20 de dezembro de 2012

VENCER O ISOLAMENTO E ESCAPAR DA LOUCURA

O tomarmos conhecimento de nós mesmos como seres capazes de consciência e liberdade, percebemos nossas diferenças em relação ao restante da natureza. Passamos a sentir solidão que nos acompanha sempre a nossa individualidade. Ser um, tomar decisões e responder pela vida são fatos que provocam um sentimento doloroso de abandono e desamparo, só superado na relação com o outro.

Erich Fromm, psicanalista, filósofo e sociólogo alemão (1900-1980) argumenta em seu livro “Psicanálise da Sociedade Contemporânea”, sobre esse estado cruel de abandono e desamparo que os seres humanos vivem: “O homem é dotado de razão, é a vida consciente de si mesmo; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu próprio e curto período de vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de ter de morrer contra sua vontade, de ter de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência antes as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior”.

Dessa necessidade de união nasce o amor. O amor é, pois, o meio procurado e desenvolvido pelo ser humano para vencer o isolamento e escapar da loucura. O amor é fundamental para o ser humano e para a sociedade em geral. Sem amor, o ser humano torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com o outro.

Portanto, não se sensibiliza com o abandono dos velhos, a morte das crianças, a miséria do povo, a poluição e a destruição do Planeta, o roubo da cidadania, a morte dos ideais. Sem amor não há encontro, não há diferença. Só nos resta a escuridão do individualismo, de pessoas incapazes de relações duradouras e profundas. Como dizia Guimarães Rosa (1908-1967): “qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

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