31 de dezembro de 2012

ADMIRÁVEL IRMÃ NATUREZA

Gosto muito de apreciar o meu contato com a Natureza. Admiro-te e respeito, Natureza gentil, não como mãe, mas sim como irmã. Não como o filósofo pagão de Atenas, mas, sim como um poeta cristão de Assis (aqui faço referências a São Francisco de Assis, amante da Natureza – Itália). Não te chamo como os panteístas, mãe Natureza, porque não nasci do teu seio, chamo-te como uma teísta, porque temos o mesmo "Pai".

Irmã e amiga Natureza gentil que sempre me foste. Admirável irmã Natureza, quando a deslealdade e falta de respeito das pessoas me envenena a vida. Quando os Iscariotes me atraiçoam e fariseus me exploram. Quando de mim desertam amigos, porque de mim desertou o prestigio material. Enquanto minha alma grita por justiça, destempera a harmonia da vida.

Então irmã Natureza, eu me refugio em teus braços amigo. Entro no silencioso santuário da tua verde catedral. No meu silêncio consigo exprimir as minhas dores e fraquezas. Sinto que na essência estamos muito próximos. Pois todas as pessoas que amam na essência, deveriam aprender a perdoar, entender que somos limitados e falíveis em nossas ações. Erramos por querer acertar.

Nesse momento que estou interagindo com a irmã Natureza, essa mística atmosfera de tua solene quietude, algo me chama a atenção. Por entre o incenso que teus cálices vivos exalam. Por entre os hinos que teus cantores entoam. Por entre a liturgia multicor que tuas falhas ostentam ao som da música que os ventos dedilham nas harpas dos galhos ao ritmo suave dessa brisa que cadência o meu corpo.

Sonho feliz que tua alma sonha nos dias estivos, nas noites de luar. Minha alma ainda enferma restabelece aos poucos, entre teus braços Natureza irmã. Cicatrizam um pouco as chagas vivas do meu coração. Distendem-se aliviados, os nervos tensos de dor. Cessa o ruído do sangue nas delatadas veias do meu corpo. E a minha alma conversa com a tua alma Natureza gentil. Elas se estendem nesse colóquio silencioso, porque falam a língua do "Pai". Esse "Ser" que nos criou para vivermos em harmonia. Sei que não é Deusa, mas sei que é mensageira "Divina". Sabia Natureza de sublime e elevada grandeza, amiga querida do "Eterno", servidora do "Onipotente".

Portanto, sempre será por mim admirada e respeita, pois é sincera e fiel, acolhedora e íntima, querida irmã Natureza, que muito me inspira quando estou em teus braços. De mãos dadas vamos sentir a presença e a manifestação da "Divindade" tocando delicadamente a nossa "Essência". Contudo, vou seguir os caminhos da irmã Natureza, sem rancor pessoal, sem vingança ou algo parecido. Nesse ano que se inicia quero consolidar o "respeito" ao "amor" que tenho. Em sintonia com o "Ser Universal".               

30 de dezembro de 2012

VOCÊ É A TUA ALMA

A tua alma é uma luz, não a extingas. Tua alma é um santuário, não a profanes. Tua alma é um poema, não lhe roubes a poesia. Tua alma é um mistério, silencia-lhe os segredos. Tua alma é um arco íris, contempla-lhe os primores. Tua alma é um sopro de Deus, defende-lhe a vida divina.

Se tudo isto é tua alma, por que não fazes a tua vida à imagem e semelhança de tua alma? Certamente não foi o corpo que produziu a alma, e sim a alma que produz o corpo. É a alma espiritual que arquiteta o edifício material do teu ser. É a alma o principio ativo que domina o elemento passivo. É a alma que pensa e quer, que sente e ama, que imagina e recorda. É a alma que sobrevive imortal ao corpo mortal. É a alma que para uma vida nova ressuscita o corpo desfeito.

Portanto, se tudo isto faz a alma, por que das ao corpo as vinte e quatro horas do dia e nenhuma hora à alma? Por que não lhe das, em carinhosa solicitude ao menos uma hora por dia? Por que não a fazes respirar na atmosfera divina, quando desejosa de amor? Tenha caridade com tua alma, porque tua alma é tua vida. Você é tua alma. Contudo, o que está procurando é uma forma de experimentar o mundo onde vivemos. Que abra para a transcendência que o inspira. E que inspira a nós mesmos dentro do mundo. É isso que quer e é isso que a alma pede. Por conseguinte, procuramos uma harmonia com o mistério que anima as coisas, que nos permita ver e sentir a presença divina. E saudar o Deus que existe dentro de você. Você é tua alma, você é a divindade.  

MORRE 2012 PARA NASCER 2013

O tempo permanece intocável, nós é que passamos, envelhecemos e morremos dentro do tempo. Mais um ano que se vai como uma vela que está se apagando. Mais um novo ano está surgindo como a vela que acabamos de ascender. A vela simboliza a chama da nossa esperança e realizações para com o ano que está se iniciando. Portanto, nessa noite de transição só tenho a agradecer por ter amor, saúde e inteligência. São três desejos básicos para uma vida feliz. Aprendi muito com esse mestre chamado tempo. Só ele nos da à experiência e sentido para a nossa existência. Porém, quem nos concede o dom da vida é o nosso PAI CELESTIAL.  
 
Boa noite PAI, já está terminando mais um ano e agradeço pela vida que me confiou até hoje. Nesse momento recolho para o meu descanso merecido, e aproveitar para pensar sobre tudo o que vivi nesse ano de 2012. Após essa noite despontará a alvorada de um novo dia que iluminará os nossos caminhos em 2013. Por conseguinte, quero dar um sentido ainda maior para a minha existência nesse ano.

Obrigado PAI por tudo, obrigado pela esperança que nesse ano animou os meus passos, pela alegria que senti ao lado de pessoas queridas que conheci e hoje fazem parte do meu circulo de amizade. Obrigado pela alegria que vi no rosto das crianças, apesar de toda a dor que senti pela falta da minha filha Maria Eduarda, por não obter noticias do seu paradeiro. Mesmo assim obrigado PAI pela esperança que tenho de um dia encontrá-la.

Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros, pelo que aprendi aos meus sessenta e um anos de vida, embora tenha muito que aprender ainda, obrigado também por tudo que sofri e ainda sofro por ter compaixão pelas crianças e pelos idosos. Pois sonho com dias melhores para todos nós.

Obrigado PAI pelo dom de amar, mesmo sem ser compreendido. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa, obrigado por permitir-me viver com saúde em 2012, como também pelo meu esforço e desejo de superação, pois quero ser a cada dia mais humano nesse projeto de vida.

PAI desculpe o meu rosto carrancudo e às vezes agressivo. Desculpe ter esquecido que não sou o filho único, mas irmão de muitos. Perdoa a minha falta de colaboração, a ausência do espírito de servir. Perdoa-me também por não ter evitado aquela lágrima, aquele desgosto que lhe dei quando ignorei o meu semelhante. Perdoa-me por ter ofendido e magoado justamente a mulher que mudou a minha vida, e que na sua simplicidade me ensinou a essência do amor. Foi a partir dela que descobri e conheci o paraíso onde habita os deuses e os iluminados.

Desculpa ter aprisionado em mim aquela mensagem de amor. Contudo, estou pedindo força, energia para os meus propósitos, no ano que está nascendo, a nossa vida continua e só a morte pode cessar. Em quanto isto, espero que neste novo ano que está surgindo, domine um novo sentimento em cada coração, desses seres que compõem a humanidade. E que a cada novo dia seja um continuo sim numa vida consciente.

Portanto, peço a DEUS que concedei a serenidade e sabedoria para que eu possa viver na plenitude desse amor, pois para quem não sabe o amor só sobrevive sustentado por esses dois grandes pilares. Serenidade para aceitar o outro com os seus defeitos, medos e duvidas, procurando sempre compreendê-lo e ajudá-lo. Sabedoria para perceber essas diferenças e saber minimizar os conflitos que existe entre ambos e assim abrandar a ansiedade e viverem plenamente nesse amor, que é o desejo de todos eternos apaixonados. Porque tudo que vive, não vive sozinho, nem para si mesmo. Como disse Mahatma Gandhi (1869-1948), pensador indiano: “Tudo o que vive é o teu próximo”. Enfim, “Ao contrário do destino, o que o amor une nem o tempo separa”. Um Feliz 2013 a todos

22 de dezembro de 2012

O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL

Apesar de toda a tecnologia e o avanço científico alcançado pelo homem, dia vinte e cinco de dezembro ainda é Natal. O Homem que nasceu nesse dia a mais de dois mil anos, deve estar preocupado com o mundo em que viveu e, apesar de toda a Sua imensa sabedoria não deve estar entendendo.  Ele não deve entender, por exemplo, como é que os mesmos homens, que se cumprimentam de coração aberto, com um sorriso nos lábios agora, podem passar pelo encantamento do Natal para começar a batalha entre si novamente, completamente desprovido de generosidade, condescendência, afeto e até mesmo de bondade.

Ele o Homem que nasceu no dia vinte e cinco de dezembro do ano zero de nossa história, não pode entender porque o Natal funciona apenas como uma trégua, na imensa desigualdade social em que vivemos sem falar das discórdias familiares, a guerra que o homem trava todos os dias contra o seu semelhante e contra si mesmo.

Mas Ele que viveu entre nós e é o símbolo da esperança ainda não perdeu a própria esperança. A esperança de que o homem um dia perceba que a trégua é o certo e o normal e, que a guerra é um grande equívoco.

Entretanto, a mensagem que Ele nos deixou foi a seguinte: “Cumpra o projeto que Deus determinou que é de amar sempre o seu semelhante, demonstrando gestos de gentileza e respeito. Ser justo e não julgar o outro pelas suas fraquezas. Pensar muito sobre suas ações. Sentir o que realmente sente, pois você é um Ser de Amor. Meditar muito sobre esse sentimento, meditar sobre suas inclinações e possibilidades de ser feliz nesse Amor. Procure fazer o mais que puder para esse Amor permanecer entre os seres humanos. Para então, aperfeiçoar-se nesse projeto de vida, até que possa devolver para Deus a imagem e o dom desse Amor que Ele um dia estampou em nós quando aqui chegamos.

Portanto, não compreendo os mistérios da vida e nem suas razões. Só espero estar certo no que penso e sinto. Que é continuar a cultivar esse Amor pelo meu próximo, que na verdade é Você. Quero um mundo melhor para todos nós. Talvez, então nesse dia, o ser humano inverta os seus valores atuais e coloque ordem na casa. E daí possa, finalmente, todos viverem em Paz.  FELIZ NATAL a todos, no verdadeiro sentido que essa palavra carrega.

21 de dezembro de 2012

OS VALORES DA RELAÇÃO AMOROSA

O valor de uma relação amorosa está no encontro de seres autônomos e independentes, em que a única certeza é que não há ninguém superior ou inferior ao outro. Em tudo que se observa na natureza, percebem-se as forças de atração e repulsão. Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva. Entretanto, para nós humanos a relação sexual se transforma em erotismo, gesto esse que simboliza o primeiro passo para a nossa humanização. Porque essa forma de relação envolve a paixão, o desejo, a busca de fusão, o amor erótico e o desenvolvimento a dois.

Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Não sabem entender as diferenças de um e de outro. Quando estão apaixonadas, julgam estar amando. O amor, porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente, à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. Está na nossa capacidade de descentrar-se, sair de si, ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito que nada quer em troca. Ao dar amor colocamos a prova nossa força, a expressão de nossa vitalidade. No amor damos aquilo que temos de vivo em nós que é: a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias.

Todavia, a paixão implica em um gostar de mim no outro. Estou projetando nele a minha necessidade, ele me é conveniente naquele momento. Isto não é amor e sim paixão. Idealizo o outro e moldo de acordo com os meus interesses. A paixão é marcada por cobranças e desejos não realizados. Quando não consigo a realização dos meus propósitos a tendência é desistir e buscar em outras pessoas a satisfação para os meus desejos. É uma forma egoísta de se relacionar. A paixão não tem identidade, ela desclassifica e diminui o outro sem piedade.

Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. O amor é uma força de aproximação, aconchego, envolvimento e responsabilidade. Essa força dinamiza a vida que existe em cada um de nós. Derruba fronteiras, estabelece contatos verdadeiros e partilha solidariedade. Ser amoroso está na Essência, é uma característica da personalidade do ser humano. Pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Só quem recebeu amor é capaz de amar sem medo.

Portanto, a capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora, das águas e do ar. Contudo, no amor há percepção da inter-relação universal, da fraternidade humana e cósmica.

20 de dezembro de 2012

VENCER O ISOLAMENTO E ESCAPAR DA LOUCURA

O tomarmos conhecimento de nós mesmos como seres capazes de consciência e liberdade, percebemos nossas diferenças em relação ao restante da natureza. Passamos a sentir solidão que nos acompanha sempre a nossa individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro.

Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão (1900-1980) argumenta em seu livro “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, sobre esse estado cruel de abandono e desamparo que os seres humanos vivem: “O homem é dotado de razão, é a vida consciente de si mesmo; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência antes as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior”.

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo ser humano para vencer o isolamento e escapar da loucura. O amor é fundamental para o ser humano e para a sociedade em geral. Sem amor, o ser humano torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com o outro.

Portanto, não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças, a miséria do povo, a poluição e a destruição do Planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença. Só nos resta a escuridão do individualismo, de pessoas incapazes de relações duradouras e profundas. Como dizia Guimarães Rosa (1908-1967): “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

19 de dezembro de 2012

O AMOR É UM APELO A VIDA

Vida sem amor é morte, porque só o amor pode criar o individuo como sujeito, dando origem ao mundo humano. Nós somos um fazer-se constante, somo um projeto aberto ao futuro. E o amor é o apelo que o outro me lança para considerá-lo como sujeito, como autor de sua própria vida, que deseja comigo construir o inédito, o novo, que seria impossível criar sozinho. É do encontro entre pessoas que se fazem as relações suplementares.

Os demais seres estão no mundo como objetos, como coisas e, as coisas são determinadas pela soma de suas características. Considerar o outro como a soma de suas qualidades e defeitos, como algo pronto e acabado, é enquadrá-lo como objeto e ignorar suas possibilidades. É assim que se pode rotular o outro e vê-lo como: prostituta, homossexual, pobre, ignorante, negro, vagabundo, não respondendo ao olhar que ele lança ao âmago de meu Ser para que eu seja com ele o apelo ao amor e a sua dignidade.

Amar é possibilitar ao outro e a mim mesmo o exercício da liberdade criadora do próprio Ser. O amor transforma um Ser coisificado, humilhado, oprimido em um sujeito, pleno de possibilidades.

Se meu olhar pudesse ver no outro não aquilo que a vida e a sociedade dele fizeram, mas olhá-lo em sua subjetividade, haveria a possibilidade de humanização permanente das relações e da sociedade. É o que faz o verdadeiro humanista: da sempre ao outro e a si mesmo uma nova chance e aposta no amor. Tendo em vista, que somos um projeto de humanidade. Mas tenho esperança que um dia vai emergir em nós, esse humanismo verdadeiro, pois ele está na nossa Essência.

O apelo do outro, assim como o meu apelo ao outro é silencioso, raramente traduzido em palavras é um desnudar, um despir da alma que se manifesta no olhar e desperta medo, porque o outro me chama sem mascaras com aquilo que ele é e almeja ser comigo. E eu deverei responder com todo o meu Ser, com o que sou e com o que almejo ser com ele.

Portanto, o amor é o mistério que faz com que eu me perca, sem defesas, no outro e o outro em mim, mas, ao nos perdermos um no outro, pelo dom de sentir e nos envolver nesse amor, nos encontramos e nos transformamos em liberdade e criação desse projeto que chamamos de humanidade. Ou será que vamos continuar nos enganando e fugindo ao amor? Contudo, o amor é a única força verdadeira de aproximação, união afetiva, envolvimento e responsabilidade. Amar é o cuidar um do outro. É no amor que encontramos o verdadeiro e fiel amigo.  

15 de dezembro de 2012

A VOLTA AO PRIMEIRO AMOR

Aprendi com a oração Pai Nosso e com a própria experiência, que o primeiro amor da minha vida sou eu. Só assim vou poder amar verdadeiramente o meu próximo. O que significa isso no contexto da nossa vida? Amar o próximo como a mim mesmo? Então, eu devo amar a mim mesmo? Não me devo odiar? Mas, se eu amo a mim mesmo, isto não é egoísmo? Não é amor próprio?

Sim, amar a si mesmo é amor próprio, mas, não é egoísmo. Amor próprio é autoamor incluindo amor ao próximo. Todos os grandes mestres e iluminados mandam que o homem ame os outros como ama a si mesmo. Todos recomendam o autoamor como ponto de referência para amar o seu próximo.

Quem não tem autoamor não existe enquanto pessoa. Ausência de autoamor é inexistência e negação à vida. Se o meu Eu central não fosse Deus, não poderia eu amar sem ser egoísta. Se o meu Eu não fosse idêntico ao Deus no Outro, não poderia eu amar o Outro. Se Eu e o Pai não fôssemos um, como poderia eu amar a Deus com toda a minha alma, com todas as minhas forças?

Todo o amor verdadeiro é autoamor, porque Téo é amor, palavra grega, que significa Deus Amor. E esse Deus Amor também é o Tu amor, segundo o filósofo e escritor Martin Buber (1878-1965), Eu e Tu. Por isso posso amar o Deus no Eu como amo o Deus no Tu, assim como também amo o Deus em Tudo.

Quem vê Deus em tudo pode amar tudo em Deus. O Deus do mundo no mundo de Deus. Mas, como poderia eu amar o Deus em si, se não conheço o Deus em mim? Conhecer a verdade em mim é conhecer o Deus da verdade. Todo verdade é verdade de Deus, quero dizer: “a verdade de Deus é toda a verdade”. Haverá quem se surpreenda ao saber que mesmo João Calvino (1509-1564), teólogo cristão escreveu: “Se considerarmos que o Espírito de Deus é a fonte da verdade, jamais recusaremos ou desprezaremos a própria verdade, onde quer que ela venha a aparecer”. Verdade é liberdade e no contraponto, liberdade é felicidade. Por isto, orava Santo Agostinho (354-430): “Deus, conheça eu a ti, para que me conheça a mim”.

Entretanto, quem conhece o seu Eu central e não apenas o seu ego periférico como argumenta o filósofo, educador e teólogo Humberto Rohden (1893-1981), esse conhece Deus. Por isto, dizia o Mestre: “Amarás o Senhor teu Deus”. Curiosamente, a palavra Eu está contida na palavra D-EU-S. Como poderia eu amar a Deus que não estivesse em mim? E como poderia amar o Outro sem amar o Eu? Deus no Eu e Deus no Outro.

Portanto, se queremos pensar em Deus. Ora, Deus é um pensamento, é um nome, é uma ideia, mas que se refere a algo que transcende qualquer pensamento. O mistério supremo do Ser está além de toda a categoria de pensamento. O filósofo e historiador de artes, Heinrich Zimmer (1890-1943) argumenta: “As melhores coisas não podem ser ditas. Porque elas transcendem o pensamento. A segunda das melhores coisas, são mal compreendidas, pois são pensamentos que se referem ao que não pode ser pensado. E ficamos presos com os pensamentos. E finalmente, a terceira das melhores coisas, são simplesmente as que nós falamos”. São essas metáforas que nos dão pistas de coisas absolutamente transcendentais. O que não pode ser conhecido. Ou que não pode receber um nome. Exceto na nossa frágil tentativa de revesti-los com a linguagem. Contudo, na nossa linguagem, a palavra para designar o que há de mais transcendental é Deus. 

12 de dezembro de 2012

HARMONIA CONJUGAL SOBREVIVE DO AMOR

A Sagrada Escritura relata em Gênese. 1:27 e 2:24, que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, por esta causa deixará o homem pai e a mulher mãe, que se unirá um ao outro numa só carne, tornando-se os dois uma só vida. Esse texto do Gênese mostra-nos com inigualável clareza, que a união entre um homem e uma mulher é desde o princípio da criação, a mais importante aliança social que qualquer ser humano efetua em toda a sua existência.

A relação afetiva entre um casal constitui uma aliança de máxima importância, por se tratar de um relacionamento que envolve quatro aspectos fundamentais da vida humana: “físico, mental, espiritual e financeiro”. E a pessoa que realmente deseja progredir em todos estes setores chaves da vida, se for sábia, fará com que sua mulher ou seu homem ocupe o primeiro lugar entre os membros de seu grupo de alianças sociais.

O homem casado que vive bem com sua esposa, quero dizer em harmonia completa, compreensão, solidariedade e singularidade de propósito. Principalmente, quando ambos são movidos pelo amor que sentem, este relacionamento pode alçá-lo a grandes alturas de realização pessoal. Mas o que afirmo aqui vale somente para as relações estáveis. Pois com o advento da internet, afrouxaram-se muito os relacionamentos afetivos. Tanto homens como mulheres estão se expondo nas redes sociais em busca de uma relação casual. Se já tenho a pessoa que amo, o que mais preciso?  Mesmo aqueles que se dizem amar incondicionalmente o seu parceiro. Traz no seu perfil toda a pinta de alguém sem compromisso e aberto para o desfrute. Não tenho nada contra e nem a favor as redes sociais. Só não entendo como pessoas que dizem amar profundamente seus parceiros se prestam a esse papel.

As desarmonias, frequentemente expressas em queixumes, podem ser em geral, atribuídas à falta de conhecimentos sobre o sexo, que é outro dado importante. Onde predominam o amor, o romance e a compreensão perfeita da emoção, portanto, costumo chamar esse momento íntimo de sexo amoroso, onde não existe desarmonia entre os amantes. Aqui tudo é perfeito. Ambos se perdem um no outro e se transformam num só corpo. É nesse momento que a divindade se revela.

Entretanto, feliz do homem cuja sua mulher entende as verdadeiras relações entre as emoções do sexo amoroso e romântico. Para o homem apaixonado e motivado por este triunvirato sagrado, nenhuma tarefa é pesada, porque até os mínimos esforços se transformam em tarefa de amor. Sempre digo, o bom amor é aquele que transforma as pessoas em seres cada vez melhor e mais humanos. Valores esses que as pessoas estão trocando pelas redes sociais. E, contudo, estão cada vez mais se desumanizando.

Todavia, se a mulher permite que o seu homem perca o interesse nela e se interesse por outras mulheres e vice e versa, é geralmente pela ignorância ou indiferença do ser humano, em relação às trocas de caricias e contatos prazenteiros. Essa afirmação pressupõe que um dia existiu amor verdadeiro entre eles. Aquela conversa azeda de que você nunca me amou, solapa nas bases e não se fundamenta. Contudo, muitas vezes os casais, brigam por múltiplas trivialidades. Se analisarmos com precisão, a causa real dos aborrecimentos pode com frequência ser encontrada na indiferença ou ignorância de ambos nos assuntos afetivos. Nenhum e nem o outro sabem olhar com a alma e com o coração para perceberem o amor que sentem.

Portanto, com o agravante do advento da internet, que resultou no empobrecimento espiritual e na perda da diversidade cultural por efeito do uso excessivo das pessoas nas redes sociais. Em particular aquelas que dizem amar profundamente, mas priorizam relacionamentos virtuais. Posso dizer sem medo de errar, que a maior aprendizagem da vida é saber aproveitar os momentos com a pessoa que a gente gosta ou ama sinceramente. Contudo, o mundo só começará a se tornar mais humano quando tivermos consciência e passarmos a agir com gentileza, respeito e AMOR. Só então podemos dizer que somos de verdade um povo feliz. Pois quando esse dia chegar saberá ouvir e respeitar o outro.          

11 de dezembro de 2012

FÉ NA INTELIGÊNCIA INFINITA

Vivemos em um mundo de bebidas instantâneas, alimentos instantâneos, cidades instantâneas, quase tudo instantâneo. Lamento não poder oferecer uma confiança ou cresça instantânea. A confiança ou a fé é algo que deve ser aprendido e alimentado por todos nós. Mas, espero já ter plantado algumas sementes de fé e confiança em pessoas que me conhecem de perto e que certamente irão cultivá-las.

Três sementes de fé e confiança que considero de vital importância para formarmos o triângulo do sucesso. A fé na nossa espantosa riqueza interior com a qual podemos criar qualquer modalidade de sucesso que se deseja. A fé e confiança em nós como mentes conscientes que somos, pois é essa consciência que nos torna senhor do presente e do futuro. E por ultimo a fé na existência de uma inteligência infinita que da ordem ao Universo e que nos proporciona ajuda e orientação em todos os empreendimentos, desde que lutemos tenazmente, com entusiasmo e decisão inabalável, removendo as barreiras que o condicionamento passado, colocou entre nós.

Somos seres conscientes, essa é a nossa identidade. A parte de nós que chamamos de Eu é a mente consciente. Embora ela seja espiritual, impossível de ser localizada e vista com olhos físicos, estamos absolutamente cientes de nossa existência e do que ela é capaz de realizar, através da força, do poder e da inteligência que extraímos da sabedoria infinita. Entretanto, a nossa verdadeira vida é mais do que um corpo físico. A verdadeira vida é o nosso ser espiritual e a nossa mente consciente.

Entretanto, nós temos o poder de atrair ou repelir toda e qualquer coisa. Temos o poder de subir grandes alturas na escada da realização pessoal e prosseguir em ascensão. Porque temos esse poder dentro de nós, está sempre trabalhando a nosso favor como também contra nós. Infelizmente, muitas vezes damos aos outros os nossos poderes, por exemplo: Quando alguém nos diz que não somos inteligentes para isso ou aquilo, passamos a considerar como tal. Quando dizem que somos indecisos, aceitamos este fato como verdadeiro e passamos a agir inseguramente. Quando alguém nos diz que não merecemos a sua confiança, passamos a duvidar de nós mesmos. Assim, como também de quem nos aproxima.

Portanto, quando conseguirmos modificar a nossa maneira de pensar, começaremos a experimentar novos sentimentos. Sofro não pelo o que os outros pensam de mim, mas, sim por aquilo que imagino que eles estejam pensando ao meu respeito. Contudo, a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que a gente não ve mais confia. Firme na fé e na confiança, como quem ve aquilo que é invisível. É um olhar da alma com o coração. Confiança inabalável e sem o menor vestígio de duvida. É nessa atmosfera que o Amor surge e se cristaliza.    

9 de dezembro de 2012

O OUTRO LADO DA MOEDA

Reduzir o pensamento do economista e filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) ao materialismo dialético é um grande equívoco, na visão de estudiosos contemporâneos. Todavia, antes mesmo da concepção de sustentabilidade e das preocupações ambientais modernas, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidados com a natureza. Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto, esses conceitos dividem opiniões até hoje. Só não é mais difundida e discutida por causa de interpretações enviesadas de muitos de seus discípulos e críticos, até mesmo pela falta de contextualização dos seus estudos. Contudo, quando o mundo ainda não tratava da sustentabilidade, Marx já falava em outras palavras sobre a importância do consumo consciente e de uma economia equilibrada, da justiça social e da manutenção da qualidade do meio ambiente.

Os conceitos expressos pelo filósofo Marx nos remetem aos temas hoje muito discutidos, de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e aquecimento global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O modelo de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no século XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo contemporâneo, desde aquela época (O Capital – 1867). As reflexões de Marx se sobressaltam, aproximando-o de questões ambientais e de qualidade de vida, diante das quais podemos concluir que as discussões que assolam nossos dias e que abordam consumo excessivo e poluição, já eram uma preocupação para o filósofo, no século XIX.

Fazemos parte de um mesmo planeta, do mesmo ecossistema e nada mais justo do que nivelarmos por cima e equilibrar a economia e melhorar em termos de qualidade de vida e de justiça social. Devolvendo a dignidade de um povo, onde uma parcela significativa vive abaixo da linha de pobreza, na mais extrema miséria. Por que estou puxando para esse contraponto dos estudos de Marx?  Exatamente, para dizer que o capitalismo não é tão nefasto com muita gente diz ou imagina. Hoje já existem estudos, que mostram como é possível combater a desigualdade social e equilibrar a distribuição de renda.

Ao contrário do que muita gente diz o capitalismo não é algo horrível. Na verdade, um dos melhores sistemas que a humanidade tem até hoje é exatamente o capitalismo, isso não significa que talvez não surja um novo sistema que seja melhor do que o capitalismo. No feudalismo, que foi um sistema que precedeu o capitalismo, os vassalos (servos) nasciam pobres, viviam na pobreza, morriam pobres e seus descendentes teriam como herança unicamente a pobreza de seus ancestrais, isso porque no feudalismo não existia ascensão social, as pessoas que fossem pobres seriam pobres para sempre, tantos aqueles quanto seus descendentes, enquanto vivessem.

Wallace D. Wattles (1860-1911) escreveu um livro interessante “A Ciência de Ficar Rico”. Esse livro foi inspirador na obra O Segredo, de Rhonda Byrne (1951), do chamado Movimento do Novo Pensamento. Wattes foi um homem que passou grande parte da sua vida por dificuldades financeiras. Depois de estudar muito Filosofia e Religião, começou a pôr em prática a técnica da visualização criativa e a escrever acerca do Novo Pensamento, atividades estas que lhe trouxeram bastante sucesso e segurança financeira.

Wattles argumentava: “o que quer que se diga em louvor da pobreza, o fato é que não é possível viver uma vida realmente próspera e de sucesso quando não se é rico. Ninguém consegue chegar ao mais alto patamar do talento ou do desenvolvimento espiritual sem ter dinheiro suficiente. Para despertar espiritualmente e desenvolver o talento, deve-se ter muitas coisas e não se pode tê-las sem dinheiro para comprá-las. Contudo, uma pessoa desenvolve-se mental, espiritual e fisicamente usando coisas materiais, e a sociedade é organizada nesse sentido, para que tenhamos dinheiro e posses. Portanto, a base de toda evolução deve ser a riqueza. O objetivo de toda vida é a evolução, e tudo que vive tem um direito inalienável a toda evolução que é capaz de ter. O direito pessoal à vida é o direito de ter livre e irrestritamente o uso de todas as coisas materiais necessárias o seu total desenvolvimento mental, espiritual e físico; ou seja, o direito de ser rico".

Entretanto, além do feudalismo tivemos na história também a ideia de comunismo em que as pessoas tinham a mesma quantia em dinheiro, vestiam o mesmo tipo de roupa, com exceção do líder que podia ter tudo o que quisesse. Isso é ruim, porque as pessoas não são iguais, imagine você vivendo num mundo onde não pode se desenvolver, onde por mais que se esforce nunca vai ganhar um dinheiro a mais? Isso tem pouca diferença com o feudalismo. No caso de um regime político chamado Monarquia, você vale o quanto agrada o Rei, dessa forma o Rei pode decidir a qualquer momento que você fique pobre ou rico dependendo da vontade dele, pois em uma monarquia não existe cidadão, existem súditos, todos os habitantes do país são súditos e a ideia de súdito é a de propriedade do Rei, ele faz contigo o que ele bem entender.

O lado bom do capitalismo, segundo o administrador e empresário Diego Gualhardi, é que se você nasce pobre, certamente poderá tornar-se rico, evidentemente, com o seu esforço e trabalho, só assim terá o suficiente em dinheiro para continuar a sua vida. O lado ruim é que se você nasce rico, pode tornar-se pobre do dia para a noite, caso não faça uma boa administração do seu dinheiro. Esse é o lado cruel do capitalismo, porque a queda é rápida demais e fatal para o rico.

Por outro lado, com o advento do capitalismo veio a necessidade de podermos evoluir intelectualmente e economicamente sem ter que dar contas a nenhum soberano, o lado ruim é que o capitalismo estimula a competição já que todos podem se tornar pobres e todos podem se tornar ricos. O mal do capitalismo é que valemos pelo que ganhamos e temos, mas o lado bom é que sempre vamos nos alimentar exatamente daquilo que produzirmos e não menos que isso. Não estou defendendo o capitalismo e nem negando a sua importância, estou mostrando o outro lado da moeda que poucos conseguiram ver até hoje. Na verdade, quais eram as preocupações de Marx?

Para o sociólogo e doutor em história Marcos Lobato Martins, na sua obra “História e Meio Ambiente”, diz que seria um equivoco colocar Marx entre os adeptos do paradigma de que os seres humanos estão imunes aos fatores ambientais e econômicos. Outro que também enfatiza essa questão ambiental e o equilíbrio social é o cientista e sociólogo John Bellamy Foster, ao afirmar que o capitalismo sujeitou os países e os governos das cidades. O capitalismo criou cidades enormes, aumentou muito a população urbana em comparação com a rural e, assim, resgatou uma parte considerável da população urbana em comparação da idiotia da vida rural – idiotia que deriva do grego idiotes, que significa o cidadão que foi excluído da vida pública. Na visão marxista, a palavra idiotia tinha exatamente essa conotação de exclusão. Havia sim, por parte de Marx, uma preocupação com os cuidados em relação ao meio ambiente, como a sustentabilidade através de uma economia equilibrada e com justiça social. Todavia, quando comparamos tudo isso ao capitalismo com outros regimes políticos e econômicos, como no caso do feudalismo, da monarquia, do imperialismo, do comunismo, isso nos traz uma certa alegria, de hoje vivermos no regime capitalista.
 
Portanto, o potencial do homem, para Marx é um potencial dado. O homem é por assim dizer a matéria prima humana e como tal não pode ser modificada. Todavia, o homem de fato muda no decurso da história, ele se desenvolve e se transforma, ele é o produto da história. Como seu próprio produto, ele faz a história. A História é a história da autor-realização do homem, ele nada mais é que a autocriação por intermédio de seu próprio trabalho e produção. Como diz Erich Fromm: “o conjunto daquilo a que se denomina história do mundo não passa de criação do homem pelo trabalho humano e o aparecimento da natureza para o homem; por conseguinte, ele tem a prova evidente e irrefutável de sua autocriação, de suas próprias origens”. Contudo, o homem é autor e ator da sua própria história. Assim como todas as Igrejas de denominação Cristãs são ricas, nós, como filhos de Deus também temos direito à riqueza. Esse é o Novo Pensamento.

27 de novembro de 2012

ACEITAMOS, MAS NÃO DEVERÍAMOS

Quero nessa reflexão pegar um gancho da escritora Marina Colasanti (1937), que escreveu um belo texto em que dizia: “eu sei que a gente se acostuma, mas não deveria. A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora de levantar para mais um dia de trabalho. A gente se acostuma tomar o café correndo porque está atrasado. Ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A gente se acostuma a deitar cedo e dormir pesado sem se dar conta de ter vivido mais um dia. E cada dia que passa é um dia a menos que temos para viver

Acordamos logo de manhã no dia seguinte e funcionamos o dia inteiro, como se fôssemos um robô, andamos pelas ruas parecendo cadáveres ambulantes, trombando com quem vai à frente e nem sabemos qual foi o nosso prato no almoço. Vivemos uma vida automatizada e achamos que isso nos basta como princípio de qualidade de vida.

Ao estudar a história da humanidade, percebemos que todos os grupos humanos em diferentes épocas cultivaram esperanças em relação ao futuro, sonhando com a liberdade, com um mundo de justiça, de respeito à vida, enfim, esperança de uma vida melhor tanto na esfera pessoal como na coletiva. Com a rapidez do mundo moderno, e também com a facilidade e a velocidade da era da informática, sentimos o tempo passar rápido demais, não paramos para pensar e assimilar os acontecimentos diários a nossa volta. Assimilamos uma ideologia que não tem a ver conosco e aceitamos naturalmente. Pouco ou quase nada é o nosso poder de decisão, mesmo em família.

Constata-se que é na esperança que encontramos coragem para lutar contra os grandes horrores e barbáries presentes na história humana. Todavia, nosso tempo vive uma escassez de esperança. As pessoas não se entendem mais, fala-se na morte das utopias, no fim do mundo. Assistimos diariamente a intolerância da humanidade na qual estamos inseridos. Paira no ar uma apatia, uma angústia constante, uma depressão nos ameaçando a todo o momento, desencanto amoroso, vazio existencial, o tédio da vida sem graça, desertos da alma e a necessidade de fuga do mundo. As pessoas não acreditam mais no futuro e nem nelas mesmas. Até parece que os horizontes de esperança foram deletados. Quem cultiva a esperança é considerado um ingênuo frente à dureza dos fatos apresentados pela realidade cotidiana. Não confiamos mais nas pessoas e nem nas instituições. Mas aceitamos.

Certa vez li do escritor suíço Olivier Clerc (1961) uma anedota sobre a rã que não sabia que estava sendo cozida. Na verdade, não é bem uma anedota, porque põem em evidência as funestas consequências da não consciência da mudança que afeta nossa saúde, nossas relações afetivas, a evolução social e o ambiente em geral. “Imagine uma panela cheia de água fria, na qual nada, tranquilamente, uma pequena rã. Um pequeno fogo é aceso embaixo da panela, e a água se esquenta muito lentamente. Pouco a pouco a água fica morna e a rã, achando isso bastante agradável, continua a nadar. A temperatura da água continua subindo. Agora a água está quente mais do que a rã pode apreciar, ela se sente um pouco cansada, mas não se amedronta. Agora a água está realmente quente e a rã começa a se incomodar e achar desagradável, mas está muito debilitada, então, suporta e não faz nada. A temperatura continua a subir até quando a rã acaba simplesmente cozida e morta”.

Se a mesma rã tivesse sido lançada diretamente na água a cinquenta graus, com um golpe de pernas ela teria pulado imediatamente para fora da panela. Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um modo suficientemente lento, isso escapa da nossa consciência e não desperta a nossa atenção para uma ação efetiva. Na maior parte dos casos, não desperta reação alguma, oposição alguma ou algum tipo de revolta.

Portanto, se  olharmos para o que tem acontecido em nossa sociedade desde há algumas décadas, poderemos ver que nós estamos sofrendo uma lenta mudança no modo de viver e o pior é que estamos nos acostumando a tudo isso. Por conseguinte, uma quantidade de coisas que nos teriam feito a se horrorizar a vinte, trinta ou quarenta anos atrás, foram pouco a pouco banalizadas e, hoje, apenas nos incomodam ou nos deixam completamente indiferentes à maior parte das pessoas. Contudo, as previsões para o nosso futuro, em vez de despertarem reações e medidas preventivas, ela não fazem outra coisa a não ser a de preparar psicologicamente as pessoas a aceitarem algumas condições de vida decadentes, ou melhor, dramáticas. Acostumamos, mas não deveríamos. Vamos ter o destino que merecemos por conta da nossa indiferença.      


26 de novembro de 2012

A MÍSTICA DO AMOR

Todo amor demanda uma magia, uma mística que só os amantes sabem sentir e compreender esse fenômeno. Custou muito para eu chegar a essa conclusão. Penso que toda pessoa que ama deve dizer: “Amo pelo prazer que tenho quando estou ao seu lado. Amo pelo desejo de viver esse mistério com você”. Não existe amor onde não existe desejo e excitação, pois a mística do amor está no encontro dos dois corpos. Não há explicação para o que acontece entre quatro paredes. Ambos são tomados por uma atmosfera divina no momento do êxtase.

Não há vontade de desistir desse abismo atraente, que soa insondável, que penetra no proibido, que se esforça por segurar o impalpável amor e ver no invisível, sentir a presença da divindade e, é nesse momento que se encontra o alívio ilimitado transcendental desse amor.

Segundo Leo Buscaglia, um dos maiores escritores acerca do Amor nos últimos tempos, que coincidentemente faleceu aos 74 anos no dia dos namorados, 12 de junho de 1998. Ele dizia que: “viver no amor é o maior desafio da vida. Exige mais sutileza, flexibilidade, sensibilidade, compreensão, aceitação, tolerância, conhecimento e força, muito mais que em qualquer outro esforço ou emoção, pois o amor e o mundo de hoje atuam como se fossem duas grandes forças contraditórias. Por outro lado, a pessoa deve saber que só sendo vulnerável pode verdadeiramente oferecer e aceitar amor”. Ao mesmo tempo sabemos que se revelarmos através dessa vulnerabilidade na vida diária, em geral corremos o risco de sermos explorados. Quanto mais sensível for tanto o homem quanto a mulher, maior possibilidade existe para uma frustração amorosa trágica e mortífera. Como dizia o poeta Gonzaguinha: “há um lado carente dizendo que sim. E essa vida da gente gritando que não”.

Portanto o verdadeiro amor é algo cósmico, místico, único e sem repetição, esse tipo de amor não se pode fazer aleatoriamente, uma segunda ou terceira edição, ele está para além do nosso alcance, é algo que nos acontece e não está em nosso poder fazer com que aconteça pela segunda ou terceira vez. Algo o partiu e como um delicado cristal da alma que amava não há conserto. O verdadeiro amor não aparece todos os dias ao gosto do consumidor, como imaginamos. E quem acredita na possibilidade de curar um amor arrumando outro, está completamente equivocado. Isto só vem provar a horripilante superficialidade com que tratava o amor anterior. Contudo, é no amor romântico que reside o segredo da alegria que sempre acompanha a vida. A vida, quando plena, é exuberante em alegria, por conta dessa mística do amor romântico, tende a fazer com que enxerguemos que estamos em estado de alma gêmea, ligadas para sempre, mesmo na distância.    

25 de novembro de 2012

SER RELEVANTE É UMA VIRTUDE

Todo ser humano na sua essência busca a harmonia e a paz, luta para um dia encontrar o amor Eros. Aquele amor do paraíso, dos deuses e venerado pelos mestres e iluminados. Aquele êxtase que encontramos quando estamos físico e espiritualmente tomado por esse amor. Mas quando o encontramos não tratamos com os devidos cuidados que demanda a preservação de algo tão sublime. Não temos absolutamente nenhuma dificuldade em fugir desse amor mesmo sabendo que dele necessitamos. Principalmente, quando um conflito ou incompatibilidade de opiniões floresce entre os eternos apaixonados. Não pensam duas vezes em duvidar e dar adeus a esse amor. Por outro lado, sentem que esse amor é verdadeiro, mesmo assim insistem em desistir. É o mesmo que declarar a nossa morte. Negar o amor é o mesmo que dar as costas para o futuro. Pois o que plantamos hoje será colhido por nós amanhã.

Na epopéia medieval, encontramos todas as características daquilo que é relevante no amor sincero. Uma história sublime de amor e de morte, narra o romance entre Tristão e a rainha Isolda. A narrativa mostra como eles na sua inteira alegria, mas também tristezas se amaram um ao outro e, como por fim, morreram nesse amor no mesmo dia. Embora a história de Tristão e Isolda seja trágica e não como os contos de fadas, onde foram felizes para sempre, que muitos costumam entender isso como o verdadeiro romance. Nessa história mitológica nos é mostrado o outro lado da moeda. Predomina um arrebatamento transbordante pelo amor à vida e pelo êxtase sexual que, inevitavelmente, conduz à premonição da morte de ambos. Onde o amor impera como sempre, os apaixonados sentem o prazer e a dor de viverem esse desafio.  

O amor é basicamente isso, escolhemos morrer juntos. Fazemos pactos e levamos a sério o que um diz para o outro. Morremos na certeza de que nunca mais iremos amar. Separamos mas não desistimos do amor quando ele é verdadeiro, porque as almas ainda continuam juntas. Embora sejamos pouco relevantes com o amor quando ele aparece. Pois facilmente o rotulamos de mentiroso e o desprezamos sem compaixão, demonstrando a nós mesmos o quanto somos pequenos e mesquinhos, diante da grandeza do amor. 

Portanto, os amantes e apaixonados, quando atingem o clímax do amor romântico, não desejam mais existirem como vida individual, querem integrar nessa fusão ao todo universal e sentirem juntos o contato com a divindade. Contudo, quem não quer morrer não ama. Não há amor sem morte. Ambos sentem vagamente que a desejada fusão dos dois é vedada pela barreira dos corpos e, que com a morte individual essa barreira desaparece tornando os corpos extensão um do outro. Ao tocarem a divindade deixam de existir enquanto matéria, para se transformarem em únicos, num corpo totalmente espiritualizado. Acaba o medo, o pudor e a vergonha um do outro. Somos duas pessoas numa só carne, num só corpo unidos pela divindade.      

11 de novembro de 2012

A MORTE É ONDE MORA A SAUDADE

Eram aproximadamente oito horas da noite, do dia vinte e cinco de agosto de dois mil e dez, quando caminhava com a minha filha Maria Eduarda, que contava na época com cinco anos de idade. De repente ela parou olhando para o céu e apontando de tal forma para uma estrela que brilhava e disse: “pai, aquela estrelinha é avó Lazinha”. Emudeci por alguns minutos, sem saber o que responder. O mais impressionante é que fazia somente dois dias que a minha mãe havia falecido. Minutos depois, retomei a conversa com ela, fazendo- lhe a seguinte pergunta: “Como sabe que aquela estrelinha é a avó Lazinha? Ela não teve dificuldade para responder. “Sabe pai, quando a gente morre, a gente vira estrelinha”. Foi então que me dei conta de que ela havia assistido ao filme do Walt Disney “A Princesa e o Sapo”. O filme traz um personagem curioso chamado Ray, um vagalume, que vive um amor platônico por uma estrelinha chamada Envagelini. Num dado momento, Ray morre e minutos depois se transforma em outra estrelinha e aparece ao lado da estrela Envagelini. A mensagem que fica desse personagem  Ray é que toda pessoa ao morrer torna-se uma estrela e estarão todas as noites brilhando no céu. Nunca esqueci essa cena com a minha filha. O brilho em seus olhos ao mostrar aquela estrelinha. Como diz Rubem Alves: “a morte é onde mora a saudade”.

Certa vez li uma crônica de Millôr Fernandes, que trazia como título: “A morte da tartaruga”. Conta a história de um garoto que foi ao quintal de sua casa e voltou chorando. A tartaruga de sua estimação tinha morrido. O menino não se conformava com a cena do bichinho morto. A mãe foi ao quintal com ele, mexeu na tartaruga com um pau e constatou que a tartaruga tinha morrido mesmo. Diante da confirmação da mãe, o garoto pôs-se a chorar ainda com mais força. A mãe a principio ficou penalizada, mas logo começou a ficar aborrecida com o choro do menino. “Cuidado, senão você acorda o seu pai”. Mas o garoto não se conformava. Pegou a tartaruga no colo e pôs-se a acariciar-lhe o casco duro. A mãe disse que comprava outra, mas ele respondeu que não queria, só interessava aquela, viva! A mãe lhe prometeu um carrinho velocípede e lhe prometeu uma surra, caso não parasse com aquela choradeira. Mas o pobre menino parecia estar mesmo profundamente abalado com a morte do seu animalzinho de estimação.

Entretanto, com tanto choro, o pai que estava descansando depois de uma longa noite de trabalho, acordou com o barulho. Levantou para certificar o que estava acontecendo. O garoto prontamente mostrou-lhe a tartaruga morta. A mãe disse: “já conversei com ele e até prometi outra tartaruga, mas não adianta ele continua berrando desse jeito”.
O pai examinou a situação e propôs o seguinte: “Se a tartaruga está morta não adianta mesmo você chorar filho. Deixa-a e vem aqui com o pai, pois tive uma idéia”. O garoto colocou cuidadosamente a tartaruga junto ao tanque de água e seguiu o pai, pela mão. O pai serenamente sentou-se na poltrona, botou o garoto no colo e disse: “Eu sei que você sente muito a morte da tartaruguinha. Eu também gostava muito dela. Mas nós vamos fazer pra ela um grande funeral”. O menininho parou imediatamente de chorar. “O que é funeral?” O pai lhe explicou que era um enterro. “Olha, nós vamos à rua, compramos uma caixa bem bonita, com bastante bala, bombons, doces e voltamos para casa. Depois botamos a tartaruga na caixa em cima da mesa da cozinha e rodeamos de velinhas de aniversário. Convidamos os seus amiguinhos, acendemos as velinhas, cantamos o Feliz Aniversário pra tartaruguinha morta e você assopra as velinhas. Depois pegamos a caixa, abrimos um buraco no fundo do quintal, enterramos a tartaruguinha e botamos uma pedra em cima com o nome dela e o dia em que morreu. Isso é funeral! Vamos fazer isso?”

Depois de ouvir o pai, o garoto já estava com uma carinha melhor. “Vamos papai, vamos! A tartaruguinha vai ficar contente lá no céu, não vai? Olha, vou buscar ela”. E saiu correndo. Enquanto o pai trocava de roupa, ouviu um grito no quintal. “Papai, papai, vem ver, ela está viva!” O pai sai correu para o quintal e constatou que era verdade. A tartaruga estava andando de novo sem nenhum problema. “Que bom heim?” Disse o pai. “Ela está viva! Não vamos ter que fazer o funeral”. “Vamos sim, papai”, disse o menino ansioso, pegando uma pedra “Eu mato ela com uma pedrada”.

Portanto, como toda história tem a sua moral e com essa não poderia ser diferente. Ou seja, o mais importante não é a morte, mas o que ela nos tira. Seja uma pessoa, seja um animalzinho de estimação ou mesmo a morte de um grande amor que não temos mais e que hoje nos faz muita falta. Contudo, o que fica é a saudade na lembrança de algo que nos foi tirado.

9 de novembro de 2012

A ARTE DE PERCEBER O OUTRO

As relações humanas, ao contrário do que todo mundo acha, estão deveras, muito longe de ser uma relação pautada no diálogo, na compreensão e no desenvolvimento dos seres humanos. Presenciamos em todos os seguimentos sociais cada um defendendo o seu ponto de vista e não consegue ouvir e nem entender o outro. Isso acontece no Supremo Tribunal Federal, nas famílias, nos relacionamentos amorosos e até no trabalho. A maior dificuldade é quando se pretende estabelecer um diálogo e a cooperação efetiva entre as pessoas. Como dizia o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa, “existe um preconceito lógico, situado nas raízes da inteligência. Ele cria um vicio, porque não conversamos e não escutamos o outro. Não fazemos e ninguém faz quase nada do que diz. Não dizemos e ninguém diz quase nada do que faz”.

A conversa, em suma, não é nada do que está sendo falado. É preciso começar daí. Na verdade, a maior parte do tempo ela está muito próxima de ser o contrário do que está sendo dito. Tem tudo a ver com um palco onde cada um tenta, continuadamente, representar como ele gostaria de ser. Pouco ou quase nada tem a ver com o que as pessoas fazem, sentem ou acham que são. Estão completamente alienadas no seu mundo de ilusão. E não percebem o isolamento que estão criando em torno de si. Muitas vezes procuramos a felicidade, mas não acreditamos no amor.

Às vezes, nós não compreendemos por que temos certos tipos de comportamento ou atitudes. Não tentamos verificar que isso pode acontecer, porque trazemos dentro de nós conflitos que não conseguimos resolver. Esses conflitos íntimos impedem nossa maneira eficiente de agir e conhecer melhor o outro. As pessoas não percebem a atmosfera psicológica que criam em ambientes como o trabalho, no lar com a família, nas relações amorosas, etc. Elas não percebem que o seu comportamento está afrouxando os laços afetivos nas suas relações.

Entretanto, pessoas que não aceitam críticas e quando surge um conflito que demanda diálogo, prontamente ela se arma de algum tipo de defesa, para fugir às ameaças e não enfrentá-las na base de uma conversa franca e aberta, ouvindo os contras e os prós, sem acusações. Pessoas que acusa a outra é o tipo mais odioso de se relacionar. Elas se julgam certinhas. Não conversam e com isso perdem uma grande oportunidade de conhecer o outro e ter seus conflitos amenizados. Por outro lado, se a pessoa procurasse mais pensar como age e porque age e tentar descobrir maneiras para compensar tais comportamentos, isso ajudaria a agir com mais segurança e eficiência no relacionamento interpessoal e na compreensão intrapessoal.

Por conseguinte, uma pessoa que tem o triste vício de fumar, por exemplo, pode achar que todos ao seu redor deveriam fumar assim se incomodaria menos com ela. Pessoas que são agressivas acreditam que todo mundo a provoca. Elas são capazes de invadir e violar a privacidade de alguém, só para manipular informações e construir provas e com isso mostrar que estão certas. Isso é muito comum nas redes sociais. Usam de falsidades ideológicas a título de se convencer que estão falando a verdade. São pessoas completamente doentes e infelizes na sua subjetividade. Sobretudo, porque são criticas e encontram dificuldades para fundamentar suas razões, porque baseia suas vidas em meras opiniões, forjando situações para sustentar sua lógica e detonar o outro.

Todavia, é muito difícil entender alguém sem primeiro estabelecer com essa pessoa um diálogo em vez de censurá-la. Podemos conhecer melhor as pessoas, observando o seu comportamento, dando a ela a oportunidade de expor seu pensamento, sentimento e ações. O não conseguir conversar é uma pratica muito comum quando se têm um pensamento rígido, sentimentos cristalizados, que mudam e que bitola o comportamento da pessoa no entendimento com o outro. A pessoa passa a ver e a julgar o outro com base no seu estereótipo, para alguém estar certo tem que agir de acordo com ela. Esse comportamento chama-se estereótipo porque se trata de uma pessoa rígida e cristalizada nos seus princípios e atitudes diante da circunstância em que vive.

Portanto, é na comunicação com o outro que buscamos a experiência de nos sentirmos vivos, de tal forma que nossas experiências no nível puramente físico tenham ressonâncias internas no mais profundo do nosso ser e da nossa realidade. Contudo, só vamos compreender o outro e o mundo em que vivemos se agirmos com delicadeza, compaixão, dialogando e examinando os pontos de vista de cada um, procurando ouvir mais o outro. Porque quando alguma coisa dói em nós, só vamos resolver a custa de muita conversa, ou seja, falando sobre nossos medos e nossas dores, assim como ouvindo os medos e as dores do outro, sem censura. A verdade alivia mais do que machuca. E estará sempre acima de qualquer falsidade como o óleo sobre a água. Enfim, quando nos desesperamos, por não ser compreendidos, lembremo-nos que em toda a história, a verdade e o amor sempre venceram. Houve tiranos e assassinos, assim como psicopatas que pareciam invencíveis. Mas, no final, essas pessoas caem. Como dizia Nelson Rodrigues, “toda pessoa tem o seu dia de Hiroshima”.          

29 de outubro de 2012

ALCANCE DA MENTE NO TEMPO

Naturalmente na nossa vida diária, presenciamos fatos extraordinários que na maioria das vezes escapam do nosso conhecimento e explicação racional. Sobretudo, quando se trata de acontecimentos estranhos em torno de pessoas queridas, ou seja, de pessoas que gostamos muito e que fazem parte do nosso circulo de afetividades.

Um casal de amigos relatou certa vez um fato muito curioso que ocorreu com eles. Ambos estavam separados e não se viam e nem se falavam a mais de uns cinco dias. Com muita saudade o rapaz mandou um email para a namorada, que dizia o seguinte: ”te amo tanto”, e a mensagem trazia frases poéticas e românticas. No mesmo dia e na mesma hora a moça posta uma mensagem musicada intitulada: “eu te amo tanto”, uma canção romântica do cantor Roberto Carlos, praticamente com os mesmos dizeres. O curioso é que ambos só tomaram conhecimento das mensagens horas mais tarde. Nenhum dos dois sabia da mensagem, mas pensaram e tiveram o mesmo sentimento simultaneamente. Esse fato foi comprovado pelos amigos mais próximos.

Outro caso curioso que ilustra bem essa comunicação telepática aconteceu em Campinas, cidade que fica no interior do Estado de São Paulo. Foi até publicado em livros esse fato. Uma jovem desperta de repente após uma noite de sono e verifica no relógio que são seis horas e trinta e cinco minutos, nesse exato momento o relógio para. Ao sentar na cama, ela vê refletido no espelho do guarda roupa a imagem do seu noivo, que deveria estar a trezentos km de distância. Achou que era uma miragem, talvez por estar pensando nele naquele momento e não deu muita importância ao fato. Por volta das nove horas, ela recebe um telefonema avisando que seu noivo havia sofrido um acidente de carro às seis horas e trinta e cinco minutos da manhã e estava hospitalizado. O carro foi abalroado por um caminhão desgovernado.

Fatos como esses é comum no nosso dia a dia. Quem já não pensou em uma pessoa que não via há muito tempo e de repente do nada a pessoa aparece ou telefona. Quantas vezes a gente não está andando pelas ruas pensando numa determinada pessoa e de repente ao virar a esquina tromba com a mesma, e logo vem àquela velha frase: “você não morre mais”, estava pensando em você. Às vezes o outro não acredita muito. Mas é a mais pura verdade, essas coisas acontecem de fato.

Outro dado para ilustrar esse alcance da mente. Também foi publicado em livros. Uma menina de dez anos de idade estava em uma praça perto de casa, com duas amigas estudando matemática, matéria para prova na escola. Quando de repente tudo que a rodeia se desvanece para ela e aparece nitidamente sua mãe caída sobre o chão de um quarto que não era usado na sua casa. A visão foi tão clara e detalhada, que a menina percebe até um lenço bordado de renda que está a pouca distância da mãe. Tão real era a aparição que, logo que desaparece, a menina em vez de voltar para casa, corre a procura do médico que atendia no Posto de Saúde ali perto.

A menina não pode dar muitos detalhes ao médico, porque a mãe, na realidade, estava em perfeito estado de saúde e naquele momento, deveria estar ausente de casa. Mas lhe conta a visão e o convence a ir com ela até a casa. O médico vai mais para tranqüilizar a menina do que por outra coisa. Chegam correndo os dois o médico levando tudo na brincadeira para acalmar a garotinha nervosa e, encontram o pai na porta muito tranqüilo e sereno. Naturalmente o pai estranha a chegada do médico, tão apressado e pergunta o que está acontecendo. “É a mamãe” responde a menina e conduz o médico e o pai ao quarto abandonado. Lá exatamente como tinha visto e descrito a menina encontraram a mãe, deitada no chão, o lenço de renda perto.

A pobre senhora tinha sofrido um ataque cardíaco. Depois de atendê-la e encaminhar para o hospital, declara o médico que, se não tivesse chegado imediatamente, demorado um pouco mais o desenrolar desse episódio teria sido fatal. No caso a menina teria visto mesmo à distância a realidade de um quarto abandonado e a mãe no chão desfalecida, assim como viu também o lenço de renda ao lado da mãe no chão. Tudo indica que a menina teria conhecido o pensamento, consciente ou inconsciente que certamente a mãe tinha do seu estado de saúde e lugar onde se encontrava no chão. A menina teve uma clarividência. Vamos analisar se existe ou não uma faculdade de conhecimento paranormal em nós, capaz de conhecer e captar fatos perto ou distante do nosso habitat.

O primeiro grupo de estudos sobre telepatia e clarividência começou com a Sociedade para Pesquisa Psicológica de Londres em 1882. Depois de anos estudando fenômenos paranormais, já na Universidade de Duke na Carolina do Norte EUA, em 1934 o pesquisado e professor de psicologia, Joseph Banks Rhine (1895-1980), considerado o pai da parapsicologia, chegou à seguinte conclusão. Que existe de fato uma faculdade de conhecimento paranormal em nós, chamada psi-gamma, palavra que tem origem no grego e significa: conhecimento da alma, capaz de conhecer passado, presente e futuro numa margem de dois séculos, mais ou menos, ou seja, cinco gerações.

Portanto, esta faculdade do nosso inconsciente, que todos nós temos, é capaz conhecer tudo que ocorre perto ou distante de nós. A psi-gamma prescinde da distância e do tempo, alcança milhares de quilômetro, não existe nenhum obstáculos para conhecer e captar telepaticamente os acontecimentos do nosso mundo. É uma faculdade de percepção extra sensorial, que existe em todo ser humano, mas nem em todos se manifesta, exceto algumas pessoas em circunstâncias especiais. Sente-se que algo está acontecendo, mas não sabe interpretar. É um fenômeno espontâneo e está sempre relacionado com pessoas próximas de nós, ou seja, com pessoas do nosso circulo de amizade e de nossa relação afetiva.            

21 de outubro de 2012

MAIS AMOR E MENOS DOR

Ao assumir uma relação de cumplicidade com outra pessoa, seja no casamento ou entre namorados, ou seja, qualquer tipo de vida a dois em comum, a pessoa esta abrindo para si mesma e para o seu parceiro a possibilidade ou a chance de serem felizes juntos. Mas por trás dessa esperança de harmonia existe uma dura realidade.

Entretanto, quanto mais os dois desejam permanecerem juntos, mais eles brigam para mostrar quem tem mais razão e assumir o domínio da relação. Para o psicoterapeuta e educador Harville Hendrix, que trabalha com psicoterapia de casais, argumenta que as frustrações do casal originam-se de necessidades não satisfeitas na infância e como à pessoa tenta inconscientemente removê-las usando táticas infantis, provocando na relação um desgaste de sentimentos.

Todavia, se a pessoa não está recebendo o amor que esperava do outro, o mais indicado para salvar a relação amorosa neste caso é a busca do diálogo aberto e franco. Comunicar-se com clareza e respeito pelo outro. Recorrer com maior precisão e sensibilidade. Abandonar atitudes chantagistas do tipo: “é sua obrigação”, “você devia”, sinceramente não gostos dessas duas palavrinhas, elas só servem para machucar a quem eu amo. Atitude como essa não ajuda, só aumenta a dor um do outro e depois são palavras derrotistas e pejorativas. Leva a pessoa a tratar o outro como objeto descartável, que usa e joga fora quando achar não server mais.

A pessoa focaliza a energia no sentido de suprir as suas necessidades e responsabilizando o seu amado pelas suas frustrações criadas por expectativas não satisfeitas. Por outro lado, quando ambos promovem o diálogo aberto e franco, com serenidade e confiança um no outro, percebem que aos poucos a espiral decrescente da luta para mostrar quem tem razão, vai se transformando num saudável processo de crescimento emocional e espiritual. Entretanto, nenhuma pessoa é uma ilha. Ela carrega multidões, são crenças introjetadas que colecionou ao longo de sua vida. Todas muito bem guardadas no seu inconsciente.

Portanto, a vida a dois é uma viagem psicológica e emocional que começa com o encantamento, no êxtase da atração, nesse emaranhado de conflitos que trilhamos por caminho pedregoso da autodescoberta que vai culminar na criação de uma união íntima, com a possibilidade de ser feliz e terminar a vida se possível ao lado da pessoa amada. O fato de aproveitar ou não todo o potencial que cada um tem, em busca dessa felicidade não depende da habilidade da pessoa em atrair o parceiro perfeito. Depende da vontade de cada pessoa em adquirir conhecimento sobre as áreas ocultas e obscuras de si mesmo, para melhor compreender o outro. E assim transformar essa relação amorosa num saudável processo de crescimento emocional e espiritual. Diminuindo a dor e promovendo o amor.                 

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...