30 de janeiro de 2021

SÓ O AMOR NOS TORNA SUPORTÁVEIS

Tudo o que se vê não é igual o que a gente viu a um segundo. Nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia”. Essa frase foi extraída de uma música do cantor e compositor Lulu Santos, lançada em 1983. Achei apropriada para a nossa reflexão, tendo em vista, que a perfeição não é um atributo humano. Porém, todas as pessoas têm os seus defeitos e, apoiam-se sobre seus semelhantes. Só o amor torna esta dor mais suportável. Mas, se você não pode suportar aquele que te chama de meu amor, então, como alguém poderá lhe suportar? Falar mal do teu próximo pelas costas é feri-lo na alma. Por mais profunda que seja as feridas da alma, ainda o tempo, esse grande consolador, sempre nos oferece o seu balsamo.

Quantas vezes nos precipitamos nos julgamentos e, com isso, impedimos que o outro se revele, porque nossas atitudes o bloqueiam. Só uma convivência muito íntima e amorosa poderá fornecer elementos para que, efetivamente, conheçamos alguém. Ainda assim, é muito temerário o julgamento, pois nossos padrões podem não ser os mais exatos, ou os mais corretos. O melhor mesmo é aceitar sem fazer julgamento, acolher para realizar uma missão de paz, amar para que haja autenticidade e equilíbrio. Num relacionamento autêntico, cada um se interessa pelo outro de maneira genuína. Que se revela através de uma demonstração constante de admiração e respeito, aparecendo em palavras, atos de gentileza, consideração e educação.

Já no relacionamento amoroso, sempre vive melhor, ou mais em harmonia com o outro, aquele que oferece conforto na presença silenciosa do outro, com quem você sabe que, através de palavras ou da linguagem corporal - porque o nosso corpo comunica - compartilhado de confiança mútua, honestidade, admiração, devoção acompanhada daquele estremecer de felicidade, simplesmente no ser e estar juntos. É um dizer para o outro, entre em minha vida, estou aberto e pronto para recebê-lo. A felicidade é a aceitação do que existe, e a infelicidade é a luta para que haja de qualquer maneira o que não deveria existir.

Portanto, o grande ensinamento que a vida nos oferece, é saber estar com quem à gente gosta ou ama. O que posso dizer é que para estabelecer uma boa relação com o outro, tem que haver reciprocidade. Maior clareza naquilo que você realmente espera da vida e do outro com o qual você se relaciona. Isto é saber viver em sociedade. Contudo, afirmo-me como pessoa na medida em que assumo a responsabilidade do que faço e digo ao outro. Falar mal ou fazer mal a alguém é matar a sua essência humana. É um ato de desumanidade. Quem ama, sempre vai amar e nunca vai maltratar o seu próximo. Só o amor nos torna suportáveis.

29 de janeiro de 2021

VIVER SIGNIFICA APRENDER COM OS ERROS

O que sonhei não foi o que encontrei pela vida afora. Apanhei da sorte e lutei contra a morte. Sai derrotado mas, com o coração renovado. Pois, em nenhum momento me senti um fracassado. Por acreditar no amor que hoje sofro com essa dor. Se um dia isso tudo passar, é porque de fato não era amor. O poeta e jornalista Guilherme de Almeida (1890-1969), escreveu um texto maravilhoso falando sobre a vida, do ponto de vista poético. Não tenho esse texto mais vou puxar pela memória e tentar adaptar suas ideias.  

Um sábio me disse: “Esta nossa existência não vale a angustia de viver. Se fossemos eternos, a ciência, num transporte de desespero, inventaria a morte. Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo e vibra, cresce e se desdobra e estala num segundo. Homem, eis o que somos neste mundo”! Falou-me assim o sábio e eu comecei a ver, dentro da própria morte o encanto de morrer.

Um monge me disse: “Ó mocidade, és relâmpago, ao pé da eternidadePensa, o tempo anda sempre, o rio anda e não repousa. Esta vida da gente não vale grande coisa. Uma mulher que chora, o homem que implora o seu amor. Momento em que ambos sofrem da mesma dor. O riso às vezes, quase sempre o pranto. Depois, o mundo, a luta que intimida, quatro círios acesos, irmão eis a vida”! Isto me disse o monge e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto de morrer.

Um mendigo me disse: “Para o mendigo, a vida é o pão e o andrajo é a proteção que o cobre nas noites mal dormidas. Não creio muito nessa fantasia de que somos imagem e semelhança Deus. Até porque, Deus me da fome e sede a cada dia, mas nunca me deu pão e nem me deu água. NuncaDeu-me a vergonha, o medo, a mágoa de andar, de porta em porta, todo esfarrapado. Deu-me esta vida, somente a calçada para descansar e um pão seco para matar a minha fome”! Foi o que me disse o mendigo e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto do morrer.

Uma mulher me disse: “Vem comigoFecha teus olhos e sonha, pois, será o meu único e grande amor. Sonha com um lar, uma doce companheira, que a queira muito e que ela também te queira. Um telhado, um penacho de fumaça e uma rede para juntos balançar. Uma cortina na janela e passarinhos cantando em volta da casa. Que maravilha viver e com você aprender. Pois, dentro da nossa casinha a vida acontece de verdade, como ela é de fato”!

Portanto, pela primeira vez comecei a ver dentro da própria vida, o encanto de viver. De modo que, viver significa aprender com os erros, nascer todos os dias, para dar um sentido novo a vida. Contudo, “Viver e Amar” constitui-se para nós humanos, uma espécie de mistério, que por não gestar o amor, transformamos isso tudo num problema.

27 de janeiro de 2021

MEU POEMA A DEUSA DO AMOR

Minha homenagem a você, mulher consagrada à “Deusa do Amor”, pela sua forma de receber e dizer amor. Mulher que sorri sofrendo diante da dor. Carrega a vida em seu ventre. Mulher que se arruma todas as manhãs, para o início de uma nova jornada de trabalho. Sorri para a filha não se preocupar. Chora muitas vezes de alegria sem se poupar. É a pura emoção materna. Perdoa o imperdoável de forma terna. Perdoa infinitamente seus filhos. Brilha mais que o sol nascente. Carrega o mundo em sua placenta. Será que algo mais acrescenta, por tudo que a mulher representa?

Não sei se há palavras suficientes. Meu vocabulário é tão pobre. Curvo-me diante dos meus descendentes. Diante desta figura tão nobre. Ela não é só mãe, a mulher guerreira. Também domina seu homem de forma sorrateira. É namorada e amante carente. É gata que arranha sua presa indefesa. Fera ferida insaciável do amor presente. Suas formas sedutoras de estonteante beleza. A natureza é sábia. O que seria do planeta sem a mulher que o enfeita?  

O Sol de saudade morreria. A Lua triste haveria de se esconder. Nada, em lugar nenhum, sobreviveria. Mas por que pensar assim tão tristemente. Por você mulher, daria a minha vida. Lutaria até a morte bravamente. E diante dessa emoção incontida, quero dizer ao mundo solenemente que te entrego meu palpitante coração, minha alma e meu espírito contente. De uma singela e pura paixão, com lágrimas que deslizam em meu rosto, encho o peito, aos quatro cantos, clamando. Que ouça quem lhe aprouver. Obrigado, meu “Deus”, por existir a mulher. É através dela que chegamos ao mundo dos mortais.

Portanto, amo todas as mulheres e mães protetoras! São vocês as donas desse trono. Amo todas as mulheres e amigas abençoadas! O que seria de nós sem vocês. Amo aquela mulher, que é esposa, namorada e amante sedutora do seu homem! Que faz esse homem gemer sem sentir dor. Amo vocês mulheres, minhas filhas amadas! Queridas filhas, mulheres da minha vida, meu DNA pertence a vocês! Essa é a mais profunda e significativa das experiências humanas. Nossa Deusa do Amor!

25 de janeiro de 2021

O AMOR PARA O IDOSO TORNA-SE EXPLÍCITO

Ainda existem pessoas que pensam que o idoso é incapaz de amar. Desde quando amor tem idade? Amamos a vida toda, cada descoberta do amor é uma energia nova que irradia todo o nosso ser. Chegamos a pensar que finalmente encontramos o paraíso, pois tudo é carinho, tudo é paz, e tudo é feito para nós, todas as atenções são nossas. Todas as partes de mim que me são importantes, pertence ao outro.

Estou certo que encontrarei tudo o que é meu nesta vida, terei todo o amor que mereço e que posso dar. Mas o tempo passa, aprendemos a ler, a escrever a conversar, a entender a crueldade humana e todos contagiados por esta fome de poder idiota, comentemos nosso primeiro crime. Condenamos a quem amamos. Negociamos nossos sentimentos, vendemos nossa alma ao diabo por um pouco de poder, a satisfação do nosso ego.

Como perdemos tempo com coisas fúteis, como nos desgastamos com bobagens que não valem nada, só quando estamos ficando velhos é que percebemos como fomos tolos, como jogamos nosso tempo fora, tentando através do sexo doentio, curar nossas almas desesperadas por amor. Quantas vezes o sexo nos trouxe a felicidade que procurávamos? Penso que nunca. O sexo pelo sexo, não traz absolutamente nada. O que o sexo traz é o êxtase, e isso se for bem feito, com a pessoa certa, senão, só nos deixa mais infeliz ainda.

Encontramos a felicidade quando alguém nos ama e quando podemos amar alguém sem medo, desta troca surgirá infalivelmente o sexo e, um sexo especial, onde nossas almas tremem, nossos corpos se esvaem síncronos perplexos com tanta beleza. O amor para o idoso torna-se explícito,  quando divide o marmitex debaixo da sombra das mangueiras, quando se encontram para um café da manhã. Quando percebemos que nem a idade e ninguém mais, tem força suficiente para estragar aquele momento, nem mesmo a morte, pois quando ela chegar, já teremos vivido e, portanto, será nosso e nem a morte pode nos tirar a felicidade de ter vivido esse momento de amor.

20 de janeiro de 2021

NA BOA AMIZADE ESTÁ O AMOR QUE NOS CONVÊM

Sendo verdade que na amizade está o amor que nos convêm, também é verdade, que é na amizade que o amor se constituiu e ganha força. Para reiterar, afirma o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.): “A amizade não é apenas necessária, mas também nobre, pois louvamos os homens que amam os seus amigos e considera-se que uma das coisas mais nobre é ter muitos amigos. Ademais pensamos que a bondade e a amizade encontram-se na mesma pessoa”.

Porém, a condição necessária e basilar para começar uma amizade, se da pelo “conhecimento” de uma a outra pessoa, que desejam entre si reciprocamente o bem. Assim como a condição específica para ser objeto de amor é ter um caráter bom, agradável e útil. Muitos falam de amor e pregam o amor, mas, de que amor estão falando?

No entanto, a amizade perfeita é aquela que existe entre pessoas éticas, que são boas e semelhantes na virtude, ou seja, há a reciprocidade de caráter e de objetivos, consequentemente portará a tendência de ser perene. Sua exigência peculiar resume-se em tempo e intimidade. De modo que, a verdadeira amizade é invulnerável a maldade e a fofoca. Mas a natureza da amizade consiste muito mais em amar do que ser amado.

Uma forma de pessoas desiguais poderem ser amigas, sendo possível a igualdade entre elas. Sendo assim, essa amizade que se forma entre pessoas diferentes, visa à igualdade e a utilidade ética. Contudo, nosso emocional precisa de refresco e serão as pessoas que nos amam sem ressalvas os calmantes especiais, que tornarão nossos passos mais seguros.

Portanto, nada como um delicioso café, com pessoas que admiramos e respeitamos. Concluo com uma frase de Aristóteles que diz: “Podemos dizer que amar assemelha-se à atividade, e ser amado à passividade: amar e ter várias formas de sentimentos amistosos, é atributos dos homens mais ativos”. Então, como sabemos quando uma pessoa nos ama? Quando ela conhece os nossos maiores defeitos e continua firme do nosso lado. 

16 de janeiro de 2021

SOMOS REFÉM DO AMOR

Começo essa reflexão citando o escritor, semiólogo, crítico literário e filósofo francês, Roland Barthes (1915-1980): “Apesar de que todo amor é vivido como único e que o sujeito rejeite a ideia de repeti-lo mais tarde em outro lugar, às vezes ele surpreende em si mesmo uma espécie de difusão do desejo amoroso, ele compreende então que está condenado a errar até a morte, de amor em amor”. Quero dizer que foi intencional usar o vocábulo semântico por mais paradoxal que seja a palavra paixão e amor, necessita de uma compreensão a luz da linguística e da fisiologia. Tendo em vista, que a semântica é o estudo do significado das palavras individualmente aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras. No caso aqui tratado, referimos à paixão e amor. Conhecer o significado das palavras é importante, pois só assim o falante ou escritor será capaz de selecionar a palavra certa para construir a sua mensagem. Vamos entender o que significa um e outro.

Segundo o biólogo, fisiologista e educador Miguel Arcanjo Áreas, do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp: “A paixão é uma questão sensorial, por isso ela explode e acaba rapidamente”. De forma lúdica argumenta Áreas sobre as substâncias mobilizadas no corpo humano, quando as pessoas se apaixonam, amam e se relacionam sexualmente. Está comprovado que a gente se apaixona por uma imagem que formamos ao longo do tempo. Quando uma pessoa parecida com esse padrão que criamos passa por nossa vida, apaixonamo-nos por ela. Ora, então o que leva a gente a se apaixonar? Para o biólogo Áreas são duas substâncias: “feniletilamina e serotonina”. Estas substâncias são hormônios produzidos pelo corpo no cérebro, cujos níveis variam de acordo com a presença da pessoa que é objeto da paixão. Por conseguinte, o amor por sua vez é conduzido pelos hormônios: “dopamina, ocitocina e vasopressina”. Estas substâncias são liberadas por estímulos dos quais não temos controle. Somos refém do amor. O amor transcende o sensorial. Já o comportamento sexual envolve todos os sentidos, além da expressão corporal e da história de vida dos amantes, por isso o sexo é pessoal, depende unicamente de cada envolvido. 

Como disse Platão (427-347 a.C.), sobre o prazer e a dor: “Procure-se um deles e estaremos sujeitos quase sempre a encontrar também o outro”. É nas relações afetivas que essa combinação paradoxal nos surpreende e fere, acima de qualquer sensação física. No envolvimento passional as impressões subjetivas superam a racionalidade, igualando paixão e amor. Sentimentos que se confundem no coração, mas distinguem-se no cérebro. Sabemos exatamente o que sentimos, só não sabemos os porquês. Pode-se dizer que no porque e no apesar estão as diferenças semânticas que a emotividade não explica. Apaixonamo-nos porque o ser amado parece ter virtudes só visíveis aos nossos olhos. Amamos quando descobrimos que, apesar de aparentes as virtudes e ostensivos os defeitos, predominam a confiança e a compreensão.

Na paixão, está o principio da dor; no amor, está o princípio do prazer. Confundir a natureza desses sentimentos é misturar prazer e dor. Com a paixão vem à posse, o ciúme, a cobrança. Tudo nos leva a pensar e pautar nossa vida na insegurança, uma vida de dor. A autenticidade da paixão está no conflito que ela gera em torno dos envolvidos. Com o amor ficam a admiração, o respeito e a lealdade, formas de amar que poucas pessoas reconhecem. Viver no amor é ter prazer de estar vivo. Nenhum relacionamento sobrevive sem esses ingredientes que decorrem não do arrebatamento, ou seja, atributo da passionalidade insensata. Mas, da razão, da lucidez, atributos esses para a maturidade racional.

Entretanto, a medicina diagnosticou a morbidez passional, atribuindo os estados de depressão e euforia a uma endorfina produzida pelo cérebro. Cientificamente já se provou que o chocolate, além de engordar, engrossar o sangue, ele é um lenitivo dos apaixonados frustrados, afirmam os estudiosos da saúde, que o chocolate ao ser metabolizado no organismo, estimula a química cerebral, provocando uma sensação de prazer semelhante à que produziria a presença da pessoa amada. Na falta do objeto de desejo, no caso aqui exposto, a pessoa amada, buscamos algum outro tipo de prazer que substitua esse objeto de desejo. O chocolate funciona nesses casos, evidentemente, como um atenuante da ansiedade, um tipo de moderador dos desejos mórbidos.

Nos desdobramentos da paixão, o amor e o ódio encontram-se e repelem-se, para negar e consentir, ou seja, no trânsito entre o amor e o não amor está a simpatia; entre o ódio e o não ódio, a antipatia; entre o não amor e o não ódio está a indiferença. Regidos por essas forças, os relacionamentos pessoais, familiares ou sociais, aproximam-se ou distanciam-se num oscilar contínuo, mediados pela sinceridade, pelo carinho, pela solidariedade, tanto quanto pela mentira, pelo desprezo, pelo egoísmo.

Segundo o filósofo holandês Baruch Spinoza (1632-1677), compreendeu que toda a nossa felicidade e toda a nossa miséria residem num só ponto: “a que tipo de objeto está preso pelo amor?” Se este suposto amor estiver centrado no egoísmo do sujeito que se diz amar de paixão, fuja desse amor. Esse amor centrado no egoísmo chama-se paixão, que facilmente é confundida com o amor. O amor, porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente, à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. Está na nossa capacidade de descentrar-se, sair de si, ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito que nada quer em troca. Ao dar amor colocamos a prova nossa força, a expressão de nossa vitalidade. No amor damos aquilo que temos de vivo em nós que é: a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias.

Portanto, amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. O amor é uma força de aproximação, aconchego, envolvimento e responsabilidade. Essa força dinamiza a vida que existe em cada um de nós. Derruba fronteiras, estabelece contatos verdadeiros e partilha solidariedade. Ser amoroso está na essência, é uma característica da personalidade do ser humano. Pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Só quem recebeu amor é capaz de amar sem medo. Contudo, enquanto houver uma alma apaixonada, o cérebro e o coração dividirão a soberania das emoções, confundindo paixão e amor.

15 de janeiro de 2021

ESTABELECER VÍNCULOS PARA SENTIR O AMOR

Criar vínculos entre os seres vivos é uma forma de harmonizar a vida. Atualmente milhares de pessoas das grandes cidades que podem ter um pedaço de terra, preferem passar seus finais de semanas e feriados em seus sítios. Infelizmente, muitos desses sitiantes são verdadeiros sitiados porque vivem em voluntário “estado de sítio”. O fato de não terem encontrado a sua natureza interior não os deixa viver na simbiose com a alma da natureza exterior. Fugiram da poluição material da cidade, mas carregam consigo e transferem para o campo e o mato a sua poluição mental e espiritual. As pessoas no sitio lê jornal, tem televisão a cabo ou parabólica, recebe visitas de amigas tagarelas e fofoqueiras, sinto muito em dizer, mas, essas pessoas não sabem apreciar o contato com a natureza, não é sitiante e sim um sitiado, um prisioneiro alienado e escravo do sistema urbano.

Entretanto, o verdadeiro sitiante vai dormir cedo e acorda cedo, com o cantar dos passarinhos, o nascer do sol, o cacarejar das galinhas. Planta árvores frutíferas para si e sua família, que servirá também de alimento para os passarinhos e outros animais. Quem gosta da terra não mata animais silvestres e nem aprisiona passarinhos em gaiolas. Porém, essas pequenas aves são mais felizes vivendo em liberdade, pois, nos dão prazer em apreciá-las saltitando de galho em galho e cantando os seus acordes entre árvores e rios. É a grande sinfonia da natureza e da nossa alma. Isto é vida, isto é estabelecer vínculos com o meu “Eu cósmico”. O verdadeiro homem da terra convive com a alma de todos os seres vivos. Ora, por que as relações humanas estão cada vez mais difíceis, com tantos meios de comunicação? Pois estamos na era da ciência e da técnica. Parece que o ser humano perdeu o seu referencial, cresceu em tecnologia e atrofiou-se espiritualmente.   

Há uma tendência muito forte nas relações humanas, principalmente pela própria facilidade dos meios de comunicação disponível no mundo contemporâneo. Nunca foi tão fácil se comunicar como nos dias de hoje. Contudo, com a entrada da mulher no mercado de trabalho, facilitou ainda mais, ou seja, a presença da mulher no ambiente do trabalho passou a erotizar e dar um tom de sensualidade nesse espaço profissional. De certo modo, são muitas as facilidades e oportunidades para o crescimento interpessoal. No entanto, podemos dizer que é mais um espaço que nos foi oferecido para desenvolvermos relacionamentos saudáveis pautados na lealdade. E mesmo assim, um grande contingente de pessoas amarga a triste dificuldade para estabelecerem vínculos amadurecidos e duradouros, nas suas relações profissionais ou afetivas. Talvez por não confiarem na vida e no amor que supostamente possam estar sentindo ou vivendo.

O envolvimento nas relações humanas depende muito da forma como será conduzido, sobretudo, porque ele não para apenas no envolvimento sexual muitas vezes para os apaixonados. Oferece grandes riscos na medida em que vamos avançando, principalmente para quem ama e quer estabelecer vínculos com o seu parceiro. Porém, antes de atingirmos esse estado de amorosidade por todos os seres, precisamos estender nossas redes de relações amorosas com aqueles que nos são mais próximos: parentes, amigos, companheiros e parceiros evolutivos. Cada consciência que temos da nossa realidade nos depara e indica uma possibilidade de despertamento para o amor a vida.

Portanto, a evidência de que o amor a vida é essencial e nos impele para além do nosso micro universo, apontando para o “Eu cósmico” é que vai nos colocar em igualdade e desmanchar as barreiras etnocêntricas, para avançar na compreensão e distribuir a paz entre todos. Contudo, só o amor constitui a linguagem universal eficaz para uma autentica e solida comunicação integralizadora. Porém, só esse fenômeno amor tem poder de eliminar definitivamente as danosas fronteiras entre as consciências poluídas e deterioradas pelo sistema capitalista alienante. Enfim, se cada um de nós transformarmos a necessidade de amar em compromisso de amor, as vivências amorosas poderão se tornar um fato marcante em nossas vidas. Por isso que o amor é a chama da vida.   

12 de janeiro de 2021

POR TELEPATIA NOS AMAMOS E NOS COMUNICAMOS

A função do amor é despertar a consciência de cada pessoa no sentido de romper fronteiras, seja qual for, permitindo a fusão entre as consciências envolvidas. Gerando, contudo, essa força que nos aproxima e nos atrai rumo a novos ideais. Porém, este sentimento chamado amor, que não sabemos exatamente qual seria a sua melhor definição. Mas, sabemos que é um sentimento profundo e essencial a vida. Embora pouco falado e pouco estudado nas escolas e principalmente nas universidades, onde se concentra à força jovem, terreno fértil para semear o amor. Por se tratar de uma manifestação humana, merecia uma atenção especial. Tendo em vista, que o ser humano não se reconhece somente pela racionalidade, mas também pelos sentimentos. Existe em cada pessoa uma integração nítida e harmonizada entre pensar e sentir que lhes garante a condição de transcendência, como vem demonstrando os estudos ao longo desses anos, sobre a capacidade e o alcance da nossa mente humana.

Na música “mania de você” de Rita Lee, a letra nos diz o seguinte: “A gente faz amor por telepatia”. Não sei dizer exatamente se quando a cantora compôs essa letra, pensou realmente na existência desse tipo de comunicação entre as pessoas. Entretanto, a verdade é que esse fenômeno extra-sensorial chamada “telepatia” existe e manifesta de fato. Muito estudado e demonstrado pela Parapsicologia, a telepatia é a capacidade que nós humanos temos para captar à distância o que acontece com nossos entes queridos. São pressentimentos ligados as pessoas do nosso circulo afetivo. Por exemplo: pais, filhos, namorados e amigos mais próximos. Telepatia é uma palavra que vem do grego, patheia = sofrimentos ou doenças e tele = distância. Isto é, sofrer ou sentir a distância o que alguém ligado a mim está pensando ou sentindo naquele momento. Segundo a parapsicologia, essas manifestações acontecem muito em momentos tristes, onde usamos todas as forças do nosso pensamento, sempre ligados a alguém que amamos muito ou de pessoas muito próximas do nosso circulo afetivo.

Todavia, quem já não pensou em uma pessoa que não via há muito tempo e de repente do nada a pessoa aparece ou telefona. Quantas vezes a gente não está andando pelas ruas pensando numa determinada pessoa e de repente ao virar a esquina tromba com a mesma, e logo vem àquela velha frase: “você não morre mais”, estava pensando em você. Às vezes o outro não acredita muito. Mas é a mais pura verdade, essas coisas acontecem de fato. E principalmente entre os amantes esses fenômenos extra-sensoriais são mais comuns. Por que será? Talvez porque só o amor constitui a linguagem universal eficaz para esse tipo de comunicação integrada. Entendo que só o amor tem o poder de eliminar as fronteiras entre as consciências afetivas. Quem eu amo habita em mim e eu nele. Há um intercambio psíquico muito profundo entre nós.

Entretanto, a linguagem universal do amor nos coloca em igualdade, contudo, desmanchando as barreiras etnocêntricas, avançando na compreensão do ser amado e distribuindo a paz entre todos os seres humanos. Muitas dessas comunicações amorosas entre os apaixonados, efetivam-se através dos olhares que transmite, com grande exatidão, pensamentos e sentimentos, porque os olhos tornam evidentes as atividades da consciência mais intima de cada um. Nossos olhos revelam o que pensamos e sentimos. Como diz um adágio popular: “os olhos são as janelas da alma”.

Portanto, o amor nos molda e movimenta à vida. Ele representa a força integradora do viver em harmonia, que expressa afinidade de um ser com os demais seres do universo. Por se alojar na essência, o amor é invisível ao olhar menos apurado, mas seu rastro permanece em toda a parte, perceptível a aqueles que com ele se identificam. Contudo, essa dinâmica do amor permite o desenvolvimento das consciências e, estas somam qualidades entre si quando estão amando. Essa força poderosa do amor justifica a humanização do ser humano, orientando sua expansão para estágios mais elevados de espiritualidade e consciência. A experiência mais profunda do ser humano é o amor, por ser uma vivência única. Afinal, não se vive para sempre.     

6 de janeiro de 2021

O AMOR QUE NOS TOCA É O QUE NOS CONSTRÓI

Aprender a amar é estar em constante transformação. Esse processo é sem fim, até que a morte nos encontre. Porém, nesta vida tudo passa muito rápido, principalmente, para aquele que um dia se expôs na tentativa de tocar o coração de alguém, para juntos amar. No entanto, o amor tem braços aberto, se você fechar os braços ao amor está apenas abraçando a si mesmo. Se você sente alguma coisa de verdade, deixa que o outro conheça o seu sentimento, porque o amor é interpessoal, não depende só de nós. O amor é como um espelho, quando você ama uma pessoa, transforma-se no espelho dela e ela no seu, juntos refletem o amor que sentem e nesta experiência ambos enxergam e experimentam a “Divindade Cósmica”.

O amor é um encontro íntimo e maravilhoso, é a maior experiência que um ser humano pode ter na vida. Conhecemos muito pouco do amor, por isso estamos constantemente desafiando esse sentimento tão nobre. Se desejares amar é claro que deves mover-se para o amor. É muito triste ver nascer um amor tão sublime e verdadeiro, com tamanha expectativa e esperança que traz, contudo, fracasse com tanta regularidade. Todavia, se isso acontecesse com qualquer outra atividade, todos estariam ansiosos por saber das razões do fracasso, por aprender como poderia fazer para melhorar e não deixar morrer o sonho. Para o amor viramos as costas, como se ele fosse uma coisa banal, que aparece todos os dias ao gosto do consumidor. Jogamos o amor no lixo como algo descartável. Na verdade, estamos cavando a nossa própria destruição desprezando esse sentimento.

Entretanto, o amor é à força de maior intensidade que move o nosso coração. Todas as lutas e dores humanas tiveram por origem o amor. O grande sábio hindu e libertador da Índia Mahatma Gandhi (1869-1948), fala-nos da grandeza deste sentimento como fator de remédio para terminar com as divergências entre as pessoas: “Quando o homem chega à plenitude do amor, neutraliza o ódio de milhões de pessoas”. No mesmo texto mais adiante, continua o mestre indiano: “A minha fé mais profunda é que podemos mudar o mundo pela verdade e pelo amor”. Tendo em vista, que a cultura humana somente realiza no plano material, conduzida com o espírito de orgulho e apoiada exclusivamente na forma sórdida de exploração do outro, sem piedade e amor, contudo, constituímos o maior flagelo dos tempos modernos.

Deve, portanto, toda pessoa de cultura e de nobres sentimentos irradiar fortes pensamentos de bondades, já que o pensamento é uma coisa viva e pode cair sobre uma pessoa inspirando-a no bem quando ela só pensava no mal, e assim podemos atenuar o flagelo de incompreensões que avassala a humanidade. O estado mais gostoso da experiência humana é o do encantamento que sentimos quando estamos amando alguém. O primeiro efeito do amor é inspirar um grande respeito, ter veneração pela pessoa que se ama. A felicidade que sentimos do amor, emana mais de nós próprios do que do ser a quem amamos. Quando machucamos o outro, somos nós que sentimos a dor, no peito e na consciência. Quando se ama verdadeiramente, irradia para a pessoa amada o que chamamos de sentimento do outro e o que mais nos agrada nesse amor, é quando ele vem do que quando ele vai, porque não notamos que procede de nós mesmos. São dois corpos unidos num só sentimento pela “Divindade”.

O amor que dedicamos a alguém, mesmo que não seja correspondido, é para nós um benefício, mesmo sem ser amado, viver esse amor é uma grande felicidade. O amor é como uma planta florida que perfuma tudo com a sua esperança, até as ruínas e turbulências eventuais que nos abate. Vejo o amor como um ninho, onde a felicidade de duas pessoas atraídas pelo amor se constrói pedacinho por pedacinho, através de esforços mútuos e de muita compreensão um com o outro. É preciso que o amor seja tão íntimo que se torne eterno, para que perdure, é necessário penetrar na essência um do outro.

Portanto, não há nada no céu nem na terra, mais doce, forte, sublime, delicioso, completo e nem melhor que o amor. O amor nasce de “Deus e não descansa se não na “Divindade”, elevando-se acima de todas as criaturas porque nos foi dado como um dom. Quem ama corre, voa, vive alegre, é livre e nada o perturba. O amor muitas vezes não sabe limitar-se, mas vai além de todos os limites. Só quem ama pode compreender as vozes do amor. Grande clamor faz nos ouvidos da pessoa amada, aquele ardente afeto de que se acha penetrada a alma, quando um diz ao outro: “Estamos tomados profundamente por esse amor, porque só enxergo através dos seus olhos, minha amada querida”. Alcançamos aquele estágio do sublime amor, onde termina o “Tu” e o “Eu” para começar o nosso amor. Contudo, o amor só constrói e nos transforma em seres felizes e abençoados por Deus.                   

2 de janeiro de 2021

A MILENAR ARTE DO AMOR TÂNTRICO

Quando se descobre a milenar arte do amor tântrico, o namoro ganha força e afinidade, o vinculo afetivo se estabelece. Os envolvidos estão sempre dispostos a sacrificar-se por esse amor de maneira espontânea e genuína. Os corpos parecem ser esculpidos um para o outro. Ambos acreditam tratar-se de almas gêmeas. Neste estado de graça as almas se completam harmoniosamente, formando uma unidade perfeita. Há uma grande concordância no campo da sexualidade, onde as almas reciprocamente se alimentam de carinho, ternura, beijos ardentes e amor romântico. Há uma inocência e uma pureza de sentimentos que brotam do fundo dessas almas.

Não há nada mais delicioso que a aventura do encontro, quando estamos encantados por uma pessoa. As almas falam por si mesmas. O namoro é a melhor fase da nossa vida. Como é bom e prazeroso namorar. O casamento poderia ser proibido, como preservação do namoro. Mas, infelizmente esse componente altamente estimulante que conduz ao encontro dos dois corpos, provocando o êxtase e convertendo-se numa grande celebração das almas e dos corpos, estão comprometidos, em plena extinção pelo ritmo alucinante da vida moderna, ou quem sabe, pelo processo decadente da humanidade.

De modo que é irônico e paradoxal pensar. que justamente agora que vivemos um clima de total liberdade sexual sem precedentes na história da humanidade, o sexo de uma forma geral está sendo absurdamente mecanizado e desfigurado com relação à sua origem sagrada. No mundo atual, viver momentos de êxtase prolongado com demonstração de amor, viver momentos de paz nos braços do ser amado, ou é coisa do passado ou no mínimo ocorre de maneira fugaz, sem profundidade, sem magia, e o pior de tudo isso, que é um sexo sem nenhuma conotação afetiva, vivido de maneira excessivamente fácil, primitiva e primaria. Os beijos e carinhos se banalizaram tanto que quase já não produzem mais nenhum assombro. O mundo virtual está ai para comprovar o que estou dizendo.

No namoro tântrico a excitação é um sentimento de preservação daquilo que possuo. É manter acesa a chama do erotismo o tempo máximo possível. Se quiser ter êxito no namoro e no amor tântrico, necessita-se de elevada sensibilidade física e psíquica, de capacidade de entrega total, muita renúncia, ausência de tensões e mascaras psicológicas que inibem e reduzem o prazer e impossibilitam a vivência do êxtase. Pois, este é um momento sublime, cuja a entrega é inevitável. É bom lembrar que, praticar sexo é uma escolha, ter prazer é uma possibilidade. Como obter prazer se não há entrega?

O filósofo inglês Bertrand Russel (1872-1970), prêmio Nobel de Literatura em 1950, escreveu um ensaio sobre as três grandes paixões de sua vida. Vou deter-me somente na primeira das suas paixões para fundamentar o significado máximo desse estado amoroso, que simboliza a nossa própria existência.  Argumenta Russel: “primeiro busquei o amor, que traz o êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o também, porque abranda a solidão, aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bom demais para a vida humana, foi o que finalmente encontrei”.

Portanto, para mergulhar nessa viagem descrita por Bertrand Russel, penso que é muito importante assinalar que na intimidade tântrica não existe começo, meio e fim, como estamos acostumados nas relações sociais onde envolve namoro e sexo amoroso. O que existe é o momento presente a cada etapa dessa viagem pelos corpos um do outro. Não existe tempo de duração, é o encontro com o meu “Eu divino”. Só é dado esse direito aos santos e poetas, os seres mais sensíveis e iluminados desse planeta. Contudo, quem pratica a arte milenar do amor tântrico, aproxima-se dos iluminados e experimenta esse êxtase dos santos e poetas.  

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...