17 de maio de 2020

FÉ É UM SENTIMENTO DE FIDELIDADE PARA COM A VIDA

A fé é uma palavra de origem latina que significa “fides, e quer dizer: fidelidade, confiança, credibilidade. A fé é um sentimento de total fidelidade por alguma coisa ou por alguém. Somente a fé pode nos mover na direção da esperança. A esperança é um elemento intrínseco da estrutura da vida, faz parte da dinâmica do espírito humano. De modo que, a fé convive com a dúvida e elimina a possível certeza que alguém possa vir a ter. Assim como crer não é a mesma coisa que ter fé. Crer é algo incerto e vago. Por exemplo: quando digo, creio que vai chover hoje, não estou afirmando. Crer em Deus, não é a mesma coisa que ter fé. Quem tem fé ou fidelidade para com Deus, estabelece perfeita sintonia de pensamento com esse “Eu divino. É na verdade, um salto no abismo, isto sim é ter fé.

Todas as pessoas que tem certeza são intolerantes. Estão sempre certas sobre seus pensamentos. Por que iria ouvir ideias diferentes de outras pessoas? As pessoas que têm certeza não são abertas as novas ideias. Não são abertas ao diálogo e não estabelecem relações duradouras por acharem que estão sempre certas, no seu conceito e ideal de vida.

Por outro lado, nos foi ensinado no catecismo dominical, que o mundo criado por Deus tem muito mais coisas boas do que ruins. Nós achamos os desastres da vida desconcertantes não apenas porque são dolorosos, mas também porque são excepcionais. A maioria das pessoas se sente bem disposta para ir a luta diariamente. Com o avanço da medicina muitas das doenças hoje são curáveis. Diariamente os aviões decolam, pousam em segurança. A maior parte das vezes que enviamos nossas crianças para brincar, elas retornam para casa sãs e salvas.

Os acidentes, os roubos, o tumor que não pode ser operado, com raras as exceções, nos despedaçam frente a vida. Quando se é golpeado por algum desses fatos é muito difícil mantermos a calma. Quando se está próximo de um objeto muito grande, tudo que se pode ver é o objeto em si. Somente quando nos afastamos do problema é que podemos perceber dentro contexto que os monstros criados pelo nosso universo simbólico, não é tão assustador assim.

Quando somos desnorteados por alguma tragédia, só podemos ver e sentir a tragédia. Quem tem um ente querido morto, vítima da criminalidade, vai desejar a pena de morte a todos os bandidos e delinquentes. Apenas com o tempo e a distância veremos a tragédia no contexto da vida inteira e do mundo inteiro.

Na tradição judaica, a oração especial conhecida como Kaddish não é sobre a morte, mas sobre a vida. Ela louva a Deus por ter criado um mundo basicamente bom, em que se pode viver. Recitando aquela oração, a pessoa de luto é lembrada de tudo o que é bom e digno de ser vivido. Para o rabino Harold S. Kushner (1935), a oração Kaddish é uma afirmação de vida e esperança.

Que diferença faz a fé em nossa vida? Para que serve Deus em nossa vida se Ele nem cura e nem mata? Parece que Deus não interfere no mundo físico dos vivos. Mas, Deus faz coisas muito nobres, inspirando pessoas a se ajudarem, principalmente aquelas que foram feridas pela vida e a protegê-las do perigo quando se sentirem as sós, abandonadas ou julgadas pelo seus opressores.

Deus faz com que algumas pessoas queiram tornar-se educadores, engenheiros, médicos e enfermeiros, aplicando-se noite e dia, com sacrifício e intensidade que nenhum dinheiro pode compensar, à tarefa de sustentar a vida e aliviar a dor. Fazendo com que as pessoas se inclinem às pesquisas, focalizando sua inteligência e energia sobre as causas e as possíveis curas de algumas das tragédias imposta pela vida.

Através da história humana ocorreram pestes e epidemias que varreram cidades inteiras. Os casais sabiam que tinham de ter muitos filhos para que algum deles sobrevivesse até a idade adulta. A inteligência humana chegou a uma compreensão maior das leis naturais no que diz respeito ao sanitarismo, aos germes, à imunização, aos antibióticos, conseguindo eliminar muitas daquelas doenças. E até hoje a humanidade agradece.

Deus, que não causa e nem elimina as tragédias, ajuda inspirando as pessoas a ajudarem-se. Como o rabino ortodoxo Harold S. Kushner, certa vez observou: “os seres humanos são a linguagem de Deus. Deus demonstra sua oposição ao câncer e aos defeitos de nascença, não eliminando-os ou fazendo-os acontecer apenas às pessoas ruins, mas convocando amigos e vizinhos para aliviar o fardo e preencher o vazio”.

Portanto, para quem perguntar por que ter fé ou confiar em Deus, eu diria que Deus não pode evitar as calamidades da natureza física, mas pode dar-nos inteligência, sabedoria, coragem e perseverança para superá-las. Onde mais iriamos conseguir essas qualidades que antes não tínhamos? Contudo, concluímos que Deus não pode fazer tudo, mas faz coisas muito importantes para o nosso espírito. Tudo depende da nossa fé. É a partir dessa fé que inventamos um mundo mais seguro e mais humano para se viver.     

10 de maio de 2020

MINHA QUERIDA MÃEZINHA

É com muita saudade que hoje presto essa homenagem a minha saudosa mãezinha, que nos deixou há dez anos, exatamente no dia vinte e três de agosto de dois mil e dez. Lembro-me como se fosse hoje, ela dando seu ultimo suspiro em meus braços, às doze horas e quinze minutos ela fechou o seu ciclo de vida entre nós mortais aqui na terra. Não existe dor maior do que ver uma mãe morrendo.

Pela sua própria natureza de mãe, seu amor foi incondicional. Naturalmente, todas as mães amam seus filhos porque é filho, foi gerado dentro dela. Mas independente disso mãe ama, não porque o filho tenha correspondido a qualquer expectativa ou preenchido determinadas condições. O amor incondicional é uma das mais profundas aspirações humanas, para qualquer mortal. Porque ele cuida da preservação da vida e do crescimento do seu semelhante. O amor incondicional não deleta o outro da sua vida. É o mais puro amor na face da terra. Foi uma grande lição que minha mãe me deixou.

Entretanto, tenho o privilégio de dizer que fui escolhido por ela. Pois sou filho do "Coração". Ela simplesmente me adotou com um pouco mais de semana de vida. E depositou em mim o seu real amor incondicional. Não pediu-me nada, simplesmente se entregou nesse amor. Minhas palavras para esse momento é:

Querida mãe, esteja onde estiver, olhe por mim, interceda por mim. Abrande o meu coração tão inquieto e sofrido. Ajude-me a encontrar a força que sempre mostrou ter ao meu lado. Você mãezinha querida, que viveu até aos cento e seis anos de vida. Ensinou-me a força ativa do amor, como uma ação que produz mudança numa situação existente pela energia humana que nela é empregada. Que esse amor não seja um afeto passivo. Mas, que me transforme a cada dia numa pessoa melhor”.

Maria mãe de Jesus Cristo foi pioneira na arte de amar. Mostrou para a humanidade o que é “Amor de Mãe”. A capacidade de ver uma pessoa tal como ela é, ter conhecimento de sua individualidade, preocupar-se de que cresça e se desenvolva como é e sem dominá-la. E o respeito só existe na base da liberdade. Mensagens de Maria mãe de Deus.

Concluo com a seguinte mensagem: “Querida mãezinha vou levar como aprendizado os seus ensinamentos na sua profunda humildade, serenidade e sabedoria”. Amor é Fecundidade; física, afetiva, comunitária e espiritual. Amor é comunhão; de idéias, de sentimentos e de corpos”. Contudo, peço de publico perdão a todas as pessoas que machuquei um dia. Porque a árvore do amor se planta no centro do coração e só pode derrubá-la o golpe da ingratidão. “Sagrado Coração de Jesus, confio e espero em Vos”.    

6 de maio de 2020

EM BUSCA DE VALORES QUE NÃO SE DISSOLVEM

A vida é uma evolução perpétua. Aprendemos até a morte, isto é, no momento da ultima respiração em que fechamos o ciclo de vida neste mundo. Por outro lado, nada se obtém sem trabalho. Como diz o filósofo e físico francês Blaise Pascal (1623-1662): “A natureza está sempre em movimento”. Nós somos um ser vivo de movimento em eterna transformação. Não se vive plenamente, não se progride, não se é feliz, não se chega a lugar algum, se não for labutando nesta busca incessante. É fundamental acolhermos todos os acontecimentos como portadores de algo novo, tirando aproveito das lições que eles nos oferecem.

Um dos elementos fundamentais da situação humana é a necessidade que as pessoas têm de valores, que as orientem nas suas ações e sentimentos. É claro que normalmente existe uma discrepância, entre o que as pessoas consideram que sejam seus valores e os valores efetivos que as dirigem e dos quais não estão conscientes. Na sociedade moderna em que vivemos, porém, ainda sobrevivem os valores oficiais e conscientes, que são os da tradição religiosa e humanista, aqueles como: o amor, a compaixão, o respeito, a esperança, ou seja, pensar em um mundo mais humano, mais afável, prazenteiro, tendo em vista que somos um projeto de humanidade e nem sabemos se um dia faremos jus a esse título “humanidade”. Proclamamos o ódio e condenamos o amor.

Entretanto, para a grande maioria dos seres humanos, esses valores transformaram-se em ideologia e não são eficazes na motivação do nosso comportamento. Na verdade, os valores inconscientes que a mídia prega diariamente nas cabeças vazias (especialmente a televisiva), são aqueles criados dentro do sistema social da sociedade capitalista e burocrática como: os de posse e propriedades, consumo desenfreado, posição social, o chamado “status quo (uma expressão latina que designa o estado atual das coisas).

De modo que, os valores do “budismo” e do “taoismo” não se baseiam nas revelações por parte de um ser superior. Entretanto, no budismo, especificamente, a validade dos valores deriva de um exame da condição humana básica – o sofrimento, o reconhecimento da sua origem, isto é, a cobiça que nutrimos, e o reconhecimento das maneiras de vencer essa cobiça, que segundo a tradição budista são oito caminhos a seguir, para se alcançar a purificação. Por essa razão, a hierarquia budista de valores é acessível a todo aquele que não tenha qualquer premissa materialista, a não ser a do pensamento racional e da experiência humana autêntica.

Todavia, aprendemos com os orientais, que a solidão no sentido de estar sozinho comigo mesmo, em algumas horas do dia, muitas vezes é essencial para qualquer profundidade de meditação ou de caráter. Quando ficamos a sós conosco mesmo em processo de meditação, percebemos a presença de uma beleza e de uma grandeza natural, que nos leva ao êxtase espiritual. Estamos nesse momento buscando valores que não se diluem. Entregamo-nos ao berço dos pensamentos e aspirações, pelas quais a “Divindade” se revela ao despertar os valores que nos faz humanos e que jamais se dissolvem.

Vencer sua própria cobiça e preconceitos, amar o seu próximo, buscar o conhecimento da verdade, que é muito diferente do conhecimento não crítico dos fatos. São as metas comuns a todos os sistemas humanistas filosóficos e religiosos tanto no Oriente como no Ocidente. O ser humano só pode descobrir esses valores quando atingir certo desenvolvimento social e espiritual. Que lhe tenha dado o tempo e a energia suficiente para lhe permitir pensar exclusivamente, para além dos propósitos da simples sobrevivência física.

Não há dúvida de que, nesta fase da sociedade praticamente desumanizada desses valores, torna-se cada vez mais difícil, precisamente porque o homem materializado experimenta pouco da vida e, além disso, segue princípios que lhe foram programados pela máquina. A maioria das pessoas vacila entre vários sistemas de valores e, por isso, nunca progride plenamente em uma ou outra direção, estão sempre insatisfeitas com tudo e com todos, são infelizes na sua subjetividade. São pessoas que não tem personalidade e nem identidade própria, mas teme e não querem fazer essa descoberta.

Por conseguinte, essa nova procura de uma vida mais significativa não surgiu apenas entre os grupos pequenos e isolados do mundo oriental, mas se tornou um movimento completo em alguns países de estrutura social e política inteiramente diferente, bem como dentro das Igrejas de várias denominações. O importante numa pessoa não é o conjunto de ideias e opiniões que ela aceita porque lhe foi ensinado desde a infância, ou porque são padrões convencionais de pensamento. Mas, pelo caráter, a atitude e a raiz visceral das suas ideias e convicções.

Portanto, o grande diálogo é baseado na ideia de que interesses e experiências compartilhadas são mais importantes do que conceitos compartilhados. Conceito é uma ideia que tenho e da qual não abro mão, mesmo que seja para depreciar ou destruir o outro. Se uníssemos pelo o amor compartilhado, talvez tivéssemos muito mais em comum e, força suficiente para cultivar valores que nossa essência carrega. Contudo, não se pode viver neste mundo sem ser religioso e sem se relacionar com o “Universo em harmonia. A alma precisa de silêncio e prece, pois, no silêncio e na prece nada tememos. Pela experiência e o contexto em que estamos, aprendemos que “o tempo converte mais que a razão.       

4 de maio de 2020

VOCAÇÃO É UM DOM QUE NOS CONDUZ AO TALENTO

Pois a vocação é alguma coisa muito semelhante ao amor. As pessoas vêm a este mundo, convivem com muitas situações diferentes, com vasto número de pessoas diversas, passam por momentos variados dos mais alegres aos mais conflitantes. Descobrem, porém, um dia que a vida só terá sentido e beleza, caso se dedique a algum tipo de atividade, que exerce sobre elas a mais definitiva e agradável atração. Naturalmente, é uma força, uma irresistível voz interior, que impulsiona vidas na direção de uma profissão, de um ideal ou de uma tarefa específica. Isto porque somos vocacionados: “somos chamados”. E a vocação não está só no chamado que vem do mundo exterior, nem só na nossa interioridade. No passar da vida, alguma coisa do mundo desperta em nosso mundo interior uma força, uma energia, uma certeza de que estamos sendo chamados, para realizarmo-nos numa dada atividade. Aqui nasce o talento.

No mundo ácido e desrespeitoso do industrialismo consumista, costuma-se dizer que “não há ninguém que seja insubstituível”. Pois nesta frase está uma impostura. Basta nos lembrar de que, não existe no mundo duas pessoas que sejam completamente iguais, basta lembrar de que cada ser humano é um fato único e irrepetível em toda história da humanidade, para termos certeza de que toda pessoa é insubstituível. Claro que, quando se perde um trabalhador, sempre é possível remediar com o auxílio de outro. Mas, o trabalho deste outro nunca será idêntico ao que faria o primeiro. Esta é a razão porque precisamos nos situar em nossa sociedade de uma forma responsável. Responsável significa: “aquilo que dá a resposta adequada e necessária”. É uma tragédia saber quando os cidadãos de um país procuram cargos e benefícios em lugar de vocações!

Não somos pedras, ou ervilhas ou moscas. Somos seres humanos com um caminho a caminhar e com realizações a cumprir. Na verdade, caminhamos no incerto e idolatramos a dúvida. O sábio chinês Lao Tse (viveu entre o século VI e V a.C.), dizia que todo homem tem um caminho: “na sua vida; ninguém poderá caminhar seu caminho, da mesma maneira que ninguém poderá morrer a sua morte”. Será possível caminhar com ele, partilhando a estrada como um companheiro, mas ninguém está dispensado das suas tarefas. Só o amor constrói as pessoas, caso contrário não pode dizer que amor faz morada neste coração. Em algum momento, no convívio com tantos humanos, nos defrontamos com alguém, e de repente, temos a mais profunda certeza de que precisamos inteiramente dessa pessoa, para estar sempre conosco.

Somos chamados a ir até o final de nós mesmos, a cumprirmo-nos. Na verdade, parece que todas as pessoas principiam a vida querendo descobrir sua vocação; e toda sociedade tem a obrigação moral de proporcionar aos seus filhos, oportunidades para eles descobrirem suas aptidões e cumprir sua vocação inarredável, que conduz ao talento. Mas o que vemos em nosso tipo de sociedade é a criação de uma trama, que desnorteia o jovem que busca saber qual a sua vocação. Quando ouvimos isto, percebemos que aquela vida promissora, está tristemente caindo na armadilha terrível do nosso tempo: trocando sua oportunidade de "Ser" pela fome do "Ter". Isto porque toda uma sociedade está desnorteada pelos valores imediatistas, do chamado industrialismo e se volta para algo como uma produção industrial de personalidades, que pode levar ao desastre.

É verdade que nem todos estão vocacionados para o estudo e as famílias forçam, às vezes, a barra. Mas os que podem buscar seu caminho têm a responsabilidade de buscá-lo. Isto é: quantos tantos e tantos não podem escolher e são obrigados a fazer trabalhos que o tornam infelizes, fica maior a responsabilidade daqueles que podem procurar sua vocação e dedicar-se a atividades que os realizem. A sociedade precisa de bons profissionais que façam com amor seu trabalho, e não há qualquer razão para que um bom profissional seja tido como inferior a um médico medíocre ou um advogado duvidoso. Toda pessoa está chamada a ir até o limite de si mesma, a realizar-se. E, quando uma pessoa vai-se realizando, seus atos se dirigem aos seus semelhantes, levando a estes benefícios imediatos (contribuições objetivas) e benefícios latentes, como a coisa agradável e enriquecedora de conviver com os que sabem quem são e o que deseja da vida.

Portanto, não é preciso ser religioso para acreditar em vocação. Se assim fosse, Karl Marx, Sigmund Freud, Graciliano Ramos, José Saramago ou Pablo Neruda, nunca teriam ouvido o chamamento que fez deles luminares, acendendo em seus corações o fogo de um ideal que vem modificando a humanidade. Basta que esteja atento à vida para, cedo ou tarde, defrontar-se com algo que fascina definitivamente. Assim como na descoberta do amor, a descoberta da vocação é a hora em que nascemos para o talento. Nossa vocação nos liga ao nosso tempo e faz crescer em nós capacidades das quais nem suspeitávamos. Sentimo-nos fortalecidos como pessoas. Por esta razão há enorme sabedoria em Dom Quixote de La Mancha, quando esse idoso retorna a sua casa faminto e maltrapilho. Porém, com um olhar misteriosamente alegre, diz a um amigo: “Eu sei quem sou caro Amigo. E sei o que posso ser”. Manifestava alegria de um idoso que descobriu a sua vocação e o seu talento, para evoluir com amor. 

1 de maio de 2020

DIA DO TRABALHADOR OU DIA DO TRABALHO?

Como nasceu o Dia dos Trabalhadores ou o Dia do Trabalho? Na verdade, foi por causa de uma greve de trabalhadores ocorrida em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, reivindicando jornada de 8 horas por dia, que o dia 1° de maio entrou para a História como o "Dia Internacional dos Trabalhadores". Trocando em miúdos, sem alterar o decreto original, Getúlio Vargas (1882-1954) mudou o protagonismo da data: “deixou de ser o Dia dos Trabalhadores para tornar-se o Dia do Trabalho”. Vale lembrar, que as denominações variam de parte a parte do planeta e carregam pequenas diferenças semânticas. Portanto, no Brasil o dia 1° de maio, comemora-se o "Dia do Trabalho”. Embora seja o Dia Internacional dos Trabalhadores.

Porém, essa homenagem remonta ao dia 1° de maio de 1886, quando foi iniciada a greve na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas. Nessa manifestação, houve confronto com policiais o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores. Seria esta uma manifestação que serviria de inspiração para muitas outras que se seguiria. Essas lutas de trabalhadores não foram em vão. Os trabalhadores de todo o mundo conquistaram uma série de direitos e, em alguns países, tais direitos ganharam códigos de trabalho e também estão sancionados por Constituições.

Reportando para o Brasil, o pensamento de Getúlio Vargas, a manifestação que era dos trabalhadores, revolucionários, para exigir direitos, se transformou em uma festa do trabalho, na qual se homenageia não exatamente o trabalhador mas sim a categoria básica do mundo capitalista e do estado autoritário de Getúlio: "O Trabalho". Segundo argumenta, o historiador, sociólogo e antropólogo Claudio Bertolli Filho, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp Bauru-SP) e autor de, entre outros livros, A República Velha e a Revolução de 30.

Em 1943 Getúlio Vargas, editou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), um conjunto de normas criadas desde os anos 30, para proteger o trabalhador. Getúlio criou uma comissão para estudar a legislação trabalhista e compilar aquelas regras num único texto de Lei. As Leis criadas no governo de Getúlio determinaram o seguinte: a) criação do salário mínimo e da carteira de trabalho; b) jornada diária de oito horas; c) direito a férias anuais remuneradas; d) descanso semanal e direito à previdência social; regulamentação do trabalho do menor e da mulher, entre outras. De modo que, fazer tais afirmações como: "a posição de Vargas era clara e não defendia o trabalhador, é no minimo um argumento falacioso e desprovido de conhecimento".

Portanto, Getúlio Vargas saiu da cena política na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, com um tiro no coração. O suicídio teve um caráter épico: ele deixou uma carta-testamento em que responsabilizava a oposição que, segundo ele, não queria que o trabalhador fosse livre. Getúlio escreveu: "Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte, serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história". Sua morte arrastou uma multidão de brasileiros às ruas. O mesmo Getúlio que decretou o estado novo, fechou o Congresso e impôs um regime semelhante ao fascismo de Mussolini. Era chamado de "o pai dos pobres" porque foi o responsável por algumas conquistas trabalhistas que vigoram até hoje.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...