1 de maio de 2020

DIA DO TRABALHADOR OU DIA DO TRABALHO?

Como nasceu o Dia dos Trabalhadores ou o Dia do Trabalho? Na verdade, foi por causa de uma greve de trabalhadores ocorrida em 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, reivindicando jornada de 8 horas por dia, que o dia 1° de maio entrou para a História como o "Dia Internacional dos Trabalhadores". Trocando em miúdos, sem alterar o decreto original, Getúlio Vargas (1882-1954) mudou o protagonismo da data: “deixou de ser o Dia dos Trabalhadores para tornar-se o Dia do Trabalho”. Vale lembrar, que as denominações variam de parte a parte do planeta e carregam pequenas diferenças semânticas. Portanto, no Brasil o dia 1° de maio, comemora-se o "Dia do Trabalho”. Embora seja o Dia Internacional dos Trabalhadores.

Porém, essa homenagem remonta ao dia 1° de maio de 1886, quando foi iniciada a greve na cidade norte-americana de Chicago, com o objetivo de conquistar condições melhores de trabalho, principalmente a redução da jornada de trabalho diária, que chegava a 17 horas. Nessa manifestação, houve confronto com policiais o que resultou em prisões e mortes de trabalhadores. Seria esta uma manifestação que serviria de inspiração para muitas outras que se seguiria. Essas lutas de trabalhadores não foram em vão. Os trabalhadores de todo o mundo conquistaram uma série de direitos e, em alguns países, tais direitos ganharam códigos de trabalho e também estão sancionados por Constituições.

Reportando para o Brasil, o pensamento de Getúlio Vargas, a manifestação que era dos trabalhadores, revolucionários, para exigir direitos, se transformou em uma festa do trabalho, na qual se homenageia não exatamente o trabalhador mas sim a categoria básica do mundo capitalista e do estado autoritário de Getúlio: "O Trabalho". Segundo argumenta, o historiador, sociólogo e antropólogo Claudio Bertolli Filho, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp Bauru-SP) e autor de, entre outros livros, A República Velha e a Revolução de 30.

Em 1943 Getúlio Vargas, editou a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), um conjunto de normas criadas desde os anos 30, para proteger o trabalhador. Getúlio criou uma comissão para estudar a legislação trabalhista e compilar aquelas regras num único texto de Lei. As Leis criadas no governo de Getúlio determinaram o seguinte: a) criação do salário mínimo e da carteira de trabalho; b) jornada diária de oito horas; c) direito a férias anuais remuneradas; d) descanso semanal e direito à previdência social; regulamentação do trabalho do menor e da mulher, entre outras. De modo que, fazer tais afirmações como: "a posição de Vargas era clara e não defendia o trabalhador, é no minimo um argumento falacioso e desprovido de conhecimento".

Portanto, Getúlio Vargas saiu da cena política na madrugada do dia 24 de agosto de 1954, com um tiro no coração. O suicídio teve um caráter épico: ele deixou uma carta-testamento em que responsabilizava a oposição que, segundo ele, não queria que o trabalhador fosse livre. Getúlio escreveu: "Eu vos dei a minha vida. Agora, ofereço a minha morte, serenamente, dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história". Sua morte arrastou uma multidão de brasileiros às ruas. O mesmo Getúlio que decretou o estado novo, fechou o Congresso e impôs um regime semelhante ao fascismo de Mussolini. Era chamado de "o pai dos pobres" porque foi o responsável por algumas conquistas trabalhistas que vigoram até hoje.

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