30 de agosto de 2018

SANTO AMOR MALDITO

Santo é o amor, que habita nossos corações. Maldito silêncio! Não temo a solidão, mas sim o silêncio que vem da tua alma. Amo os finais de tarde, com olhar de saudosista, procuro no crepúsculo do sol, no ainda azul do céu, uma fagulha do teu olhar. Debaixo da blusa um coração gritando de saudade, anunciando-se ao tato do mundo. Distrai-me no olhar e vaga em nuvem solta num ar de serena loucura. Tarde dourada e de luz na qual se movem sem rumo essas minhas lembranças. Essa nave que eu sou, beira o teu cais e já nem sei se vou ou se volto.

Teu rosto nasce em todos os momentos que olho para o céu e pergunto: “Por que o amor é dado de graça?” Para que os servos se purifiquem. Se for para ser assim, deito-me nos braços desses olhos, penduro o coração nas nuvens moça do teu gozo. E nele inteiro me encolho. Amada face, tanto te busquei no difícil trabalho de viver, tanto em grutas de mim te desejei, em tempo de calar e de sofrer. Santo amor, tanto amou em silêncio por estrada à procura de ti amada face, que agora a tua feição em minhas mãos é névoa a esgarçar-se.

Por conseguinte, somos corações de cristal num pulsar apaixonado do beija flor. Neste instante uma lágrima anda pelo teu rosto, contemplando manancial de dores que nunca saberei. Sentimento que veio de tão longe e andou pelas encostas de um semblante com lâminas de luz e de segredo. O tempo se desenha no teu rosto. Santo aquele que anda pela estrada e afunda a superfície de uma vida, na inquietação do silêncio maldito. Mas teu rosto prossegue, cheio de insônias e esperança. Santo amor, tu és feliz e forte em si mesmo.

26 de agosto de 2018

AMOR QUE NÃO PEDE EXPLICAÇÕES

Como dizia o grande escritor brasileiro João Guimarães Rosa (1908-1967), no livro: “Grande Sertão Vereda”: “O que tem de ser tem muita força, tem uma força enorme”. O cantor Roberto Carlos diz na música “Outra Vez”, que: “No amor, ninguém na verdade foi, porque quando se ama verdadeiramente, quem foi é, e sempre será”. Mas, afinal, o que faz nascer uma amizade duradoura? O que move uma paixão desmedidamente extraordinária em nossos humanos corações? O que nos leva a gostarmos tão intensamente de uma pessoa, por vezes tão diversa de nós? No entanto, o amor é uma amizade constituída. Mas por que, depois de amar tanto, com a separação vem à inimizade? Quando amamos perdidamente uma determinada pessoa e mantemos com ela um relacionamento amoroso que, no dizer do poeta Vinícius de Moraes: “Que seja infinito enquanto dure”. Ou seja, para sempre, até que a morte nos separe. Será mesmo verdade, que o amor morre junto com o fim das relações, como acontece com frequência nas amizades? Se realmente morre, podemos afirmar que era amor?    

No entanto, nossos amigos e parentes veem essa relação vivida com olhos de quem assiste a algo em que a lógica se volatiliza e se lhes escapa, como algo improvável, indefinível, pleno de estranheza, difícil de ser decodificado, entendido, assimilado. Muitos não entendem esse tipo de amor, que aos seus olhos, esses dois apaixonados, nada têm haver um com o outro. Para desvendar esse mistério, buscando uma compreensão satisfatória desse entendimento, o compositor, cantor, dramaturgo e escritor Chico Buarque (1944), foi buscar a melhor definição nos ensaios do célebre filósofo, escritor e humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592).

Chico conta numa entrevista que Montaigne, por ser insistentemente questionado sobre o porquê de sua mais que imensa e eterna amizade por outro humanista e filósofo francês Étienne de La Boétie (1530-1563), cuja morte precoce o levou a escrever o ensaio “Sobre Amizade”, aonde faz uma homenagem a La Boétie. No ensaio Montaigne disse apenas que gostava dele e ponto. Quinze anos mais tarde, revendo o que escrevera, o escritor acrescentou que gostava do grande amigo “porque era ele”. Outros quinze anos depois fez mais um acréscimo à frase, completando-a definitivamente: “porque era ele, porque era eu”. O compositor e cantor Chico Buarque entendeu como simples, porém, perfeita a definição dada por Montaigne. De modo que, essa frase também era perfeita para definir a paixão, o amor que sentimos por alguém. No entanto, Chico se valeu dessa frase para compor uma música feita para a trilha sonora do filme brasileiro: “A Maquina”, do diretor, roteirista e compositor João Falcão (1958).

Portanto, a essência do que definiu Montaigne está no nome da música: “Porque era ela, Porque era eu”. Coisa do coração não se explica: “Amamos e não explicamos o porquê desse amor por uma determinada pessoa”. Maravilhoso essa definição da amizade de Montaigne. Formidável a sacada do Chico em compor essa música: “Porque era ela, porque era eu”. Sensibilidade com esta magnitude não é para qualquer um. Só os poetas compreendem para além das explicações do amor. Contudo, encerro essa reflexão com a letra da música de Chico Buarque; porque era ela, porque era eu: “Eu não sabia explicar nós dois, ela mais eu. Porque eu e ela não conhecíamos poemas e nem muitas palavras belas. Mas ela foi me levando pelas mãos, íamos tontos os dois, assim ao léo. Ríamos, chorávamos sem razão. Hoje lembrando-me dela, me vendo nos olhos dela, sei que o que tinha de ser se deu. Porque era ela, Porque era eu”.

23 de agosto de 2018

NA MOLDURA DA VIDA

Na moldura da vida, clara e simples, sou aquilo que todos sabem e conhecem de mim. Sou um degustador do amor pela vida. O poeta quando escreve, faz amor com as palavras. As metáforas me encantam, por isso escrevo. Uns vivem e outros desvivem. Dá-se em casamento em sonoras bodas e gozosos gemidos na reinvenção da vida. A vida é sempre a mesma para todos, mas a moldura da vida que é diferente para cada um. No entanto, a vida põe delicadeza e elegância. Põe suspiros de candura pelos caminhos. Eternizar esse nada é tudo que nos resta no jardim da espera.

As luzes encantam o mundo, numa anarquia de raios atirados ao mais escondido da manhã adâmica. Rochedos rasgando águas, chamando o ajuste das árvores. Na sombra o espírito do tempo chora a sinfonia de águas e luzes. O bom é saber-se que, todo dia, o mundo recomeça em lugares perdidos. É nas flores que brota o suave pensamento da divindade. Cores pintando nos campos o passeio do espírito que sopra onde quer. Põem na manhã o perfume e a beleza que antes dormiram no ventre da terra. Esse amor que é dado de graça é semeado no vento, nas cachoeiras e no eclipse da lua. Amor não se troca. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo.

Portanto, o personagem bíblico Salomão que significa “o pacifico”, que tem origem no hebraico “Shalom” que significa “paz”, era filho de Davi, foi o terceiro rei dos judeus e levou Israel ao seu poder máximo. Foi um amante e apreciador da natureza. Com ele aprendemos a olhar os lírios do campo. Assim como, olhamos para todas as almas coloridas do campo, pois nenhum rei atingiu sua emocionada elegância. Elegâncias das miudezas que envolvem o mundo com pensamentos divinos. Muitos verdes, muitas luzes, rios e pássaros. Contudo, foram com essas flores aladas que entoamos a beleza e a magia dos cânticos, que rabiscam no céu e na terra o rosto do infinito. É aonde mora o Amor. No infinito de cada um.

19 de agosto de 2018

ESTAMOS JUNTOS, MAS SOZINHOS

Nunca estivemos tão conectados, seja no mundo real ou no virtual como estamos atualmente. No entanto, por que existe tanta gente sozinha? Com o advento da tecnologia, há uma mudança no comportamento das pessoas que estão perdendo o pavor de ficarem sozinhas e aprendendo a conviver melhor consigo mesma. Elas estão começando a perceber que se sentem metade, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente metade. Não somos príncipe ou salvador de coisa nenhuma. Somos apenas companheiros de caminhadas que acredita no amor. Seja na vida real ou no virtual, o que buscamos é intimidade com alguém que seja especial. Somos um animal social, que vai mudando o mundo e depois temos de ir se reciclando para se adaptar a esse mundo que fabricamos. Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. Mas, que pode nos machucar senão compreendê-los.

No entanto, o egoísmo não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro. Porém, a nova forma de amar, tem uma feição ousada e um novo significado. Visa uma maior aproximação entre duas pessoas, como dois inteiros e não mais a união de duas metades. Na verdade, são duas metades que se completam. Querem ficar juntos, mas não querem compromissos, não querem perder a liberdade. A ideia de compromisso está ligado a perda da liberdade. Vale lembrar, que a liberdade é fundamental para um bom relacionamento. Não existe liberdade, quando se tem medo da pessoa amada. Medo de amar, medo da intimidade, medo que descubram que estamos perdidos de amor um pelo outro. Isto não é liberdade, porque nunca vamos ter momentos íntimos para compartilhar.

Intimidade é a partilha entre duas pessoas, não apenas de seus corpos, mas também de suas esperanças, dos seus sonhos, medos e aspirações. A intimidade é constituída por todos os pequenos gestos e expressões que nos afeiçoam um ao outro. Todavia, a perda faz parte da nossa vida. Mas também nos mostra o que é precioso na convivência. Assim como o amor ao qual só podemos ser gratos, por ter vivido ou estar vivendo. As pessoas se machucam e se fecham. Depois de anos de cumplicidade, até a amizade fica comprometida. O que é uma pena! Se quiserem escolher entre o ontem e o amanhã, escolha um e agarre firme. Estamos neste mundo para ser feliz, pois a felicidade depende do caminho que escolhemos. Gostaria que na questão do amor tudo se resolvesse da forma mais simples. Mas, o diálogo também está escasso.

Portanto, já temos o que todos procuram e poucos encontram. E aqueles que foram arrastados pelos os braços do amor, dele fugiram. Então, vamos procurar nos entender e compreender um ao outro. Somos os únicos seres vivos no mundo que nascemos para amar eternamente. Nossa vida começa quando conhecemos o amor. Não importam o que pensam de nós e muito menos o que vai acontecer conosco daqui pra frente. Bloqueamos nossos sonhos, quando permitimos que nossos medos fiquem maiores do que a nossa fé. É por medo que avaliamos mal a quem amamos. Contudo, se algumas vidas formam um circulo perfeito, outras nem tanto, porque são modeladas de modos nem sempre compreensíveis. Se mais pessoas tivessem a sensibilidade e coragem de dizer o que sentem, o amor seria o precursor da humanidade. Continuaríamos juntos e caminhando lado a lado. Assim é a vida para quem ama verdadeiramente.

16 de agosto de 2018

CONFIANÇA É ESSENCIAL PARA UM AMOR MADURO

Amar implica depender, estar nas mãos de outros. De modo que, estar com alguém que não nos transmite confiança é ser irresponsável para consigo mesmo. São poucas as pessoas que vivem uma relação plena e estável. Na certa, isso não contribui nem um pouco para que ambos cresçam emocional e intelectualmente. Para que uma boa relação amorosa se desenvolva, precisa pautar na confiança recíproca. Amar alguém implica, depender desta pessoa de corpo e alma. Ela tem mais do que ninguém, o poder de nos fazer sofrer. Basta querer nos magoar que conseguirá. Se quiser nos fazer sentir inseguros, ela tem esse poder sobre nós. Fica mais do que evidente que, quando uma pessoa ama alguém que não se empenha em despertar a sensação de confiança e lealdade, ela irá padecer muito. Irá sentir-se permanentemente ameaçada, terá ciúme de tudo e de todos. É uma ousadia, uma ingenuidade e uma grande demonstração de imaturidade emocional.

No entanto, quando a mágica do encantamento amoroso não vem acompanhada da confiança, naturalmente, a pessoa está posta numa situação muito difícil, podendo agravar ainda mais quando surgem as fofocas, aumentando o sofrimento e a insegurança do casal. Afinal, a mágica da confiança de onde vem? Penso em vários fatores, sendo que o primeiro deles, depende do comportamento da pessoa amada. Não é possível confiarmos numa pessoa que mente, a não ser que queiramos nos iludir, procurando desculpas para não perder esse encantamento pelo outro. Assim, como não é possível confiarmos em pessoas cujo comportamento não está de acordo com suas palavras e suas afirmações.

Alias, quando o discurso não combina com as atitudes, está claro que essa é a natureza da pessoa. É evidente que todos nós, ao longo dos anos, atualizamos nossos pontos de vista. A capacidade de confiar, depende também de como funciona o mundo interior daquele que ama e não apenas da forma de ser e de agir do amado. Pode haver certo exagero da pessoa que fantasia o outro. No entanto, não são raras as pessoas que desconfiam da capacidade que têm, de despertar e conservar o amor do outro. Sentem-se inseguras, acham que a qualquer momento podem ser trocadas por outras mais atraentes e ricas de encantos. E o que é mais grave, sente-se assim mesmo quando recebe sinais constantes, coerentes e persistentes de lealdade por parte da pessoa amada. Ela não acredita. Nesses casos, não há muito que a pessoa possa fazer para atenuar o desconforto da outra.

Portanto, para confiar em alguém é necessário que sejamos pessoas confiáveis. Costumamos avaliar as outras pessoas tomando por base nossa própria maneira de ser. Se formos capazes de deslealdade e de desrespeito aos outros, como ter certeza de que as outras pessoas não farão o mesmo conosco? De modo que, só aquele que tem firmeza interior, que tem confiança em si mesmo, no sentido de respeitar as regras de conduta, nas quais acredita que existam pessoas em condições de agir da mesma forma. Contudo, se a felicidade afetiva e sentimental depende do estabelecimento da confiança recíproca, será um privilégio para as pessoas íntegras e de caráter. O verdadeiro amor solidifica-se diante de todas as barreiras e obstáculos. No entanto, o amor tem como alicerce a confiança e a cumplicidade. Sendo assim, teremos uma linda história de amor para contar.  

12 de agosto de 2018

O LOBO DA ESTEPE

O livro “O Lobo da Estepe”, do escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962), considerado um dos melhores de seus livros, publicado em 1927, é um dos romances mais representativos da literatura alemã. Um livro incrível sobre relacionamento. Através dele, consegui entender o que acontece na alma humana diante dos conflitos e como podemos lidar com eles. Segundo o próprio Hesse o livro trata sem dúvida alguma, de “sofrimentos e necessidades”, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, embora pareça, mas de um homem que crê na força interior do amor. No entanto, em certo momento da narrativa, Hesse apresenta o conflito do homem entre a vontade de viver e de morrer, já que a segunda atitude parece ser a solução de todos os problemas. Apesar de nunca querer morrer de verdade, mas sonhava com a morte do sofrimento. Queremos sempre matar aquilo que nos machuca: “um remorso, um medo de se machucar por amor ou ausência da pessoa amada”.

Entretanto, nos cantos mais sutis da alma, sempre há uma espécie de clamor pela existência. O livro nos mostra que a morte e a vida, tornam-se fúria e calma ao mesmo tempo, de um animal que nos habita. Alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem sirvam de manchetes para os noticiários sensacionalistas, deixam marcas profundas na alma das pessoas. A pior delas é encerrar uma relação de amor sem compreender as razões que a motivaram o seu fim. Considerando que o ciúme doentio não é e nunca foi manifestação de amor, que aonde prevalece à dor e a humilhação, não pode haver relacionamento estável. Podemos ser vítima da primeira ofensa ou da primeira agressão, mas não precisamos aceitar a segunda. Respeite-se e não precisará exigir isso dos outros. Lembre-se que a violência começa com o desrespeito e, desrespeito, começa com a sua aceitação.

Muitas vezes abandonamos um relacionamento amando muito o outro, mas a relação sofreu tantos maus tratos, que não há como continuar. E chegam ao fim por diversos motivos. Alguns por excesso de ciúmes, outros por falta de respeito, outros por achar que está sendo traído, mas, dificilmente, acabam por falta de amor. Constantemente as relações são afetadas pela forma como o outro nos trata, seja de forma boa ou ruim. Se cuidar bem do amor, ele pode durar uma vida inteira, se maltratado dura semanas. É interessante observar e comparar o começo e o fim de um relacionamento. Notamos que no começo as pessoas são gentis, educadas e se mostram preocupadas com o outro. Deixam até aquela sensação de eternidade na história dessa paixão. Mas, na primeira briga, desrespeitam o companheiro de forma cruel, como se não tivesse nenhum sentimento entre eles. Aquele que diz; basta amar para a relação durar, é pura conversa fiada. E os cuidados? E o afeto entre ambos? E o respeito? Engole com gelo?

Portanto, as pessoas perderam o respeito pelo o amor e, no calor das emoções, usam as ofensas como quem usa uma metralhadora com a intenção de matar o outro. E matam mesmo. Matam o respeito, matam a vontade de continuar. E o amor já agonizando tenta seu ultimo suspiro, quase sempre em vão. Ainda vem alguém sem nenhum conhecimento sobre o assunto, dizer que o amor machuca. Isso não é verdade. O que machuca é abandonar o amor sem ouvi-lo. A rejeição machuca. Perder o amor no seu auge machuca. Assim como também, a indiferença machuca. As pessoas confundem essas coisas com amor. Mas, na verdade, o amor é a única coisa nesse mundo que nos alivia e nos da animo para continuar a viver. O amor cura toda essa dor e nos faz sentir maravilhosos novamente. Contudo, o amor perfeito é realmente raro no nosso mundo. Para amar de verdade é necessário que tenhamos a sutileza de um sábio, a flexibilidade de um artista, a compreensão de um filósofo, a aceitação de um santo, a tolerância de um estudioso. Comparado a uma flor, o amor desabrocha sem a ajuda das estações.

9 de agosto de 2018

MÃOS ABENÇOADAS DESSE PAI AMOROSO

Gostaria de ter conhecido o meu pai e abraça-lo fortemente nesta hora. Queria olhar fundos nos teus olhos e dizer: “Querido Pai, olho tuas mãos abençoadas, elas foram importantes na minha educação, sou teu filho e me orgulho de sê-lo. Que essas mãos souberam ser firmes na sua orientação, e serenas no seu amparar. Que elas não fugiram ao dever de punir, e não se tornaram indignas por agredir quando precisou. Por essas mãos fui abençoado. Você me trouxe ao mundo. Tuas mãos meu Pai, devem ser o exemplo do teu trabalho e que não se abram apenas materialmente. Que isso é um modo de fechar a consciência, mas que, ao abri-las estejas abrindo muito mais o teu coração e a tua compreensão. Mesmo não te conhecendo hoje sinto o teu amor e o quanto é bom ser Pai”.

Gostaria de ter um Pai, para sentir quanta responsabilidade cabe a um Pai. Ser observado pelo Pai e ele orgulhoso pelas qualidades do teu filho. Por pequenas que sejam, é o Pai que as fazem crescer na esperança. Mas que esse Pai não deixe de ver os defeitos e as falhas, porque pode ser teu o dever de corrigi-las. Não te considere Pai sem defeitos, mas que isso não te desobrigue da perfeição de ensinares o que sabes corretamente. Ainda que tu mesmo tenhas dificuldade em segui-lo, o mais importante do que conseguir alcança-lo, sem dúvida será lutar por ele e fazê-lo grande. Nenhum filho se faz, sem a referência desse Pai amoroso. 

Portanto, querido Pai, o que se quer de ti é que Pai seja. No conceber por amor, no receber por amor, no renunciar por amor. No amor total dos filhos que, sem teu amor, perderão o significado da própria existência. O filho que não tem amor pelo Pai, não pode dizer que tem uma história feliz. Pai está presente no sangue, na herança biológica, na cor dos olhos, no sobrenome, na língua falada, no DNA. Tudo isso, porém, desaparecerá senão te fizeres presente no coração. Contudo, o filho que conquista o amor desse Pai, torna-se este amor notável em suas ações no dia a dia, como no afeto pelas pessoas que o lisonjeia. Enfim, ser Pai é descobrir que o amor incondicional existe e o maior e mais sincero de todos, está bem diante do nosso “Abraço”. Todo Pai ama teus filhos, nem todos os filhos amam o teu Pai.             (Meus parabéns pelo dia dos Pais)

5 de agosto de 2018

REGRAS DO DESEJO

Todo mundo já ouviu falar sobre o “Kama Sutra”, são poucos, realmente, os que foram atrás de conhecimento sobre este livro, alguns por vergonha e muitos por preconceito. Nesta reflexão vou explicar melhor sobre o Kama Sutra e sua importância para nossa vida afetiva e amorosa. Vale lembrar, que no mundo oriental não consideram o sexo separado da espiritualidade, da religião e da arte. Já aqui no nosso mundo ocidental o sexo está diretamente ligado à culpa, tabus e preconceitos. Com essa mentalidade, o Ocidente transformou o Kama Sutra em um manual pornográfico de posições mecânicas e nem um pouco envolvente. O manual, que traz a visão do sexo como uma arte sensual, foi por muitos transformados em guia de posições acrobáticas e simplesmente de encaixe. Totalmente desprovido da espiritualidade e do prazer tântrico.

Apesar de no Brasil, sermos considerado um povo sensualizado e sexualizado, ainda temos muito a aprender para conseguirmos elevar o sexo a um nível para além do carnal e reprodutivo. Temos de aprender que sexo é bom sim. Sexo não é apenas reprodução, é também prazer e comunicação. Como não falar sobre algo tão saudável para o nosso corpo e nossa mente. Passamos boa parte do nosso tempo, consumindo energia na correria do dia a dia, com trabalho, afazeres domésticos e outras tantas responsabilidades, esquecemos que somos um corpo e sentimos carência de toque. Deixamos de lado e perdemos um tempo precioso de aprofundar nosso conhecimento sobre nossa sexualidade e compreender nossas emoções e melhorar nossas relações afetivas com a pessoa amada. Investimos tempo e dinheiro em coisas materiais e supérfluas, esquecemo-nos do espiritual como se nossa essência não fosse parte desse universo.

Há um enorme preconceito e desconhecimento sobre o quanto é possível aprender, evoluir e aperfeiçoar nossa forma de se relacionar afetiva e sexualmente. As pessoas tem medo de buscar esse conhecimento e de investir em assuntos do coração, principalmente, quando isso tudo, está relacionado com amor e sexo. Com os ensinamentos do Kama Sutra – Regras do Desejo, as pessoas vão aprender como melhorar e apropriar-se de forma mais produtiva e efetiva a sua energia sexual. Sobretudo, resgatar a sexualidade e a naturalidade do seu corpo através do prazer, do toque e da sensibilidade que nele ira despertar no momento do encontro amoroso. De modo que, a dificuldade em conseguir conectar com o prazer e com o corpo está associada à ideia e conceitos sobre o que é certo e errado, quanto ao que se pode ou não experimentar em relação a sua sexualidade.

O que o medo faz com as pessoas? Faz com que elas mergulhem a cara no trabalho e ocupações diárias, com isso enterra todas as possibilidades de sentir prazer no seu corpo. Vai estar sempre indisposta e apática para as carícias prazenteiras. A pessoa não consegue ver o seu corpo como uma extensão do seu “Ser”. Sente medo de assumir a sua sexualidade. Viver com medo é viver pela metade. Entretanto, no ensinamento do Kama Sutra, o sexo não deve permanecer sexo e sim transformá-lo em amor, assim como também o amor não deve permanecer amor, mas transformar-se em luz, ou seja, na experiência imediata com a divindade, sendo esse ultimo, supremo cume místico.

Portanto, procure ser nesse momento ato e não ator. Se amar seja o amor. Sendo assim, não é o seu amor, não é o meu amor, não é o amor de outra pessoa qualquer. É simplesmente o amor que tomou conta da nossa essência. Contudo, se você não está ali é porque você está nas mãos da fonte, da corrente suprema, você desapareceu e tornou-se apenas energia irradiando “luz” ao “ser”. Quando sua mente é sexual, você explora o outro. Quando você ama, o outro ascende irradiando luz e torna-se importante, ímpar, único. Quando você se entrega completamente, se joga nesse amor, esquecendo-se de si e a pessoa amada desaparecer no infinito desta fusão e se nesse momento houver somente o amor fluindo, então “Shiva” diz: “a vida eterna é sua”. Aqui o tempo desaparece para os amantes.  

2 de agosto de 2018

NEGAR O AMOR É NEGAR A VIDA

O escritor francês Marcel Proust, o admirável criador do texto “Em Busca do Tempo Perdido”, nos dá uma magnífica imagem do amor, dizendo que a felicidade que sentimos do amor emana mais de nós próprio do que do ser a quem amamos. Para o romancista francês, quando se ama, tamanho é o amor, que não cabe em nós, irradia para a pessoa amada, onde topa com uma superfície que lhe corta a passagem e o faz voltar para o ponto de partida, e essa ternura que nos devolve o choque, ternura que é nossa, é o que chamamos sentimento do outro, e mais nos agrada o nosso amor quando vem do que quando vai, porque não notamos que procede a nós mesmos.

O poeta alemão Goethe, dá-nos um quadro perfeito de duas almas, de dois corações que se irmanam numa só alma e num só coração através do amor. Se há dois corações que se amam, são dois corações magnéticos. O que se move em um faz mover o outro, pois é um só impulso que age em ambos. Elevo o amor e a arte ao altar da devoção, porque amor e a arte vivem numa simbiose perfeita. O amor mais elevado, como a arte mais elevada é devoção. Para o romancista, poeta e dramaturgo francês Vitor Hugo, ele diviniza o homem através do amor e o universo através de Deus, neste belo pensamento o amor é plenitude do homem, como Deus é a plenitude do universo.

A descrição mais linda que li sobre o amor foi a do escritor estadunidense, talvez o mais influente porta-voz do protestantismo de seu tempo, Henry Ward Beecher (1813-1887): “o amor é um rio da vida neste mundo. Não julgueis conhece-lo, vós que vos contentais com a primeira fonte. Subi-o até as nascentes, pelos desfiladeiros profundos, segui-o pela planície, vede-o aumentar e alargar, até que embarcações possam circular nas suas águas, acompanhai a sua marcha para o oceano, confiai-lhe os tesouros preciosos. Até então, não podereis dizer que conheceis o amor”.

Portanto, é impossível viver sem amor, porque o amor é ação, harmonia, paz e aconchego. O amor é vida. O homem não ama porque o seu interesse consiste em amar, antes isto do que aquilo, mas sim porque o amor é a essência da sua alma. Platão argumenta nos seus diálogos que nada há de mais importante e precioso que o amor. O amor é o mais nobre e o mais poderoso dos deuses e o principal autor e inspirador das virtudes depois da morte. Quando amamos o primeiro efeito do amor é inspirar um grande respeito, por isso se tem veneração por aquele que se ama. Contudo, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. “É no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”. Negar esse sentimento é negar a vida, que nasceu do amor, para viver na plenitude amor.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...