27 de setembro de 2020

NA ARTE DA COMUNICAÇÃO ESCRITA

Num dos ensaios de Arthur Schopenhauer (1788-1860), que foi traduzidos para o livro “A Arte de Escrever. Trata-se de um livro rico, pronto para trazer novos conceitos e novas visões sobre a escrita. Como não amar alguém que diz: “Só se dedicará a um assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que se ocupe dele com amor”? Porém, em quase todo o livro há citações importantes e histórias que nos levam a compreender melhor o mundo que circundou a escrita há séculos, mas não podemos negar que Arthur Schopenhauer é severo em suas concepções.

Para ele, é ingênuo pensar que o simples ato de leitura de grandes obras e autores poderia nos levar a ter a mesma riqueza literária que estes autores. Mas, aqui vale um questionamento: “essa leitura não nos aproximaria de um aperfeiçoamento da escrita”? Não alcançaríamos a graça, a ousadia, a riqueza de expressão ou até mesmo a capacidade de persuasão e de concisão com leituras que não fossem apenas de eruditos?  Inclusive estes mesmos autores são postos em xeque por Schopenhauer.  

Segundo Schopenhauer,  de tanto lerem, os eruditos ficaram burros. Isso porque para ele, “a nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos alheios” e continua: “quando lemos, outra pessoa pensa por nós”. Mas, não seria exatamente esse esvaziar-se de si mesmo para viver outras realidades, ou seja, a riqueza dos melhores aprendizados? Não seria justamente nesse momento, quando vivemos a história de outrem, quando nos deixamos sentir outros lugares, outras vidas, quando nos colocamos no lugar do outro, que percebemos e apreendemos outro olhar?

No entanto, nos seis capítulos do livro, o cético filósofo e autor alemão Schopenhauer, que chegou  influenciar Freud em seus estudos psicanalíticos, critica a liberdade de imprensa que, ao seu ver, permite o anonimato e o uso de pseudônimos (ele não viveu a ditadura), trata da prolixidade nos textos e do entrelaçamento de palavras, que não valem o esforço da leitura e fala também do contrário, da concisão que pode sacrificar a clareza e, muitas vezes, até a gramática.

Ao ler “A Arte de Escrever” é preciso levar em conta que Arthur Schopenhauer tem a dureza dos que querem preservar sua língua pátria, no caso a alemã, a todo custo. Porém, ao terminar de ler a obra do “Cavaleiro Solitário” senti que sou mais leitor e mais escritor ainda. Sem dúvida, trata-se de uma leitura muito útil para quem deseja se aperfeiçoar na arte da comunicação escrita. De modo que, para o filósofo alemão Schopenhauer, conclui seu raciocínio classificando os escritores em três modalidades:

Em primeiro lugar estão aqueles que escrevem sem pensar e sem planejar. Escrevem a partir da memória, das reminiscências, ou mesmo diretamente dos livros dos outros, em função do assunto (pensamento e experiências). Esta classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, vêm aqueles que pensam enquanto escrevem. Ou seja, pensam escrevendo. São muito vulgares porque escrevem por escrever ou para informar sobre algo (por dinheiro). Em terceiro lugar, temos aqueles que pensaram antes de começar a escrever. Escrevem simplesmente porque pensaram e planejaram seus ensaios. Sendo esse último o mais raro e o mais valioso dos escritores.

Portanto, são poucos os escritores que pensam seriamente antes de começar a escrever. A maioria pensa simplesmente em acumular o maior número possível de livros publicados, sobre qualquer assunto. Necessitam do estímulo e ideias produzidas por outras pessoas para conseguirem pensar. São temas imediatos, desse modo, ficam constantemente sob a influência e, consequentemente, nunca alcançaram a verdadeira originalidade dos seus escritos. Contudo, aprendi muito sobre a arte da comunicação escrita e o estilo literário a ser seguido. Neste livro o filósofo alemão sutilmente faz uma denuncia, mostrando um dos mais recorrentes subterfúgios de escritores e pensadores, que é rebuscar o texto para fazê-lo aparentar ter estilo e conteúdo.

25 de setembro de 2020

PELOS CAMINHOS PERIPATÉTICO DE ARISTÓTELES

Toda aventura começa com um sonho. Posso dizer que minhas aventuras ao lalo dos meus filhos, foram recheadas de sonhos. Vivemos até onde foi possível e sonhamos até ao infinito. Era sagrado todos os domingos de manhã, irmos para a minha mãe em Rubião Junior, distrito de Botucatu SP, passar o dia com ela.

A maior alegria era sair para as caminhadas com os meus dois filhos: Eduardo Ju e Dani, pelas trilhas entre as árvores nativas a beira do riacho. Vale lembrar, que os meus filhos; o Ju tinha 8 anos e a Dani tinha 4 anos de idade. Eu nem sonhava em estudar filosofia e muito menos ser professor, mas, algo fazia eco nos meus passeios peripatético aos domingos. Havia um conhecimento empírico, nas caminhadas com os filhos.

Eramos peripatéticos e não fazia a menor ideia da existência dessa palavra e muito menos do seu significado. Só tomei contato com a palavra no curso de filosofia. No entanto, a escola peripatética foi um círculo filosófico na Grécia Antiga, que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles (384-322 a.C.), que abriu a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas. De modo que, “peripatético” é a palavra grega para “ambulante” ou “itinerante”. Peripatéticos eram os discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob as árvores do bosque que cercavam o Liceu.

Entretanto, numa dessas caminhadas peripatéticas, com os meus filhos, deparamos com uma árvore gigante e com uma casa de João de Barro em um dos galhos no alto. Expliquei ao meu filho que se tratava de uma araucária ou pinheiro, cujo nome científico é: “Araucária Angustifólia”. É uma árvore símbolo das matas do Paraná. A araucária é representada no brasão da bandeira paranaense, com um lindo galho do pinheiro, ou araucária.

Infelizmente esta árvore está acabando, porque a gralha-azul está em extinção e ela responde por mais da metade do plantio da araucária no estado do Paraná. Por obra da natureza a gralha-azul recolhe o fruto da pinha, come o que lhe basta e armazena a sobra para o verão. Ou seja, guarda os frutos enterrando-os em terreno favorável, após fazer com o bico, inconscientemente, um trabalho de escarificação da semente, favorecendo ainda mais o germinar.

Como a gralha-azul geralmente armazena mais do que pode comer ou como acreditam os pesquisadores, ela esquece onde enterrou os pinhões que acabam germinando e nascendo outra árvore gigante. São novos pinheiros saindo para a vida, para compensar e enfeitar à natureza. Dar sentido a vida é isso. É compreender as razões lógicas da natureza. No entanto, a beleza que vemos está além da nossa compreensão. E quando a compreendemos enaltecemos o que é belo.

Portanto, procurei passar para os meus filhos, através das nossas caminhadas peripatéticas pela natureza, o gosto e o prazer pela vida. Aprendemos que a natureza dá a cada época e estação, algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças tão gentis e suaves, que quase não conseguimos perceber os seus progressos. Aprendemos também, que quando as abelhas, borboletas e beija-flores colhem o néctar, os grãos de pólen ficam em seu corpo. Desse modo, o pólen contém células reprodutoras masculinas da planta. Pousando em outra flor, esses insetos deixam cair o pólen na parte feminina da planta. De modo que, conectar-se com a natureza é entrar em contato com o nosso “Eu superior”, é se aproximar da ligação com a nossa essência e sentir a energia da mãe Terra. 

22 de setembro de 2020

AS ÁRVORES SEMPRE ME ATRAÍRAM

Em homenagem ao dia da árvore (21/09), aproveito para falar um pouco da minha relação com essas plantinhas. Aprendi que proteger a árvore é valorizar a vida. Posso dizer que minha infância foi de muitas aventuras, pois nasci e cresci entre meio a natureza no quintal de casa, em íntima relação com as árvores frutíferas e dividindo as frutas com os passarinhos. A minha memória de criança feliz, porém sofrida, não poderia deixar de estar repleta de experiências gostosas as sombras de tantas árvores, entre elas algumas frutíferas. Como as mangueiras e jabuticabeiras. Por exemplo: chupar mangas e jabuticabas no pé, era a minha maior alegria, além dos balanços e as sombras paradisíacas.

Lembro-me como se fosse hoje, parecia que as árvores realmente precisavam das crianças, quando na verdade, elas realmente precisavam da nossa proteção sim. A primeira árvore que plantei na minha vida, foi no dia 21 de setembro de 1959, quanto eu contava com apenas 8 anos, sob o olhar e a orientação de Dona “Maria Dallaqua Borgatto” (in-memoriam), funcionária e nossa orientadora nos cuidados com as plantinhas do Grupo Escolar Prof. Gustavo Dias de Assunção, em Rubião Junior distrito de Botucatu SP, onde passei toda a minha infância e parte da juventude. Talvez é por isso que as árvores sempre me atraíram.

De modo que, fui marcado por um gosto especial pelas sombras das árvores, com frondes arredondadas, a variedade do seu verde, a sombra aconchegante, o cheiro das flores, os frutos, a ondulação dos galhos, mais intensa ou menos intensa em função da sua resistência ao vento. As boas vindas que suas sombras sempre nos davam, inclusive aos passarinhos de todas as cores e cantadores. Havia bichos de todas as espécies que visitavam e repousavam sobre suas sombras, assim como nos galhos.

Portanto, todos os anos o meu contado com o inverno lá em Rubião, a caminho da escola Prof. Gustavo Dias de Assunção, era marcado por manhãs de céu azul, de sol manso e de frio intenso, caminhando através das árvores nas trilhas, procurando o lado banhado pelo sol, de lábios ressecados de frio. Carregando um embornal de pano, levando ali um caderno, lápis, caneta e o lanche de pão com ovo. Além de levar uma coisa muito importante. O que toda criança leva para a escola é: “esperança” e “sonhos”. Porém, cabe a nós professores permitir que a criança continue a sonhar. Contudo, a árvore plantada por mim, no dia 21 de setembro de 1959. Na minha memória isso tem um significado de um sonho realizado, que as palavras não explicam. 

17 de setembro de 2020

CADA UM É SUA CÓPIA E SUA ESSÊNCIA

Segundo o filósofo grego Platão (427-347 a.C.), acreditava que o mundo que conhecemos não é o verdadeiro. Para ele a realidade não está no que podemos ver, tocar, ouvir e perceber. A verdade para Platão, é o que não se modifica nunca, o que é permanente, eterno, sempre será, por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar. Contudo, podemos afirmar que o amor é dos deuses. Quando se ama é na essência que o amor se faz encarnado.

Entretanto, para o filósofo pré-socrático Parmênides (530-460 a.C.), desde o nascimento até a morte somos únicos na essência. Mas como encontrar essa verdade? Platão argumenta que existe dois mundo: o primeiro é aquele que podemos perceber ao nosso redor, com os nossos cinco sentidos, que ele chama o mundo das aparências. Outro é o mundo das idéias, onde tudo é perfeito e imutável. Não podemos tocá-lo, porque ele não é concreto. Só o pensamento pode atingir essas ideias. Para entender melhor, precisamos conhecer a história que Platão criou para explicar a evolução do processo do conhecimento em: “O Mito da Caverna”.

Portanto, Platão acreditava que para atingir a verdade e o bem, precisamos nos libertar da sedução dos sentidos. O prazer de olhar e desejar, o prazer de comprar. Hoje com a modernidade liquida estudada por Zygmunt Bauman (1925-2017), ao entrarmos num Shopping Center, podemos ficar hipnotizado pelas vitrines, pelas pessoas bonitas, que tem poder e status, ou por aqueles doces gostosos que tanto apreciamos. Na verdade, noventa e nove por cento do que existe nos Shopping não precisamos. Mas mesmo assim compramos, porque o consumo virou um suporte do exercício de poder. Se compro é porque posso, estou afirmando o meu poder perante o social.

13 de setembro de 2020

O AMOR EM VERSO E PROSA: UM ENSAIO FILOSÓFICO

Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí a gênese do amor, somos tomados por uma ternura  que nos convida para uma fusão. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, da cabeça aos pés.

O amor a meu ver tem duas funções que quase se confundem, mas podemos descrevê-las como se realmente fossem duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou um caso amoroso.

Podemos dizer que toda vez que resistimos a uma fusão ou não permitimos essa atração, quase sempre usamos como pretexto a essa resistência, algum pretenso defeito da pessoa querida, coisa do tipo: “Ah se ela não fosse tão orgulhosa, se não fosse tão teimosa, confusa, fria, indiferente e cheia de preconceitos”. Estando implícito, que se o outro não fosse do jeito como o vejo, certamente o amaria mais, me daria mais. Estes defeitos funcionam como uma barreira existente entre ambos,  como se fosse algo isolante, muitas vezes repulsivo.

Juntamente com esse modo de perceber o outro e julgá-lo vai um desejo implícito, coisa do gênero, se ele se modificasse, deixasse de ser assim, certamente o amaria mais. Os defeitos meus e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar.

Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente faladas no nosso dia a dia, que quem ama o outro tem de amá-lo por inteiro, como ele realmente é, com suas qualidades e defeitos. Só que as pessoas não juntam as ideias. Dito de outro modo, vai pouco a pouco percebendo o modo de ser do outro, de pensar, de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai aos poucos acabando. Então, aceitar os defeitos do outro é falso.  

Em nossa sociedade se admite, quase sem crítica, e com muita obscuridade, que as pessoas buscam acima de tudo o próprio interesse, são egoístas, amam muito a si mesmas. Ao percebemos prontamente o quanto é difícil e pesado o sermos nós mesmos, o quanto custa nos arrastarmos pela vida com este lastro de aspectos negativos, os quais, não obstante serem negativos são tão nossos, tão inerentes a nós, como nossas mais caras virtudes e aptidões.

Provavelmente o modo mais comum de negação de si mesmo resida justamente no desejo de fazer parte de um grupo ou tribo, de um partido ou de uma ideologia. Todavia, vivemos numa sociedade de renúncia que cada um faz de si mesmo. Quanto menos eu sou eu, mais sou ninguém diante de tantos outros ninguém. Onde se espera muita uniformidade de comportamento, sentimento ou pensamento, por simples descrição fica excluída toda individualidade.

O amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu "Eu" não é infinito. O amor capaz de nos ensinar estas duas lições é certamente um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, muita carícia e contato físico, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Talvez por isso o amor seja triste. Ele nos acena, ele nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral.

Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Tendo em vista que onde há amor há transformação. Onde não há transformação e nem crescimento, não podemos afirmar que exista amor.    

7 de setembro de 2020

NA ESPERA SOMOS ANDANTES DESTRAÍDOS

A espera se da na esquina dos nossos dias, como uma espera nutrida de loucura. Coisa que só no amor se configura, um misto de sustos, fomes e alegrias perenes. Esperar é mais do que uma simples espera. Inventamos uma chegada ornada de ousadias e olhos acesos de quem esperou. A arte que mora neste olhar, nos põe a esperar. Na espera, tal desprezo é a força desse amor que também sentes, que resultei bobo de amor, sem heroísmo, nada, apenas preso na espera que nos enlaça em suas correntes e alimenta de sonho o sonhador.

São muitas flores sobre o meu silêncio enquanto espero. Melhor apenas poucos girassóis enlouquecidos. E mais rouxinóis cantando sons de sol, de sal, de hortênsia, para alegrar a espera. Ainda melhor, se os teus despojos fossem plantados num trigal febril de paixão, nuvens e pássaros pelo alegre mês de abril que se despeja sobre os nossos olhos cheios de esperanças. Um dia voltarás trazendo estrelas de um céu pacífico e sem sofrimentos, banhado na brandura dos anjos.

Custou-me a compreender, assim como custou a enxergar o resplendor de humildade que andava por gestos tão nobre vindo da profundidade do coração de quem me tocava. Coração de cortinas delicadas, estatuetas, luzes muito mansas, jarra d’água e compêndios de alquimia. Vi muitos partindo desta vida e sobre mim desabou a confiança na espera. Vi o que sou. Um andante distraído, que sofre e não enxerga seu próprio sofrimento. Deixei escapar o brilho das almas de pessoas importantes que caminhavam ao meu lado.

Portanto, o dia de ontem foi esperança de hoje, como hoje é a esperança do amanhã. Mas esperança mesmo, é a certeza permanente em cada minuto, em cada hora de vida. É ainda o instante final que se extingue na morte. Pois, é triste perder pessoas queridas; porém mais triste ainda é acreditarmos que a centelha de vida do ser amado se extinguiu para sempre, que o pó retornou ao pó e que nada mais existe, a não ser a lembrança que habita o nosso ser. Contudo, continuo a esperar, por uma razão muito simples, porque sou fruto deste amor cósmico. Porém, a esperança por esta espera é o que tempera a minha fé.   

6 de setembro de 2020

SOLIDARIEDADE UNIVERSAL PELA VIDA NA TERRA

Vale lembrar, que palavra ecologia é derivada do grego oikos, que significa ”casa“ e, ”logos“ que significa estudo. Entretanto, juntando as duas palavras gregas e fazendo a tradução etimológica para o português que quer dizer: ”estudo da casa“. No sentido mais amplo, pode-se considerar o termo casa como todo o ambiente terrestre; a palavra ecologia, então passa, a se referir ao estudo do ambiente. Vamos então refletir sobre essa casa ambiental.

Todavia, nunca em nenhum momento da história, a questão ambiental esteve tão em evidência aos olhos da civilização humana, como está atualmente. O que justifica essa mudança tão repentina? Para uma espécie que, na sua relação com a terra, acostumou-se a retirar dela o que precisava para sua existência material, cultural e porque não dizer simbólica.

Será ética e verdadeira a nossa paixão pela terra, pelos outros seres vivos, incluindo nossos semelhantes? Na verdade, estamos falando de solidariedade universal, do respeito ilimitado a todo o organismo vivo que anima esse planeta. Existe de fato responsabilidade frente às consequências dos nossos atos e do cuidado que se caracteriza como uma relação amorosa, carinhosa, de ternura, bondade e amabilidade perante as coisas e as pessoas da nossa casa comum, que é esse planeta.

Na verdade, somos seres que vivem na pele dessa pérola chamada terra. Então, me intriga pensar nessa forma de amar a natureza. Seria, pois uma paixão e não um amor a terra, no qual o que está em questão é se estamos sendo prejudicados ou não nessa relação? Nosso eco paixão é um estado de satisfação individual? Na nossas almas, onde moraria esse amor à oikos, nossa casa terra? Vivemos humanamente na casa comum a todos? Parece que nosso discurso teórico está desconectado da pratica. Falamos mais do que fazemos.

Portanto, compaixão seria entender e dividir o sofrimento do outro. Estaríamos dispostos a ter compaixão pela terra que hoje está adoecida, pelos pobres, pelos miseráveis e famintos do mundo? Contudo, encerro essa reflexão, deixando o seguinte pensamento. Será que a forma de como nos relacionamos com a nossa casa, com nossa maneira de morar nela e de nos relacionarmos com os nossos semelhantes e seres de outras espécies, realmente está correta? Vamos juntos pensar nisso?  

5 de setembro de 2020

CONTINUA A CORRUPÇÃO E A DESTRUIÇÃO DO BRASIL

Acabei de ler um livro sobre como combater a corrupção sem destruir o país. O livro: “O Espetáculo da Corrupção”, cujo autor é o advogado e filósofo Walfrido Warde, que faz uma radiografia sobre os efeitos devastadores dos crimes de colarinho branco no Brasil e analisa os equívocos do sistema criado para enfrentar a roubalheira. Ele explica que não precisamos destruir o capitalismo brasileiro para combater a corrupção, não precisamos destruir as empresas para punir os empresários corruptos e tampouco precisamos destruir a política para prender os políticos corruptos.

De modo que é uma obra para corajosos: ao mesmo tempo contra a imoralidade e contra o moralismo barato. Nos últimos anos, a Lava Jato, segundo o autor, ruiu os pilares de uma política brasileira repleta de gangues, conchavos e relações pútridas com as principais e mais importantes organizações empresariais brasileiras, muitas delas com enorme capacidade de corromper agentes públicos. Na sua conclusão, parece um bom resultado, mas está longe disso. A Lava Jato e seus protagonistas acusaram, processaram e mandaram prender maus políticos e maus empresários, mas também arruinaram grandes empresas e, com isso, enfraqueceram mercados fundamentais para a economia brasileira.

Como ele afirma, “era ruim com as organizações empresariais criminosas. Ficou pior sem elas.” O livro aponta a direção para duas frentes. De um lado, mostra o quanto a corrupção deve ser combatida, pois é imoral e gera ineficiência e pobreza, ainda que não impeça o crescimento econômico. O modo que o Brasil escolheu para combater corrupção, porém, arrasou setores inteiros da economia – sem acabar com o problema.

Portanto, mais do que propor uma crítica à Lava Jato, Walfrido Warde apresenta soluções para que o processo de combate à corrupção se aperfeiçoe e possa superar os terríveis efeitos colaterais que produzEste livro: O Espetáculo da Corrupção é, portanto, uma expressão patriótica em prol da democracia, da justiça social, da dignidade e do desenvolvimento econômico e humano do Brasil.

3 de setembro de 2020

NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

Tem um poema de Fernando Pessoa (1888-1935), que fala de uma coisa que me intriga muito, que diz: “navegar é preciso, viver não é preciso”. Eu confesso que levei algum tempo para entender essa frase. Como assim navegar é preciso e viver não é preciso? Na verdade, Fernando Pessoa não estava falando exatamente, que viver não é preciso no sentido de necessidade, como navegar é necessário e viver é impreciso, não tem precisão. Já navegar necessita de conhecimento, de uma certa técnica. Para a vida não. De repente bate um vento do amor e muda toda a sua vida. E ganha outros rumos

Ao meu ver ainda hoje as pessoas interpretam errado essa frase de Fernando Pessoa. Como viver não é preciso, se não vivo, como vou navegar? De modo que, o preciso aqui é muito possivelmente no sentido de precisão, navegar é preciso viver não tem precisão, no sentido de exatidão, ao passo que navegar tem exatidão, segundo os instrumentos de navegação. Já a vida é imprecisa, no sentido de incerta. Pois, é certo que viver é impreciso, mas se você planejar a sua vida ela pode ser mais eficiente.

Portanto, estabeleça metas, planos, trace um objetivo para sua vida, olhar para o futuro e saber aonde quer chegar. Simples assim, onde estou, aonde quero estar e que caminho tenho que fazer para chegar lá. Uma vida bem planejada, passo a passo vai cumprindo com aquilo que planejou, contudo, vai evitando os emprevistos e obviamente vai gastar menos energia e se estressar menos. Neste caso o nível de energia, pode ser mais eficiente e o resultado pode chegar mais rápido. De modo que, viver é preciso desde que você se encontre no amor, que possui um futuro que ainda não existe dentro de você. Se cultivar um jardim, é preciso desde já gozar desse jardim, como se ele já estivesse aqui cultivado.


POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...