28 de junho de 2018

A FONTE DO AMOR

Tenho procurado demonstrar e denunciar que o mundo contemporâneo tem abandonado completamente a fonte renovável do amor reciproco. Basta olhar para esse mundo e constatar que estamos vivendo uma crise profunda de falta de amor, tanto no contexto social quanto no plano individual. Faltam respeito e consideração no jeito das pessoas tratarem-se umas as outras. Será que a saída desse mal está nos conflitos que acontecem a cada instante? Temos a falsa ilusão de que o problema sempre é criado pelo outro e que ele é o responsável pela nossa desgraça, pela nossa miséria. Mas pensando assim, vamos nos sentir cada vez mais impotentes e aprofundar ainda mais os conflitos.

No entanto, sempre há uma saída para melhor conviver e amar o próximo. De modo que, para amar verdadeiramente é preciso que se tenha muita consciência de si e da dimensão que pode alcançar este sentimento. É através desta consciência que nos colocamos em contato genuíno com o “ser amoroso”. Quanto mais buscarmos esta conexão com a fonte de amor que brota dentro de cada um, é que vamos abrir caminho para que o amor também aconteça de maneira explicita e integral na vida dos humanos.

Nossa vida contemporânea anda muito elétrica, estamos sempre nos entupindo de informações, como se pudéssemos ser felizes por este caminho. Mas com tanta correria, falta-nos tempo para sentir prazer com a vida, para amar e ser amado. De que adianta estarmos junto de alguém especial, se não temos nada para lhe oferecer? O que podemos proporcionar ao outro, se na verdade, estamos sempre sem tempo, estressados e mal humorados? Não damos a chance de sermos íntimos, nem de nós mesmos. É um voto de amor para conosco mesmo.

Quando buscamos nesta fonte de amor em nós mesmos, aprendemos a nos dar esse presente e se abastecer de vitalidade na fonte de energia daquele que amamos. Pois quem eu amo é o meu guru. É com ele que vou trocar coisas importantes e gostosas para o meu corpo, assim como para a minha alma. Energia esta que quando invade o outro ser de amor, pode oferecer-lhe nossa presença mais íntegra. Ao meditarmos sobre, nos tornamos mais sensível para apreciar a vida que se manifesta dentro e fora de nós. Damos mais importância a cada momento e se conscientizamos do amor romântico. Ao estar com o outro, fazemos do encontro algo muito especial. Todavia, queremos celebrar a vida através do amor.

Portanto, a fonte do amor talvez seja a nossa vontade de fazer alguém feliz. Não apenas de sermos felizes. A fonte do amor pode estar dentro de cada um, é de onde tiramos a força para levantarmos todos os dias e agradecer por tudo. E desejar viver mais para tentar deixar o dia de quem amamos mais alegre. Fazer a diferença e ser especial na vida de alguém. Vale lembrar, que ser especial para alguém é ir embora e deixar saudades. Amar talvez seja sair de si para ser um pouco o outro. Mas sem perder a sua essência. Misturar-se ao outro sendo um ser único. Amar pode ser difícil, mas com certeza é a tarefa mais linda do mundo. Não tem idade e nem hora certa para acontecer. Agora entendo que o amor é uma energia renovável. E quando ele acontece é para sempre. Ele será sempre a mesma energia, a mesma força bela e renovadora. O amor por amar. Sem tempo, sem pressa. Essa tal fonte do amor eterno é mágica. E nela resolvi mergulhar. Sei que na fonte do amor, já tem um nome gravado. Só preciso aprender a decifrar.

24 de junho de 2018

MISTÉRIOS DO AMOR

Quanto maior a alegria e o prazer entre duas ou mais pessoas trocarem entre si, mais fundo e poderoso serão os laços entre elas. Quanto maior for o número de pessoas envolvidas, mais próximo estaremos da cooperação amorosa. O amor é o fim da dominação e da opressão, é o grande nivelador da pirâmide de poder. A reciprocidade entre duas pessoas envolvidas amorosamente não tem posição social na hierarquia de poder. A abertura dos humanos para o amor, caminha nesta direção, em busca de harmonia e aconchego. A natureza é sábia, nós é que não sabemos apreciá-la e nem compreendemos o mistério do amor que nos pega pelo coração.

O centro de prazer do cérebro permite-nos o contato físico que é a base para uma vida saudável. É inerente a todos os seres vivos. Estudos mais recentes revelaram a bioquímica das ligações mãe e filhos. Foi descoberta uma substância química nos primatas que os une chamada “beta endorfina”. É uma substância que atua no cérebro e têm muito a ver com comportamento de proximidade, contato físico, abraço e carinho. Pesquisadores acreditam que quando mãe e filhos ou pessoas que se amam, ficam muito próximas, liberam esta substância chamada beta endorfina no cérebro. Isto só não o faz sentir mais próximo, como também nos acalma. Permitindo um relaxamento emocional e corporal, que experimentamos desde o físico ao espiritual.

Curiosamente, esse gosto pela vida só os chimpanzés, nossos parentes mais próximos tem, mais precisamente os “macacos bonobos”, que compartilham mais de 98% da identidade genética com os humanos, segundo estudos demonstrados pelo médico e pesquisador Dráuzio Varella, que explica em detalhes no seu livro publicado numa série chamada a “Folha Explica” em 2000: “Os Macacos”. Segundo Dr. Dráuzio, é fantástico observar a capacidade de contato físico e troca de carícia entre esses “irracionais”. Entre estes primatas não existe tensões nervosas e muito menos conflitos. A pesquisa revela uma intensa atividade sexual entre eles, mesmo sem a finalidade reprodutiva.

Penso que só vamos nos desenvolver como seres humanos, quando conseguimos cultivar nossos sentimentos amorosos. Somos o senhor da terra por nossa capacidade de pensar, escrever, inventar, trocar e cooperar. A natureza elaborou o estado amoroso, o encantamento e a magia do amor entre duas ou mais pessoas. Nada pode nos solidarizar mais do que experimentar com o outro esse estado divino. Tendo em vista, que o amor é um rico encontro cuja duração não deve ser discutida. O amor está na arte em que duas pessoas precisam conquistar de um relacionamento pautado na confiança, na compreensão e na generosidade. Dependendo apenas de uma boa convivência mutua. A resposta que precisamos dar à vida é o sair de si, ter atitudes não egocêntricas e exercitar a capacidade de amar e de auto transcendência, ter gosto pela vida é saber viver plenamente.

Portanto, é bom lembrar que a boa saúde aumenta os anos de nossas vidas. E o amor, nos da vida aos nossos anos. Contudo, reconheço que me afastei do amor, só queria apenas respirar um pouco, mas, agora sem ti, sinto que me falta o ar. Não existe outro mundo para um amor como esse. Nem vamos encontrar outros iguais. Claro que vai dar saudade. O amor não precisa de perdão, ele já é em si o próprio perdão. Até porque, tudo no amor é tão forte e frágil ao mesmo tempo. No amor quem tem razão? Aquele que é feliz. O amor não é de quem perde ou de quem vence. Sentir amor por alguém, é deixar que o coração, nos devolva a quem de fato nos pertence.

21 de junho de 2018

IMPEDIMENTOS INTERNOS AO AMOR

Segundo o psiquiatra Flávio Gikovate (1943-2016), a pessoa apaixonada dorme mal, acorda no meio da noite assustada e sempre com a sensação de que o outro não a ama mais. É como se perguntássemos: “Será que o obstáculo externo já determinou o fim daquela aliançaSerá que ainda é o mesmo hoje que era antes”? Pessoas apaixonadas ficam absolutamente obcecadas por esse tipo de pensamento e sofrem muito. Tudo levando a crer que esse estado, aproxima bastante de uma doença mental. Que para os românticos pode ser uma adorável doença mental, mas é uma doença. Porque as pessoas apaixonadas ficam completamente perdidas, achando o máximo esta paixão.

Porém com todo o sofrimento, as pessoas ainda acham o máximo e procuram por esta paixão. É evidente que a duração é por tempo limitado, porque o organismo não aguenta sofrer tanto assim. Portanto, o amor é um sentimento que se tem para a pessoa, cuja presença provoca na gente uma sensação de paz, aconchego e tranquilidade. É aquela completude que nos falta quando estamos sozinhos. Isto é obvio que significa que o primeiro objeto do amor da criança é a mãe. E esta figura vai sendo substituída ao longo da vida por outros objetos, mas, sempre o objeto do amor é aquele, cuja presença nos provoca o aconchego e a paz desejada. Nos tira do desgosto da solidão.

De modo que o amor seria um prazer negativo, porque deriva do fim de um sofrimento e não de um prazer positivo como é o caso do sexo. No entanto, o sexo para ser excitante e agradável não precisa de um sofrimento anterior. No caso do amor há um desconforto pelo fato da pessoa se sentir sozinho. Há uma sensação de incompletude ou de metade que nós vivemos, demoramos a descobrir que somos um inteiro, se é que a gente descobre. Embora precisamos do outro para nos sentir completo. A gente vive como se fosse uma coisa incompleta que precisa se completar através de uma aliança com outra pessoa.

Entretanto, se não houvesse esta sensação de incompletude, provavelmente não existiria o fenômeno do amor. O primeiro inimigo ao contrario do amor que existe dentro de todos nós é o medo de que isto vá implicar na perda da individualidade. O segundo inimigo é curioso porque ele tem a ver com a experiência do trauma do nascimento, a ruptura entre a criança e a mãe, nosso primeiro objeto de amor. Se depois de adulto eu estabelecer outro vínculo amoroso de grande intensidade, eu passo a sofrer ou padecer de um enorme medo do sofrimento embutido na possibilidade de ruptura. Ou seja, todo elo constituído é um embrião de um potencial de ruptura. No entanto, é o medo do sofrimento decorrente da ruptura. Se nunca tive antes uma experiência afetiva do relacionamento, pelo menos tenho a do nascimento de ruptura, como uma coisa horrorosa e dramática.

Por conseguinte, aquelas pessoas que lidam mal com frustração, dores e contrariedades. Com frequência, essas pessoas tem muito medo de estabelecer vínculos amorosos, justamente porque eles implicam num risco de sofrimento muito grande. E quem não suporta bem sofrimento, não pode correr o risco de relacionamento amoroso intenso. Porque, todo relacionamento pode terminar ou determinar o sofrimento relacionado com a ruptura. Quem não suporta a ideia de sofrimento amoroso, acaba constituindo mais um ingrediente ao contrário ao envolvimento amoroso. São aquelas pessoas chamadas de imaturas ou narcisistas, que o Freud mesmo dizia que são pessoas que só querem ser amada e não amar. Justamente porque elas se defendem do amor, para não correrem o risco do sofrimento. As pessoas resolvem essa dualidade entre a vontade e o medo, arrumando um jeito de serem amados mais do que amando. O que faz bater o coração não é o amor. O coração bate de medo do amor.

Portanto, o que nos chama a atenção é que essas histórias de amor, mesma que intensa, mesmo a pessoa amando profundamente, sempre termina em separação. Por que será? De modo que, essa aproximação de dois inteiros ao invés da fusão de duas metades, definiria o romantismo que está para nascer. Contudo, essa fusão de duas metades não funciona mais. Funcionava quando a mulher era dependente do homem. Havia uma dominação masculina que hoje não existe mais. Hoje ninguém domina ninguém, só resolve aproximando dois inteiros aí pode se estabelecer a felicidade e quem sabe um amor de qualidade. Respeito mutuo pela individualidade de ambos. A solução é ir aos pouco desgrudando as duas metades e juntando os dois inteiros. Ai sim, quando se encontram é muito prazeroso, pela felicidade e o prazer que traz a companhia um do outro. A única maneira de combater o medo é perder o medo de amar e declarar o seu amor pelo outro. Amor de boa qualidade não é todo o dia que se encontra.

15 de junho de 2018

PELOS CAMINHOS DA LITERATURA

Trilhamos por vários caminhos pela a vida afora. São tantas as direções a seguir, que nem sempre sentimo-nos satisfeitos com os rumos que certos caminhos nos levam. Mas, com os erros e acertos, aos poucos vão clareando a nossa mente e as pedras do quebra cabeça, vão se encaixando no lugar certo. Ao trilhar um desses caminhos descobri o prazer pela leitura. Conheci autores geniais que me tiraram da mediocridade e me lançaram no universo do conhecimento, que para mim foi uma nova descoberta. Pude viajar no tempo e no espaço num período de longa duração, talvez para sempre e cada vez mais longe, alcançando novos horizontes. Mas, foi através da filosofia que fui aberto para o mundo e me tornei um cidadão do mundo, com uma curiosidade imensa. Cada pessoa que encontro e tenho a oportunidade de conversar, logo pergunto: “Você gosta de ler”? Se gostar, deixo o meu cartão para que visite o Blog. Já são quinhentos textos postados ao longo de sete anos da existência do Blog.

Procuro sempre ler e estar atualizado com os fatos e isso me ajuda a vencer as dificuldades da vida. Assim como escrever para o Blog é uma das paixões que cultivo. O melhor roteiro é ler e por em pratica, através da escrita nossas indagações. Estou sempre produzindo literatura, para não passar pela vida sem registrar cada momento vivido, cada época e os momentos de êxtase com aquela pessoa especial. No entanto, uma das coisas que mais gosto de experimentar é o meu trabalho com a literatura. Gosto das pessoas em minha volta discutindo ideias, demonstrando clareza cada vez maior do que dizem e defendem, contribuindo uns aos outros, com sua inteligência frente ao mundo. São pessoas sensíveis a tudo que acontece a nossa volta. Aos livros lindos por elas e principalmente aos debates que são abertos.

Por outro lado, escrevo como se estivesse conversando com cada uma dessas pessoas. Tenho dois livros publicados e mais dois para ser publicado, ainda este ano. Escrevo semanalmente dois textos para o Blog. Sempre com a convicção de que estou contribuindo de alguma maneira para melhorar este mundo que vivo e amo viver. Assistimos uma sociedade mentalmente doentia e enferma. A vida e a saúde são nossas maiores riquezas. Nada é maior do que a vida, nada é mais valiosa do que a saúde. Há momentos em que a vida e a saúde estão em plena integração e harmonia. Uma vida com saúde e a saúde como base de uma vida cheia de viço, de beleza, de bondade e de alegria é o que podemos chamar de felicidade.

Entretanto, o reconhecimento dessa integração vem da alma, do espírito, de nossa inalienável transcendência. Quando percebemos que a vida saudável é a base da felicidade estamos no limiar da sabedoria. Preservar a saúde cultivá-la e garanti-la é o penhor da vida significativa, agradável e serena. Com essas qualidades e virtudes fecundamos nosso espírito, na direção de buscar os melhores propósitos, desde a autoestima equilibrada, até o altruísmo generoso, a busca da simplicidade e do reconhecimento, da pluralidade da vida e da enriquecedora diferença de todas as pessoas, da necessidade da sustentabilidade e do desprendimento. A vida, com saúde e com sentimentos, com projetos e com amor é a vida feliz, única, plena e verdadeira.

Portanto, amo a minha vocação que é escrever. Enveredei pelos caminhos da literatura que é uma vocação bela e fraca. Como escritor tenho amor, mas não tenho poder. Penso que a literatura deve explicar-nos, por meio de nossas virtudes e sentimentos, os mistérios de nosso destino. Às vezes me pergunto por que amo a literatura, a resposta que me vem à cabeça, é porque ela me ajuda a viver. Quem escreve não pode olhar para onde todos estão olhando, mas, para o outro lado que poucos enxergam. Somos todos feitos do que os outros humanos nos dão. A começar pelos os nossos pais, depois aqueles que nos cercam. Sinto que com a literatura abro ao infinito essa possibilidade de interação com os outros e, com isso enriqueço-me infinitamente. Um bom diálogo através da linguagem escrita é como pulsar no amor. Tem que ter ritmo, sedução e ser envolvente. Contudo, sou o que escrevo e do jeito que escrevo. Só tenho certeza de uma coisa, o que escrevo é melhor do que eu. O que escrevo quero que venha de alguma forma a somar na vida de quem me lê. É pelos caminhos da literatura que vamos construindo e realizando sonhos.
      
(Estarei no Distrito de Rubião Jr. Botucatu dia 16/06/2018 as 20 horas, no recinto da Festa de Santo Antônio fazendo o Pré-Lançamento do nosso livro: “História de Maria Uma Filha de Maria”)

12 de junho de 2018

GESTAR O AMOR PARA MELHOR COMPREENDÊ-LO

Ao gestar o amor, colocamos a prova a nossa força e nossa vitalidade. No encontro amoroso, damos aquilo que temos de vivo em nós que é: o amor, a alegria, o interesse pela vida, a compreensão, o bom humor, o conhecimento e até as nossas tristezas e angústias também. De modo que o amor é uma força ativa no ser humano, uma ação que produz mudanças numa situação existente pela energia humana que nela é empregada. Todos falam sobre o amor, mas, poucos o compreendem na sua essência. Os discursos sobre o amor, na sua maioria são desconectados da realidade, além de vazio e inócuo. O amor é uma força ativa no ser humano, uma ação que produz mudanças numa situação existente pela energia humana que nela é empregada. Não é um sentimento passivo. É um crescimento e não uma queda. O amor é doação, é um entregar-se, antes dar que receber.

Por conseguinte, amar é dar sem a exigência da troca, da retribuição. Dar sem sentir lesado, empobrecido. Aprendi que amar verdadeiramente não é cobrar atenção do ser amado. Para isso já temos o amor, que é simplesmente gostar de mim no outro. A partir dessa expressão natural, ocorre o desejo de tocar o objeto amado, que se manifesta por todo o meu corpo como uma antena receptora. Neste momento enriqueço a outra pessoa com os meus gestos de afeto e ternura. Estou pronto para amar. Esta comunicação não é verbal e sim fisiológica. Nesse momento é liberada no cérebro uma substância química chamada “beta endorfina”, que tem muito a ver com o comportamento de proximidade, contato físico, como abraços, carinho e carícias. Faz-nos sentir próximo e também nos acalma.

Vale lembrar, que o nosso corpo é um instrumento de comunicação mais verdadeiro e poderoso. Dificilmente consegue disfarçar suas reações emocionais. Tendo em vista, que no corpo nada é possível esconder. Basta olharmos com atenção para as pessoas que logo saberemos o que estão querendo, sentindo e experimentando. Que maravilha viver se as pessoas negassem menos os sentimentos que sentem, com certeza sofreriam menos. Mas nega-se tudo que é bom para a alma e prazeroso para o corpo, porque não gesta o amor. Tocar com carinho não pode, mas falar mal pode, assim como difamar o outro pode. Sentir prazer com quem amo não pode, pois tenho que esconder dos amigos. Estamos sempre predispostos a maltratar e nos machucar também. Por não gestar o amor o sofrimento é de ambos.

Cada vez mais estão aparecendo livros interessantes, mostrando a importância fundamental das emoções na vida. Não só as emoções negativas que produzem praticamente a maioria das doenças. Mas, as emoções positivas que trazem a saúde, felicidade e a alegria de viver. Até porque, quando está encantado com alguém, a melhor coisa é estar junto o maior tempo possível com essa pessoa. Não só porque é muito bom, mas, porque nesse período estão ocorrendo trocas vitais, extremamente importantes entre as duas pessoas, que são sentidas no coração e experimentadas no corpo. De modo que, quando a gente encontra uma pessoa que nos impressiona bastante, é muito importante ficar perto dessa pessoa e chegar o mais que puder. Sendo que, quem eu gosto ou amo é o meu “Guru”. É com esta pessoa que tenho que aprender coisas da vida, ou seja, trocar gentileza, carinho e carícias. São as necessidades vitais, importantes, fundamentais para a nossa saúde mental e a sobrevivência humana.

No entanto, sabemos o que sentimos, mas não sabemos a cara que mostramos. O outro não sabe o que sentimos, mas vê o que mostramos de negativo. Sempre ficamos com o que vemos no outro e não com o que ele fala. Porém, o amor é algo que eu sinto a partir do outro, por isso ele é interpessoal. Preciso da presença do outro para gestar o amor. Exteriorizamos através do contato e das carícias. Só aprendemos a amar experimentando. Descobrindo a divindade no outro. Ninguém é feliz sozinho. É preciso começar a trocar mais abraços, carícias, a proporcionar prazer, a fazer com o outro todas as coisas gostosas que a gente tem vontade de fazer e não faz. Naturalmente, não fica bem mostrar bons sentimentos. Quando se agrada alguém, da mesma forma estamos querendo reciprocidade.

Portanto, ser amoroso é uma característica humana e pressupõe toda vivência desde o seio materno. Só quem gesta o amor é capaz de amar. Ninguém da o que não tem. Se nunca fomos amados, é pouco provável que nos entreguemos totalmente ao amor. Sempre vai existir a dúvida quanto ao outro. De modo que buscamos no outro aquilo que não temos e nos faz muita falta. Acreditamos que vamos encontrar no outro a nossa cara metade, aquela parte que a nossa alma e nosso corpo reclama a falta, para citar Platão. Contudo, o ponto de partida é tomar consciência de que o amor é uma arte, assim como viver é uma arte. Precisamos tornar-se explícito o que está implícito. Sendo que o amor nos toca, nos acaricia e se revela na gratificação sensual com o outro. “Viver e Amar” constitui-se para nós humanos, numa espécie de mistério, que por não gestar o amor, transformamos isso tudo num problema. Não tem saída jeitosa se não respeitarmos o amor. Nós queremos viver da felicidade de quem amamos e não do seu sofrimento. 

(Minha homenagem ao dia dos namorados)

10 de junho de 2018

O PRESSUPOSTO DO AMOR É AMAR

Se o pressuposto do amor é amar, então, por que sofremos tanto por amor? Por que maltratamos e machucamos o nosso amor? Será que desconhecemos a importância do amor para a nossa vida? A palavra amor tem mais sentido para nós humanos do que qualquer outra palavra. Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí à gênese do amor. Somos tomados por uma ternura que nos convida para uma fusão. Esse despertar começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, da cabeça aos pés. Somos tomados por um torpor, uma sensação de prazer a vista. É o estado mais gostoso da vida, quando estamos encantado por alguém. Já no primeiro olhar sentimos algo tocar o nosso coração de uma forma diferente. Parece que o corpo caminha sem destino em uma fauna de prazeres, enquanto a razão despenca do penhasco para os braços da divindade. É isso que o amor nos faz sentir. É como uma taça de vinho. Ficamos totalmente embriagados nesta atmosfera romântica.

Sentimos que o amor, parece ter duas funções que quase nos confundem. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmo enquanto humanos, que somos capaz de amar e ser amado. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou um caso de amor. Os defeitos meus e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar. Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente falada pelas pessoas no dia a dia, que quem ama tem que amar por inteiro, como realmente o outro é; com suas qualidades e defeitos. Até parece que as pessoas não juntam ideias, para dizer uma sandice dessas. Dito de outro modo, aos pouco vamos percebendo o modo de ser do outro. Como ele pensa, ou seja, seu modo de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai aos poucos acabando.

Portanto, o amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu “Eu” não é infinito. O amor é capaz de nos ensinar estas duas lições, sem sobra de dúvida é um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, muita carícia e contato físico, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Se é que há algum amor imperfeito. Talvez por isso que amar seja doloroso, sofrido. O amor nos acena, nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral. Pouco a pouco ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Contudo, a vida para ser vivida deve ser envolvida por outras vidas que amam a vida. Porque no amor, os momentos são eternos, pessoas são únicas e a vida é uma só, então vamos aproveitar bem, tudo que o nosso coração sentir por amor.

7 de junho de 2018

O AMOR PLATÔNICO NO OLHAR POÉTICO

Consideramos junho como o mês dos namorados. Talvez pelo romantismo que a data doze de junho nos envolve. Assim, como dia treze de junho, que se comemora o dia de Santo Antônio, santo casamenteiro, segundo dizem os devotos. É um dia para consolidar o amor. A paixão está no ar e no olhar dos amantes. É razão que ninguém teria razão para nos tirar. É ser só de alguém e nunca deixar esse alguém só. Penso que amar é olhar para dentro de si mesmo e dizer: “eu quero alguém para ser feliz”. Há uma tentativa de explicar a razão contida em gestos basicamente instintivo das seduções. Por que será que o olhar da sedução é tão fascinante a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão? Na verdade, é a paixão que vem primeiro. Aqui está um enigma para os humanos pensar. Todavia, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. E de alma o grande filósofo grego Platão, entende. Já dizia o poeta: “é no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”.

Apesar de todo o temor que sentimos diante do encontro amoroso. Embora não o reconheçamos, ainda assim o amor permanece como um enigma que norteia a nossa vida. Até porque há uma tendência em nós, de maltratar o amor quando ele aparece. Agregamos tudo de ruim, a começar pelo ciúme que é um péssimo sentimento. Justificamos como se isto fizesse parte do amor. As pessoas sempre buscaram preencher o sentido da sua existência com amor. Esse sentimento que sempre se apresentou como um mistério para os humanos, que ao longo dos séculos, filósofos, poetas, assim como os psicólogos, tentaram desvendar. Mas, quem melhor explicou e mais aproximou o amor dos humanos, foi o filósofo grego Platão.

No diálogo o “Banquete”, que até virou peça de teatro, Platão explica a origem do amor, a partir da mitologia grega. Diz nos seus diálogos que num passado remoto existiam criaturas monstruosas. Metade homem e metade mulher. Seres humanos completos, com duas faces, quatro braços, quatro penas, continha em sim mesmo os dois sexos. Essas criaturas andrógenas, num dado momento, resolveram invadir o “Olimpo”, a morada dos deuses. Zeus como o representante maior dos deuses e responsável pelo Olimpo, na tentativa de punir essas criaturas andrógenas ele num golpe as partiu ao meio, tornando-se metade, separando em dois sexos. De modo que foi a partir daí, que essas criaturas, saíram pelo mundo e passaram a buscar incessantemente a outra metade, para assim restituir a plenitude perdida. Claro que isso é uma explicação mitológica, mas que faz todo o sentido para nós humanos. Cada um tem a sua essência, é um ser único, não existe outro exemplar idêntico. Portanto, somos individualmente insubstituíveis.

Segundo Platão, essas criaturas somos nós mesmos, em busca da nossa parte perdida, ou seja, é no outro que vamos encontrar a nossa cara metade. Por conseguinte, é através do amor que buscamos a nossa unidade perdida, a totalidade que se rompeu com a separação. O que fazemos no momento da sedução? Senão buscar no outro a nossa identidade. Desta forma, viver o verdadeiro encontro amoroso seria reviver o encontro com a nossa própria essência, que desperta com o amor. Sendo assim, o meu desejo pelo outro é para nos crescer juntos neste amor. De modo que tudo que você ama eventualmente perderá, mas, no fim, o amor retornará de uma forma diferente. A natureza é tão pródiga com seus filhos. Às vezes percebo que o mundo é o lugar mais lindo que existe, e vejo a imensa sorte que temos de viver nele.

Portanto, para o poeta o amor é uma vida, mas, uma vida que é e foi um tudo que sempre se manterá. O amor de uma vida, o sangue do sempre. Uma vida em dádiva, um nada inexistente e tudo existe. Passam anos, nascem flores de todas as cores e corre o rio sem medida e passam anos sem que nosso amor desvaneça. Tudo muda, sorrisos de esperança como canções são declamados no coração de alguém, que como nós amamos também, porém, no tempo da eternidade. Concluo essa reflexão parafraseando o poeta Vinícius de Moraes: “De tudo ao meu amor serei atento. Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto que mesmo em face do maior encanto dele se encante mais meu pensamento”. Contudo, enquanto houver uma alma apaixonada, o cérebro e o coração dividirão a soberania das emoções, confundindo paixão e amor.

3 de junho de 2018

UM ABRAÇO, É O QUE SEMPRE DESEJAMOS

O fenômeno do abraço é muito desejado e pouco experimentado por nós humanos. Temos uma tendência a não dar importância ao contato físico como de fato ele é necessário para a nossa saúde mental. No entanto, há estudos que comprovam que necessitamos em média, de seis abraços por dia para não sentir-se carente. De modo que, através da estimulação da pele que homens e mulheres chegam ao relaxamento e o alivio do estresse do dia a dia. Sendo que o contato físico fortalece o sistema imunológico. O contato de duas epidermes harmoniza o espírito e faz bem para a alma. É uma verdade absoluta que sempre negamos. Vale lembra que algo de especial acontece, quando as pessoas se tocam, porque a linguagem do tato é a linguagem inicial da vida. Por isso, devemos confiar nos impulsos e deixar os dedos estabelecerem uma gostosa conversa sobre a pele.

Entretanto, uma química delicada se produz entre as pessoas que se sentem atraídas uma pela outra. O encontro se faz quase sempre pelo olhar. Segue-se a participação da boca, primeiro com o sorriso, depois com as palavras. Aí vai surgindo o desejo de tocar e abraçar. Sendo que os braços servem para abraçar, entrelaçar. É importante que cada abraço tenha que ser sentido e vivido. Tocar o outro sentindo de verdade esse contato, não é tocar por conveniência. Sendo assim, estará coisificando o outro. O gesto não pode ser impensado, mecânico, automático. As pessoas na sua maioria estão cansadas dos gestos automáticos, que não reflete absolutamente nada. Ao ser tocado pelo outro que está além das fronteiras do meu corpo, sinto alguém tocando a minha consciência. Imediatamente desperta a consciência que tenho que essa pessoa está em mim. Aqui não implica relação genital, é bom que se diga.

Para aquele que está chegando ao mundo, essa é a primeira impressão de amor, que fica gravada indelevelmente no córtex da criança, mais acentuado no prazer de sugar os seios da mãe. É uma sensação de estar sendo abraçada. A criança registra essa impressão na mente e vai pelo resto da vida tentando reconstruir, reencontrar essa sensação. Nascemos dependentes de contato físico, fome de abraço. Desejamos inconscientemente, repetir o prazer que está associado a essa primeira experiência. Gostamos de tocar dependendo da forma como fomos tocados. No entanto, o aprendizado do amor começa aí. As sensações de tocar e amar ficam profundamente interligados e até inseparável da nossa mente. Amamos e não explicamos. Sabemos o que sentimos, mas não sabemos explicar. Um abraço é o que sempre desejamos. Dar e receber sem precisar pedir nada. O que se quer é tocar o outro e se deixar tocar, mas, não com gestos vazios e automáticos.

Portanto, os gestos traduzem nossos sentimentos, nossas emoções, nossas intenções. Cada gesto tem uma função e um significado diferente, dependendo da forma como se toca o outro. Que pode distinguir carinho de carícia ou carinho de agrado, de gesto e ternura ou gesto que protege. Porém, carícia é um gesto que excita, estimula e erotiza. São esses gestos que nos aproximam e vinculam ao outro. Se o gesto for vazio você congela o outro e se congela. E se for macio, terno, doce, você derrete o outro e se derrete. Se for excitante, estimulante, apaixonado, você incandesce o outro e se incandesce também. De modo que os dedos são antenas do corpo. É bom sondar, pesquisar, mergulhar, indo do superficial ao profundo, da periferia ao centro, do habitual ao diferente. Ninguém pode dizer que faz amor, pois o amor nunca se acaba, nunca se apresenta como coisa feita. O amor é um fenômeno espiritual e o abraço é um fenômeno humano. Contudo, há momentos na vida em que sentimos tanto a falta de alguém, que o que mais queremos é tirar essa pessoa de nossos sonhos e abraça-la.

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...