25 de setembro de 2020

PELOS CAMINHOS PERIPATÉTICO DE ARISTÓTELES

Toda aventura começa com um sonho. Posso dizer que minhas aventuras ao lalo dos meus filhos, foram recheadas de sonhos. Vivemos até onde foi possível e sonhamos até ao infinito. Era sagrado todos os domingos de manhã, irmos para a minha mãe em Rubião Junior, distrito de Botucatu SP, passar o dia com ela.

A maior alegria era sair para as caminhadas com os meus dois filhos: Eduardo Ju e Dani, pelas trilhas entre as árvores nativas a beira do riacho. Vale lembrar, que os meus filhos; o Ju tinha 8 anos e a Dani tinha 4 anos de idade. Eu nem sonhava em estudar filosofia e muito menos ser professor, mas, algo fazia eco nos meus passeios peripatético aos domingos. Havia um conhecimento empírico, nas caminhadas com os filhos.

Eramos peripatéticos e não fazia a menor ideia da existência dessa palavra e muito menos do seu significado. Só tomei contato com a palavra no curso de filosofia. No entanto, a escola peripatética foi um círculo filosófico na Grécia Antiga, que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles (384-322 a.C.), que abriu a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas. De modo que, “peripatético” é a palavra grega para “ambulante” ou “itinerante”. Peripatéticos eram os discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob as árvores do bosque que cercavam o Liceu.

Entretanto, numa dessas caminhadas peripatéticas, com os meus filhos, deparamos com uma árvore gigante e com uma casa de João de Barro em um dos galhos no alto. Expliquei ao meu filho que se tratava de uma araucária ou pinheiro, cujo nome científico é: “Araucária Angustifólia”. É uma árvore símbolo das matas do Paraná. A araucária é representada no brasão da bandeira paranaense, com um lindo galho do pinheiro, ou araucária.

Infelizmente esta árvore está acabando, porque a gralha-azul está em extinção e ela responde por mais da metade do plantio da araucária no estado do Paraná. Por obra da natureza a gralha-azul recolhe o fruto da pinha, come o que lhe basta e armazena a sobra para o verão. Ou seja, guarda os frutos enterrando-os em terreno favorável, após fazer com o bico, inconscientemente, um trabalho de escarificação da semente, favorecendo ainda mais o germinar.

Como a gralha-azul geralmente armazena mais do que pode comer ou como acreditam os pesquisadores, ela esquece onde enterrou os pinhões que acabam germinando e nascendo outra árvore gigante. São novos pinheiros saindo para a vida, para compensar e enfeitar à natureza. Dar sentido a vida é isso. É compreender as razões lógicas da natureza. No entanto, a beleza que vemos está além da nossa compreensão. E quando a compreendemos enaltecemos o que é belo.

Portanto, procurei passar para os meus filhos, através das nossas caminhadas peripatéticas pela natureza, o gosto e o prazer pela vida. Aprendemos que a natureza dá a cada época e estação, algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças tão gentis e suaves, que quase não conseguimos perceber os seus progressos. Aprendemos também, que quando as abelhas, borboletas e beija-flores colhem o néctar, os grãos de pólen ficam em seu corpo. Desse modo, o pólen contém células reprodutoras masculinas da planta. Pousando em outra flor, esses insetos deixam cair o pólen na parte feminina da planta. De modo que, conectar-se com a natureza é entrar em contato com o nosso “Eu superior”, é se aproximar da ligação com a nossa essência e sentir a energia da mãe Terra. 

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