suicídio e, principalmente, ao homicídio na maioria dos casos relatados.
Quanto ao agressor, reproduz em suas relações o modelo que o faz ser temido por todos, isto é, eu mando e eles obedecem, na base da força e da agressão. É sempre um tirano, fechado para afetividade e com forte tendência para a delinquência e a criminalidade, portanto esse tirano é quase sempre motivado pela família, que ignora a agressividade do filhinho.
Os pais de ontem mostram-se perdidos na educação dos filhos de hoje. Passam a mão na cabeça dos filhos com muita facilidade. Estão cada vez mais ocupados com o trabalho e pouco tempo dispõem para dedicarem-se à educação dos filhos. Não conseguem educar seus filhos emocionalmente e, tampouco, sentem-se habilitados a resolver conflitos por meio do diálogo e da negociação de regras. Optam muitas vezes pela arbitrariedade do “NÃO” ou pela permissividade do “SIM”, não oferecendo nenhum referencial de convivência pautado no diálogo franco, na compreensão, na tolerância, no limite e no afeto. A escola também tem se mostrado inabilitada a trabalhar com a afetividade. Os alunos mostram-se agressivos, reproduzindo muitas vezes a educação que recebem em casa, seja por meio dos maus tratos, do conformismo dos pais, da exclusão ou da falta de limites revelados em suas relações interpessoais na escola. Penso que as escolas devem-se conscientizar de que esse conflito relacional já é um problema de saúde publica. Para que se possa desenvolver um olhar mais observador tanto dos professores quanto dos demais profissionais ligados ao espaço escolar e assim neutralizar prontamente os agressores e assessorar as vítimas.
Portanto, diante do exposto, podemos concluir que a presença dos tiraninhos chamados de bullying é, sem sombra de dúvida, extremamente prejudicial, pois diferentemente das demais ocorrências de violência, essa traz consigo inúmeras consequências danosas à saúde física, mental e social dos envolvidos, sejam como vítimas, como agressores ou como testemunhas.               

1 de setembro de 2011

QUAL A FUNÇÃO DO AMOR?

A palavra amor tem mais sentidos do que qualquer outra palavra do mundo, segundo os especialistas nessa área.
Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí a gênese do amor, somos tomados por uma ternura  que nos convida para uma fusão. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, da cabeça aos pés.
O amor a meu ver tem duas funções que quase se confundem, mas podemos descrevê-las como se realmente fossem duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou um caso amoroso.
Podemos dizer que toda vez que resistimos a uma fusão ou não permitimos essa atração, quase sempre usamos como pretexto a essa resistência, algum pretenso defeito da pessoa querida, coisa do tipo: “Ah se ela não fosse tão orgulhosa, se não fosse tão teimosa, confusa, fria, indiferente e cheia de preconceitos”. Estando implícito, que se o outro não fosse do jeito como o vejo, certamente o amaria mais, me daria mais. Estes defeitos funcionam como uma barreira existente entre ambos,  como se fosse algo isolante, muitas vezes repulsivo. Juntamente com esse modo de perceber o outro e julgá-lo vai um desejo implícito, coisa do gênero, se ele se modificasse, deixasse de ser assim, certamente o amaria mais. Os defeitos meus e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar.
Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente faladas no nosso dia a dia, que quem ama outra pessoa tem de amá-la por inteira, como ela realmente é com suas qualidades e defeitos. Só que as pessoas não juntam as ideias. Dito de outro modo vai pouco a pouco percebendo o modo de ser do outro, de pensar, de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai aos poucos acabando. Então, aceitar os defeitos do outro é falso.  
Em nossa sociedade se admite, quase sem crítica, e com muita obscuridade, que as pessoas buscam acima de tudo o próprio interesse, são egoístas, amam muito a si mesmas. Ao percebemos prontamente o quanto é difícil e pesado o sermos nós mesmos, o quanto custa nos arrastarmos pela vida com este lastro de aspectos negativos, os quais, não obstante serem negativos são tão nossos, tão inerentes a nós, como nossas mais caras virtudes e aptidões. Provavelmente o modo mais comum de negação de si mesmo resida justamente no desejo de fazer parte de um grupo ou tribo, de um partido ou de uma ideologia. Todavia, vivemos numa sociedade de renúncia que cada um faz de si mesmo. Quanto menos eu sou eu, mais sou ninguém diante de tantos outros ninguém. Onde se espera muita uniformidade de comportamento, sentimento ou pensamento, por simples descrição fica excluída toda individualidade.
O amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu EU não é infinito. O amor capaz de nos ensinar estas duas lições é certamente um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, muita carícia e contato físico, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Talvez por isso o amor seja triste. Ele nos acena, ele nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral.
Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Tendo em vista que onde há amor há transformação. Onde não há transformação e nem crescimento não podemos dizer que exista amor.    

AS COISAS SÃO OS NOMES QUE LHE DAMOS

O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofri...