31 de dezembro de 2012

ADMIRÁVEL IRMÃ NATUREZA

Gosto muito de apreciar o meu contato com a Natureza. Admiro-te e respeito, Natureza gentil, não como mãe, mas sim como irmã. Não como o filósofo pagão de Atenas, mas, sim como um poeta cristão de Assis (aqui faço referências a São Francisco de Assis, amante da Natureza – Itália). Não te chamo como os panteístas, mãe Natureza, porque não nasci do teu seio, chamo-te como uma teísta, porque temos o mesmo "Pai".

Irmã e amiga Natureza gentil que sempre me foste. Admirável irmã Natureza, quando a deslealdade e falta de respeito das pessoas me envenena a vida. Quando os Iscariotes me atraiçoam e fariseus me exploram. Quando de mim desertam amigos, porque de mim desertou o prestigio material. Enquanto minha alma grita por justiça, destempera a harmonia da vida.

Então irmã Natureza, eu me refugio em teus braços amigo. Entro no silencioso santuário da tua verde catedral. No meu silêncio consigo exprimir as minhas dores e fraquezas. Sinto que na essência estamos muito próximos. Pois todas as pessoas que amam na essência, deveriam aprender a perdoar, entender que somos limitados e falíveis em nossas ações. Erramos por querer acertar.

Nesse momento que estou interagindo com a irmã Natureza, essa mística atmosfera de tua solene quietude, algo me chama a atenção. Por entre o incenso que teus cálices vivos exalam. Por entre os hinos que teus cantores entoam. Por entre a liturgia multicor que tuas falhas ostentam ao som da música que os ventos dedilham nas harpas dos galhos ao ritmo suave dessa brisa que cadência o meu corpo.

Sonho feliz que tua alma sonha nos dias estivos, nas noites de luar. Minha alma ainda enferma restabelece aos poucos, entre teus braços Natureza irmã. Cicatrizam um pouco as chagas vivas do meu coração. Distendem-se aliviados, os nervos tensos de dor. Cessa o ruído do sangue nas delatadas veias do meu corpo. E a minha alma conversa com a tua alma Natureza gentil. Elas se estendem nesse colóquio silencioso, porque falam a língua do "Pai". Esse "Ser" que nos criou para vivermos em harmonia. Sei que não é Deusa, mas sei que é mensageira "Divina". Sabia Natureza de sublime e elevada grandeza, amiga querida do "Eterno", servidora do "Onipotente".

Portanto, sempre será por mim admirada e respeita, pois é sincera e fiel, acolhedora e íntima, querida irmã Natureza, que muito me inspira quando estou em teus braços. De mãos dadas vamos sentir a presença e a manifestação da "Divindade" tocando delicadamente a nossa "Essência". Contudo, vou seguir os caminhos da irmã Natureza, sem rancor pessoal, sem vingança ou algo parecido. Nesse ano que se inicia quero consolidar o "respeito" ao "amor" que tenho. Em sintonia com o "Ser Universal".               

30 de dezembro de 2012

VOCÊ É A TUA ALMA

A tua alma é uma luz, não a extingas. Tua alma é um santuário, não a profanes. Tua alma é um poema, não lhe roubes a poesia. Tua alma é um mistério, silencia-lhe os segredos. Tua alma é um arco íris, contempla-lhe os primores. Tua alma é um sopro de Deus, defende-lhe a vida divina.

Se tudo isto é tua alma, por que não fazes a tua vida à imagem e semelhança de tua alma? Certamente não foi o corpo que produziu a alma, e sim a alma que produz o corpo. É a alma espiritual que arquiteta o edifício material do teu ser. É a alma o principio ativo que domina o elemento passivo. É a alma que pensa e quer, que sente e ama, que imagina e recorda. É a alma que sobrevive imortal ao corpo mortal. É a alma que para uma vida nova ressuscita o corpo desfeito.

Portanto, se tudo isto faz a alma, por que das ao corpo as vinte e quatro horas do dia e nenhuma hora à alma? Por que não lhe das, em carinhosa solicitude ao menos uma hora por dia? Por que não a fazes respirar na atmosfera divina, quando desejosa de amor? Tenha caridade com tua alma, porque tua alma é tua vida. Você é tua alma. Contudo, o que está procurando é uma forma de experimentar o mundo onde vivemos. Que abra para a transcendência que o inspira. E que inspira a nós mesmos dentro do mundo. É isso que quer e é isso que a alma pede. Por conseguinte, procuramos uma harmonia com o mistério que anima as coisas, que nos permita ver e sentir a presença divina. E saudar o Deus que existe dentro de você. Você é tua alma, você é a divindade.  

MORRE 2012 PARA NASCER 2013

O tempo permanece intocável, nós é que passamos, envelhecemos e morremos dentro do tempo. Mais um ano que se vai como uma vela que está se apagando. Mais um novo ano está surgindo como a vela que acabamos de ascender. A vela simboliza a chama da nossa esperança e realizações para com o ano que está se iniciando. Portanto, nessa noite de transição só tenho a agradecer por ter amor, saúde e inteligência. São três desejos básicos para uma vida feliz. Aprendi muito com esse mestre chamado tempo. Só ele nos da à experiência e sentido para a nossa existência. Porém, quem nos concede o dom da vida é o nosso PAI CELESTIAL.  
 
Boa noite PAI, já está terminando mais um ano e agradeço pela vida que me confiou até hoje. Nesse momento recolho para o meu descanso merecido, e aproveitar para pensar sobre tudo o que vivi nesse ano de 2012. Após essa noite despontará a alvorada de um novo dia que iluminará os nossos caminhos em 2013. Por conseguinte, quero dar um sentido ainda maior para a minha existência nesse ano.

Obrigado PAI por tudo, obrigado pela esperança que nesse ano animou os meus passos, pela alegria que senti ao lado de pessoas queridas que conheci e hoje fazem parte do meu circulo de amizade. Obrigado pela alegria que vi no rosto das crianças, apesar de toda a dor que senti pela falta da minha filha Maria Eduarda, por não obter noticias do seu paradeiro. Mesmo assim obrigado PAI pela esperança que tenho de um dia encontrá-la.

Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros, pelo que aprendi aos meus sessenta e um anos de vida, embora tenha muito que aprender ainda, obrigado também por tudo que sofri e ainda sofro por ter compaixão pelas crianças e pelos idosos. Pois sonho com dias melhores para todos nós.

Obrigado PAI pelo dom de amar, mesmo sem ser compreendido. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa, obrigado por permitir-me viver com saúde em 2012, como também pelo meu esforço e desejo de superação, pois quero ser a cada dia mais humano nesse projeto de vida.

PAI desculpe o meu rosto carrancudo e às vezes agressivo. Desculpe ter esquecido que não sou o filho único, mas irmão de muitos. Perdoa a minha falta de colaboração, a ausência do espírito de servir. Perdoa-me também por não ter evitado aquela lágrima, aquele desgosto que lhe dei quando ignorei o meu semelhante. Perdoa-me por ter ofendido e magoado justamente a mulher que mudou a minha vida, e que na sua simplicidade me ensinou a essência do amor. Foi a partir dela que descobri e conheci o paraíso onde habita os deuses e os iluminados.

Desculpa ter aprisionado em mim aquela mensagem de amor. Contudo, estou pedindo força, energia para os meus propósitos, no ano que está nascendo, a nossa vida continua e só a morte pode cessar. Em quanto isto, espero que neste novo ano que está surgindo, domine um novo sentimento em cada coração, desses seres que compõem a humanidade. E que a cada novo dia seja um continuo sim numa vida consciente.

Portanto, peço a DEUS que concedei a serenidade e sabedoria para que eu possa viver na plenitude desse amor, pois para quem não sabe o amor só sobrevive sustentado por esses dois grandes pilares. Serenidade para aceitar o outro com os seus defeitos, medos e duvidas, procurando sempre compreendê-lo e ajudá-lo. Sabedoria para perceber essas diferenças e saber minimizar os conflitos que existe entre ambos e assim abrandar a ansiedade e viverem plenamente nesse amor, que é o desejo de todos eternos apaixonados. Porque tudo que vive, não vive sozinho, nem para si mesmo. Como disse Mahatma Gandhi (1869-1948), pensador indiano: “Tudo o que vive é o teu próximo”. Enfim, “Ao contrário do destino, o que o amor une nem o tempo separa”. Um Feliz 2013 a todos

22 de dezembro de 2012

O VERDADEIRO SENTIDO DO NATAL

Apesar de toda a tecnologia e o avanço científico alcançado pelo homem, dia vinte e cinco de dezembro ainda é Natal. O Homem que nasceu nesse dia a mais de dois mil anos, deve estar preocupado com o mundo em que viveu e, apesar de toda a Sua imensa sabedoria não deve estar entendendo.  Ele não deve entender, por exemplo, como é que os mesmos homens, que se cumprimentam de coração aberto, com um sorriso nos lábios agora, podem passar pelo encantamento do Natal para começar a batalha entre si novamente, completamente desprovido de generosidade, condescendência, afeto e até mesmo de bondade.

Ele o Homem que nasceu no dia vinte e cinco de dezembro do ano zero de nossa história, não pode entender porque o Natal funciona apenas como uma trégua, na imensa desigualdade social em que vivemos sem falar das discórdias familiares, a guerra que o homem trava todos os dias contra o seu semelhante e contra si mesmo.

Mas Ele que viveu entre nós e é o símbolo da esperança ainda não perdeu a própria esperança. A esperança de que o homem um dia perceba que a trégua é o certo e o normal e, que a guerra é um grande equívoco.

Entretanto, a mensagem que Ele nos deixou foi a seguinte: “Cumpra o projeto que Deus determinou que é de amar sempre o seu semelhante, demonstrando gestos de gentileza e respeito. Ser justo e não julgar o outro pelas suas fraquezas. Pensar muito sobre suas ações. Sentir o que realmente sente, pois você é um Ser de Amor. Meditar muito sobre esse sentimento, meditar sobre suas inclinações e possibilidades de ser feliz nesse Amor. Procure fazer o mais que puder para esse Amor permanecer entre os seres humanos. Para então, aperfeiçoar-se nesse projeto de vida, até que possa devolver para Deus a imagem e o dom desse Amor que Ele um dia estampou em nós quando aqui chegamos.

Portanto, não compreendo os mistérios da vida e nem suas razões. Só espero estar certo no que penso e sinto. Que é continuar a cultivar esse Amor pelo meu próximo, que na verdade é Você. Quero um mundo melhor para todos nós. Talvez, então nesse dia, o ser humano inverta os seus valores atuais e coloque ordem na casa. E daí possa, finalmente, todos viverem em Paz.  FELIZ NATAL a todos, no verdadeiro sentido que essa palavra carrega.

21 de dezembro de 2012

OS VALORES DA RELAÇÃO AMOROSA

O valor de uma relação amorosa está no encontro de seres autônomos e independentes, em que a única certeza é que não há ninguém superior ou inferior ao outro. Em tudo que se observa na natureza, percebem-se as forças de atração e repulsão. Entre os animais, essa força se expressa em rituais, danças e disputas que culminam no acasalamento. No animal, a função sexual é instintiva. Entretanto, para nós humanos a relação sexual se transforma em erotismo, gesto esse que simboliza o primeiro passo para a nossa humanização. Porque essa forma de relação envolve a paixão, o desejo, a busca de fusão, o amor erótico e o desenvolvimento a dois.

Muitas pessoas confundem o amor com a paixão. Não sabem entender as diferenças de um e de outro. Quando estão apaixonadas, julgam estar amando. O amor, porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente, à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas. Está na nossa capacidade de descentrar-se, sair de si, ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito que nada quer em troca. Ao dar amor colocamos a prova nossa força, a expressão de nossa vitalidade. No amor damos aquilo que temos de vivo em nós que é: a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias.

Todavia, a paixão implica em um gostar de mim no outro. Estou projetando nele a minha necessidade, ele me é conveniente naquele momento. Isto não é amor e sim paixão. Idealizo o outro e moldo de acordo com os meus interesses. A paixão é marcada por cobranças e desejos não realizados. Quando não consigo a realização dos meus propósitos a tendência é desistir e buscar em outras pessoas a satisfação para os meus desejos. É uma forma egoísta de se relacionar. A paixão não tem identidade, ela desclassifica e diminui o outro sem piedade.

Amar é preservar a identidade e a diferença do outro, sem perder a sua. É estar comprometido com a realização do outro, é querer seu bem. O amor é uma força de aproximação, aconchego, envolvimento e responsabilidade. Essa força dinamiza a vida que existe em cada um de nós. Derruba fronteiras, estabelece contatos verdadeiros e partilha solidariedade. Ser amoroso está na Essência, é uma característica da personalidade do ser humano. Pressupõe toda uma vivência desde o seio materno. Só quem recebeu amor é capaz de amar sem medo.

Portanto, a capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados. Os movimentos ecológicos atestam gestos de amor de pessoas que lutam pela preservação da fauna, da flora, das águas e do ar. Contudo, no amor há percepção da inter-relação universal, da fraternidade humana e cósmica.

20 de dezembro de 2012

VENCER O ISOLAMENTO E ESCAPAR DA LOUCURA

O tomarmos conhecimento de nós mesmos como seres capazes de consciência e liberdade, percebemos nossas diferenças em relação ao restante da natureza. Passamos a sentir solidão que nos acompanha sempre a nossa individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro.

Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão (1900-1980) argumenta em seu livro “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, sobre esse estado cruel de abandono e desamparo que os seres humanos vivem: “O homem é dotado de razão, é a vida consciente de si mesmo; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência antes as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior”.

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo ser humano para vencer o isolamento e escapar da loucura. O amor é fundamental para o ser humano e para a sociedade em geral. Sem amor, o ser humano torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com o outro.

Portanto, não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças, a miséria do povo, a poluição e a destruição do Planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença. Só nos resta a escuridão do individualismo, de pessoas incapazes de relações duradouras e profundas. Como dizia Guimarães Rosa (1908-1967): “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

19 de dezembro de 2012

O AMOR É UM APELO A VIDA

Vida sem amor é morte, porque só o amor pode criar o individuo como sujeito, dando origem ao mundo humano. Nós somos um fazer-se constante, somo um projeto aberto ao futuro. E o amor é o apelo que o outro me lança para considerá-lo como sujeito, como autor de sua própria vida, que deseja comigo construir o inédito, o novo, que seria impossível criar sozinho. É do encontro entre pessoas que se fazem as relações suplementares.

Os demais seres estão no mundo como objetos, como coisas e, as coisas são determinadas pela soma de suas características. Considerar o outro como a soma de suas qualidades e defeitos, como algo pronto e acabado, é enquadrá-lo como objeto e ignorar suas possibilidades. É assim que se pode rotular o outro e vê-lo como: prostituta, homossexual, pobre, ignorante, negro, vagabundo, não respondendo ao olhar que ele lança ao âmago de meu Ser para que eu seja com ele o apelo ao amor e a sua dignidade.

Amar é possibilitar ao outro e a mim mesmo o exercício da liberdade criadora do próprio Ser. O amor transforma um Ser coisificado, humilhado, oprimido em um sujeito, pleno de possibilidades.

Se meu olhar pudesse ver no outro não aquilo que a vida e a sociedade dele fizeram, mas olhá-lo em sua subjetividade, haveria a possibilidade de humanização permanente das relações e da sociedade. É o que faz o verdadeiro humanista: da sempre ao outro e a si mesmo uma nova chance e aposta no amor. Tendo em vista, que somos um projeto de humanidade. Mas tenho esperança que um dia vai emergir em nós, esse humanismo verdadeiro, pois ele está na nossa Essência.

O apelo do outro, assim como o meu apelo ao outro é silencioso, raramente traduzido em palavras é um desnudar, um despir da alma que se manifesta no olhar e desperta medo, porque o outro me chama sem mascaras com aquilo que ele é e almeja ser comigo. E eu deverei responder com todo o meu Ser, com o que sou e com o que almejo ser com ele.

Portanto, o amor é o mistério que faz com que eu me perca, sem defesas, no outro e o outro em mim, mas, ao nos perdermos um no outro, pelo dom de sentir e nos envolver nesse amor, nos encontramos e nos transformamos em liberdade e criação desse projeto que chamamos de humanidade. Ou será que vamos continuar nos enganando e fugindo ao amor? Contudo, o amor é a única força verdadeira de aproximação, união afetiva, envolvimento e responsabilidade. Amar é o cuidar um do outro. É no amor que encontramos o verdadeiro e fiel amigo.  

15 de dezembro de 2012

A VOLTA AO PRIMEIRO AMOR

Aprendi com a oração Pai Nosso e com a própria experiência, que o primeiro amor da minha vida sou eu. Só assim vou poder amar verdadeiramente o meu próximo. O que significa isso no contexto da nossa vida? Amar o próximo como a mim mesmo? Então, eu devo amar a mim mesmo? Não me devo odiar? Mas, se eu amo a mim mesmo, isto não é egoísmo? Não é amor próprio?

Sim, amar a si mesmo é amor próprio, mas, não é egoísmo. Amor próprio é autoamor incluindo amor ao próximo. Todos os grandes mestres e iluminados mandam que o homem ame os outros como ama a si mesmo. Todos recomendam o autoamor como ponto de referência para amar o seu próximo.

Quem não tem autoamor não existe enquanto pessoa. Ausência de autoamor é inexistência e negação à vida. Se o meu Eu central não fosse Deus, não poderia eu amar sem ser egoísta. Se o meu Eu não fosse idêntico ao Deus no Outro, não poderia eu amar o Outro. Se Eu e o Pai não fôssemos um, como poderia eu amar a Deus com toda a minha alma, com todas as minhas forças?

Todo o amor verdadeiro é autoamor, porque Téo é amor, palavra grega, que significa Deus Amor. E esse Deus Amor também é o Tu amor, segundo o filósofo e escritor Martin Buber (1878-1965), Eu e Tu. Por isso posso amar o Deus no Eu como amo o Deus no Tu, assim como também amo o Deus em Tudo.

Quem vê Deus em tudo pode amar tudo em Deus. O Deus do mundo no mundo de Deus. Mas, como poderia eu amar o Deus em si, se não conheço o Deus em mim? Conhecer a verdade em mim é conhecer o Deus da verdade. Todo verdade é verdade de Deus, quero dizer: “a verdade de Deus é toda a verdade”. Haverá quem se surpreenda ao saber que mesmo João Calvino (1509-1564), teólogo cristão escreveu: “Se considerarmos que o Espírito de Deus é a fonte da verdade, jamais recusaremos ou desprezaremos a própria verdade, onde quer que ela venha a aparecer”. Verdade é liberdade e no contraponto, liberdade é felicidade. Por isto, orava Santo Agostinho (354-430): “Deus, conheça eu a ti, para que me conheça a mim”.

Entretanto, quem conhece o seu Eu central e não apenas o seu ego periférico como argumenta o filósofo, educador e teólogo Humberto Rohden (1893-1981), esse conhece Deus. Por isto, dizia o Mestre: “Amarás o Senhor teu Deus”. Curiosamente, a palavra Eu está contida na palavra D-EU-S. Como poderia eu amar a Deus que não estivesse em mim? E como poderia amar o Outro sem amar o Eu? Deus no Eu e Deus no Outro.

Portanto, se queremos pensar em Deus. Ora, Deus é um pensamento, é um nome, é uma ideia, mas que se refere a algo que transcende qualquer pensamento. O mistério supremo do Ser está além de toda a categoria de pensamento. O filósofo e historiador de artes, Heinrich Zimmer (1890-1943) argumenta: “As melhores coisas não podem ser ditas. Porque elas transcendem o pensamento. A segunda das melhores coisas, são mal compreendidas, pois são pensamentos que se referem ao que não pode ser pensado. E ficamos presos com os pensamentos. E finalmente, a terceira das melhores coisas, são simplesmente as que nós falamos”. São essas metáforas que nos dão pistas de coisas absolutamente transcendentais. O que não pode ser conhecido. Ou que não pode receber um nome. Exceto na nossa frágil tentativa de revesti-los com a linguagem. Contudo, na nossa linguagem, a palavra para designar o que há de mais transcendental é Deus. 

12 de dezembro de 2012

HARMONIA CONJUGAL SOBREVIVE DO AMOR

A Sagrada Escritura relata em Gênese. 1:27 e 2:24, que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, por esta causa deixará o homem pai e a mulher mãe, que se unirá um ao outro numa só carne, tornando-se os dois uma só vida. Esse texto do Gênese mostra-nos com inigualável clareza, que a união entre um homem e uma mulher é desde o princípio da criação, a mais importante aliança social que qualquer ser humano efetua em toda a sua existência.

A relação afetiva entre um casal constitui uma aliança de máxima importância, por se tratar de um relacionamento que envolve quatro aspectos fundamentais da vida humana: “físico, mental, espiritual e financeiro”. E a pessoa que realmente deseja progredir em todos estes setores chaves da vida, se for sábia, fará com que sua mulher ou seu homem ocupe o primeiro lugar entre os membros de seu grupo de alianças sociais.

O homem casado que vive bem com sua esposa, quero dizer em harmonia completa, compreensão, solidariedade e singularidade de propósito. Principalmente, quando ambos são movidos pelo amor que sentem, este relacionamento pode alçá-lo a grandes alturas de realização pessoal. Mas o que afirmo aqui vale somente para as relações estáveis. Pois com o advento da internet, afrouxaram-se muito os relacionamentos afetivos. Tanto homens como mulheres estão se expondo nas redes sociais em busca de uma relação casual. Se já tenho a pessoa que amo, o que mais preciso?  Mesmo aqueles que se dizem amar incondicionalmente o seu parceiro. Traz no seu perfil toda a pinta de alguém sem compromisso e aberto para o desfrute. Não tenho nada contra e nem a favor as redes sociais. Só não entendo como pessoas que dizem amar profundamente seus parceiros se prestam a esse papel.

As desarmonias, frequentemente expressas em queixumes, podem ser em geral, atribuídas à falta de conhecimentos sobre o sexo, que é outro dado importante. Onde predominam o amor, o romance e a compreensão perfeita da emoção, portanto, costumo chamar esse momento íntimo de sexo amoroso, onde não existe desarmonia entre os amantes. Aqui tudo é perfeito. Ambos se perdem um no outro e se transformam num só corpo. É nesse momento que a divindade se revela.

Entretanto, feliz do homem cuja sua mulher entende as verdadeiras relações entre as emoções do sexo amoroso e romântico. Para o homem apaixonado e motivado por este triunvirato sagrado, nenhuma tarefa é pesada, porque até os mínimos esforços se transformam em tarefa de amor. Sempre digo, o bom amor é aquele que transforma as pessoas em seres cada vez melhor e mais humanos. Valores esses que as pessoas estão trocando pelas redes sociais. E, contudo, estão cada vez mais se desumanizando.

Todavia, se a mulher permite que o seu homem perca o interesse nela e se interesse por outras mulheres e vice e versa, é geralmente pela ignorância ou indiferença do ser humano, em relação às trocas de caricias e contatos prazenteiros. Essa afirmação pressupõe que um dia existiu amor verdadeiro entre eles. Aquela conversa azeda de que você nunca me amou, solapa nas bases e não se fundamenta. Contudo, muitas vezes os casais, brigam por múltiplas trivialidades. Se analisarmos com precisão, a causa real dos aborrecimentos pode com frequência ser encontrada na indiferença ou ignorância de ambos nos assuntos afetivos. Nenhum e nem o outro sabem olhar com a alma e com o coração para perceberem o amor que sentem.

Portanto, com o agravante do advento da internet, que resultou no empobrecimento espiritual e na perda da diversidade cultural por efeito do uso excessivo das pessoas nas redes sociais. Em particular aquelas que dizem amar profundamente, mas priorizam relacionamentos virtuais. Posso dizer sem medo de errar, que a maior aprendizagem da vida é saber aproveitar os momentos com a pessoa que a gente gosta ou ama sinceramente. Contudo, o mundo só começará a se tornar mais humano quando tivermos consciência e passarmos a agir com gentileza, respeito e AMOR. Só então podemos dizer que somos de verdade um povo feliz. Pois quando esse dia chegar saberá ouvir e respeitar o outro.          

11 de dezembro de 2012

FÉ NA INTELIGÊNCIA INFINITA

Vivemos em um mundo de bebidas instantâneas, alimentos instantâneos, cidades instantâneas, quase tudo instantâneo. Lamento não poder oferecer uma confiança ou cresça instantânea. A confiança ou a fé é algo que deve ser aprendido e alimentado por todos nós. Mas, espero já ter plantado algumas sementes de fé e confiança em pessoas que me conhecem de perto e que certamente irão cultivá-las.

Três sementes de fé e confiança que considero de vital importância para formarmos o triângulo do sucesso. A fé na nossa espantosa riqueza interior com a qual podemos criar qualquer modalidade de sucesso que se deseja. A fé e confiança em nós como mentes conscientes que somos, pois é essa consciência que nos torna senhor do presente e do futuro. E por ultimo a fé na existência de uma inteligência infinita que da ordem ao Universo e que nos proporciona ajuda e orientação em todos os empreendimentos, desde que lutemos tenazmente, com entusiasmo e decisão inabalável, removendo as barreiras que o condicionamento passado, colocou entre nós.

Somos seres conscientes, essa é a nossa identidade. A parte de nós que chamamos de Eu é a mente consciente. Embora ela seja espiritual, impossível de ser localizada e vista com olhos físicos, estamos absolutamente cientes de nossa existência e do que ela é capaz de realizar, através da força, do poder e da inteligência que extraímos da sabedoria infinita. Entretanto, a nossa verdadeira vida é mais do que um corpo físico. A verdadeira vida é o nosso ser espiritual e a nossa mente consciente.

Entretanto, nós temos o poder de atrair ou repelir toda e qualquer coisa. Temos o poder de subir grandes alturas na escada da realização pessoal e prosseguir em ascensão. Porque temos esse poder dentro de nós, está sempre trabalhando a nosso favor como também contra nós. Infelizmente, muitas vezes damos aos outros os nossos poderes, por exemplo: Quando alguém nos diz que não somos inteligentes para isso ou aquilo, passamos a considerar como tal. Quando dizem que somos indecisos, aceitamos este fato como verdadeiro e passamos a agir inseguramente. Quando alguém nos diz que não merecemos a sua confiança, passamos a duvidar de nós mesmos. Assim, como também de quem nos aproxima.

Portanto, quando conseguirmos modificar a nossa maneira de pensar, começaremos a experimentar novos sentimentos. Sofro não pelo o que os outros pensam de mim, mas, sim por aquilo que imagino que eles estejam pensando ao meu respeito. Contudo, a fé é a certeza das coisas que se esperam e a convicção de fatos que a gente não ve mais confia. Firme na fé e na confiança, como quem ve aquilo que é invisível. É um olhar da alma com o coração. Confiança inabalável e sem o menor vestígio de duvida. É nessa atmosfera que o Amor surge e se cristaliza.    

9 de dezembro de 2012

O OUTRO LADO DA MOEDA

Reduzir o pensamento do economista e filósofo alemão Karl Marx (1818-1883) ao materialismo dialético é um grande equívoco, na visão de estudiosos contemporâneos. Todavia, antes mesmo da concepção de sustentabilidade e das preocupações ambientais modernas, Marx já escrevia sobre a necessidade de cuidados com a natureza. Para ele, o homem é parte integrante dela. Entretanto, esses conceitos dividem opiniões até hoje. Só não é mais difundida e discutida por causa de interpretações enviesadas de muitos de seus discípulos e críticos, até mesmo pela falta de contextualização dos seus estudos. Contudo, quando o mundo ainda não tratava da sustentabilidade, Marx já falava em outras palavras sobre a importância do consumo consciente e de uma economia equilibrada, da justiça social e da manutenção da qualidade do meio ambiente.

Os conceitos expressos pelo filósofo Marx nos remetem aos temas hoje muito discutidos, de desenvolvimento sustentável, mudanças climáticas e aquecimento global, que surgiram principalmente a partir dos anos 1970. O modelo de desenvolvimento proposto, desde os primórdios da Revolução Industrial, no século XVIII, é considerado como um elemento importante a ser revisto no mundo contemporâneo, desde aquela época (O Capital – 1867). As reflexões de Marx se sobressaltam, aproximando-o de questões ambientais e de qualidade de vida, diante das quais podemos concluir que as discussões que assolam nossos dias e que abordam consumo excessivo e poluição, já eram uma preocupação para o filósofo, no século XIX.

Fazemos parte de um mesmo planeta, do mesmo ecossistema e nada mais justo do que nivelarmos por cima e equilibrar a economia e melhorar em termos de qualidade de vida e de justiça social. Devolvendo a dignidade de um povo, onde uma parcela significativa vive abaixo da linha de pobreza, na mais extrema miséria. Por que estou puxando para esse contraponto dos estudos de Marx?  Exatamente, para dizer que o capitalismo não é tão nefasto com muita gente diz ou imagina. Hoje já existem estudos, que mostram como é possível combater a desigualdade social e equilibrar a distribuição de renda.

Ao contrário do que muita gente diz o capitalismo não é algo horrível. Na verdade, um dos melhores sistemas que a humanidade tem até hoje é exatamente o capitalismo, isso não significa que talvez não surja um novo sistema que seja melhor do que o capitalismo. No feudalismo, que foi um sistema que precedeu o capitalismo, os vassalos (servos) nasciam pobres, viviam na pobreza, morriam pobres e seus descendentes teriam como herança unicamente a pobreza de seus ancestrais, isso porque no feudalismo não existia ascensão social, as pessoas que fossem pobres seriam pobres para sempre, tantos aqueles quanto seus descendentes, enquanto vivessem.

Wallace D. Wattles (1860-1911) escreveu um livro interessante “A Ciência de Ficar Rico”. Esse livro foi inspirador na obra O Segredo, de Rhonda Byrne (1951), do chamado Movimento do Novo Pensamento. Wattes foi um homem que passou grande parte da sua vida por dificuldades financeiras. Depois de estudar muito Filosofia e Religião, começou a pôr em prática a técnica da visualização criativa e a escrever acerca do Novo Pensamento, atividades estas que lhe trouxeram bastante sucesso e segurança financeira.

Wattles argumentava: “o que quer que se diga em louvor da pobreza, o fato é que não é possível viver uma vida realmente próspera e de sucesso quando não se é rico. Ninguém consegue chegar ao mais alto patamar do talento ou do desenvolvimento espiritual sem ter dinheiro suficiente. Para despertar espiritualmente e desenvolver o talento, deve-se ter muitas coisas e não se pode tê-las sem dinheiro para comprá-las. Contudo, uma pessoa desenvolve-se mental, espiritual e fisicamente usando coisas materiais, e a sociedade é organizada nesse sentido, para que tenhamos dinheiro e posses. Portanto, a base de toda evolução deve ser a riqueza. O objetivo de toda vida é a evolução, e tudo que vive tem um direito inalienável a toda evolução que é capaz de ter. O direito pessoal à vida é o direito de ter livre e irrestritamente o uso de todas as coisas materiais necessárias o seu total desenvolvimento mental, espiritual e físico; ou seja, o direito de ser rico".

Entretanto, além do feudalismo tivemos na história também a ideia de comunismo em que as pessoas tinham a mesma quantia em dinheiro, vestiam o mesmo tipo de roupa, com exceção do líder que podia ter tudo o que quisesse. Isso é ruim, porque as pessoas não são iguais, imagine você vivendo num mundo onde não pode se desenvolver, onde por mais que se esforce nunca vai ganhar um dinheiro a mais? Isso tem pouca diferença com o feudalismo. No caso de um regime político chamado Monarquia, você vale o quanto agrada o Rei, dessa forma o Rei pode decidir a qualquer momento que você fique pobre ou rico dependendo da vontade dele, pois em uma monarquia não existe cidadão, existem súditos, todos os habitantes do país são súditos e a ideia de súdito é a de propriedade do Rei, ele faz contigo o que ele bem entender.

O lado bom do capitalismo, segundo o administrador e empresário Diego Gualhardi, é que se você nasce pobre, certamente poderá tornar-se rico, evidentemente, com o seu esforço e trabalho, só assim terá o suficiente em dinheiro para continuar a sua vida. O lado ruim é que se você nasce rico, pode tornar-se pobre do dia para a noite, caso não faça uma boa administração do seu dinheiro. Esse é o lado cruel do capitalismo, porque a queda é rápida demais e fatal para o rico.

Por outro lado, com o advento do capitalismo veio a necessidade de podermos evoluir intelectualmente e economicamente sem ter que dar contas a nenhum soberano, o lado ruim é que o capitalismo estimula a competição já que todos podem se tornar pobres e todos podem se tornar ricos. O mal do capitalismo é que valemos pelo que ganhamos e temos, mas o lado bom é que sempre vamos nos alimentar exatamente daquilo que produzirmos e não menos que isso. Não estou defendendo o capitalismo e nem negando a sua importância, estou mostrando o outro lado da moeda que poucos conseguiram ver até hoje. Na verdade, quais eram as preocupações de Marx?

Para o sociólogo e doutor em história Marcos Lobato Martins, na sua obra “História e Meio Ambiente”, diz que seria um equivoco colocar Marx entre os adeptos do paradigma de que os seres humanos estão imunes aos fatores ambientais e econômicos. Outro que também enfatiza essa questão ambiental e o equilíbrio social é o cientista e sociólogo John Bellamy Foster, ao afirmar que o capitalismo sujeitou os países e os governos das cidades. O capitalismo criou cidades enormes, aumentou muito a população urbana em comparação com a rural e, assim, resgatou uma parte considerável da população urbana em comparação da idiotia da vida rural – idiotia que deriva do grego idiotes, que significa o cidadão que foi excluído da vida pública. Na visão marxista, a palavra idiotia tinha exatamente essa conotação de exclusão. Havia sim, por parte de Marx, uma preocupação com os cuidados em relação ao meio ambiente, como a sustentabilidade através de uma economia equilibrada e com justiça social. Todavia, quando comparamos tudo isso ao capitalismo com outros regimes políticos e econômicos, como no caso do feudalismo, da monarquia, do imperialismo, do comunismo, isso nos traz uma certa alegria, de hoje vivermos no regime capitalista.
 
Portanto, o potencial do homem, para Marx é um potencial dado. O homem é por assim dizer a matéria prima humana e como tal não pode ser modificada. Todavia, o homem de fato muda no decurso da história, ele se desenvolve e se transforma, ele é o produto da história. Como seu próprio produto, ele faz a história. A História é a história da autor-realização do homem, ele nada mais é que a autocriação por intermédio de seu próprio trabalho e produção. Como diz Erich Fromm: “o conjunto daquilo a que se denomina história do mundo não passa de criação do homem pelo trabalho humano e o aparecimento da natureza para o homem; por conseguinte, ele tem a prova evidente e irrefutável de sua autocriação, de suas próprias origens”. Contudo, o homem é autor e ator da sua própria história. Assim como todas as Igrejas de denominação Cristãs são ricas, nós, como filhos de Deus também temos direito à riqueza. Esse é o Novo Pensamento.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...