31 de dezembro de 2020

ADEUS 2020 E LEVA CONTIGO A NOSSA DOR

Este ano de 2020 já na fase terminal, foi muito doloroso para nós. Vi pessoas morrendo por coisas que não deveriam morrer. O poder embriaga as pessoas. Não quero ficar embriagado, quero estar lúcido. Ouvi políticos fazer comentários pejorativos e demonstrando insensibilidade com o povo, tratando-os como se não tivesse valor. O “e daí” ou “todo mundo morre um dia” nos leva a consequências mais profundas, como o individualismo arraigado nas culturas atuais e o secularismo, fruto de um relativismo religioso em que se acredita no que convém, ou mesmo, em preocupações efêmeras, colocando como prioridades a economia e a política, que sobrepõe os valores essenciais da vida humana.

O filósofo francês Luc Ferry (1951), em seu livro “Revolução do Amor”, ao analisar as características do tempo presente, nos alerta que, os únicos seres pelos quais agora estaríamos dispostos a arriscar nossa existência, são os seres humanos, não os ideais políticos e econômicos, junto com os processos de globalização. Declarações como estas não levam em conta o que está por trás da vida humana, a sua existência, história e sonhos, sepultados juntos com o “e daí”, ou “tudo mundo morre um dia”, sem o devido valor de suas identidades e seus rostos sofridos lutando com um inimigo desconhecido.

Como bem disse um amigo, padre e doutor em teologia Gilberto Aurélio Bordini: “a igreja também em sua história se pronunciou muitas vezes sobre esta dignidade da vida humana, nos documentos papais e da congregação para a doutrina da fé, afirmando no documento “Dignitas Personae” que todo ser humano, desde a concepção até a morte natural, deve reconhecer a dignidade da pessoa, sua linhagem e não somente tratá-la com descaso, depreciação, já que a vida está muito acima dessas palavras vazias e sem sentido”.

Portanto, o que nos enche de esperança são figuras como o Papa Francisco que em todos os  seus pronunciamentos não deixa de agradecer aos profissionais da saúde, “médicos e enfermeiros”, que correm riscos e são poucos valorizados, que lutam e valorizam esta vida muitas vezes descartada por quem tem a obrigação de fazer alguma coisa em prol das pessoas fragilizadas, vulneráveis, que lutam para sobreviver neste mundo de injustiças. Por isto, não é por palavras como “e daí” ou “todo mundo morre um dia” que deixaremos de valorizar o que nos foi dado como fruto do amor, “a vida”. Contudo, a minha relação com o poder é apenas o poder das palavras, esse é o único poder que exerço. Que 2021 seja um ano de luz para o: Legislativo, Executivo e Judiciário. Diante do que foi 2020, é o que tenho a dizer para 2021.

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