31 de dezembro de 2020

ADEUS 2020 E LEVA CONTIGO A NOSSA DOR

Este ano de 2020 já na fase terminal, foi muito doloroso para nós. Vi pessoas morrendo por coisas que não deveriam morrer. O poder embriaga as pessoas. Não quero ficar embriagado, quero estar lúcido. Ouvi políticos fazer comentários pejorativos e demonstrando insensibilidade com o povo, tratando-os como se não tivesse valor. O “e daí” ou “todo mundo morre um dia” nos leva a consequências mais profundas, como o individualismo arraigado nas culturas atuais e o secularismo, fruto de um relativismo religioso em que se acredita no que convém, ou mesmo, em preocupações efêmeras, colocando como prioridades a economia e a política, que sobrepõe os valores essenciais da vida humana.

O filósofo francês Luc Ferry (1951), em seu livro “Revolução do Amor”, ao analisar as características do tempo presente, nos alerta que, os únicos seres pelos quais agora estaríamos dispostos a arriscar nossa existência, são os seres humanos, não os ideais políticos e econômicos, junto com os processos de globalização. Declarações como estas não levam em conta o que está por trás da vida humana, a sua existência, história e sonhos, sepultados juntos com o “e daí”, ou “tudo mundo morre um dia”, sem o devido valor de suas identidades e seus rostos sofridos lutando com um inimigo desconhecido.

Como bem disse um amigo, padre e doutor em teologia Gilberto Aurélio Bordini: “a igreja também em sua história se pronunciou muitas vezes sobre esta dignidade da vida humana, nos documentos papais e da congregação para a doutrina da fé, afirmando no documento “Dignitas Personae” que todo ser humano, desde a concepção até a morte natural, deve reconhecer a dignidade da pessoa, sua linhagem e não somente tratá-la com descaso, depreciação, já que a vida está muito acima dessas palavras vazias e sem sentido”.

Portanto, o que nos enche de esperança são figuras como o Papa Francisco que em todos os  seus pronunciamentos não deixa de agradecer aos profissionais da saúde, “médicos e enfermeiros”, que correm riscos e são poucos valorizados, que lutam e valorizam esta vida muitas vezes descartada por quem tem a obrigação de fazer alguma coisa em prol das pessoas fragilizadas, vulneráveis, que lutam para sobreviver neste mundo de injustiças. Por isto, não é por palavras como “e daí” ou “todo mundo morre um dia” que deixaremos de valorizar o que nos foi dado como fruto do amor, “a vida”. Contudo, a minha relação com o poder é apenas o poder das palavras, esse é o único poder que exerço. Que 2021 seja um ano de luz para o: Legislativo, Executivo e Judiciário. Diante do que foi 2020, é o que tenho a dizer para 2021.

29 de dezembro de 2020

O AMOR É UM ETERNO PARADOXO

Certa vez ouvi alguém fazer o seguinte comentário: “esse tal gênero amor não é viável para a nossa vida”. Aqui vai a pergunta: mas como avaliar a viabilidade do amor? Por que o que é viável é sempre um bem? Por que durar é melhor que inflamar ou acabar? Aprendi com a vida que a gente é livre para seguir as escolhas que fazemos e não para seguir os impulsos que sentimos. Afinal, queremos sempre ter razão ou ser feliz? Quem sempre tem razão se julga o dono da verdade.

Sendo o amor um desejo de união com o outro, ele não pode ser um mal. No entanto, ele estabelece um tipo de vínculo paradoxal, a partir do momento em que estamos encantados por alguém. Desfazemos qualquer possibilidade desse amor vingar ao colocarmos regras para essa nova relação. Seria um atrevimento sem precedentes tentarmos estabelecer normas ou regras de comportamento num relacionamento amoroso interpessoal.

No entanto, preciso do outro para viver esse amor.  Estabelecer o que é viável ou não... para que esse amor dê certo, é o mesmo que desistir de vivê-lo. O amor não segue um sistema lógico de pensamento, todo organizado como achamos que seja. Quando se tem alguém que desperta esse sentimento, você simplesmente sente o pulsar do amor em seu coração. Não há razão que dê jeito.  

Entretanto, o risco do amor é a separação. Mergulhar numa relação amorosa supõe a possibilidade da perda. Para o psicanalista e filósofo austríaco Igor Caruso, a separação é a vivência da morte numa situação vital. É como se fosse a vivência da morte do outro em minha consciência e a vivência de minha morte na consciência do outro.

Quando ocorre a perda, a pessoa precisa de um tempo para se refazer, pois, mesmo quando mantém sua individualidade, o tecido do seu ser passa inevitavelmente pelo outro. Há um período de “luto a ser superado após a separação, para que ambos possam reencontrar um novo equilíbrio para suas vidas.

Portanto, numa sociedade massificada, onde o “Eu não é suficientemente forte, as pessoas preferem não viver, para não ter de vivenciar a “morte”. Por isso o paradoxo, procuramos pelo amor a vida toda e quanto ele aparece fugimos. Concluo com uma frase do pensador francês Edgard Morin: “nas sociedades burocratizadas e aburguesadas, é adulto quem se conforma em viver menos para não ter que morrer tanto. Porém, o segredo da juventude é este: vida quer dizer arriscar-se à morte; e fúria de viver quer dizer viver as dificuldades”.

27 de dezembro de 2020

A VIDA TEM COMO CONSEQUÊNCIA O AMOR

Vida sem amor é morte, porque só o amor pode criar o individuo como sujeito, dando origem ao mundo humano. Nós somos um fazer-se constante, somo um projeto aberto ao futuro. E o amor é o apelo que o outro me lança para considerá-lo como sujeito, como autor de sua própria história, que deseja comigo construir o inédito, o novo, que seria impossível criar sozinho. É do encontro entre pessoas que se fazem as relações suplementares.

Os demais seres estão no mundo como objetos, como coisas e, as coisas são determinadas pela soma de suas características. Considerar o outro como a soma de suas qualidades e defeitos, como algo pronto e acabado, é enquadrá-lo como objeto e ignorar suas possibilidades. É assim que se pode rotular o outro e vê-lo como: “o homossexual, a prostituta, o negro, o pobre, o ignorante, o vagabundo, etc”. Não respondemos à aquele olhar lançado no âmago do nosso “ser”, para que eu seja com o outro, o apelo ao amor, pois fazemos parte mesma humanidade.

Amar é possibilitar ao outro e a mim mesmo o exercício da liberdade criadora do próprio ser. O amor transforma um ser coisificado, humilhado, oprimido em um sujeito, pleno de possibilidades. Se meu olhar pudesse ver no outro não aquilo que a vida e a sociedade dele fizeram, mas olhá-lo em sua subjetividade, haveria a possibilidade de humanização permanente das relações e da sociedade. É o que faz o verdadeiro humanista: “da sempre ao outro e a si mesmo uma nova chance, de apostar no amor”.

Tendo em vista, que somos um projeto de humanidade. Mas tenho esperança que um dia vai emergir em nós, esse humanismo verdadeiro, pois ele está na nossa essência. O apelo do outro, assim como o meu apelo ao outro é silencioso, raramente traduzido em palavras, é um desnudar, um despir da alma que se manifesta no olhar e desperta medo, porque o outro me chama sem mascaras com aquilo que ele é e almeja ser comigo. E eu deverei responder com todo o meu ser, com o que sou e com o que almejo ser com ele.

Portanto, o amor é o mistério que faz com que eu me perca, sem defesas, no outro e o outro em mim, mas, ao nos perdermos um no outro, pelo dom de sentir e nos envolver nesse amor, nos encontramos e nos transformamos em liberdade e criação desse projeto que chamamos de humanidade. Ou será que vamos continuar nos enganando e fugindo do amor? Contudo, o amor é a única força verdadeira de aproximação, união afetiva, envolvimento e responsabilidade. Amar é o cuidar um do outro. É no amor que encontramos o verdadeiro e fiel amigo.  

25 de dezembro de 2020

QUAL O SENTIDO DO NATAL?

Apesar de toda a tecnologia e o avanço científico alcançado pelo homem, dia vinte e cinco de dezembro ainda é “Natal”. O “Homem” que nasceu nesse dia a mais de dois mil anos, deve estar preocupado com o mundo em que viveu e, apesar de toda a Sua imensa sabedoria não deve estar entendendo.  Ele não deve entender, por exemplo, como é que os mesmos homens, que se cumprimentam de coração aberto, com um sorriso nos lábios agora, podem passar pelo encantamento do Natal para começar a batalha entre si novamente, completamente desprovido de generosidade, condescendência, afeto e até mesmo de bondade.

Ele o Homem que nasceu no dia vinte e cinco de dezembro do ano zero de nossa história, não pode entender porque o Natal funciona apenas como uma trégua, na imensa desigualdade social em que vivemos sem falar das discórdias familiares, a guerra que o homem trava todos os dias contra o seu semelhante e contra si mesmo. Mas Ele que viveu entre nós e é o símbolo da esperança ainda não perdeu a própria esperança. A esperança de que o homem um dia perceba que a trégua é o certo e o normal e, que a guerra é um grande equívoco.

Entretanto, a mensagem que Ele nos deixou foi a seguinte: Cumpra o projeto que Deus determinou que é de amar sempre o seu semelhante, demonstrando gestos de gentileza e respeito. Ser justo e não julgar o outro pelas suas fraquezas. Pensar muito sobre suas ações. Sentir o que realmente sente, pois você é um Ser de amor. Meditar muito sobre esse sentimento, meditar sobre suas inclinações e possibilidades de ser feliz nesse amor. Procure fazer o mais que puder para esse amor permanecer entre os seres humanos. Para então, aperfeiçoar-se nesse projeto de vida, até que possa devolver para Deus a imagem e o dom desse amor que Ele um dia estampou em nós quando aqui chegamos.

Portanto, não compreendo os mistérios da vida e nem suas razões. Só espero estar certo no que penso e sinto. Que é continuar a cultivar esse amor pelo meu próximo, que na verdade são muitos. Quero um mundo melhor para todos nós. Talvez, então nesse dia, o ser humano inverta os seus valores atuais e coloque ordem na casa. E daí possa, finalmente, todos viverem em Paz.  “Feliz Natal a todos, no verdadeiro sentido que essa palavra carrega”.

23 de dezembro de 2020

A VONTADE INDEPENDE DO DESEJO

A maioria das pessoas não tem o hábito da reflexão, senão por necessidades comuns do cotidiano. Geralmente, não distinguimos o desejo da vontade, e isso é um problema. Sem reflexão, agimos por impulso e não percebemos que este impulso – desejante ou reativo – é resultante do que sentimos; se não refletimos o que sentimos, certamente agimos de maneira equivocada pela perturbação emocional. Eis à vontade: agir de acordo com a reflexão racional; eis o desejo: agir por impulso apenas.

Kant, ilustre filósofo da era moderna, no livro “A Crítica da Razão Pura”, nos contempla com uma profunda análise moral e distintiva de desejo e vontade; e convida-nos à reflexão sobre as nossas escolhas. Estudando ética – num contexto histórico de antropologia sociológica – não é difícil entrever a influência negativa das sociedades atuais que, através de padrões balizados na importância da personalidade, vêm modelando a conduta humana de maneira cada vez mais egoísta, reativa e intolerante, influenciando de modo decisivo as nossas escolhas.

Desejo é tudo o que emerge do pensamento à ação sem que se possa controlar; é o impulso instintivo, é a avidez pelo prazer das sensações. Vontade é a ação regida pela razão, independentemente da corrente dos desejos, ou seja, é o uso da razão para deliberar escolhas. Muito diferente de desejo, vontade é o saber materializado em conduta; é tudo o que o pensamento produz para se sobrepor aos instintos, a fim de viver melhor.

A fronteira entre a vida boa e a vida ruim está no descolamento entre a racionalidade e o impulso desejante, ou seja, entre a vontade e o desejo. A vontade percebe que, apesar do desejo, é possível viver na contramão dos instintos. A isso chamamos liberdade, que é a soberania da competência deliberativa sobre as próprias inclinações. Sou livre quando, ao flagrar meus desejos, consigo agir racionalmente, contrariando o que sugerem meus impulsos.

A moral não é uma vigilância castradora, mas é um olhar sobre si mesmo; é um lugar na mente onde a reflexão impõe os limites que imperam a conduta. No entanto, basta não conhecer as próprias fraquezas para se tornar escravo dos apetites que possui. O que difere o homem dos outros animais é a sua capacidade de pensar para agir, de modo que aquele que se conduz pelos seus instintos e inclinações, aproxima-se da animalidade; mas aquele que age pela via da razão aproxima-se de sua destinação moral.

Ao entender a felicidade como acúmulo de desejos saciados, o homem tende a priorizar a busca pelos prazeres dos sentidos e das vaidades, sem perceber que quanto mais se sacia um prazer biológico ou vaidoso, mais extravagantes e intensos estes prazeres terão de ser futuramente, a fim de se obter o mesmo nível de satisfação. Observando o comportamento humano na sociedade atual percebemos que a maioria necessita do sofrimento para compreender que a saciação de desejos não representa um estado real de felicidade ao longo do tempo.

É o sentimento de total insatisfação que tende a levar o homem à busca e compreensão de si mesmo. Liberto da prisão de apetites que o faz sofrer, ele então livre se vê para buscar o aprendizado virtuoso balizado na razão. Portanto, a razão inclinada ao aprendizado ético-moral produz, por consequência, equilíbrio e serenidade; e, num mundo caótico, caracterizado pela competição em busca de euforia e saciação de apetites perturbadores. Não seriam o equilíbrio e a serenidade a própria felicidade?

21 de dezembro de 2020

AO CONTRÁRIO DO AMOR ESTÁ A PAIXÃO

Muitas pessoas confundem o amor com paixão. Quando estão apaixonadas, julgam estar amando. O amor, porém, é uma vivência mais ampla, é um modo de ser, de viver, que se conquista gradualmente, à medida que se desenvolve a sensibilidade para com as outras pessoas, isto é, através de uma amizade constituída. É a capacidade de descentrar-se, sair de si, ir ao encontro do outro, em uma atitude de zelo e respeito que nada quer em troca.

Amar demanda cuidado com o outro, preservar a identidade e as diferenças do outro, sem perder a sua evidentemente. É o mesmo que estar comprometido com a realização do outro, é um querer bem ao seu próximo. A capacidade de amar pode expandir-se e atingir um envolvimento e um compromisso com todos os seres vivos e até mesmo com seres inanimados.

Ao contrário do amor está a paixão. O filósofo holandês Baruch Spinoza compreendeu que toda a nossa felicidade e toda a nossa miséria residem num só ponto: a que tipo de objeto estamos presos pelo amor? Se este suposto amor estiver centrado no egoísmo do sujeito que se diz amar de paixão, fuja desse amor. Ele só ama a si próprio. É a carência dele que grita mais alto.

Segundo Platão, o amor perfeito só existe no mundo das idéias, ou seja, idealizamos esse amor e projetamos no outro. É um gostar de mim mesmo no outro. A partir do momento que esse não corresponder mais as minhas expectativas, deixo de amá-lo. Esse amor centrado no egoísmo é a paixão. A idealização projetada no objeto de desejo.

Portanto, ser amoroso é uma característica da nossa personalidade e pressupõe toda vivência desde o seio materno. Só quem recebeu o amor é capaz de amar. Ninguém da o que não tem. Se nunca fomos amados de verdade é pouco provável, que vamos nos entregar totalmente a um grande amor. Vamos estar sempre com um pé atrás. Vamos buscar no outro aquilo que não temos, aquilo que nos faltam e acreditamos encontrar na nossa  outra cara metade, parodiando Platão.

29 de novembro de 2020

DIDÁTICA E PRATICA ESCOLAR

Todos os pais desejam aos seus filhos uma boa escola. Por escola entende-se uma instituição que lhes dará tudo: informações, saberes, conhecimento, comportamento. Mas, os pais querem saber que a escola impõe a rotina que ela acredita ser importante para adquirir conhecimento. A ordem e os costumes impõem essa rotina, mas, essa ordem vem de fora para dentro e mantém a sociedade tal como ela é.

Todavia, muitas coisas vem de dentro para fora. É aquilo que nós estabelecemos a partir de nós mesmos. É a capacidade de inventar a nossa própria vida e não viver a vida inventada pelos outros, como diz Savater. Quer dizer que algumas coisas somos nós que temos que dar. Não podemos exigir que a escola de uma educação integral. Nossas ações como pais ou como adultos dão mais lições que os livros.

Desse modo, ser capaz de prestar atenção no que os filhos dizem e pensam é pré-requisito para que eles cultivem a capacidade de prestar atenção nos outros, de se relacionar bem com os outros. Querer viver é viver humanamente bem. Essa é a didática para formar bons cidadãos.

Portanto, não podemos apostar na vida sem a ética, sem a ideia de que mesmo as penas da vida valem à pena. Pois viver não é uma ciência exata. Educar também não. Viver e educar tem um que de arte, de invenção e reinvenção. Viver e educar requer inteligência. Requer saber rir. Requer ânimo diante das falhas.

24 de novembro de 2020

O AMOR NÃO É SOMENTE UMA PALAVRA

O amor não é apenas possível, ele é natural. Nós fomos criados para o amor e para amar. O amor não é somente uma palavra. Nada é mais real do que o amor; nada é mais doloroso do que a sua ausência. Para completar, o amor parece estar em todos os lugares a nossa volta. Nós vemos, ouvimos e lemos a respeito do amor, por todas as partes. Essa estimulação sutil ou explicita ajuda a criar em nós um intenso desejo de experimentar o amor. Nós queremos amar, e queremos ser amados, não adianta negar essa evidência inata no ser humano.

Entretanto, tudo isso serve para aumentar nossa frustração por não conseguir amor. Porque não é fácil encontrar um amor de verdade por ai ao gosto do consumidor. Tudo que está sendo dito e escrito sobre o amor e as relações humanas, realmente só vem confirmar sobre a necessidade de amor e as consequências de não alcançá-lo. Sabemos que precisamos amar a nós mesmos e aos outros de forma mais genuína. Qualquer pessoa que não esteja vivendo na caverna de Platão ou numa ilha deserta pode contar-lhe que, como diz na literatura e nas canções, o que o mundo mais precisa é de amor.

Se o amor é difícil de achar, não é por falta de procurar. As pessoas se esforçam, até se expõe sem limite para conseguir um tostãozinho desse amor. Uma maneira comum é tornar-se atraente, permanecer em lugares onde as pessoas se encontram, e esperar que sua cara metade apareça. Uma tática muito usada, mas de pouco efeito. Frequentemente as pessoas fazem isso enquanto se enganam, dizendo que o amor depende de achar a pessoa certa, com uma mistura atraente de boas qualidades e com o mínimo possível de más qualidades. Onde existe essa pessoa?

O amor não é barreira para nada. É um grande nivelador na pirâmide de poder e o grande libertador. Amando, você ama a pessoa que você é e pode dar esse amor aos outros. É possível reaprende a amar a si mesmo e aos outros, não importa o quanto você tenha sido não amoroso ou não amado. Pois a própria essência do seu ser é amor. Para compartilhar esse estado amoroso, primeiro você precisa ter bem claro o que é o amor, e o que ele não é. Muitas pessoas pensam que se dar a alguém é amar. Embora seja verdade que as pessoas amorosas se dão mais, o contrário não é necessariamente verdadeiro. Há uma grande diferença entre dar por dar e dar para receber algo em troca. Amor cobrado, sofrimento redobrado.

Portanto, o amor é um sentimento e um estado de ser, e vem da essência espiritual, dessa luz que há dentro de nós. Aprendemos a senti-lo vivendo-o por todo o nosso ser. Uma vez aprendido sobre o amor, é a experiência máxima do ser humano, e todos tem o direito de reivindicar essa experiência. Só precisamos revelar nossa essência indestrutível, dura como um diamante e delicada como a flor do pessegueiro, porque somos luz e queremos iluminar o outro. Somos na essência o amor compartilhado.


18 de novembro de 2020

HÁ POESIA NO OLHAR DE QUEM SABE ESPERAR

A espera se da na esquina dos nossos dias, como uma espera nutrida de loucura. Coisa que só no amor se configura, um misto de sustos, fome e alegrias perenes. Esperar é mais do que uma simples espera. Inventamos uma chegada ornada de ousadias e olhos acesos de quem esperou. A arte que mora neste olhar, nos põe a esperar. Na espera, tal desprezo é a força desse amor que também sentes, que resultei bobo de amor, sem heroísmo, nada, apenas preso na espera que nos enlaça em suas correntes e alimenta de sonho o sonhador.

São muitas flores sobre o meu silêncio enquanto espero. Melhor apenas poucos girassóis enlouquecidos. E mais rouxinóis cantando sons de sol, de sal, de Hortênsia, para alegrar a espera. Ainda melhor, se os teus despojos fossem plantados num trigal febril de paixão, nuvens e pássaros pelo alegre mês de abril que se despeja sobre os nossos olhos cheios de esperanças. Um dia voltarás trazendo estrelas de um céu pacífico e sem sofrimentos, banhado na brandura dos anjos.

Custou-me a compreender, assim como custou a enxergar o resplendor de humildade que andava por gestos tão nobre vindo da profundidade do coração de quem me tocava. Coração de cortinas delicadas, estatuetas, luzes muito mansas, jarra d’água e compêndios de alquimia. Vi muitos partindo desta vida e sobre mim desabou a confiança na espera. Vi o que sou. Um andante distraído, que sofre e não enxerga seu próprio sofrimento. Deixei escapar o brilho das almas de pessoas importantes que caminhavam ao meu lado.

Portanto, o dia de ontem foi esperança de hoje, como hoje é a esperança do amanhã. Mas esperança mesmo, é a certeza permanente em cada minuto, em cada hora de vida. É ainda o instante final que se extingue na morte. Pois, é triste perder pessoas queridas; porém, mais triste ainda é acreditarmos que a centelha de vida do ser amado se extinguiu para sempre, que o pó retornou ao pó e que nada mais existe, a não ser a lembrança que habita o nosso ser. Contudo, continuo a esperar, por uma razão muito simples, porque sou fruto deste amor cósmico. Contudo, a esperança por esta espera é o que tempera a minha fé.  

13 de novembro de 2020

AMAR, DESEJAR E FANTASIAR É DA ESSÊNCIA HUMANA

A fantasia é o que difere o ser humano de um animal irracional. O menino começa a ter curiosidade e a imaginar como é a menina e vai formando uma imagem na sua cabeça, vai idealizando um modelo de mulher. A partir daí formará um ideal de amor que vai surgir na idade adulta, todo o processo do apaixonar-se um pelo outro e ambos passam a enamorar através da fantasia que cada um faz da outra pessoa.

É aqui que começa o primeiro movimento do adolescente cercado de conflitos. Surge o interesse pelo outro, mas ao mesmo tempo é de negação do próprio desejo, quanto ao fato da outra pessoa ser interessante. Isto ocorre em função da primeira marca que fica da dor de amor.

Afinal, quanto maior a expectativa, maior a frustração e cuidamos de segurar estas expectativas. Então, desdenhar faz parte do processo normal do encantamento principalmente na adolescência. É não assumir o outro como objeto do nosso desejo, com medo de nos frustrarmos e sofrermos de novo. Evitamos esse desejo, até percebermos que temos alguma chance. Todavia, neste ponto inicia-se o processo de conquista.

No processo de conquista muitas coisas vão acontecendo. Há um interesse intelectual um pelo outro, o jeito da pessoa, o tom da voz, o sorriso, o encantamento vai se desenrolando bem devagar. O chamado amor à primeira vista, que pode acabar no instante seguinte dependendo da expectativa criada por ambos. Os dois são responsáveis diretos para a continuação ou não desse vínculo.

No momento da conquista, o desejo é transferir aquilo que sente pelo outro para dentro de um vínculo. O primeiro grande erro estratégico é querer transformar logo o que sente em namoro, antes de entender o significado dessa relação. O namoro é uma instituição onde existe um contrato tácito, ou seja, um compromisso moral. Como todo compromisso vira obrigação, ao mesmo tempo você está matando a fantasia e o desejo que sentem um pelo outro. É nesse momento que começam as cobranças.

Entretanto, o namoro neste contexto só serve para matar a fantasia, o carinho, o desejo e a magia que existe entre os amantes. A relação fica um vazio, um buraco. Por essa razão que a grande maioria das pessoas vive insatisfeito na sua subjetividade. Brigam o tempo todo para conquistar um ao outro e, quando conseguem aquilo que queriam, agora não querem mais, talvez quisessem outra coisa que o outro não pode oferecer.

O processo de desejar é um contínuo sim para muitas pessoas. Quando consegue, não sabe o que fazer, então descarta toda a possibilidade desse amor vingar. Certamente vai sair à procura para preencher esse vazio, é o momento do “ficar”. Na verdade, é um momento de muita ansiedade, o ficar é uma relação rápida de percepção curta em que, via de regra, existe uma paixão fugaz, pouco duradoura. Muitas pessoas só entram nessa por medo de ficarem sozinhas.

O que assusta no amor é que há uma identificação, aquele amor paixão, o amor dos iguais, no qual um olha para o outro e vê algo igualzinho a si próprio. Pensam exatamente as mesmas coisas. Antes de um proferir alguma frase o outro já fala a frase. Existe uma sincronicidade nessa relação, para usar uma linguagem junguiana. As chamadas coincidências. Gostam das mesmas coisas. São capazes de ficarem horas conversando e não conseguem esgotar o assunto.

De modo que a complementação desse amor são as diferenças, mas juntos formam um casal perfeito. Muitos amantes não conseguem se separar porque não sentem capazes de enfrentar o mundo sem aquilo que o outro tem e me completa. Significa amar no outro tudo aquilo que falta em mim, então eu fantasio e desejo o que me falta.

Portanto, quando perdemos alguém que amamos, achamos que nunca mais vamos conseguir nos apaixonar. Junto morre a fantasia e o desejo. Na verdade, o que outro fez por nós foi nos mostrar que temos condições de amar e de nos apaixonar. Ninguém leva embora a nossa capacidade de amar. Amar é um dom da essência humana. O que fazemos é aguardar que um dia as fantasias e os desejos ressuscitem novamente com a chegada de outra pessoa que venha e consiga despertar esse sentimento nobre outra vez. Tendo em vista, que a lembrança permanece, pois cada um é único na sua essência.  

30 de outubro de 2020

O MUNDO INTERROGA O MEU SER

O rosto do mundo interroga o meu ser. Todas as divindades das águas, das florestas, das montanhas, estremecem-me a vida, seja no erotismo dos bailados do alvorecer ou nas cores das preces do acaso. O espetáculo de maravilhas que me penetra a alma tem a musicalidade do silêncio das coisas espirituais. As fotos registradas e eternizadas no tempo, reinventam a santidade das coisas. Muitas vidas, hoje moram dentro de mim. A prova de que fizeram minha carne é que sinto saudade desse amor que revivo nestas fotos.

Minha alma é uma câmara escura abrigando a sensualidade das coisas, filtrando sonhos que se desenham nas paredes alvas do meu ser. Desespera-me não poder mostrar os brilhos e cores de minhas emoções. Faço, então, uma celebração de vidas que fotograficamente eternizamos e que hoje ecoa o sangue do meu espírito. Uma transfusão de êxtases.

Portanto, enquanto os Ipês não florescem, permanecem as fotos que desse amor um dia registramos.  Contudo, a vida não consiste em fazer anos, mas viver através de todos os anos a vocação que Deus deu a cada um de nós. Pois da vida nada se leva a não ser a vida que se leva. O tempo não existe quando a gente sabe o que quer da vida. É o mundo que nos interroga.

29 de outubro de 2020

O REAL SENTIDO DA PALAVRA AMOR É AMAR

A palavra amor tem mais sentidos do que qualquer outra palavra do mundo, segundo os especialistas nessa área. Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí a “gênese do amor”, somos tomados por uma ternura  que nos convida para uma fusão. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, da cabeça aos pés.

O amor a meu ver tem duas funções que quase se confundem, mas podemos descrevê-las como se realmente fossem duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou uma história de amor.

O problema são os nossos defeitos que funcionam como uma barreira existente entre ambos,  como se fosse algo isolante, muitas vezes repulsivo. Justamente esse modo egoísta de perceber o outro e julgá-lo vai um desejo implícito, coisa do gênero, se ele se modificasse, deixasse de ser assim, certamente o amaria mais. Os defeitos meus e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar.

Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente faladas no nosso dia a dia, que quem ama outra pessoa tem de amá-la por inteira, como ela realmente é com suas qualidades e defeitos. Só que as pessoas não juntam as ideias. Dito de outro modo, vai pouco a pouco percebendo o modo de ser do outro, de pensar, de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai aos poucos acabando. Então, aceitar os defeitos do outro é falso.  

Em nossa sociedade se admite, quase sem crítica, e com muita obscuridade, que as pessoas buscam acima de tudo o próprio interesse, são egoístas, amam muito a si mesmas. Ao percebemos prontamente o quanto é difícil e pesado o sermos nós mesmos, o quanto custa nos arrastarmos pela vida com este lastro de aspectos negativos, os quais, não obstante serem negativos são tão nossos, tão inerentes a nós, como nossas mais caras virtudes e aptidões.

Provavelmente o modo mais comum de negação de si mesmo resida justamente no desejo de fazer parte de um grupo ou tribo, de um partido ou de uma ideologia. Todavia, vivemos numa sociedade de renúncia que cada um faz de si mesmo. Quanto menos eu sou eu, mais sou ninguém diante de tantos outros ninguém. Onde se espera muita uniformidade de comportamento, sentimento ou pensamento, por simples descrição fica excluída toda individualidade.

O amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu “Eu” não é infinito. O amor capaz de nos ensinar estas duas lições é certamente um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, muita carícia e contato físico, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Talvez por isso o amor seja triste. Ele nos acena, ele nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral.

Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Tendo em vista que onde há amor há transformação. Onde não há transformação e nem crescimento não podemos dizer que exista amor. 

17 de outubro de 2020

O MENINO QUE VIROU CONTADOR DE HISTÓRIA

Morava numa aldeia um menino pobre que gostava de contar história. Para ele a vida era uma poesia e por isso, assimilou a sua infância e escreveu uma grande história de amor e fé. O contador de história se apresentava exatamente como era a sua vida. Lembro com saudade do menino solitário que vivia na roça e se alimentava de frutas. Ele gostava de comer “jatobá”, uma fruta seca com um caroço no meio, que grudava nos dentes e ficava amarelado. Aquele menino cheio de esperança que escreveu a sua história, contada em verso e prosa. Dos frutos transformados em semente, fertilizou sua imaginação. Hoje a minha filha caçula quer ser apresentada ao menino solitário. Aquele menino não existe mais, só na imaginação das minhas crônicas. Queria muito escrever essa história, para outras crianças também conhecer o menino que contava história.

Penso que as histórias para criança deve ser escritas com palavras muito simples. Poderia contar com pormenores, algumas histórias que o menino inventou. Uma história contada por um menino solitário, sem dúvida, seria a mais linda de todas as que já se escreveram, desde os contos de fadas e princesas encantadas. Ele levava a vida entregando-se a algo que dava muito prazer, que era escrever as histórias contadas em prosa. São poucas as pessoas que podem fazê-las. O escritor é o intérprete consciente da “subconsciência universal”.  O seu estilo era mostrar a fisionomia da alma. Dizia o menino que a alma é menos enganosa do que o corpo que mostramos.

De modo que, quem quiser escrever para bons leitores como as crianças, é preciso muita sensibilidade e percepção. É preciso que a tua alma seja uma antena ultrassensível, que apanhe as mais ligeiras ondas espirituais que povoava a mente daquele menino solitário e que percorria por todo o seu universo humano. Porém, esse menino tinha um sonho e saia todas as manhãs da sua casa, para estudar no grupo escolar do distrito que ficava algumas léguas de distância da aldeia. Quando passava pelas ruas do lugarejo as pessoas diziam que ele saia da aldeia, para fazer uma coisa que era muito maior do que o seu tamanho. Maior do que todos os tamanhos e sonhos imaginários.

O menino quando voltava para casa, levava livros para ler em voz alta para todos da aldeia, que gostavam de ouvir as suas histórias. E agora na minha memória, ele escreve para aqueles que gostam de ler bons textos e, que nos coloca para pensar. Em dias de um sol apagado, quantas vezes o menino cansado dormia com a solidão entre uma leitura e a lição da escola. Ele continuava amando a chuva que escondia o sol. Antes mesmo do começo já sabia o seu fim, não deveria acreditar no que se prometia, mas no que estava escrito nas estrelas. Nascia ali uma história real de uma pessoa extremante humana e religiosa, que o menino a conheceu e aprendeu admirá-la.

Portanto, o menino cresceu, virou homem e tornou-se escritor. Cristalizou-se em ideias conscientes a inconsciente atmosfera das almas boas que nos cercam. Dizia o que as pessoas já sabiam nas penumbras do seu “eu interior”, mas não sabiam trazer a luz da consciência vigilante. O menino nos mostrou que o escritor é aquele que faz nascer o que já era concebido e andava em gestação. O menino que virou contador de história, alegrou a beleza dos rios e dos verdes campos por onde passou. A canção de amor que ele ouvia no silêncio da noite, entre uma melodia e outra, o ensinou a ler nas estrelas as suas inspirações. O menino cresceu e continua ouvindo o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. Ele entrou no universo das coisas e as transformou em literatura e poesia. Ora, esse menino somos nós. Contudo, compreendo a esperança como uma dependência simplória e imprevisível, de um “Deus” que adora surpreender. Somos medo, desejo e esperança. 

15 de outubro de 2020

A FILOSOFIA É A CHAVE PARA COMPREENDER O MUNDO

Sempre que tenho oportunidade de conversar com pessoas receptivas e simpáticas, pergunto se gostam de ler, caso a resposta seja afirmativa, ofereço um cartão meu, dando a eles a oportunidade de conhecer o meu “Espaço Filosófico” que na verdade, é um espaço de leitura de crônicas filosóficas. Ao ver o cartão, logo vem à pergunta: “você é filósofo?”. “O que é filosofia?” O leitor ocupado perguntará para que serve a filosofia. Pergunta vergonhosa, que não fazemos ao poeta, para que serve a poesia, essa outra construção imaginativa de um mundo que mal o conhecemos.

De modo que, se a poesia nos revela a beleza que os nossos olhos não educados não consegue ver, e se a filosofia nos da a chave para compreender o mundo e perdoar o seu próximo, sendo assim não perguntamos mais. Penso que isso vale todas as riquezas da terra. A grande questão é que a filosofia não enche a nossa carteira e nem aumenta nossa conta bancária. Não nos ergue às dignidades dos governos, é até bastante descuidosa destas coisas. Mas de que vale engordar a conta bancária e a carteira, subir a altos postos e permanecer na ignorância ingênua, desprovido de espírito e humanismo, brutal na conduta, instável no caráter, caótico nos desejos e cegamente infeliz?

A maturidade é tudo. Talvez oque a filosofia nos de, se lhe formos fiéis, uma sadia unidade de alma. Somos negligentes e contraditórios no nosso pensar; talvez ela possa classificar-nos, dar-nos coerência, libertar-nos da fé e dos desejos contraditórios. Da unidade de espírito pode vir a unidade de caráter e propósitos que faz a personalidade e da ordem e dignidade à vida. A filosofia é conhecimento harmônico, criador da vida harmônica; é disciplina que nos leva a serenidade e à sabedoria.

Portanto, saber é poder, mas só a sabedoria é libertadora. O sinal de que vamos atingir uma sabedoria plena é a consciência que temos que um dia seremos idosos. Essa é a melhor saída para a nossa vida, prêmio por termos alcançado o topo da hierarquia da existência. É a mais pura filosofia de vida que um ser humano pode alcançar. Contudo, o idoso é um mapa de conhecimento, tem dentro dele muitas estradas principais, muitas vias secundárias e muitos atalhos, muitos becos sem saída, muitas praias, muitos desfiladeiros, muito amor e severas tempestades emocionais.

10 de outubro de 2020

O POETA LEU NAS ESTRELAS O QUE AQUI ESCREVEU

O amor é como o sol. Uma nuvem pode escondê-lo, mas nunca apagá-lo. Quando daqui algum tempo, espero que muito distante, chegaras aos confins do azul do céu e guardaras justamente no olhar da princesa toda cor deste planeta, que com rosas vermelhas enfeitou o amor que o poeta fotografou. Que alegrou a beleza dos rios e dos verdes campos por onde pisou. E as canções de amor que ouvia no silêncio da noite, entre uma melodia e outra o poeta lia nas estrelas as inspirações que escrevia.

Vem mais um dia semear esperança num coração solitário. Uma semente caída de uma árvore pode produzir outra árvore, porque a natureza é feita dessa energia descrita no amor. Só um sonho vagarosamente pela noite adentra e não amanhece se a realidade não vier contemplar o despertar desse amor. Por esse passado o poeta e a princesa, viveram a eternidade de um coração inspirado. Como uma força cósmica, todas as tardes vêm semear esperança neste coração solitário.

O silêncio para o poeta é marca de sua inspiração. Falar da princesa é como pintar a natureza. Uma música veio seguindo os passos da princesa e o poeta pode ver o brilho em teus olhos, como a cauda de um cometa riscando o céu estrelado em noite fria de inverno. O balanço da música brincava com o espaço solitário do poeta, renovando os anos passados em cada nota musical. Ambos não querem morrer, pois querem ver como será envelhecer.

A princesa construiu na cabeça do poeta uma nova moradia. Embriagados pelo amor da fonte universal, olham o vento brincando no quintal, embalando as flores do jardim e transformando tudo em sinfonias. Com essa musicalidade do corpo, é que renova a gratidão de haurir a leveza, que a razão incendeia. Os olhos é uma janela acesa de vida, que tritura as ansiedades e acolhe gente que chora como este simples poeta.

Já dizia o poeta: “deixa o rio andar ou empurra um rio abstrato, mantendo as vidas da vida”. Rasga por dentro uma dor que machuca em cores, a vida passa como cortes de metal, em vagalhões de mar e luz, misturando o céu e a terra. Vinda de outras vidas sangra o espírito que o amor espera. O poeta ouve o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. E as coisas se transformam em poesia. O poeta entra no universo das coisas e faz amor com as palavras. Eis que surge a princesa e penetra no corpo do poeta e o novo evangelho se anuncia: “o amor se fez carne”. Agora, ambos estão vivos e a prova de que permanecem no amor é a saudade que eterniza a memória de seus corações. Nesses versos mostra que a vida anterior que retorna em forma de dor que não dói, mas pode ser fatal.


3 de outubro de 2020

SONHAR É CAMINHAR JUNTOS

Quem nunca sonhou e apostou na esperança do mesmo? Quem nunca teve um sonho arrancado ou interrompido? São frutos do acaso ou tem uma causalidade? Para compor essa reflexão, recorro à metáfora poética das palavras. No “poema à boca fechada” do escritor português Prêmio Nobel de Literatura José Saramago (1922-2010), descreve como ficamos quando um sonho nos é tirado: “Arranca metade do meu corpo, do meu coração, dos meus sonhos. Tira um pedaço de mim, qualquer coisa que me desfaça. Recria-me, porque eu não suporto mais pertencer a tudo, mas, não caber em lugar algum”. É como se fossemos um oceano e de repente uma de suas ilhas começa a afundar. Como ficarão seus habitantes? Sendo que na ilha por vezes habitada do que somos, há noites, manhãs e madrugadas em que não precisamos morrer. Então sabemos tudo do que foi e será. Sabemos o que é viver, mas, ainda falta compreender o porquê não vivemos plenamente.

Nós temos sempre necessidade de pertencer a alguma coisa; e a liberdade plena seria a de não pertencer à coisa nenhuma. Mas como é que se pode não pertencer à língua que se aprendeu, ou à língua com que se comunica, e neste caso, a língua com que se escreve? No fundo queremos pertencer a esse sonho. Todos têm um sonho secreto. Sabe qual é meu sonho secreto? Que um dia as pessoas percebam que poderia ter aproveitado melhor a minha companhia. Que um dia imaginem o quanto teria sido ótimo estar ao meu lado. Olhe para o lado, alguém precisa de você. Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca. Mergulhe de cabeça nos seus sonhos e satisfaça-os.  

Portanto, há na memória um rio onde navegam os barcos com todos os sentimentos vindo de lugar obscuro. Que venha a paz desejada, a harmonia, e o resgate do fruto, e a flor das almas, que assistiram este sonho nascer. Que venha o amor, porque esses dias são de angústia, de raiva e agonia, pelo meu sonho que se perdeu no horizonte. Mesmo assim lhes digo: procure os seus caminhos, mas, não magoe ninguém nessa procura. Arrependa-se, volte atrás, peça perdão! Não se acostume com o que não o faz feliz, revoltem-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Persiga seus sonhos, mas, não os deixem viver sozinho. Descubram-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas. Sempre procure o fim de uma história, seja ela qual for. Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso. Haverá um grande silêncio primordial quando as mãos se juntarem às mãos. Sonhar é caminhar juntos, de mãos dadas para além do horizonte.

27 de setembro de 2020

NA ARTE DA COMUNICAÇÃO ESCRITA

Num dos ensaios de Arthur Schopenhauer (1788-1860), que foi traduzidos para o livro “A Arte de Escrever. Trata-se de um livro rico, pronto para trazer novos conceitos e novas visões sobre a escrita. Como não amar alguém que diz: “Só se dedicará a um assunto com toda a seriedade alguém que esteja envolvido de modo imediato e que se ocupe dele com amor”? Porém, em quase todo o livro há citações importantes e histórias que nos levam a compreender melhor o mundo que circundou a escrita há séculos, mas não podemos negar que Arthur Schopenhauer é severo em suas concepções.

Para ele, é ingênuo pensar que o simples ato de leitura de grandes obras e autores poderia nos levar a ter a mesma riqueza literária que estes autores. Mas, aqui vale um questionamento: “essa leitura não nos aproximaria de um aperfeiçoamento da escrita”? Não alcançaríamos a graça, a ousadia, a riqueza de expressão ou até mesmo a capacidade de persuasão e de concisão com leituras que não fossem apenas de eruditos?  Inclusive estes mesmos autores são postos em xeque por Schopenhauer.  

Segundo Schopenhauer,  de tanto lerem, os eruditos ficaram burros. Isso porque para ele, “a nossa cabeça é, durante a leitura, apenas uma arena de pensamentos alheios” e continua: “quando lemos, outra pessoa pensa por nós”. Mas, não seria exatamente esse esvaziar-se de si mesmo para viver outras realidades, ou seja, a riqueza dos melhores aprendizados? Não seria justamente nesse momento, quando vivemos a história de outrem, quando nos deixamos sentir outros lugares, outras vidas, quando nos colocamos no lugar do outro, que percebemos e apreendemos outro olhar?

No entanto, nos seis capítulos do livro, o cético filósofo e autor alemão Schopenhauer, que chegou  influenciar Freud em seus estudos psicanalíticos, critica a liberdade de imprensa que, ao seu ver, permite o anonimato e o uso de pseudônimos (ele não viveu a ditadura), trata da prolixidade nos textos e do entrelaçamento de palavras, que não valem o esforço da leitura e fala também do contrário, da concisão que pode sacrificar a clareza e, muitas vezes, até a gramática.

Ao ler “A Arte de Escrever” é preciso levar em conta que Arthur Schopenhauer tem a dureza dos que querem preservar sua língua pátria, no caso a alemã, a todo custo. Porém, ao terminar de ler a obra do “Cavaleiro Solitário” senti que sou mais leitor e mais escritor ainda. Sem dúvida, trata-se de uma leitura muito útil para quem deseja se aperfeiçoar na arte da comunicação escrita. De modo que, para o filósofo alemão Schopenhauer, conclui seu raciocínio classificando os escritores em três modalidades:

Em primeiro lugar estão aqueles que escrevem sem pensar e sem planejar. Escrevem a partir da memória, das reminiscências, ou mesmo diretamente dos livros dos outros, em função do assunto (pensamento e experiências). Esta classe é a mais numerosa. Em segundo lugar, vêm aqueles que pensam enquanto escrevem. Ou seja, pensam escrevendo. São muito vulgares porque escrevem por escrever ou para informar sobre algo (por dinheiro). Em terceiro lugar, temos aqueles que pensaram antes de começar a escrever. Escrevem simplesmente porque pensaram e planejaram seus ensaios. Sendo esse último o mais raro e o mais valioso dos escritores.

Portanto, são poucos os escritores que pensam seriamente antes de começar a escrever. A maioria pensa simplesmente em acumular o maior número possível de livros publicados, sobre qualquer assunto. Necessitam do estímulo e ideias produzidas por outras pessoas para conseguirem pensar. São temas imediatos, desse modo, ficam constantemente sob a influência e, consequentemente, nunca alcançaram a verdadeira originalidade dos seus escritos. Contudo, aprendi muito sobre a arte da comunicação escrita e o estilo literário a ser seguido. Neste livro o filósofo alemão sutilmente faz uma denuncia, mostrando um dos mais recorrentes subterfúgios de escritores e pensadores, que é rebuscar o texto para fazê-lo aparentar ter estilo e conteúdo.

25 de setembro de 2020

PELOS CAMINHOS PERIPATÉTICO DE ARISTÓTELES

Toda aventura começa com um sonho. Posso dizer que minhas aventuras ao lalo dos meus filhos, foram recheadas de sonhos. Vivemos até onde foi possível e sonhamos até ao infinito. Era sagrado todos os domingos de manhã, irmos para a minha mãe em Rubião Junior, distrito de Botucatu SP, passar o dia com ela.

A maior alegria era sair para as caminhadas com os meus dois filhos: Eduardo Ju e Dani, pelas trilhas entre as árvores nativas a beira do riacho. Vale lembrar, que os meus filhos; o Ju tinha 8 anos e a Dani tinha 4 anos de idade. Eu nem sonhava em estudar filosofia e muito menos ser professor, mas, algo fazia eco nos meus passeios peripatético aos domingos. Havia um conhecimento empírico, nas caminhadas com os filhos.

Eramos peripatéticos e não fazia a menor ideia da existência dessa palavra e muito menos do seu significado. Só tomei contato com a palavra no curso de filosofia. No entanto, a escola peripatética foi um círculo filosófico na Grécia Antiga, que basicamente seguia os ensinamentos de Aristóteles (384-322 a.C.), que abriu a primeira escola filosófica no Liceu em Atenas. De modo que, “peripatético” é a palavra grega para “ambulante” ou “itinerante”. Peripatéticos eram os discípulos de Aristóteles, em razão do hábito do filósofo ensinar ao ar livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob as árvores do bosque que cercavam o Liceu.

Entretanto, numa dessas caminhadas peripatéticas, com os meus filhos, deparamos com uma árvore gigante e com uma casa de João de Barro em um dos galhos no alto. Expliquei ao meu filho que se tratava de uma araucária ou pinheiro, cujo nome científico é: “Araucária Angustifólia”. É uma árvore símbolo das matas do Paraná. A araucária é representada no brasão da bandeira paranaense, com um lindo galho do pinheiro, ou araucária.

Infelizmente esta árvore está acabando, porque a gralha-azul está em extinção e ela responde por mais da metade do plantio da araucária no estado do Paraná. Por obra da natureza a gralha-azul recolhe o fruto da pinha, come o que lhe basta e armazena a sobra para o verão. Ou seja, guarda os frutos enterrando-os em terreno favorável, após fazer com o bico, inconscientemente, um trabalho de escarificação da semente, favorecendo ainda mais o germinar.

Como a gralha-azul geralmente armazena mais do que pode comer ou como acreditam os pesquisadores, ela esquece onde enterrou os pinhões que acabam germinando e nascendo outra árvore gigante. São novos pinheiros saindo para a vida, para compensar e enfeitar à natureza. Dar sentido a vida é isso. É compreender as razões lógicas da natureza. No entanto, a beleza que vemos está além da nossa compreensão. E quando a compreendemos enaltecemos o que é belo.

Portanto, procurei passar para os meus filhos, através das nossas caminhadas peripatéticas pela natureza, o gosto e o prazer pela vida. Aprendemos que a natureza dá a cada época e estação, algumas belezas peculiares; e da manhã até a noite, como do berço ao túmulo, nada mais é que uma sucessão de mudanças tão gentis e suaves, que quase não conseguimos perceber os seus progressos. Aprendemos também, que quando as abelhas, borboletas e beija-flores colhem o néctar, os grãos de pólen ficam em seu corpo. Desse modo, o pólen contém células reprodutoras masculinas da planta. Pousando em outra flor, esses insetos deixam cair o pólen na parte feminina da planta. De modo que, conectar-se com a natureza é entrar em contato com o nosso “Eu superior”, é se aproximar da ligação com a nossa essência e sentir a energia da mãe Terra. 

22 de setembro de 2020

AS ÁRVORES SEMPRE ME ATRAÍRAM

Em homenagem ao dia da árvore (21/09), aproveito para falar um pouco da minha relação com essas plantinhas. Aprendi que proteger a árvore é valorizar a vida. Posso dizer que minha infância foi de muitas aventuras, pois nasci e cresci entre meio a natureza no quintal de casa, em íntima relação com as árvores frutíferas e dividindo as frutas com os passarinhos. A minha memória de criança feliz, porém sofrida, não poderia deixar de estar repleta de experiências gostosas as sombras de tantas árvores, entre elas algumas frutíferas. Como as mangueiras e jabuticabeiras. Por exemplo: chupar mangas e jabuticabas no pé, era a minha maior alegria, além dos balanços e as sombras paradisíacas.

Lembro-me como se fosse hoje, parecia que as árvores realmente precisavam das crianças, quando na verdade, elas realmente precisavam da nossa proteção sim. A primeira árvore que plantei na minha vida, foi no dia 21 de setembro de 1959, quanto eu contava com apenas 8 anos, sob o olhar e a orientação de Dona “Maria Dallaqua Borgatto” (in-memoriam), funcionária e nossa orientadora nos cuidados com as plantinhas do Grupo Escolar Prof. Gustavo Dias de Assunção, em Rubião Junior distrito de Botucatu SP, onde passei toda a minha infância e parte da juventude. Talvez é por isso que as árvores sempre me atraíram.

De modo que, fui marcado por um gosto especial pelas sombras das árvores, com frondes arredondadas, a variedade do seu verde, a sombra aconchegante, o cheiro das flores, os frutos, a ondulação dos galhos, mais intensa ou menos intensa em função da sua resistência ao vento. As boas vindas que suas sombras sempre nos davam, inclusive aos passarinhos de todas as cores e cantadores. Havia bichos de todas as espécies que visitavam e repousavam sobre suas sombras, assim como nos galhos.

Portanto, todos os anos o meu contado com o inverno lá em Rubião, a caminho da escola Prof. Gustavo Dias de Assunção, era marcado por manhãs de céu azul, de sol manso e de frio intenso, caminhando através das árvores nas trilhas, procurando o lado banhado pelo sol, de lábios ressecados de frio. Carregando um embornal de pano, levando ali um caderno, lápis, caneta e o lanche de pão com ovo. Além de levar uma coisa muito importante. O que toda criança leva para a escola é: “esperança” e “sonhos”. Porém, cabe a nós professores permitir que a criança continue a sonhar. Contudo, a árvore plantada por mim, no dia 21 de setembro de 1959. Na minha memória isso tem um significado de um sonho realizado, que as palavras não explicam. 

17 de setembro de 2020

CADA UM É SUA CÓPIA E SUA ESSÊNCIA

Segundo o filósofo grego Platão (427-347 a.C.), acreditava que o mundo que conhecemos não é o verdadeiro. Para ele a realidade não está no que podemos ver, tocar, ouvir e perceber. A verdade para Platão, é o que não se modifica nunca, o que é permanente, eterno, sempre será, por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar. Contudo, podemos afirmar que o amor é dos deuses. Quando se ama é na essência que o amor se faz encarnado.

Entretanto, para o filósofo pré-socrático Parmênides (530-460 a.C.), desde o nascimento até a morte somos únicos na essência. Mas como encontrar essa verdade? Platão argumenta que existe dois mundo: o primeiro é aquele que podemos perceber ao nosso redor, com os nossos cinco sentidos, que ele chama o mundo das aparências. Outro é o mundo das idéias, onde tudo é perfeito e imutável. Não podemos tocá-lo, porque ele não é concreto. Só o pensamento pode atingir essas ideias. Para entender melhor, precisamos conhecer a história que Platão criou para explicar a evolução do processo do conhecimento em: “O Mito da Caverna”.

Portanto, Platão acreditava que para atingir a verdade e o bem, precisamos nos libertar da sedução dos sentidos. O prazer de olhar e desejar, o prazer de comprar. Hoje com a modernidade liquida estudada por Zygmunt Bauman (1925-2017), ao entrarmos num Shopping Center, podemos ficar hipnotizado pelas vitrines, pelas pessoas bonitas, que tem poder e status, ou por aqueles doces gostosos que tanto apreciamos. Na verdade, noventa e nove por cento do que existe nos Shopping não precisamos. Mas mesmo assim compramos, porque o consumo virou um suporte do exercício de poder. Se compro é porque posso, estou afirmando o meu poder perante o social.

13 de setembro de 2020

O AMOR EM VERSO E PROSA: UM ENSAIO FILOSÓFICO

Quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí a gênese do amor, somos tomados por uma ternura  que nos convida para uma fusão. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, da cabeça aos pés.

O amor a meu ver tem duas funções que quase se confundem, mas podemos descrevê-las como se realmente fossem duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou um caso amoroso.

Podemos dizer que toda vez que resistimos a uma fusão ou não permitimos essa atração, quase sempre usamos como pretexto a essa resistência, algum pretenso defeito da pessoa querida, coisa do tipo: “Ah se ela não fosse tão orgulhosa, se não fosse tão teimosa, confusa, fria, indiferente e cheia de preconceitos”. Estando implícito, que se o outro não fosse do jeito como o vejo, certamente o amaria mais, me daria mais. Estes defeitos funcionam como uma barreira existente entre ambos,  como se fosse algo isolante, muitas vezes repulsivo.

Juntamente com esse modo de perceber o outro e julgá-lo vai um desejo implícito, coisa do gênero, se ele se modificasse, deixasse de ser assim, certamente o amaria mais. Os defeitos meus e da outra pessoa nos separam, nos isolam, nos distanciam. É quando começamos a esbarrar nestas coisas que nos é dada a oportunidade de exercer ao máximo a arte de amar.

Quase sempre ouvimos frases feitas levianamente faladas no nosso dia a dia, que quem ama o outro tem de amá-lo por inteiro, como ele realmente é, com suas qualidades e defeitos. Só que as pessoas não juntam as ideias. Dito de outro modo, vai pouco a pouco percebendo o modo de ser do outro, de pensar, de agir que nem sempre nos é conveniente. É aonde o encantamento vai aos poucos acabando. Então, aceitar os defeitos do outro é falso.  

Em nossa sociedade se admite, quase sem crítica, e com muita obscuridade, que as pessoas buscam acima de tudo o próprio interesse, são egoístas, amam muito a si mesmas. Ao percebemos prontamente o quanto é difícil e pesado o sermos nós mesmos, o quanto custa nos arrastarmos pela vida com este lastro de aspectos negativos, os quais, não obstante serem negativos são tão nossos, tão inerentes a nós, como nossas mais caras virtudes e aptidões.

Provavelmente o modo mais comum de negação de si mesmo resida justamente no desejo de fazer parte de um grupo ou tribo, de um partido ou de uma ideologia. Todavia, vivemos numa sociedade de renúncia que cada um faz de si mesmo. Quanto menos eu sou eu, mais sou ninguém diante de tantos outros ninguém. Onde se espera muita uniformidade de comportamento, sentimento ou pensamento, por simples descrição fica excluída toda individualidade.

O amor nos ensina que há infinito em nós, mas que não somos infinitos. Esse infinito faz parte da criatura humana, mas o meu "Eu" não é infinito. O amor capaz de nos ensinar estas duas lições é certamente um amor abençoado. Quando este amor, além de sentimento e compreensão se faz também contato como: aconchego, trocas calorosas, muita carícia e contato físico, podemos dizer que temos aqui um amor perfeito. Talvez por isso o amor seja triste. Ele nos acena, ele nos afirma e ele nos ensina que não há limites para vivermos essa realização plena e integral.

Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Tendo em vista que onde há amor há transformação. Onde não há transformação e nem crescimento, não podemos afirmar que exista amor.    

7 de setembro de 2020

NA ESPERA SOMOS ANDANTES DESTRAÍDOS

A espera se da na esquina dos nossos dias, como uma espera nutrida de loucura. Coisa que só no amor se configura, um misto de sustos, fomes e alegrias perenes. Esperar é mais do que uma simples espera. Inventamos uma chegada ornada de ousadias e olhos acesos de quem esperou. A arte que mora neste olhar, nos põe a esperar. Na espera, tal desprezo é a força desse amor que também sentes, que resultei bobo de amor, sem heroísmo, nada, apenas preso na espera que nos enlaça em suas correntes e alimenta de sonho o sonhador.

São muitas flores sobre o meu silêncio enquanto espero. Melhor apenas poucos girassóis enlouquecidos. E mais rouxinóis cantando sons de sol, de sal, de hortênsia, para alegrar a espera. Ainda melhor, se os teus despojos fossem plantados num trigal febril de paixão, nuvens e pássaros pelo alegre mês de abril que se despeja sobre os nossos olhos cheios de esperanças. Um dia voltarás trazendo estrelas de um céu pacífico e sem sofrimentos, banhado na brandura dos anjos.

Custou-me a compreender, assim como custou a enxergar o resplendor de humildade que andava por gestos tão nobre vindo da profundidade do coração de quem me tocava. Coração de cortinas delicadas, estatuetas, luzes muito mansas, jarra d’água e compêndios de alquimia. Vi muitos partindo desta vida e sobre mim desabou a confiança na espera. Vi o que sou. Um andante distraído, que sofre e não enxerga seu próprio sofrimento. Deixei escapar o brilho das almas de pessoas importantes que caminhavam ao meu lado.

Portanto, o dia de ontem foi esperança de hoje, como hoje é a esperança do amanhã. Mas esperança mesmo, é a certeza permanente em cada minuto, em cada hora de vida. É ainda o instante final que se extingue na morte. Pois, é triste perder pessoas queridas; porém mais triste ainda é acreditarmos que a centelha de vida do ser amado se extinguiu para sempre, que o pó retornou ao pó e que nada mais existe, a não ser a lembrança que habita o nosso ser. Contudo, continuo a esperar, por uma razão muito simples, porque sou fruto deste amor cósmico. Porém, a esperança por esta espera é o que tempera a minha fé.   

6 de setembro de 2020

SOLIDARIEDADE UNIVERSAL PELA VIDA NA TERRA

Vale lembrar, que palavra ecologia é derivada do grego oikos, que significa ”casa“ e, ”logos“ que significa estudo. Entretanto, juntando as duas palavras gregas e fazendo a tradução etimológica para o português que quer dizer: ”estudo da casa“. No sentido mais amplo, pode-se considerar o termo casa como todo o ambiente terrestre; a palavra ecologia, então passa, a se referir ao estudo do ambiente. Vamos então refletir sobre essa casa ambiental.

Todavia, nunca em nenhum momento da história, a questão ambiental esteve tão em evidência aos olhos da civilização humana, como está atualmente. O que justifica essa mudança tão repentina? Para uma espécie que, na sua relação com a terra, acostumou-se a retirar dela o que precisava para sua existência material, cultural e porque não dizer simbólica.

Será ética e verdadeira a nossa paixão pela terra, pelos outros seres vivos, incluindo nossos semelhantes? Na verdade, estamos falando de solidariedade universal, do respeito ilimitado a todo o organismo vivo que anima esse planeta. Existe de fato responsabilidade frente às consequências dos nossos atos e do cuidado que se caracteriza como uma relação amorosa, carinhosa, de ternura, bondade e amabilidade perante as coisas e as pessoas da nossa casa comum, que é esse planeta.

Na verdade, somos seres que vivem na pele dessa pérola chamada terra. Então, me intriga pensar nessa forma de amar a natureza. Seria, pois uma paixão e não um amor a terra, no qual o que está em questão é se estamos sendo prejudicados ou não nessa relação? Nosso eco paixão é um estado de satisfação individual? Na nossas almas, onde moraria esse amor à oikos, nossa casa terra? Vivemos humanamente na casa comum a todos? Parece que nosso discurso teórico está desconectado da pratica. Falamos mais do que fazemos.

Portanto, compaixão seria entender e dividir o sofrimento do outro. Estaríamos dispostos a ter compaixão pela terra que hoje está adoecida, pelos pobres, pelos miseráveis e famintos do mundo? Contudo, encerro essa reflexão, deixando o seguinte pensamento. Será que a forma de como nos relacionamos com a nossa casa, com nossa maneira de morar nela e de nos relacionarmos com os nossos semelhantes e seres de outras espécies, realmente está correta? Vamos juntos pensar nisso?  

5 de setembro de 2020

CONTINUA A CORRUPÇÃO E A DESTRUIÇÃO DO BRASIL

Acabei de ler um livro sobre como combater a corrupção sem destruir o país. O livro: “O Espetáculo da Corrupção”, cujo autor é o advogado e filósofo Walfrido Warde, que faz uma radiografia sobre os efeitos devastadores dos crimes de colarinho branco no Brasil e analisa os equívocos do sistema criado para enfrentar a roubalheira. Ele explica que não precisamos destruir o capitalismo brasileiro para combater a corrupção, não precisamos destruir as empresas para punir os empresários corruptos e tampouco precisamos destruir a política para prender os políticos corruptos.

De modo que é uma obra para corajosos: ao mesmo tempo contra a imoralidade e contra o moralismo barato. Nos últimos anos, a Lava Jato, segundo o autor, ruiu os pilares de uma política brasileira repleta de gangues, conchavos e relações pútridas com as principais e mais importantes organizações empresariais brasileiras, muitas delas com enorme capacidade de corromper agentes públicos. Na sua conclusão, parece um bom resultado, mas está longe disso. A Lava Jato e seus protagonistas acusaram, processaram e mandaram prender maus políticos e maus empresários, mas também arruinaram grandes empresas e, com isso, enfraqueceram mercados fundamentais para a economia brasileira.

Como ele afirma, “era ruim com as organizações empresariais criminosas. Ficou pior sem elas.” O livro aponta a direção para duas frentes. De um lado, mostra o quanto a corrupção deve ser combatida, pois é imoral e gera ineficiência e pobreza, ainda que não impeça o crescimento econômico. O modo que o Brasil escolheu para combater corrupção, porém, arrasou setores inteiros da economia – sem acabar com o problema.

Portanto, mais do que propor uma crítica à Lava Jato, Walfrido Warde apresenta soluções para que o processo de combate à corrupção se aperfeiçoe e possa superar os terríveis efeitos colaterais que produzEste livro: O Espetáculo da Corrupção é, portanto, uma expressão patriótica em prol da democracia, da justiça social, da dignidade e do desenvolvimento econômico e humano do Brasil.

3 de setembro de 2020

NAVEGAR É PRECISO, VIVER NÃO É PRECISO

Tem um poema de Fernando Pessoa (1888-1935), que fala de uma coisa que me intriga muito, que diz: “navegar é preciso, viver não é preciso”. Eu confesso que levei algum tempo para entender essa frase. Como assim navegar é preciso e viver não é preciso? Na verdade, Fernando Pessoa não estava falando exatamente, que viver não é preciso no sentido de necessidade, como navegar é necessário e viver é impreciso, não tem precisão. Já navegar necessita de conhecimento, de uma certa técnica. Para a vida não. De repente bate um vento do amor e muda toda a sua vida. E ganha outros rumos

Ao meu ver ainda hoje as pessoas interpretam errado essa frase de Fernando Pessoa. Como viver não é preciso, se não vivo, como vou navegar? De modo que, o preciso aqui é muito possivelmente no sentido de precisão, navegar é preciso viver não tem precisão, no sentido de exatidão, ao passo que navegar tem exatidão, segundo os instrumentos de navegação. Já a vida é imprecisa, no sentido de incerta. Pois, é certo que viver é impreciso, mas se você planejar a sua vida ela pode ser mais eficiente.

Portanto, estabeleça metas, planos, trace um objetivo para sua vida, olhar para o futuro e saber aonde quer chegar. Simples assim, onde estou, aonde quero estar e que caminho tenho que fazer para chegar lá. Uma vida bem planejada, passo a passo vai cumprindo com aquilo que planejou, contudo, vai evitando os emprevistos e obviamente vai gastar menos energia e se estressar menos. Neste caso o nível de energia, pode ser mais eficiente e o resultado pode chegar mais rápido. De modo que, viver é preciso desde que você se encontre no amor, que possui um futuro que ainda não existe dentro de você. Se cultivar um jardim, é preciso desde já gozar desse jardim, como se ele já estivesse aqui cultivado.


31 de agosto de 2020

SINTO QUE UMA PARTE DE NÓS É TODO MUNDO

Na luta diária somos levado a compreender, que o outro sempre tem razão. Inconscientemente surge uma sensação de tristeza, confusão e desespero, que toma conta do nosso ser, começa a crescer como um fungo irritante em nossa mente. Passamos a ser ríspidos com os outros. Perdemos a parte da cabeça que nos faz negar os fatos durante grande parte da nossa vida. É o que chamam de insanidade temporária. Aquela parte de nós que continua a se preocupar, que vive na dúvida, que é cheia de receios, que julgam os outros que tem medo de confiar, que precisa de provas, que acredita apenas quando lhe convém, que não consegue dar continuação às coisas, que se recusa a praticar o que prega e que precisa ser salvo, que quer ser vítima, que dá verdadeiras surras no “Eu interior”, que precisa estar certo o tempo todo e que insiste em se agarrar àquilo que não funciona. Esta é a outra parte de nós.

Estranho seria olhar para essa parte nossa, que se apresenta e não reconhecer que é neste coração, nesta vida, que habita a melhor parte de nós. Sendo que uma parte de nós é todo mundo; a outra parte é ninguém, pelo menos que o conhecemos. Há uma outra parte que anda por aí entre a multidão. Que se revela estranha para nós e que a chamamos de solidão. A parte nossa que se apresenta, pesa, pondera, enquanto a outra parte delira e se espanta com a nossa reação. Às vezes somos permanentes e a outra parte de nós nos surpreende de repente. Somos vertigem enquanto a outra parte é linguagem. Como diz o poeta e ensaísta brasileiro Ferreira Gullar (1930-2016): “Traduzir-se uma parte na outra parte, que é uma questão de vida ou morte, será arte?”. A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

Portanto, com o tempo, nós percebemos que para ser feliz com outra pessoa, precisamos em primeiro lugar, não precisar dela. Percebemos também que aquele alguém que amamos pode ser definitivamente a pessoa da nossa vida. Porque só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. A capacidade de sentir amor é que faz a pessoa melhorar como ser humano. Tem coisas que atravancam a nossa vida e aquela parte de nós consegue superar aquele desencontro. Só o amor nos liberta e nos torna mais humano. O segredo é não correr atrás das borboletas e sim cuidar do jardim, para que elas venham até nós. Enfim, essa parte de nós vai achar, não quem estamos procurando, mas quem está nos procurando. Aquela parte de nós sabe onde encontrar a parte que nos completa. Abram-se, algo muito maior do que pensam está acontecendo em nós.  

29 de agosto de 2020

PROFESSOR DEIXOU DE SER O CENTRO DO SABER

Gosto de brincar com as palavras, fazer trocadilhos, ainda mais com o advento da internet. Como dizia Rubem Alves (1933-2014): “ler é fazer amor com as palavras”. De modo que, tudo  isto torna a produção literária mais atraente e divertida. Tendo em vista, que a tecnologia e a internet tem contribuído muito para que o conhecimento não fique somente guardado nas estantes das bibliotecas. Por outro lado, esse saber à nossa disposição não terá utilidade se não soubermos como acessá-lo. Desenvolver as habilidades de pesquisa nos alunos é um dos grandes desafios do professor, atualmente.

A internet tem mudado bastante a forma como nos relacionamos com o conhecimento, principalmente, no âmbito escolar. O professor deixou de ser visto como o centro do saber para ser aquele que articula os saberes, fazendo com que o aluno relacione fatos e consiga construir sua opinião através do senso crítico. O educador deve ser aquele que está disposto a ajudar o aluno a trabalhar em grupos e a construir seus próprios conhecimentos. Segundo o pesquisador, biólogo e psicólogo Jean Piaget (1896-1980), diz: "só conseguirá dizer e passar com simplicidade e clareza uma ideia, quem entendeu suficientemente bem essa ideia".

Diante dessa nova realidade, faz-se cada vez mais necessário a busca por capacitação e aperfeiçoamentos para que nos apropriemos cada vez mais do mundo digital e, consequentemente, para que o aprendizado através dessa ferramenta tecnológica de informação e comunicação seja efetivo e traga bons resultados para o âmbito escolar. A conexão com os acontecimentos contribui muito para o aprendizado, pois através de um simples clique podemos saber o que acontece no mundo, isso tudo em fração de segundos.

Portanto, a internet é um vasto mundo, tem tanto conteúdo bons como ruins. Este mundo virtual tem muito de perigoso e nefasto para os jovens. E ainda tem alguns pais irresponsáveis que largam seus filhos o dia todo na internet. Isto só acontece porque os responsáveis por essas crianças e jovens, nutri a falsa crença de que só por estar em casa, fechado no seu quarto enfrente a um computador, os filhos estão seguros e protegido. Na verdade, é uma ideia equivocada dos pais.

27 de agosto de 2020

ACREDITO SER A NATUREZA, NOSSA MAIOR PEDAGOGA

Minha convivência com a natureza trouxe-me outra realidade, que passei a vivenciar com profundidade, ou seja, enxergar a natureza como a maior pedagogia da vida, por ser ela tão sábia. A natureza tem muito a nos ensinar. Veja neste poema o quanto de belo é o nosso contato com a natureza: “Da minha aldeia vejo o quanto da terra se pode ver no universo. Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer, porque sou do tamanho do que vejo, não do tamanho da minha altura. Nas cidades a vida é mais pequena que na minha casa no cimo deste outeiro. Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave. Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu. Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar e tornam-nos pobres, porque a única riqueza é ver.” (extraído do poema “O Guardador de Rebanhos” de Alberto Caeiro).

O Guardador de Rebanhos” é uma obra composta de 49 poemas ou partes, que começaram a ser datados em 08 de março de 1914. O livro é assinado por Alberto Caeiro, um dos “heterônimos” do poeta Fernando Pessoa (1888-1935). (heterônimo é um personagem fictício criado pelo escritor com caráter próprio). Alberto Caeiro possui a mansidão e a sabedoria que nos comove. Aproxima-se da postura do Zen Budismo. Para Caeiro, o importante é ver e ouvir: “A sensação é tudo, e o pensamento é uma doença”. No entanto, dizia Caeiro no poema O Guardador de Rebanhos: “nunca guardei rebanhos, mas é como se os guardasse. Minha alma é como um pastor. Conhece o vento e o sol e anda pela mão das estações a seguir e a olhar. Toda a paz da natureza sem gente”.

Portanto, como apreciador da natureza que sou, faço-lhe o seguinte convite: “vem sentar-se ao meu lado nessa viagem imaginária, como nas caminhadas peripatéticas e longas conversas pelos bosques fecundos das abelhas”. “Venha ver comigo o findar do pôr do solSaiba que minha alma é seu pastor”. Olhando para o meu rebanho e ouvindo as minhas ideias, sem pestanejar aparece um turbilhão de pensamentos. Sou impulsionado imperativamente por esse sentimento que não sei explicar. Já não sei mais andar a sós por este caminho. Contudo, aprendi que o amor é aquele companheiro que gosta de conversar. Como ensinou-me o poeta: “toda a realidade olha para mim como um girassol e o meu rosto no meio”. Aqui o tempo não existe, o espaço é transformado pela nossa experiência, assim como o espaço transforma a nossa experiência. Nós não habitamos o nosso corpo, nós somos o nosso corpo. Acredito ser a natureza, nossa maior pedagoga. Com ela aprendemos e tecemos esse emaranhado, que é a teia vida.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...