2 de agosto de 2018

NEGAR O AMOR É NEGAR A VIDA

O escritor francês Marcel Proust, o admirável criador do texto “Em Busca do Tempo Perdido”, nos dá uma magnífica imagem do amor, dizendo que a felicidade que sentimos do amor emana mais de nós próprio do que do ser a quem amamos. Para o romancista francês, quando se ama, tamanho é o amor, que não cabe em nós, irradia para a pessoa amada, onde topa com uma superfície que lhe corta a passagem e o faz voltar para o ponto de partida, e essa ternura que nos devolve o choque, ternura que é nossa, é o que chamamos sentimento do outro, e mais nos agrada o nosso amor quando vem do que quando vai, porque não notamos que procede a nós mesmos.

O poeta alemão Goethe, dá-nos um quadro perfeito de duas almas, de dois corações que se irmanam numa só alma e num só coração através do amor. Se há dois corações que se amam, são dois corações magnéticos. O que se move em um faz mover o outro, pois é um só impulso que age em ambos. Elevo o amor e a arte ao altar da devoção, porque amor e a arte vivem numa simbiose perfeita. O amor mais elevado, como a arte mais elevada é devoção. Para o romancista, poeta e dramaturgo francês Vitor Hugo, ele diviniza o homem através do amor e o universo através de Deus, neste belo pensamento o amor é plenitude do homem, como Deus é a plenitude do universo.

A descrição mais linda que li sobre o amor foi a do escritor estadunidense, talvez o mais influente porta-voz do protestantismo de seu tempo, Henry Ward Beecher (1813-1887): “o amor é um rio da vida neste mundo. Não julgueis conhece-lo, vós que vos contentais com a primeira fonte. Subi-o até as nascentes, pelos desfiladeiros profundos, segui-o pela planície, vede-o aumentar e alargar, até que embarcações possam circular nas suas águas, acompanhai a sua marcha para o oceano, confiai-lhe os tesouros preciosos. Até então, não podereis dizer que conheceis o amor”.

Portanto, é impossível viver sem amor, porque o amor é ação, harmonia, paz e aconchego. O amor é vida. O homem não ama porque o seu interesse consiste em amar, antes isto do que aquilo, mas sim porque o amor é a essência da sua alma. Platão argumenta nos seus diálogos que nada há de mais importante e precioso que o amor. O amor é o mais nobre e o mais poderoso dos deuses e o principal autor e inspirador das virtudes depois da morte. Quando amamos o primeiro efeito do amor é inspirar um grande respeito, por isso se tem veneração por aquele que se ama. Contudo, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. “É no olhar que te vejo, no olhar te mexo e no olhar-te desejo”. Negar esse sentimento é negar a vida, que nasceu do amor, para viver na plenitude amor.

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