28 de junho de 2016

A POESIA DE UM AMOR ESTÁ NA SUA HISTÓRIA

Quando daqui algum tempo, espero que muito distante de hoje, chegastes aos confins do azul do céu, guardastes justamente nos teus olhos toda cor deste planeta, que enfeitou este amor. Que alegrou a beleza dos rios e dos verdes campos por onde pisou. E as canções de amor que ouvia no silêncio da noite, vinham tecidas no seu jeito de ser mulher. Nutrindo as lembranças de quem a prover. Apesar de delicada e bela, esta flor transformada em amor perfeito levo em meu coração o seu perfume.

Hoje uma música me veio à memória ao seguir teus passos e pude ver teu brilho, com cauda de um cometa alado que refulgissem os nossos preocupados corações. No balanço da música, brincava com o nosso espaço, renovando os anos passados. No dizer do cantor Arnaldo Antunes: “não quero morrer, pois quero ver como será que deve ser envelhecer”. Por algum momento achei que envelheceria juntos ao descobrir esse amor. Um grande amor é para sempre.

O amor tentou construir em nossa morada um universo novo, em nosso mundo pobre uma riqueza, que o tempo se incumbiu de transformar em sinfonia. Com a musicalidade própria do seu corpo, que nos renovava a gratidão de haurir tuas levezas, minha razão se incendiava, sempre que te via. Teus olhos fintavam como uma janela acesa de vida, que triturava as ansiedades e acolhia gente que chorava neste simples proseador.

Deixa o rio andar ou empurra um rio abstrato, mantendo as vidas da vida. Rasgam-me por dentro uma dor alexandrina, em espessidão de cores, cortes de metal, em vagalhões de mar e luz, misturando o céu e a terra. Vinda de outras vidas sangra-me o espírito que a espera. Sentimos uma dor que não dói, mas pode ser fatal. O que restou foi à lembrança de um grande amor, que um dia foi a nossa esperança.  

25 de junho de 2016

NO AMOR REVELA-SE O INFINITO

A palavra amor tem mais sentidos do que qualquer outra palavra do mundo, segundo os filósofos e poetas. Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção e encantamento, penso estar aí à gênese do amor. De modo que, somos tomados por uma ternura  que nos convida a essa união. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, tornando-nos desejosos. O amor nos mostra basicamente duas funções que quase se confundem, mas, que é possível descrevê-las como sendo realmente duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre indivíduos que se proponham a viver em estado amoroso ou viver uma relação interpessoal entre duas pessoas, que se traduz em amor romântico.

Podemos dizer que toda vez que resistimos a um contato intimo com nosso próximo, quase sempre usamos como pretexto a essa resistência, algum pretenso defeito da pessoa querida, coisa do tipo: “Ah se ela não fosse tão orgulhosa, se não fosse tão teimosa, confusa, fria, indiferente e cheia de preconceitos”. Estando implícito, que se o outro não fosse do jeito como o vejo, certamente o amaria mais, se daria mais. Estes defeitos funcionam como uma barreira existente entre ambos,  como se fosse algo isolante, muitas vezes repulsivo. Juntamente com esse modo de perceber o outro e julgá-lo vai um desejo implícito, coisa do gênero, se ele não fosse assim, deixasse de ser intolerante, certamente o amaria mais. Os nossos defeitos e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar. É olhar as qualidades que lhe são peculiares. É reconhecer o infinito no amor.

Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente faladas no nosso dia a dia, que quem ama outra pessoa tem de amá-la por inteira, como ela realmente é com suas qualidades e defeitos. Só que as pessoas não juntam as ideias, para melhor pensar. Dito de outro modo vai pouco a pouco percebendo o jeito de ser do outro, de pensar, de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai esfriando até minguar. Então, aceitar os defeitos do outro é falso. Numa relação de boa qualidade, procuramos sempre melhorar o outro respeitando seu modo de ser e viver. O bom amor não é aquele que enaltece o outro, mas sim, aquele que transforma o outro num ser melhor. Em nossa sociedade admite-se, quase sem crítica, e com muita obscuridade, que as pessoas buscam acima de tudo o próprio interesse, são egoístas, mesquinhas e centralizadoras. Porém, para os intolerantes, tudo que foge ao seu modo de pensar e agir, é falso e mentiroso.

Percebemos o quanto é difícil e pesado sermos nós mesmos, o quanto custa nos arrastarmos pela vida com este lastro de aspectos negativos, os quais, não obstante serem negativos é o que mostramos, por serem inerentes a nós, como nossas mais caras virtudes e aptidões. Provavelmente, o modo mais comum de negação de si mesmo, resida justamente no desejo de fazer parte de um grupo ou tribo, de um partido ou de uma ideologia, que nada tem a ver conosco. Todavia, vivemos numa sociedade de renúncia que cada um faz de si mesmo. Quanto menos eu sou eu, mais sou ninguém diante de um grupo considerado ninguém. Onde se espera muita uniformidade de comportamento, sentimento ou pensamento, por simples descrição fica excluída toda individualidade. Deixo de ser eu para ser o que o outro quer. Nesse sentido, qual a minha verdadeira identidade?

O amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu “EU” não é infinito. O amor capaz de nos ensinar estas duas lições é certamente um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, contato de proximidade e carícias, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Talvez por isso o amor seja triste. Ele nos acena, ele nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral. O que mata essa vivência é julgarmos sem precedência o que nos faz bem, em detrimento do que nos faz mal. Como posso acreditar na vida que não vejo se duvido dos seres vivos que vejo? Por acaso, eles não são frutos da vida?

Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar em pessoas boas e dóceis. De modo que, onde há amor a transformação é permanente. Onde não há transformação e nem crescimento não podemos afirmar que amor ali impera. Ao plantar a dúvida podemos estar decretando a morte de um grande amor que só faz acolher. Tendo em vista, que o amor nos da essa possibilidade de conhecer o infinito. Pode ser que nossa vida esteja em risco, se virarmos as costas para aquilo que nos faz bem. Contudo, é através do amor que o infinito revela-se em nós e com sua Luz nos Ilumina. 

22 de junho de 2016

O FENÔMENO DO ABRAÇO

O fenômeno do abraço é muito desejado e pouco experimentado. Temos uma tendência a não dar importância ao contato físico como de fato ele é necessário. Dizem os especialistas que precisamos de seis abraços por dia para não nos sentirmos carentes. É através da estimulação da pele que tanto o homem quanto a mulher chegam ao relaxamento e o alivio do estresse. O contato físico fortalece o sistema imunológico. Esta harmonia entre duas almas e o contanto de duas epidermes, enfatiza com elegância uma verdade essencial que sempre negamos.

Algo especial acontece quando duas pessoas se tocam, porque a linguagem do tato é a linguagem inicial da vida. Por isso, devemos confiar nos impulsos e deixar os dedos estabelecerem uma gostosa “conversa sobre a pele. Uma química delicada se produz entre duas pessoas que se sentem atraídas uma pela outra. O encontro se faz quase sempre pelo olhar. Segue-se a participação da boca, primeiro em sorrisos, depois em palavras. Aí vai surgindo o desejo de tocar, de abraçar. A sedução toma conta do momento em que ambos se olham. Neste caso o fenômeno do abraço torna-se necessário.

Nossos braços servem para abraçar, enlaçar. Só que cada abraço tem de ser sentido, vivido. Segundo o psiquiatra e escritor José Ângelo Gaiarsa (1920-2010), temos que tocar o outro sentindo de verdade esse contato, e não tocar como mera formalidade. Senão você está coisificando o outro. O outro é um ser humano de carne e osso, por isso o gesto não pode ser impensado, mecânico, automático. As pessoas estão cansadas dos gestos automáticos que não reflete nada. Conheço pessoas que abraçam sem entrelaçar os braços. Elas se jogam na outra pessoa e não sente o prazer do contato vivo e essa química que o abraço produz.

Quando tocamos o outro, que está além das fronteiras do nosso próprio corpo, sentimos tocar a nossa consciência. Ao ser tocado, imediatamente desperta a consciência que tenho que essa pessoa pode estar em mim. Nesse sentido, podemos ficar horas, nos tocando e nos sentindo. Mergulhado numa gostosa sensação, percebendo o outro e nos percebendo nesse aconchego. Aqui não implica relação genital, é bom que se diga. A primeira impressão de amor, que fica gravada indelevelmente no córtex cerebral da criança, vem do prazer de sugar. Associado à sucção vem o contato corporal, o calor que emana do corpo da mãe. A sensação de estar sendo abraçada e acariciada.

A criança registra essa impressão na mente e vai pelo resto da vida tentando reconstituir, reencontrar essa sensação. Por isso o ser humano tem necessidade de contato físico, tem fome de abraço. Ele está tentando repetir o prazer que está associado a essa primeira experiência. Assim como aprendemos a falar porque algumas pessoas falam conosco. De certo modo, vamos falar da forma como elas nos ensinaram. Assim como também, aprendemos a tocar e acariciar em grande parte, dependendo da forma como fomos tocados e acariciados. O aprendizado do amor começa aqui. As sensações de mamar e amar ficam profundamente interligados e até inseparáveis na nossa mente.

O comer exageradamente torna-se uma forma de compensar a falta de amor. É quase certo que, quando estamos carentes, atacamos a geladeira, bebemos mais cerveja, tomamos mais sorvete, comemos mais chocolate que o habitual. Tudo aqui é exagerado. Entretanto, enquanto a fome de alimento pode matar sozinhos com comida, cigarro ou álcool, a fome de contato dificilmente pode ser satisfeita sem outra pessoa. O que se quer é tocar o outro e se deixar tocar, mas não com um gesto vazio, automático.

Os gestos traduzem nossos sentimentos, nossas emoções, nossas intenções. Por isso, cada um tem uma função, um significado diferente, dependendo de onde se toca e da forma como se toca. Nesse caso pode distinguir carinho de carícia. Carinho é agrado, gesto de ternura, gesto que protege. Carícia é o gesto que excita, estimula e erotiza. São esses gestos que nos aproximam, nos vinculam ao outro. Entretanto, pode-se alisar abraçar, tocar de forma apressada, impensada, dissociada. Ou pode-se tocar sensualizando, erotizando cada movimento. Cada gesto traduz um sentimento, uma emoção, que provoca uma reação. Se o gesto é indiferente, não manifesta nada, não tem energia nem intenção, você congela o outro e se congela. Se ele for macio, terno, doce, você derrete o outro e se derrete. Se ele for erótico, excitante, estimulante, apaixonado, você incandesce o outro e se incandesce também.

Portanto, os dedos são antenas do corpo. É bom sondar, pesquisar, mergulhar, indo do superficial ao profundo, da periferia ao centro, do habitual ao diferente. Para a sexóloga e escritora Maria Helena Matarazzo, ninguém pode dizer que faz amor, pois o amor nunca se acaba, nunca se apresenta como coisa feita. Sempre há o que fazer e refazer. Contudo, abraço e caricia nunca se pede, apenas permita-se. Cobrar abraços é o mesmo que abraçar o espelho quando nele me vejo.   

16 de junho de 2016

AMOR É COMPLEMENTO, NUNCA DIVISÃO

O filósofo ateniense Sócrates (470-399) estava entre os convidados e cada um deveria fazer um discurso para louvar o amor. Sócrates intervém, ponderando que, antes de falar sobre o bem que o amor causa e seus frutos, deveriam tratar de definir o que é o amor. Diz que, na sua juventude, fora iniciado na filosofia do amor por Diotima de Mantineia, que era uma sacerdotisa. Diotima lhe ensinou a genealogia do amor. O amor é a busca da beleza, da elevação em todos os níveis, o que não exclui a dimensão do corpo. No entanto, será que essa concepção ainda faz sentido em tempos de exagerado culto à coisificação do prazer?

Sócrates nos remete a origem do amor: “os homens, no principio, tinham quatro braços, quatro pernas, duas cabeças, enfim, eram seres em duplicatas, metade homem e metade mulher. Mas, desse jeito essas criaturas estavam ameaçando os poderes dos deuses, que temiam serem por elas derrotados”. Em uma reunião no Olimpo, o deus maior Zeus, decidiu dividi-las ao meio. Depois de separadas saíram pelo mundo, perdidas e sentindo-se solitárias. Até hoje estão por aí vagando em busca da sua outra metade. Todavia, é o que acontece conosco. Passamos a vida à procura dessa unidade perdida. Cada metade tem uma função e um desejo. A função é completar a outra parte e o desejo é ser completado pelo outro. Isso é amor.  

No entanto, com essa metáfora, notamos que amor é complemento, nunca divisão. Afinal, o amor não pode conviver com a suspeita. A mitologia explica perfeitamente essa relação entre Cupido e Psique. Segundo os mitos, Cupido, também conhecido com Amor, era o deus equivalente em Roma ao deus grego Eros. Filho de Vênus e de Marte. (o deus da guerra), andava sempre com seu arco, pronto para disparar sobre o coração de homens e deuses. Teve um romance muito famoso com a princesa Psique, a deusa da alma. Sendo Psique uma divindade que representa a personificação da alma. Sua história é uma alegoria que fala da alma humana, que é purificada por paixões e desgraças e, é preparada para desfrutar da verdadeira e pura felicidade. Psique como a deusa da alma é representada como uma donzela com asas de borboleta.

Os elogios à beleza de Psique provocaram a ira de Vênus, que não admitia um mortal ser mais admirada do que ela. Dessa forma, chamou seu filho, Cupido, e pediu-lhe que castigasse a jovem. Cupido pegou nas fontes do jardim de Vênus dois potes, um com água doce e outro com água amarga. Quando a noite chegou, entrou no quarto de Psique e, enquanto a bela jovem dormia, derramou em seus lábios gotas de água amarga. Porém, ao vê-la, ficou encantado com sua beleza e tomado por um amor imenso. As gotas amargas derramadas na boca de Psique dificultavam que ela chegasse à alma do ser amado.

Há dificuldade, mas não impossibilidade desse amor permanecer. Cupido eleva o amor a um plano espiritual. Faz o encontro de duas almas. Não há necessidade de ver seu rosto. A cumplicidade não convive com traição, desconfiança, ciúme ou qualquer sentimento que vá contra a união de duas almas. Porém, a linguagem figurada da criação bíblica caminha também nessa direção. No entanto, Deus fez a mulher da costela de Adão. Não a criou da cabeça nem do pé, ou seja, não está nem acima nem abaixo do homem, mas caminha ao seu lado. Todavia, qualquer forma de ciúme é uma maneira de coisificar o amor. Tenho posse de coisas, nunca de um amor verdadeiro. Dessa maneira, o ciúme não expressa nenhuma forma de amor, pois, é movido pela desconfiança, enquanto o amor confia; é insegurança, enquanto o amor é alicerce; é doentio, enquanto o amor é saudável.

Portanto, o amor não pode conviver com a suspeita. Conta à lenda que o tempo passou e tanto a Psique quanto o Cupido sofria pela separação. Atento à causa dos amantes, Júpiter o maior planeta do sistema solar, leva Psique a assembléia celestial e a tornou imortal. Psique e Cupido se uniram e, dessa união, tiveram uma filha, cujo nome é “Prazer”. Contudo, Cupido, chamado também de Eros, convida-nos a erotizar nosso relacionamento. Enfrentando tudo para viver o verdadeiro amor.    

11 de junho de 2016

SONETO DOS APAIXONADOS

Amar é sentir na felicidade do outro a própria felicidade. As mais lindas palavras de amor são ditas no silêncio de um olhar. A minha felicidade é estar ao seu lado. Todas as noites ao olhar para o céu dou a cada estrela uma razão do porque lhe quero tanto e faltam estrelas para justificar.

Um apaixonado fiel, não trocaria um minuto de ontem contigo, por cem anos de vida sem você. Por mais longe que alcance o espírito, nunca vai tão longe quanto esse amor. Antes éramos três; eu, você e a felicidade. Agora somos dois; eu e a saudade. A saudade que sinto está na memória do meu coração.

Amar não é só olhar nos olhos e dizer: “Te Amo”, e sim fixar os olhares em uma mesma direção em busca de um novo horizonte. Por ser as recordações os únicos astros que adornam a noite da velhice. Amar é envelhecer juntos.

Amor é uma expressão natural de um sentimento confessado. Para que nos momentos de sua solidão, tenha um pouco de mim perto de você e não se sinta tão só. Não te amo como uma crença, mas, como o bem que a mim faz.

8 de junho de 2016

PALAVRAS QUE NOS MODIFICAM

Ao longo dos anos aconteceram importantes transformações em nossa linguagem, em nossa fala e principalmente em nossa escrita. Vale lembrar, que a palavra é um símbolo que expressa uma ideia, e está intrinsecamente relacionada com nossa mente. A mente, por sua vez, está relacionada diretamente com nossos sentimentos, com nosso corpo, com nossas atitudes e com nossas ações. A palavra escrita ou falada tem grande influência na maneira como vivemos, pois é através dela que a maioria das pessoas se comunica com os dois mundos: “interno e externo”. Mas as palavras não são apenas palavras; não são sons ou sinais aleatórios desconectados da interioridade humana.

Palavras são nomes de pensamentos e emoções, são definições de decisões humanas. Com as palavras provocamos guerras ou tornamos mais compreensível e justo o mundo no qual vivemos. A guerra e a paz sempre estiveram dependuradas em fios da linguagem humana, em declarações de tumultuo ou serenidade. Cada ser humano pode passar pela vida como um traste qualquer ou como uma folha seca que voa como um nada enlouquecido ao sabor da ventania. Mas, felizmente há pessoas atentas ao sentido de viver e de estar no mundo; estas participam responsavelmente da vida e se esforçam por uma melhor qualidade do viver e conviver.

A força do poder não está no poder da força e sim no poder da palavra. Nunca duvidemos da força das palavras, as quais podem ferir e matar tanto quanto são capazes de gerar, para todos nós, vida em abundância, com paz e amor. Como argumenta o filósofo e educador Régis de Morais: “recuperemos, com mente clara, tudo que foi despedaçado e traído pela insanidade das nossas sociedades; resgatemos o que foi espezinhado e triturado, nas melhores expressões da nossa linguagem”. Cada pessoa de boa vontade pode fazer a sua parte, de sorte que, cada luz que se acender, um tanto de escuridão fugirá e sem dúvida aumentará a luz que nos ilumina e nos faz mais humano.

Conta-se que Madre Tereza de Calcutá acompanhava a agonia de um velhinho, auxiliando aquela pobre criatura a morrer com a caridade humana à sua volta. Então, um indiano dito intelectualizado disse à Madre: “O que a senhora está fazendo não tem valor nenhum. Por toda a Índia, milhões de idosos miseráveis estarão morrendo agora. O que a senhora faz é como uma gota no oceano”. Aquela mulher ímpar respondeu ao seu crítico: “O senhor tem razão. O que eu faço agora é uma gota no oceano. Mas... o oceano não é feito de gotas?”  

A minha pequena contribuição no livro: “Para Ler e Pensar é Só Começar”, foi uma tentativa de levar o leitor a refletir sobre todas as questões apontadas e levantadas ao longo dessa leitura. Até porque, nenhuma de suas linhas foi escrita desconectada da nossa realidade. Portanto, aqui nada ensinei ou pretendi ensinar. Apenas refleti em nome desta luz, que está em todos nós, ou seja, compartilhei sentimentos, traduzi em palavras o que está no pensamento coletivo. Concluo esta reflexão com uma frase do escritor russo Leon Tolstoi (1828-1910), pois, ele traduz magnificamente o que sentimos: “Não existe grandeza onde não existe humildade, bondade e verdade”.            

3 de junho de 2016

SAUDADES DE UM AMOR QUE ESTÁ PERTO

Se o poeta pudesse fazer um pedido, para seu santo de devoção, seria para nunca precisar sentir saudades de quem está por perto. Ele ama pelo prazer que tem e que da quando está nos braços desse amor. Não quer mais nada além de viver essa experiência de amar muito. Se alguém está insatisfeito e com dificuldade para viver o amor, isso é bom, pois pode ser o primeiro passo na descoberta do amor que tanto necessitamos.

Saudade de um amor que está por perto, nada faria mais feliz ao poeta do que poder olhar nos olhos da amada, tocar a sua pele, tê-la em seus braços e matar a saudade dos teus lábios. Mas, o poeta se contenta só de receber teu abraço acolhedor, talvez para sentir-se protegido. Mandar a saudade embora é seu desejo. Se desejar amar é claro que deve mover-se para o amor. Quem inventou essa tal distância, não avaliou o quanto dói uma saudade. Isto só serve para nos ensinar alguma coisa.

Não pode haver amor, onde não há confiança. A saudade serve para despertar o desejo de amar. Ao ouvir a voz da amada, ao mesmo tempo em que fortalece o poeta ela lhe mata. Vivendo entre dias e noites na saudade fortalecida apenas, pelo fato da amada existir. Enfraquecido por estar tão longe da amada, o poeta sonha de olhos abertos, enquanto ela dorme. Mas, o poeta tenta tocá-la em seus devaneios, sentir seu cheiro, mas, o muito que ele consegue é respirar o mesmo ar que a amada respira e contempla a lua que a ilumina.  

Portanto, a saudade que machuca as vezes também consola, para suprir a ausência desse amor, que para o poeta é um castigo, sofrer por um amor que está tão perto. Enquanto ela vai a saudade fica com o poeta que declara: “é tão curto o amor, e é tão longo o seu esquecimento”. Ele lembra quantas noites a teve em seu braços. A alma do poeta não se contenta em não tê-la mais. Se o amor está tão perto, por que a saudade insiste?   

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...