30 de março de 2018

SÁBIA MÃE NATUREZA

Gosto muito de apreciar o contato com a natureza. Admiro-te e respeito, natureza gentil, não como irmã, mas, como mãe de todos. É do teu seio que sai o nosso alimento. Não lhe admiro como o filósofo pagão de Atenas, mas, como um poeta cristão de Assis (faço referências a São Francisco de Assis, amante da natureza – Itália). Não te chamo como os panteístas, irmã natureza, porque nasci com sabedoria e sensibilidade, chamo-te como um teísta, porque temos o mesmo “Pai”. Inspira o meu viver, com o teu toque de poder minha mãe natureza.

Mãe e amiga natureza gentil que sempre me foste. Sábia mãe natureza, quando a deslealdade e falta de respeito das pessoas me envenenam a vida. Quando os Iscariotes me atraiçoam e fariseus me exploram. Quando de mim desertam amigos, porque de mim desertou o prestigio material. Enquanto minha alma grita por justiça, destempera a harmonia da vida. Reúno forças em sua sabedoria e sensibilidade. Na sua imensa sabedoria sempre nos aponta uma saída genial. No entardecer da mata, na sinfonia dos bichos na morada da mãe natureza faço minha casa, dos arbustos meu abrigo, da cachoeira minhas vestes, do céu meu infinito, aonde o fogo nos aproxima trazendo a tona meus instintos, em mil anos não poderia explicar o prazer de acampar.

Então mãe natureza, eu me refugio em teus braços acolhedor. Entro no silencioso santuário da tua verde catedral. No meu silêncio consigo exprimir as minhas dores e fraquezas. Sinto que na essência estamos muito próximos. Pois todas as pessoas que amam na essência, deveriam aprender a perdoar, entender que somos limitados e falíveis em nossas ações. Erramos por querer acertar. Sábia mãe natureza, sempre que entro em contato com sua essência me sinto amparado neste amor incomensurável.

Nesse momento que estou interagindo com a mãe natureza, essa mística atmosfera de tua solene quietude, algo me chama a atenção. Por entre o incenso que teus cálices vivos exalam. Por entre os hinos que teus cantores entoam. Por entre a liturgia multicor que tuas falhas ostentam ao som da música que os ventos dedilham nas harpas dos galhos ao ritmo suave dessa brisa que cadência o meu corpo. Nesse momento sinto o meu ser invadido pelo sopro da divindade cósmica. Agradeço ao universo, à força da vida e à mãe natureza. 

Sonho feliz que tua alma sonha nos dias estivos, nas noites de luar. Minha alma ainda enferma restabelece aos poucos, entre teus braços natureza mãe. Cicatrizam um pouco as chagas vivas do meu coração. Distendem-se aliviados, os nervos tensos de dor. Cessa o ruído do sangue nas delatadas veias do meu corpo. E a minha alma conversa com a tua alma natureza gentil. Elas se estendem nesse colóquio silencioso, porque falam a língua do "Pai". Esse "Ser" que nos criou para vivermos em harmonia. Sei que não é Deusa, mas sei que é mensageira "Divina". Sabia natureza de sublime e elevada grandeza, amiga querida do "Eterno", servidora do "Onipotente".

Portanto, sempre será por mim admirada e respeita, pois é sincera e fiel, acolhedora e íntima, querida mãe natureza, que muito me inspira quando estou em teus braços. De mãos dadas vamos sentir a presença e a manifestação da "Divindade" tocando delicadamente a nossa "Essência". Contudo, vou seguir os caminhos da mãe natureza, sem rancor pessoal, sem vingança ou algo parecido. Agradeço cada recomeço, por mais difícil que seja porque viver bem, muitas vezes, é só uma questão de recomeçar, reaprender, reciclar-se. Continuo consolidando o “respeito” e o “amor” que tenho pela mãe natureza. Em sintonia com o "Ser Universal". Admirável e sábia mãe natureza.

25 de março de 2018

AS FOTOGRAFIAS FALAM AO CORAÇÃO


Nasci num lugarejo onde o tempo passa devagar. O passado não quer partir, teima em querer ficar. Criei esse espaço de leitura, exatamente para dialogar com pessoas que amo e respeito. Diante da circunstância dos fatos, não poderia deixar de registrar esse momento histórico. Ao longo desses anos, postei no meu Blog centenas textos e tenho um acervo fotográfico com mais de novecentas fotos e trinta horas de vídeos gravados ao lado de pessoas queridas e especiais. São registros que contam a história desse homem que tem um caso de amor com a vida, que teve o privilégio de conviver com pessoas que marcaram profundamente com suas passagens pela nossa vida. Para que a fotografia seja acima de tudo arte, ela precisa ser eterna e só será eterna se falar ao coração, se vier de dentro e se instigar nossas lembranças. Dessa forma, comunicar-se com a essência das pessoas de modo silencioso reflete a nossa própria essência.

Fotografamos esse passado que hoje não quer partir. É comum dizer, vamos tirar uma foto! Mas, está errado. O olhar do fotografo não tira nada, ele põe. Descansando os meus olhos pelas fotos das inúmeras viagens que fiz, lembrei-me de um verso que a Cecília Meireles escreveu para seu avô, encantada: “Tudo em ti era uma ausência que se demorava. Uma despedida pronta a cumprir-se”. Foi o que eu disse baixinho para as fotografias em quanto olhava: “tudo em ti é ausência que se demora, uma despedida pronta a cumprir-se”. Talvez quem gosta de fotografar não saiba, pensa estar fotografando uma árvore, um rio ou uma paisagem qualquer, pode estar fotografando um casal apaixonado ou uma igrejinha no alto do morro. Não sabe que está fotografando a sua própria alma. Não fotografamos o que vemos, mas, o que somos.

Toda fotografia é autorretrato, pedaço do corpo do fotógrafo: “é assim que eu sou”, a foto está dizendo. Ver fotografias é antropofagia, é eucaristia, é escutar o que diz a alma. Os olhos fotografam o tempo que não quer partir, esses olhos que sofrem a despedida. Olhos sobre os quais falou o poeta alemão Rainer Maria Rilke (1875-1926): “Quem assim nos fascinou para que tivéssemos um olhar de despedida em tudo o que fazemos”? Fotografias de um mundo que se despede. Fotografias para quem sabe adiar a partida. Fotografias são como feitiçaria, usamos para enganar o tempo, para imobilizar o tempo, para impedir que ele passe, para que o momento se torne eternidade.

Entretanto, é impossível não fazer pose sabendo-se objeto de uma câmara fotográfica. Sorri inocentemente. Pensa que está sendo fotografado. Não sabe que ele é apenas um foco em torno do qual gira o mundo invisível, um universo que se despede. O fotógrafo fotografa a despedida. Em cada foto vejo a despedida. Há aqueles que veem o casal sorrindo e feliz, assim como também vê o mundo invisível que gira em torno deles. Olho e sei, porque já vi, quem sabe entende. Mas aqueles que nunca viram, vê sem entender. Para ver o invisível é preciso ser poeta. Mas nem todos o são. Poetas são fotógrafos do invisível. Fotografam o tempo que passa, para que não passe. Poemas são encantações para agarrar o eterno que mora no tempo que passa.

Na fotografia o que se vê não se pode comparar aquilo que não se vê. O poeta invoca fantasmas. Esse espaço de leitura está cheio de fantasmas, existe até um guardador de rebanhos. O cheiro do mato, o barulho do vento soprando a mata, o cantar de um galo no quintal, a musicalidade do canto dos passarinhos entre as árvores. O poeta fala no silêncio do visível. Põe palavras nos seus interstícios. Faz o silêncio cantar: para salvar do silêncio aqueles que nunca haviam visto, e para criar comunhão entre aqueles que viram. As palavras do poeta fazem os que viram e os que não viram cantar juntos, porque toda poesia produz música. O poeta disse: “As flores são sonhos do chão”. Quem diria que na terra infértil vivem pétalas coloridas? Os lugares por onde passamos, o chão sonha. Como diz a música “O Sol” (banda Jota Quest): “E se quiser saber pra onde eu vou. Pra onde tenha sol. É pra lá que eu vou”.

Portanto, poeta é aquela pessoa que ouve o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. E as coisas se transformam em poesia. Entram em mim, fazem amor comigo, entram em minha carne, e um novo evangelho se anuncia: e a fotografia se faz carne. Agora elas não mais estão coladas às paginas do acervo. Estão vivas, moram dentro de mim. E a prova de que se fizeram carne é que sinto saudade. Ah! Como eu gostaria de voltar pra lá, para esse lugar onde as coisas são sempre assim, banhadas por uma luz, antigas e ao mesmo tempo acabada de nascer. Sinto que sou de lá. Estou encantado. Adivinho que sou de outro mundo. E a vida anterior que retoma. O homem que sorri como tudo vai passar. O sorriso na foto não é mais real. Verdadeiros só as árvores de ipês que continuam florescendo. Contudo, só ficaram as fotografias como lembranças de um passado que não passou. É quando a gente percebe que aquilo que temos para sempre, leva a eternidade para nos deixar. E realmente, as fotografias vivem para além daquilo que podemos enxergar.

17 de março de 2018

PARA LER E PENSAR É SÓ COMEÇAR


O objetivo da educação é ensinar a pensar. Criar na criança essa curiosidade, criar a alegria de pensar. Essa é a situação certa para começar o ensino, sobretudo, quando o professor fala, provoca a curiosidade na criança e ela interage e faz pergunta. Como incentivar à leitura? Não é mandando ninguém ler, porque a relação com a leitura é uma relação amorosa. Eu vou ler não porque o professor mandou. Quando o professor manda, já estragou. Então você tem que criar o gosto pela leitura. E como se cria o gosto pela leitura? Não é mandando ler, mas lendo para o aluno. Quando minha filha era pequena, sempre antes de dormir pedia para ler ou contar uma estorinha, era o momento propício para sentar ao seu lado e ler ou criar uma nova estorinha. Como um bom contador de estória, eu fazia isso com muito gosto. A missão do professor não é dar respostas prontas, porque as respostas já estão nos livros e na internet. A missão do professor é provocar a inteligência do aluno, provocar o espanto, provocar a sua curiosidade.

No meu tempo de garoto, no grupo escolar onde estudei no começo, tinha aula de leitura e era a aula mais apreciada pelas crianças. A aula em que a professora lia para nós. Ainda lembro-me do poema: “O Menino Azul” de Cecília Meireles. O texto mostrava o que toda criança precisa: amizade, companheirismo, acreditar nos adultos. Ninguém conversava na aula, era um silêncio absoluto, não precisava a professora dizer: “crianças silêncio, preste a atenção”. Na escola não pode ter essa palavra silêncio, porque naturalmente se a escola é boa, as crianças vão se interessar e fazer silêncio. Elas vão gostar e ter prazer naquilo que estão fazendo. Frequentemente os professores só tem que repetir aquilo que já vem nas apostilas. Era preciso que os professores parassem e dissessem: “não vamos seguir o programa, vamos fazer as coisas que são essenciais no ambiente em que as crianças vivem”. É importante que os professores façam sempre a seguinte pergunta: “isso que vou ensinar serve para quê”?

Os professores tem que estar junto com os alunos para ajudá-los. Os professores são companheiros dos alunos, não tem que dar nota, porque a nota é uma inverdade, aquilo que o aluno produz numa prova, não revela o que ele pensa. Precisamos de uma educação ligada à vida é para isso que a gente aprende, para viver melhor, ter prazer, ter mais eficiência e poupar tempo, não se arriscar demais. O aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento fez o seu trabalho, que é nos fazer esquecer. Só assim podemos avaliar a capacidade de pensar dos alunos, que é diferente de memória. Pede ao aluno para escrever uma redação. O professor da vários temas para o aluno escolher um. Por exemplo: “escreva uma carta ao presidente da República aprovando ou desaprovando o uso da energia nuclear”. Esse tema não tem uma resposta certa, o que interessa é saber se o aluno é capaz de pensar por conta própria. Nós não somos movidos pelas ideias, nós somos movidos pelos sentimentos. A transformação da educação no Brasil passa por dentro do pensamento e sentimento dos professores. De modo que, o professor é o ponto central de qualquer programa de transformação do ensino brasileiro.

Posso dizer com conhecimento de causa, que a leitura seguida da produção de texto, não é uma metodologia nova, e não se restringe ao ensino universitário. O estudante do ensino fundamental e médio pode perfeitamente recorrer a esse método, bastando dominar mecanismo de leitura e de expressão escrita. Quantas vezes o aluno teve, por exemplo, que assistir a um filme e depois analisá-lo? O filme é um texto, é possível de ser comentado, analisado, resumido em seu enredo ou conteúdos, caso seja um documentário. Aquilo que o aluno assistiu pode ser passado para o papel, com suas próprias palavras. Quando um professor pede esse tipo de tarefa para seus alunos, seu objetivo deve ser o aprofundamento de determinado assunto ou conhecimento. Ou melhor, propor ao aluno que crie uma espécie de “diálogo” com o “texto” estudado. Assim, cada um terá consciência de que o saber é para ser partilhado, ele não está fechado e acabado em cada texto que se produz.

Por conseguinte, a produção de texto não pode ser encarada apenas como uma atividade das aulas de Filosofia, Literatura ou de Língua Portuguesa e ficar restrita à composição textual que focalize um tema proposto. A partir do momento em que o aluno começa a escrever, com suas próprias palavras, as ideias principais que foram desenvolvidas no texto lido, focalizando os diferentes aspectos abordados, desdobrados em assuntos secundários, mas relacionados, pode-se tratar do resumo de um texto. Faz-se o mesmo, porém usando as palavras do próprio texto, pode ser então o seu fichamento. Em ambos os casos o aluno estaria recorrendo ao procedimento denominado síntese. Essas duas atividades colaboram muito no domínio de conteúdos e podem ser aplicadas não apenas a textos extraídos de livros, ou de enciclopédias, como também a reportagens de jornais e de revistas, páginas da internet etc. Referem-se a qualquer disciplina que o aluno faça na escola, como, por exemplo, em Educação Física, a partir do momento em que o aluno precisa obter melhores informações a respeito da modalidade esportiva que pratica. Essa produção de textos pode ser fruto de pesquisa e não deve ser confundida com relatório.

Para gostar de ler é preciso praticar, criar o hábito da leitura, com o intuito de obter informações. A partir do momento em que o aluno já o tenha adquirido tudo se torna mais fácil. Voltando a questão do filme a que o aluno assistiu e teve de analisar: será que já se surpreendeu ao ouvir o seu professor comentar que havia pedido para analisar o filme e não recontar a sua história? Isso mesmo! Contar o que se passou não é a mesma coisa que analisar os dados apresentados. Esse é um passo mais adiante, pois, além da compreensão do enredo, o aluno vai se posicionar diante do “texto”, aplicando a ele conceitos previamente conhecidos ou expondo ponto de vista pessoal a partir de elementos observados nesse mesmo texto. Isso é realizar a análise, pode se tratar de uma resenha. O que foi anteriormente exemplificado de um filme pode ser aplicado, a um livro de romance, a um conto, peça teatral, alguns eventos culturais, reportagens, até mesmo a partir da observação de uma tela de pintura artística ou de dados de uma pesquisa científica.

Portanto, as atividades de leitura e da escrita não são exercidas separadamente. Se for integrada uma a outra, ou seja, a todas as disciplinas que o aluno estuda, o ensino-aprendizagem se tornará mais ágil e eficaz. Ao mesmo tempo, o estudante participará ativamente no processo, crescendo com mais desenvoltura e espírito crítico, preparando-se para sua autonomia como ser pensante, que sabe discernir e fazer opções. Contudo, para nós educadores, é sempre um prazer irrevogável formar alunos leitores, pesquisadores e se possível alguns escritores. É o que procuro passar aos meus alunos na oficina de leitura pelas escolas que visito.      

14 de março de 2018

ESCREVER É DIALOGAR COM AS IDEIAS

Começamos essa reflexão citando o escritor tcheco Franz Kafka (1883-1924): “escrever significa abrir-se em demasia. Por isso, não há nunca suficiente solidão ao redor de quem escreve; jamais o silêncio em torno de quem escreve será excessivo, e a própria noite não tem bastante duração”. Sendo assim, escrever é um trabalho dos mais difíceis, não é todas as pessoas que têm coragem suficiente para enfrentar esse tipo de empreitada prazerosa, o gosto pela escrita. No entanto, a escrita reflete a personalidade de quem escreve. Pessoas que escrevem bem têm algo de diferente no brilho pessoal. Abusando um pouco das metáforas, elas são charmosas e possuem um dom que quase da para ouvir o que escrevem. Somos parte de tudo o que existe no mundo. Quando conseguimos compreender esse fato, veremos que não estamos escrevendo, e sim deixando que todas as coisas escrevam através de nós.

Escrever é uma ocupação bastante absorvente e, não raro, exaustiva. Mas sempre me considerei muito feliz por poder levar a vida entregando-me a algo que da prazer. Pouquíssimas pessoas podem fazê-lo. O meu estilo é mostrar a fisionomia da alma. Ela é menos enganosa do que o corpo que mostramos. Imitar o estilo alheio significa usar uma máscara. Por mais bela que esta seja, torna-se logo insípida e insuportável porque não tem vida, de modo que mesmo o rosto vivo mais feio é melhor do que a máscara. Sou o que escrevo e do jeito que escrevo. Só tenho certeza de uma coisa, o que escrevo é melhor do que eu. O que escrevo quero que toque de alguma forma na vida de quem lê. Tranquilizar-me talvez seja a principal razão porque escrevo. É quase inacreditável o quanto a frase escrita pode acalmar e domar o ser humano. Um texto sem alma não se sustenta, não sobrevive. Não pode comover e, portanto, não pode criar nenhum laço minimamente catártico com o leitor. Um bom diálogo através da linguagem escrita é como fazer sexo; tem que ter ritmo, sedução e ser envolvente.

Entretanto, o trabalho do escritor é oferecer uma história que envolve, fascina, provoque e, acima de tudo registra-se como única e absoluta. Tendo em vista, que escrever é prolongar o tempo, é dividi-lo em partículas de segundos, dando a cada uma delas uma vida insubstituível. Nesse sentido, a história e o romance, a ideia e a forma, são como a agulha e o fio, e não existe alfaiate que recomende o uso do fio sem a agulha, ou da agulha sem o fio. Um bom texto parte como uma onda, movendo-se pela superfície do mar. As ideias irradiam da mente do autor e colidem com outras mentes, desencadeando novas ondas que retornam ao autor. Estas geram outras reflexões e emanações e assim por diante. O talento é algo maravilhoso, mas não é capaz de carregar quem dele desistir. Por acaso, não seremos nós aquela folha de papel em branco de que fala o filósofo e empirista inglês John Locke (1632-1704), que um dia alguém vai nos ler?

Portanto, a literatura é para mim uma mimese da vida, com contornos de todos os valores e temas que rodeiam a nossa realidade. É uma forma de tentar entender o processo de formação do ser humano, único capaz de empreender raciocínios imaginativos. Foi através da literatura que brotou em mim o amor e transformou a minha vida numa poesia. Hoje posso dizer que, realmente, vivo uma história de amor com as palavras. Olhando para trás sinto que algumas fontes começam a jorrar apenas quando estou só. O artista precisa ficar só para criar; o escritor para elaborar os seus pensamentos; o músico para compor; o cristão para rezar e o poeta para escrever nossa história de amor. Só escrevo porque me sinto compelido a botar para fora o que penso e sinto. Durante muitos anos a solidão foi minha mola propulsora. Concluo essa reflexão citando o escritor português José Saramago (1922-2010) que diz: “ser escritor não é apenas escrever textos ou livros, é muito mais uma atitude perante a vida, uma exigência e uma intervenção”. A minha exigência é o amor que trago no meu coração e a intervenção, é essa paixão louca que me leva feito vento sem direção.

11 de março de 2018

VOCAÇÃO É UM ATO DE AMOR


Pois a vocação é alguma coisa muito semelhante ao amor. As pessoas vêm a este mundo, convivem com muitas situações diferentes, com vasto número de pessoas diversas, passam por momentos variados dos mais alegres aos mais conflitantes. Descobrem, porém, um dia que a vida só terá sentido e beleza, caso se dedique a algum tipo de atividade que exerce sobre elas a mais definitiva e agradável atração. Naturalmente é uma força, uma irresistível voz interior, que impulsiona vidas na direção de uma profissão, de um ideal ou de uma tarefa específica. Isto porque somos vocacionados: somos chamados. E a vocação não está só no chamado que vem do mundo exterior, nem só na nossa interioridade. No passar da vida, alguma coisa do mundo desperta em nosso mundo interior uma força, uma energia, uma certeza de que estamos sendo chamados, para realizarmo-nos numa dada atividade.

No mundo ácido e desrespeitoso do industrialismo consumista, costuma-se dizer que “não há ninguém que seja insubstituível”. Pois nesta frase está uma impostura. Basta que nos lembremos do fato de que inexistem no mundo duas pessoas que sejam iguais, basta nos lembrar de que cada ser humano é um fato único e irrepetível em toda história da humanidade, para termos certeza de que toda pessoa é insubstituível. Claro que, quando se perde um trabalhador, sempre é possível remediar com o auxílio de outro. Mas, o trabalho deste outro nunca será idêntico ao que faria o primeiro. Esta a razão porque precisamos nos situar em nossa sociedade de uma forma responsável. Responsável significa: aquilo que dá a resposta adequada e necessária. Que tragédia quando os cidadãos de um país procuram cargos e benefícios em lugar de vocações!

Não somos pedras, ou ervilhas ou moscas. Somos seres humanos com um caminho a caminhar e com realizações a cumprir. Na verdade, caminhamos no incerto e idolatramos a dúvida. O sábio chinês Lao Tse (viveu entre o século VI e V a.C.), dizia que todo homem tem um caminho: a sua vida; ninguém poderá caminhar seu caminho por ele, da mesma maneira que ninguém poderá morrer a sua morte por ele. Será possível caminhar com ele, partilhando a estrada como um companheiro, mas ninguém está dispensado das suas tarefas. Só o amor constrói as pessoas, caso contrário não pode dizer que amor faz morada neste coração. Em algum momento, no convívio com tantos humanos, nos defrontamos com alguém, e de repente, temos a mais profunda certeza de que precisamos inteiramente dessa pessoa, para estar sempre conosco.

Somos chamados a ir até o final de nós mesmos, a cumprirmo-nos. Na verdade, parece que todas as pessoas principiam a vida querendo descobrir sua vocação; e toda sociedade tem a obrigação moral de proporcionar aos seus filhos, oportunidades para eles descobrirem suas aptidões e cumprirem sua vocação. Mas o que vemos em nosso tipo de sociedade é a criação de uma trama, que desnorteia o jovem que busca saber qual a sua vocação. Quando ouvimos isto, percebemos que aquela vida promissora, está tristemente caindo na armadilha terrível do nosso tempo: trocando sua oportunidade de "Ser" pela fome do "Ter". Isto porque toda uma sociedade está desnorteada pelos valores imediatistas, do chamado industrialismo e se volta para algo como uma produção industrial de personalidades, que pode levar ao desastre.

É verdade que nem todos estão vocacionados para o estudo e as famílias forçam, às vezes, a barra. Mas os que podem buscar seu caminho têm a responsabilidade de buscá-lo. Isto é: quantos tantos e tantos não podem escolher e são obrigados a fazer trabalhos que o tornam infelizes, fica maior a responsabilidade daqueles que podem procurar sua vocação e dedicar-se a atividades que os realizem. A sociedade precisa de bons profissionais que façam com amor seu trabalho, e não há qualquer razão para que um bom profissional seja tido como inferior a um médico medíocre ou um advogado duvidoso. Toda pessoa está chamada a ir até o limite de si mesma, a realizar-se. E, quando uma pessoa vai-se realizando, seus atos se dirigem aos seus semelhantes, levando a estes benefícios imediatos (contribuições objetivas) e benefícios latentes, como a coisa agradável e enriquecedora de conviver com os que sabem quem são e os que desejam da vida.

Portanto, não é preciso ser religioso para acreditar em vocação. Se assim fosse, Karl Marx, Sigmund Freud, Graciliano Ramos, José Saramago ou Pablo Neruda, nunca teriam ouvido o chamamento que fez deles luminares, acendendo em seus corações o fogo de um ideal que vem modificando a humanidade. Basta que esteja atento à vida para, cedo ou tarde, defrontar-se com algo que fascina definitivamente. Assim como na descoberta do amor, a descoberta da vocação é a hora em que nascemos socialmente. Nossa vocação nos liga ao nosso tempo e faz crescer em nós capacidades das quais nem suspeitávamos. Sentimo-nos fortalecidos como pessoas. Por esta razão há enorme sabedoria em Dom Quixote de La Mancha, quanto este velho retorna a sua casa faminto e maltrapilho. Porém, com um olhar misteriosamente alegre, diz a um amigo: “Eu sei quem sou caro Eduardo. E sei o que posso ser”. Manifestava alegria de um velho que descobriu a sua vocação e o caminho para evoluir com amor. 

8 de março de 2018

O PERFIL DA MULHER MODERNA


O perfil da mulher moderna, não está só na sua beleza, nas roupas que veste. Muito menos na imagem que muitos dela fazem, ou no penteado, mesmo no corte de cabelo que ela usa. O perfil da mulher moderna está na sua postura e no caráter que assume, frente a sua vida privada e social. Sua beleza pode ser vista através dos seus olhos, por ser a porta de entrada da alma e do seu coração. Segundo argumentava nos seus diálogos, o filósofo grego Platão, que é no coração que o amor reside com toda a sua forço e plenitude.

De modo que, o perfil da mulher não está nas marcas do seu rosto sofrido e cansado, da luta diária na defesa do sustento da família, na sua coragem de enfrentar o dia a dia estressante. Assim, como também a sua beleza não está no perfume que ela usa diariamente e nem na maquiagem e muito menos no sorriso que estampa o seu rosto. Sorriso esse que ela mostra para ser gentil e mais que isso, para disfarçar os seus medos e a ansiedade de não conseguir dar conta antes que suas energias se esgotem.

O verdadeiro perfil da mulher moderna está refletido na sua essência, na sua dignidade de mulher exemplar e guerreira. Está nos cuidados que ela tem com os seus familiares, com o amor que ela tem pelo seu amado. Pode-se dizer que está na ardente paixão que ela cultiva pelo seu homem companheiro e cúmplice. Por outro lado, a mulher moderna também tornou-se livre do ponto de vista profissional. Vale lembrar, que uma mulher, razoavelmente bem sucedida na vida, independente, bonita e inteligente, de certo modo assusta os homens. Porque a maioria dos homens não tem tanta competência assim e nem maturidade para tanto.

Podemos dizer que a mulher é o efeito deslumbrante da natureza. Deus a fez em tudo encantadora e linda, como a mais consciente obra prima da natureza. Admiro todas as mulheres, principalmente as que são mães e o que mais me fascina nelas, é a coragem e sua garra diante de tantas discriminações que elas sofreram e ainda sofrem. Haja vista que, o primeiro sinal de vida humana, brotou do ventre de uma mulher, suas primeiras palavras foram transformadas em gestos de amor. Seus lábios nos tocaram, como um afago inundado de carícias e acolhimento. Nossa primeira lágrima logo foi extinta por ela, juntamente com o nosso suspiro, frequentemente exalados no ouvido da mulher mãe. Porque o nascimento não é somente um ato, e sim um processo, que a mulher mãe acolhe em seu coração para sempre.

Portanto, o perfil da mulher moderna dessa magnitude, com o passar dos anos, apenas cresce e enriquece o seu “ser”. Sobretudo, quando soma as suas experiências e mais o tempo de vida que ainda lhe restam, à torna mais perceptível ao amor. Para essas mulheres, se existir a fome, que seja de amor. Se for para esquentar, que seja de conchinha com o seu amado. E se for para ser feliz, que seja o tempo todo. Contudo, quem não compreender o perfil e a sua beleza, tampouco compreenderá que a maior prova de amor de uma mulher moderna está na simplicidade do seu olhar. O que tudo isso quer dizer? Que a mulher é realmente coração e fonte de vida. Parabéns a você mulher, deusa do amor, pelo seu dia internacional. Seu amor nos fortalece.

4 de março de 2018

A LEITURA COMEÇA NO SEIO FAMILIAR

A leitura no mundo moderno é a habilidade intelectual mais importante a ser desenvolvida e cultivada por qualquer pessoa de qualquer idade. Os jovens que não tiveram a oportunidade de descobrir os encantos e os poderes da leitura terão mais dificuldades para realizar seus projetos de vida, do que aqueles que escolheram a leitura como companhia. Apesar dos atrativos atuais trazidos pelas novas tecnologias, hoje há um número expressivo de jovens que leem porque gostam e ao mesmo tempo são usuários da internet. Aqueles que são leitores têm muito mais chances de usufruir do vasto conteúdo da internet, do que aqueles que não têm contato com a leitura de livros, jornais e revistas. Contudo, é a leitura literária (contos, crônicas e narrativas), que alimenta a imaginação, a fantasia, criando as condições necessárias para pensar um projeto de vida com mais conhecimento sobre o mundo, sobre as coisas e sobre si mesmo.

A família é decisiva para incentivar a leitura. Além do exercício intelectual partilhado, a leitura entre pais, filhos, irmãos, tios e avós agrega o componente afetivo de maneira muito forte, fortalecendo o ato de ler. Hoje compreendo que ler junto com os filhos é também dar afeto. Nas famílias com poder aquisitivo para comprar livros e que já estejam motivadas para ler com os seus filhos e conversar com eles sobre os livros, essa tarefa é mais fácil. Eles sabem o quanto esse ato é importante para a educação dos filhos e para fortalecer os laços de amizade na família. Difícil é para as famílias de baixa renda, que não podem comprar livros e que muitas vezes não são elas mesmas leitoras. Nesses casos, temos conhecimento de ocorrências no sentido inverso que são emocionantes. Os filhos de pais analfabetos levam a leitura para seus pais que, orgulhosos e curiosos, partilham o ato de ler como um bem precioso. Mesmo sem serem leitores, eles sabem que isso vai proporcionar uma vida melhor do que a que tiveram para seus filhos.

No entanto, o analfabeto percebe melhor do que ninguém, o que é estar excluído do mundo à sua volta por não saber ler e interpretar com independência. Por isso, ele quer para seus filhos a condição de letrados. É obrigação de todos nós, que temos o privilégio de sermos leitores, enfrentarmos os entraves criados por uma sociedade brasileira elitista e conservadora para que todos tenham a oportunidade de trilhar o caminho da leitura e decidir, por eles mesmos, se querem continuar nele ou não. Vejo isto como uma decisão pessoal de cada um, desde que as condições sejam dadas e garantidas pelos governos com bibliotecas públicas, com bons professores leitores, em conjunto com bibliotecários formadores de jovens leitores.

O acesso aos livros aumentou principalmente nos últimos 20 anos. Os programas dos governos de compra de livros de literatura para as escolas do ensino fundamental e ensino médio, mudaram o cenário literário. Atualmente, a grande maioria das escolas públicas brasileiras, tem um acervo de livros de literatura de qualidade para uso de seus professores e alunos. Mas, para que essa conquista resulte efetivamente em mais leitores, tem que estar integrada com outras ações do governo e da sociedade, em que a leitura seja considerada um bem cultural desejado e valioso. Quero dizer com isso que, por exemplo, a formação dos professores do ensino fundamental e do ensino médio, deve ter o seu eixo principal na leitura e na escrita. Somente com professores que sejam leitores, será possível exigir dos alunos que leiam, interpretem e escrevam com fluência.

Por outro lado, as escolas devem incentivar projetos para criação de bibliotecas, começando com pequenos acervos. Abri-la todos os dias e todos os horários e orientar os professores para que a usem, como fonte de referência para seus planejamentos e para suas leituras, além de ser local de visita livre, e também obrigatória, por parte dos alunos. O projeto pode contemplar grupos de leitura livre para os professores e grupos de estudo na biblioteca. Ela deve estar aberta às famílias, que deverão ser convidadas a participar de suas atividades e mesmo contribuir, como voluntárias, para a sua organização. Organizar feiras de livros e convidar escritores será de grande valia, se a leitura fizer parte central do projeto da escola e a biblioteca for o seu cérebro, de onde emanam as ideias, os questionamentos e os projetos, assim como também, um lugar para simplesmente desfrutar da boa leitura como fonte do conhecimento e do lazer.

Portanto, faço parte daquele grupo de educadores, que acha que as novas tecnologias como a internet não tiram, nem vão tirar o prazer de ler um livro de literatura. Se alguém sentir a mesma emoção ao ler um texto literário na tela do computador, que uma pessoa sente lendo no livro, e se isto possibilitar que ambos pensem sobre o que leram e possam trocar suas opiniões, sentimentos e ideias, é o que importa. Essa é a função integradora da literatura. A escrita literária faz-nos olhar as palavras de maneira única e especial, e mobiliza-nos para, ao mesmo tempo em que nos deliciamos com elas, possamos viver uma história que nos leva a entrar pela página adentro, ou pela tela do computador, levados pelo fascínio dessa construção artística que poucos dominam. Contudo, acredito firmemente que todo bom professor é um bom leitor e vice-versa. Considero um bom leitor, aquele que tem na literatura o seu alicerce principal, que é o que abre as portas e consolida com o mundo do saber. Formar professor leitor é dar condições para que ele tome a leitura literária, como parte da sua vida. Sem desfrutar dessa atividade, dificilmente o professor contribuirá para que seus alunos sejam leitores. 

1 de março de 2018

SABER VIVER É DAR SENTIDO A VIDA

Biologicamente compreendemos a vida em nascer e morrer. Mas se quiser mudar o pensamento para uma visão mais filosófica, nós aparecemos e desaparecemos e não sabemos muito bem como, por mais que estude do ponto de vista mecanicista cartesiano. O fato é que uma hora vamos desaparecer e não sabemos quando e nem para onde iremos. Sabemos que vamos morrer. No entanto, morremos sem saber. Tudo que se fala em torno da morte é pura especulação, crença e fé. Existir é tarefa, consciência, responsabilidade, liberdade e, por isso, também é festa e alegria. De modo que, existir é coexistir, isto é, estar no mundo com os outros. Sobretudo, por responder ao apelo a vida, ao desejo da perfeição, de harmonia e de felicidade.

Mas existir é também crescer, amadurecer e isso produz sofrimento, inquietação, angústia. E tais coisas são normais, fazem parte da vida e o importante é a sua superação. Daí a importância dos valores. Nós usamos a palavra valor para muitas coisas, como dinheiro, vestuário, a vida moral, a religião, etc. É comum dizer que viver vale a pena, que há comportamentos, atitudes e ideais valiosos. De modo que, valor é uma qualidade de certos comportamentos ou ideais que uma pessoa tem. Valor é o bem, o belo, aquilo que está nas coisas que apreciamos e gostamos. Saber viver é valorizar a vida, dando sentido às coisas que buscamos durante a nossa permanência no mundo. É certo que a existência tem sentido. Nós é que devemos procurá-la e vivê-la. Só assim a vida vale a pena ser vivida, enquanto a vivemos.

Quando nos desgostamos diante de atos, atitudes, ideais, nós criticamos tudo e a todos. Todos têm uma escala de valores, isto é, uma hierarquia, onde há os valores mais dignos, os médios e os menores. Como é que a gente vai ser feliz se coloca como valor mais alto, algo que não satisfaz o espírito? Algumas pessoas colocam coisas materiais como a única medida da felicidade. Mas onde fica a amizade e o companheirismo? Se a gente perguntasse a um jovem hoje o que ele prefere: ser um santo ou um super herói? É provável que ele respondesse seco: um super herói. Se num questionário fizesse a seguinte pergunta: você quer ser rico, não importa como, ou ser honesto? A resposta provavelmente seria ser rico. Algum tempo atrás, ouvi de um jovem o seguinte comentário: “faço somente o que quero e quando quero”, tendo em vista que esse jovem não estuda e nem trabalha. Não faz nada de útil para sua vida. Ele mal deslumbra que a vida social é uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados. Isto significa a não valorização da própria existência.

Vivemos num mundo que não há certeza de nada. Venho de uma geração onde tudo era sólido, a começar pelas relações afetivas. Uma das características da modernidade líquida é que: “aqui e agora” não junta mais corpo e alma, nós não temos mais consciência e presença física neste momento. Temos um mundo intermediado pela tecnologia, um mundo que cada vez mais depende dessa tecnologia e essa liquidez atinge naturalmente os valores. É melhor educar os filhos com grande clareza de princípios ou educá-los numa escola construtivista e mais livre? São duvidas que hoje nós tenhamos o que os nossos pais e avós não tiveram. Como educador para acalmar os pais posso dizer, tanto faz, não vão escutá-lo. Para os jovens nós erramos sempre. Ou seja, temos um mundo diluído pelos valores como: amor, respeito, amizade e autoridade. Fui aluno numa época quando o professor tinha toda a razão, hoje sou professor onde o aluno é que tem razão.

Digam a alguém que está cansado, prontamente ouvirá, eu também. Muito comum nas relações afetivas dizer um ao outro, estou triste com você, o outro, eu também. Sinto que você não me ama mais, eu também sinto. É uma concorrência permanente. Ninguém ouve ninguém, somos totalmente individualistas. Muito comum nas redes sociais. Além de não escutar o outro, não conversamos, falamos o tempo todo como papagaio. Um pai que falar sobre a educação do filho que está com dezoito anos, o outro vai dizer e daí, o meu tem quinze anos. Ou seja, ninguém quer saber de ouvir. Somos obrigados a ser felizes e não ter problemas. A sociedade como um todo, quer dinheiro, status, poder, usufruto de todos os bens, sem olhar para os valores humanos, porque é mais lucrativo levar vantagens, do que ser um bom caráter.

Portanto, a nossa sociedade parece um grande shopping de vendas de valores materiais, de violências mostradas pela mídia em geral, de individualismo e relativismo de valores. O que interessa é o poder e os lucros em grande escala, sem se importar com os valores éticos e morais. Mas, o ser humano está feliz? A maioria dos humanos vive uma vida de mentira. Ora, saia da informalidade, tire essa mascara. A felicidade só acontece quando o ser humano vive as várias dimensões ou faces de sua existência, como a material (comer bem) a afetiva (viver o amor tântrico) e a espiritual (estar em sintonia com a divindade). E isso requer a vivência da diversidade de valores que corresponde às várias necessidades do ser humano. Fui educado para um mundo que não existe mais. Mesmo assim, procuro dar sentido a tudo que faço na vida e valorizo o tempo que ainda me resta para viver. O mundo não acabou só trocamos de mundo. São as novidades que estão acabando.

AS COISAS SÃO OS NOMES QUE LHE DAMOS

O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofri...