30 de dezembro de 2011

ADEUS 2011 E BEM VINDO 2012

Boa noite PAI já está terminando o ano de 2011 e agradeço pela vida que me confiou. Nesse momento recolho para o meu descanso merecido.
Obrigado PAI por tudo, obrigado pela esperança que nesse ano animou os meus passos, pela alegria que senti juntamente com a minha filha Maria Eduarda, que caminhou ao meu lado o ano todo. Obrigado pela alegria que vi no rosto da minha filha e das demais crianças que com ela conviveram.
Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros, pelo que aprendi aos meus sessenta anos vividos, obrigado também por tudo que sofri e ainda sofro por ter compaixão pelas crianças e pelos idosos.
Obrigado PAI pelo dom de AMAR, mesmo sem ser compreendido. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa, obrigado por permitir-me viver em 2011, pelo meu esforço e desejo de superação.
PAI desculpe o meu rosto carrancudo. Desculpe ter esquecido que não sou o filho único, mas irmão de muitos. Perdoa a minha falta de colaboração, a ausência do espírito de servir. Perdoa-me também por não ter evitado aquela lágrima, aquele desgosto que lhe dei.
Desculpa ter aprisionado em mim aquela mensagem de AMOR. Contudo, estou pedindo força, energia para os meus propósitos, no ano que está nascendo, a nossa vida não para nunca, só a morte pode cessar. Em quanto isso, espero que neste novo ano que está surgindo, domine um novo sentimento em cada coração, desses seres que compõem a HUMANIDADE. E que a cada novo dia seja um continuo sim numa vida consciente. Porque tudo que vive, não vive sozinho, nem para si mesmo. Como disse Gandhi: “Tudo o que vive é o teu próximo”.  

24 de dezembro de 2011

PARA ONDE CAMINHA A HUMANIDADE?

Apesar de toda a tecnologia e o avanço científico alcançado pelo homem, dia 25 de dezembro ainda é NATAL.
O Homem que nasceu nesse dia a 2012 anos deve estar preocupado com o mundo em que viveu e apesar de toda a Sua imensa sabedoria não deve estar entendendo.  Ele não deve entender, por exemplo, como é que os mesmos homens, que se cumprimentam de coração aberto, com um sorriso nos lábios agora, podem passar pelo encantamento do NATAL para começar a batalha entre si novamente, completamente desprovido de generosidade, condescendência, afeto e até mesmo bondade.
Ele o Homem que nasceu no dia 25 de dezembro do ano zero de nossa história, não pode entender porque o NATAL funciona apenas como uma trégua, na imensa desigualdade social em que vivemos sem falar das discórdias familiares, a guerra que o homem trava todos os dias contra o seu semelhante e contra si mesmo.
Mas Ele que viveu entre nós e é o símbolo da esperança ainda não perdeu a própria esperança. A esperança de que o homem um dia perceba que a trégua é o certo e o normal é que a guerra é um grande equívoco.
Portanto, a mensagem que Ele nos deixou foi a seguinte: “Cumpra o projeto que Deus determinou que é de amar sempre o seu semelhante, demonstrando gestos de gentileza e respeito. Ser justo e não julgar o outro pelas suas fraquezas. Pensar muito sobre suas ações. Sentir o que realmente sente, pois você é um Ser de AMOR. Meditar muito sobre esse sentimento, meditar sobre suas inclinações e possibilidades de ser feliz nesse AMOR. Procure fazer o mais que puder para esse AMOR permanecer entre os humanos. Para então, aperfeiçoar-se nesse projeto de vida, até que possa devolver para Deus a imagem e o dom desse AMOR que Ele estampou em nós quando aqui chegamos.
Contudo, não compreendo os mistérios da vida e nem suas razões. Só espero estar certo no que penso e sinto. Que é continuar a cultivar esse AMOR pelo meu próximo que é VOCÊ. Quero um mundo melhor para nós. Talvez, então nesse dia, o ser humano inverta os seus valores atuais e coloque ordem na casa. E daí possa, finalmente, todos viverem em Paz.  FELIZ NATAL no verdadeiro sentido da palavra.

20 de dezembro de 2011

QUANDO O HOMEM É UMA ILHA

Meus assombros de menina: qual era a verdade de cada pessoa, daquelas que me rodeavam numa casa geralmente alegre? Eu descobrira que nem sempre dizia o que pensava: e os outros?
Perplexidades adultas: por que nos perdemos tanto? Por que tantos encontros amigos ou amorosos, e mesmo profissionais, começam com entusiasmo e de repente - ou lenta insidiosamente – se transformam em objeto de indiferença, irritação ou até mesmo crueldade?
Ninguém se casa, tem filho, assume um trabalho querendo que saia tudo errado, querendo falhar ou ser triturado. Quantas vezes, porém, depois de algum tempo trilhamos uma estrada de desencanto e rancor?
No mais trivial comentário, por que, em lugar de prestar atenção ao outro, a gente prefere rotular, discriminando, marcando a ferro e fogo o flanco alheio com um rótulo invisível e ao mesmo tempo tão evidente? “Burro”, “Arrogante”, “Covarde”, “Falso”, “Mentiroso”, “Canalha”, “Desleal”, “Vulgar”, “Vagabundo” – muitas vezes, humilhamos logo de saída, demonstrando nossos preconceitos sem nos envergonharmos deles, pois nem damos conta.
Parece que não convivemos com pessoas: convivemos com imagens construídas pela nossa falta de generosidade.
Pergunto a uma amiga pelo seu genro; “Aquele? Cada vez mais gordo!” Mas talvez eu quisesse saber se ele estava empregado, se estava contente, se fazia à filha dela feliz.
E nossa amiga comum? “Ah, essa? Irreconhecível. Deve ter feito a milésima plástica na cara, mas os peitos estão um horror de caídos!” Não me disse se a mulher de quem falávamos se recuperara da viuvez, se estava deprimida ou já superara o trauma, se parecia serena ou aflita. Parece que invariavelmente acordamos com raiva de tudo e de todos. “Sujeito metido à besta”, “Professor ultrapassado”, “Alunos medíocres”, “Cantor desafinado”, “Empresário falido”, etc.
Não vemos gente ao nosso redor. Vemos etiquetas. Difícil assim, sentir-se acompanhado: difícil desse jeito, amar e ser estimado. Vivemos como se estivéssemos isolados, com o olhar rápido e superficial, o julgamento à mão, armado: “Um idiota”, “Uma dondoca”, “Um fracassado”. Quem era, como se chamava, que idade tinha, se teve filhos, amigos, sucessos, fracassos, de que morreu, como viveu? É esse tipo de coisa que quero saber quando leio noticias do tipo. “Aposentado morre de infarto na rua”, “Idosa atropelada na avenida”, “Mulher assaltada no caixa eletrônico”.
Não admira que agente sinta medo, solidão, raiva mesmo que imprecisa, nem sabemos do que ou de quem. Atacamos antes que nos ataque, o outro é sempre uma ameaça, não uma possibilidade de afeto ou alegria.
Todo homem será um ilha?

(Esse texto foi extraído da Revista Veja – Escrito em 2004, por uma escritora que muito a admiro, pela sua forma simples de expressar sentimentos tão profundos. Minha homenagem a escritora Lya Luft – 1938.)    

17 de dezembro de 2011

A ESPERANÇA NOS ACOMPANHA

Onde há ser humano, há esperança em relação ao futuro do mundo, da sociedade e da vida. Não é possível conceber a existência humana sem sonho, utopia, sem esperança. A esperança humana é uma dimensão que faz parte do nosso ser-no-mundo.
Desde que fomos lançados na aventura da existência, a esperança nos é indispensável na construção do nosso Ser, por estar intrinsecamente ligada ao nosso corpo e na nossa mente. Podemos dizer que a esperança é uma necessidade ontológica. O fato é que o ser humano não poderia ser sem mover-se na esperança.
Ao estudar a história da humanidade, percebemos que todos os grupos humanos em diferentes épocas cultivaram esperanças em relação ao futuro, sonhando com a liberdade, com um mundo de justiça, de respeito à vida, enfim, esperança de uma vida melhor tanto na esfera pessoal como na coletiva.
Constata-se que é na esperança que encontramos coragem para lutar contra os grandes horrores e barbáries presentes na história humana. Na mitologia grega, quando Pandora abriu a caixa onde Zeus havia aprisionado todos os males e as misérias deste mundo, o que restou bem no fundo da caixa foi a esperança. É este tesouro guardado no fundo da caixa que nos motiva a lutar sempre e acreditar, apesar de todos os males que escaparam da caixa de Pandora, na possibilidade de amenizar, vencer os males, os sofrimentos deste mundo.
Todavia, nosso tempo vive uma escassez de esperança. As pessoas não se entendem mais, fala-se na morte das utopias, no fim do mundo. Assistimos diariamente a intolerância da humanidade da qual fazemos parte. Paira no ar uma apatia, uma angústia constante, uma depressão nos ameaçando a todo o momento, desencanto amoroso, vazio existencial, o tédio da vida sem graça, desertos da alma e na necessidade de fuga do mundo. As pessoas não acreditam mais no futuro e nem nelas mesmas. Até parece que os horizontes de esperança foram deletados. Quem cultiva a esperança é considerado um ingênuo frente à dureza dos fatos apresentados pela realidade cotidiana. Não confiamos mais nas pessoas e nem nas instituições.
A consequência imediata é a indiferença e o esvaziamento dos projetos coletivos, segundo o filósofo e educador Sérgio Trombetta, nossa cidadania é medida pelo poder de consumo, pelo número de cartões de créditos, pelo automóvel que temos. Qual será o nosso futuro?
O imperativo ético da ação é substituído pela acomodação e espera resignada e fatalista. Essa crise de esperança acaba gerando uma cultura na qual tudo se torna normal e banal. Estamos nos acostumando com tudo. Não somos mais capazes de tremer de raiva frente a uma injustiça, estamos perdendo a capacidade de nos indignar. Até os amantes estão tratando suas relações amorosas com superficialidade total, sem a menor compreensão e tolerância um com o outro. Trocam com facilidade de parceiros como se troca de sapato. Parece não acreditarem mais no amor e são incapazes de cultivar esperança.
 Paulo Freire não se cansou de lembrar o quanto a esperança é importante no processo de libertação dos seres humanos. Precisamos da esperança crítica, militante, solidária, como o peixe necessita da água despoluída. A esperança por si só não transforma o mundo. Mas sem esperança crítica não é possível lutar para transformar o mundo.
Portanto, o ser humano não é plenamente humano se não cultivar a esperança de um futuro melhor e se não agir para fazer deste mundo um lugar seguro para se viver, vamos desaparecer mais ou menos depressa. O mundo que nos espera não está por ser conquistado pela força, mas está por ser construído. Nesta tarefa de construir outro mundo possível, os sonhos, a esperança que não é espera, mas um fazer acontecer, é imprescindível. Como diz o cantor Geraldo Vandré numa de suas músicas: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.      

16 de dezembro de 2011

INSTANTES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tolo ainda do que tenho sido, na verdade bem pouca coisa levaria a sério.
Seria menos higiênico.
Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata e produtivamente cada minuto da minha vida; claro que tive momentos de alegria.
Mas, se pudesse voltar a viver, trataria de ter somente bons momentos.
Porque, se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos: não percas o agora.
Eu era um desses que nunca ia à parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um para-quedas; se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no começo da primavera e continuaria assim até o final do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e sei que estou morrendo.

(Curiosamente Jorge Luiz Borges, poeta argentino, faleceu dois anos depois de ter escrito essa maravilha de poema, como uma lição de vida para todos nós. Borges faleceu em Genebra na Suíça, no dia 14 de Julho de 1986)

4 de dezembro de 2011

OS MISTÉRIOS DA VIDA

O existir por si só já é algo misterioso. Afinal, quem somos nós? Qual o sentido das nossas vidas? O que significa dizer que somos livres?  E até que ponto nós podemos conhecer essa realidade? Eis aqui está a nossa existência em questão. Pois tais interrogações, dentre tantas outras, incidem sobre a compreensão que possamos ter das nossas vidas, como das nossas relações com os outros e afetam a nossa visão do mundo, se nós pararmos para pensar em desvendar tais mistérios.
Todavia sem nos acomodarmos, só faz perguntas quem questiona a pretensa obviedade das coisas. Para tanto, precisamos saber que não sabemos algo. E isso nos põe em condições de aprender.
Por isso, dentre outras razões, o filósofo é amigo da sabedoria. E aquele que é amigo, que ama a sabedoria, sabe que a cada encontro de uma ideia surge um novo ponto de partida e, que ela não está acabada. A filosofia, desde as suas origens, na Grécia Antiga, requer uma mutação do olhar e de nossas relações com a vida e com o conhecimento. Nesse caso, será preciso exercitar um certo estranhamento diante da realidade, desde as coisas mais simples ou aparentemente sabidas. Há aqui uma atitude, onde o pensar é desafiado a ir além de si mesmo. O ponto de partida é a perplexidade e admiração frente a essa realidade, sendo assim, a filosofia torna-se um convite ao diálogo.
Para o filósofo e educador Sérgio A. Sardi, dialogar envolve um aprendizado de escutar o outro e, dada essa condição, a cooperação em uma construção conjunta do conhecimento. É bom que se diga, em um diálogo não disputamos ideias, mas, em solidariedade investigativa, acompanhamos o raciocínio do nosso interlocutor, testando hipóteses, observando contradições, construindo novas formas de abordar um tema, conhecendo o nosso próprio processo de conhecer. Mais que isso, dialogar é ouvir também o silêncio das vivências que impregnam as ideias e as interrogações do outro, para que possamos partilhar um caminho a seguir.
Ao filosofar fica patente a forma como cada um de nós se relaciona com a sua existência e com o seu crescimento. Entretanto, assim surge um convite a pensar naquilo que é, que ainda não pensado, a ir ao encontro dos nossos próprios limites e da nossa condição de superação.
Portanto, esse convite em direção ao alargamento de nossos horizontes de sentido põe em jogo as nossas relações com os outros, com nós mesmos, com o meio ambiente e com o conhecimento. O caminho, porém, é duplo, e um trabalho interior interage com as relações educativas que matemos com os demais. Pois a jornada de nossas vidas nos faz simultaneamente sós e acompanhados, quando conjugamos a aventura de ser EU com essa outra pessoa, a de sermos também NÓS na gradativa descoberta e invenção do sentido de nossa condição humana. Contudo, se nos dispomos a buscar o sentido da vida, deveremos tocar de algum modo, em seus mistérios. Só assim poderá tornar a vida ainda mais interessante e fantástica.         

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...