31 de dezembro de 2022

QUE 2023 SEJA UM CONTINUO SIM, NUMA VIDA CONSCIENTE

Boa noite Pai, já está terminando mais um ano e agradeço pela vida que me confiou até hoje. Nesse momento recolho para o meu descanso merecido, e aproveitar para pensar sobre tudo o que vivi nesse ano de 2022. Após essa noite despontará a alvorada de um novo dia que iluminará os nossos caminhos em 2023. Por conseguinte, quero dar um sentido ainda maior para a minha existência nesse ano que começa.

Obrigado Pai por tudo, obrigado pela esperança que nesse ano animou os meus passos, pela alegria que senti ao lado de pessoas queridas que conheci e hoje fazem parte do meu circulo de amizade. Obrigado pela alegria que vi no rosto das crianças, apesar de toda a dor que senti e as vezes sinto, por saber que crianças morrem de fome em nosso pais. Mesmo assim obrigado Pai, pela esperança que tenho de um mundo melhor em 2023.

Obrigado pelo exemplo que recebi dos outros, pelo que aprendi aos meus setenta anos de vida, embora tenha muito que aprender ainda, obrigado também por tudo que sofri e ainda sofro por ter compaixão pelos mais necessitados incluindo os idosos. Pois, sonho com dias melhores para todos nós.

Obrigado Pai pelo dom de amar, mesmo sem ser compreendido. Obrigado pela luz, pela noite, pela brisa que sopra o meu rosto, pela comida em minha mesa. Obrigado Pai por permitir-me viver após uma cirurgia para extrair um câncer agora no final de 2022, como também pelo meu esforço e desejo de superação, pois quero ser a cada dia mais humano, nesse projeto de vida que o Senhor me confiou.

Pai desculpe o meu rosto carrancudo e às vezes agressivo. Desculpe ter esquecido que não sou o filho único, mas irmão de muitos. Perdoa a minha falta de colaboração, a ausência do espírito de servir. Perdoa-me também por não ter evitado aquela lágrima, aquele desgosto que lhe dei quando ignorei aquela pessoa. Perdoa-me por ter ofendido e magoado justamente aquela mulher que me criou e me educou e na sua simplicidade me ensinou a “essência do amor”. Foi a partir dela que descobri e conheci o valor do respeito e da compaixão. Minha saudosa mãe; devo a senhora toda a minha gratidão.

Desculpa ter aprisionado em mim aquela mensagem de amor. Contudo, estou pedindo força, energia para os meus propósitos, no ano que está nascendo, a nossa vida continua e só a morte pode cessar. Em quanto isto, espero que neste novo ano que está surgindo, domine um novo sentimento em cada coração, desses seres que compõem a humanidade. E que a cada novo dia seja um continuo sim, numa vida consciente.

Portanto, peço a Deus que me conceda “serenidade e sabedoria” para que eu possa viver na plenitude do amor, pois para quem não sabe o amor só sobrevive sustentado por esses dois grandes pilares. Serenidade para aceitar o outro com seus defeitos, medos e duvidas, procurando sempre compreendê-lo e ajudá-lo. Sabedoria para perceber essas diferenças e saber minimizar os conflitos que existe entre ambos e assim abrandar a ansiedade e viverem plenamente no amor, que é o desejo de todos os mortais.

11 de dezembro de 2022

HONESTIDADE É UM PRESENTE CARO

Você tem uma coisa que é a dificuldade de falar a verdade. “Honestidade é um presente caro e não espere isso de pessoas baratas” (Warren Buffet). Essa frase é maravilhosa. É interessante que honestidade tem muito a ver com sinceridade. Sinceridade é sem cera, quer dizer sem máscara. Só uma pessoa sincera pode ser honesta?

Então eu diria que a sinceridade tem mais a ver com você não mentir para você e para o outro. E a honestidade é agir com essa sinceridade. É a ação para a sinceridade. Essa dificuldade que você tem de falar a verdade é muito ruim. Porque enfraquece o relacionamento e mina a confiança. Além de fazer com que a relação não possa evoluir.

E a gente nunca sabe se você está falando de verdade ou não. Eu acho que as pessoas honestas, elas tem muito mais chance de ser feliz. Porque, falando a verdade, você pode receber com mais facilidade aquilo que você quer do outro. Uma pessoa honesta ela tende a atrair pessoas honestas ao seu lado. Toda a verdade pode ser dita, mas tem que ser dita com afetividade.

A gente tem que habituar a falar a verdade. Falar a verdade de forma doce, de forma a contribuir para o crescimento do outro e para o nosso também, porque se você fala a verdade você também está entrando em contato com a sua essência. Você está sendo franco com você mesmo e podendo produzir um comportamento mais generoso para com o outro.

Falar a verdade é um compromisso que a gente tem. Eu diria até transcendente, está ligado à nossa dimensão espiritual, não está ligado a uma dimensão só terrena. Então eu acho que temos que aprender a ser mais sinceros, a ser mais honestos e fazer isso de maneira efetiva. Portanto, sou absolutamente sincero com as pessoas e ajo honestamente. E é bom ser assim. É como caminhar com os pés fincados no chão. Quem não se envolve com a verdade, não se desenvolve de verdade!

29 de novembro de 2022

COMO IDENTIFICAR UMA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

Existem pessoas que gostam de ser o centro das atenções, que gostam de estar rodeadas de amigos e se sentirem admiradas pelos outros. Isso não necessariamente é um problema, mas existem casos em que esse gosto por se destacar se torna uma necessidade, o que pode ser bem preocupante. Trata-se do transtorno de personalidade histriônica (TPH), caracterizado por essa necessidade de chamar a atenção, frequentemente acompanhada de um forte apelo sexual, e uma emocionalidade exagerada e difusa.

Pessoas que sofrem desse transtorno geralmente dão muita ênfase à sua aparência, vestindo-se de forma provocativa ou sedutora. São pessoas altamente sugestionáveis que, não raramente, agem de forma submissa com a finalidade de chamar a atenção.

O transtorno pode causar muito sofrimento para quem é acometido por ele, pois facilmente a pessoa se torna emocionalmente dependente dos outros, chegando a desenvolver estratégias de manipulação e chantagem emocional para manter os outros interessados. Além disso, os comportamentos sedutores não se restringem apenas aos interesses amorosos, acontecendo também em contextos inadequados, como no trabalho, durante atividades ocupacionais, entre outros.

Na fala, pessoas com esse transtorno costumam dramatizar bastante, contando histórias impressionistas que podem faltar em detalhes, dando opiniões sem conseguir embasá-las. Em situações sociais, podem ser facilmente vistos como a “alma da festa”. Demonstram suas emoções de maneira dramática e exagerada, mas também parecem “ligar e desligar” as emoções rapidamente, como se nada tivesse acontecido.

Em geral, esses comportamentos se tornam aparentes no início da vida adulta. Estudos epidemiológicos apontam que o transtorno atinge menos de 2% da população e sugerem que é mais comum em mulheres. Contudo, há chances de atingir homens em igual proporção, mas são poucos os que procuram ajuda por isso.

13 de novembro de 2022

AMAR E COMPARTILHAR O QUE TEMOS DE MAIS ÍNTIMOS

Às vezes a gente pensa que gosta de alguém, só porque aquela pessoa entende a gente. Na verdade, o que mais queremos naquele momento é ser compreendido por alguém. Postulamos essa premissa e misturamos tudo, confundindo amor com carência.

Somos invadidos por uma sensação de vazio e solidão que ocupa profundamente o nosso coração de tal forma e com tal intensidade que perdemos a referência dos nossos mais obscuros sentimentos. No entanto, chegamos a pensar que, realmente, seja mesmo o cupido que nos flechou (da mitologia grega), no momento em que alguém sorri para nós.

Por ser a nossa mente seletiva, e para minimizar os nossos conflitos e neuroses, prontamente criamos fantasias e com isso misturamos os sentimentos, que nos confunde completamente. Para não embarcar nesta loucura, precisamos urgentemente criar um antídoto e desfazer o engano, antes de nos envolver, achando que o amor está batendo a nossa porta.

O primeiro passo é resgatar a nossa dignidade. Palavrinha muito falada e pouco experimentada, que tem a ver com honra, respeito e amor próprio. Para descobrir o amor no outro só é possível através da dignidade, que é a nossa maior autoridade para viver o amor. Um amor digno. Importante não confundir “amor próprio” com narcisismo, que é outra coisa completamente diferente. Assim como a palavra “dignidade”, nada mais é do que uma qualidade moral que infunde respeito entre o sujeito e sua relação com o meio.

Todavia, a dignidade é o antídoto para esse engano. Esta palavra tem tudo a ver com valores e princípios morais, respeito pelos seres viventes. Como seria doce viver se a contenção exterior representasse sempre a imagem da disposição do nosso coração. No entanto, vivemos num mundo dividido e marcado pela intolerância e pela violência. O ser humano está perdido na massa de cultura inferior, abandonado na sua solidão e, ao mesmo tempo, tomado por uma esperança.

9 de novembro de 2022

UMA RAJADA DE OFENSAS PODE MATAR UM AMOR

Os relacionamentos chegam ao fim por diversos motivos. Alguns por excesso de ciúmes, outros por exagerados cuidados, outros por falta de respeito, mas, dificilmente acabam por falta de amor. Talvez eu esteja entre uma pequena parcela da população, que ainda acredita no amor. Muitas vezes abandonamos uma pessoa, ainda sentindo muito amor por ela. Mas, a nossa relação sofreu tantos maus tratos, que não há mais como continuar. As relações são afetadas pela maneira como o outro nos trata, seja de uma forma boa ou ruim. Se bem cuidado, o amor dura uma vida, se maltratado dura semanas.

Porém, é interessante comparar do inicio ao fim do relacionamento. No começo as pessoas são gentis, educadas e se mostram preocupadas com o outro. Deixam até aquela sensação de eternidade na história de amor que estão começando a viver. Mas, na primeira briga, desrespeitam o companheiro de forma cruel, como se não tivesse nenhum sentimento entre eles. Em algum momento a sociedade pregou que basta amar para uma relação durar. E muita gente boa acreditou nisso. E o cuidado com o outro? E o afeto e o respeito, não precisam? Ou engole tudo isso com gelo? A verdade é que as pessoas perderam o respeito pelos outros e, no calor das emoções, usam as ofensas como quem usa uma metralhadora com a intenção de matar.

No entanto, conforme a rajada pode ser fatal e levar esse amor ao óbito. Mata o respeito, mata a confiança e principalmente a vontade de continuar. A pouco tempo li um livro interessar que tem tudo a ver com o tema tratado, cujo título é: “O Lobo da Estepe”, do escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962), Prêmio Nobel de Literatura em 1946. Ele conta a história de um intelectual cinquentão vivendo em plena desvairada década de 1920 que, após abandonar a regrada vida burguesa, se entrega à dissipação da vida boêmia dos bares, dos salões de dança onde aprende o jazz das elegantes cortesãs.

Através dessa leitura e com a minha experiência, consegui entender o que acontece na alma humana diante dos conflitos e como podemos lidar com eles. Segundo o próprio Hesse: “o livro trata, sem dúvida, de sofrimentos e necessidades, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê no amor”. Nesse livro, em certo momento da narrativa, Hesse apresenta o conflito do homem entre a vontade de viver e de morrer, já que a segunda atitude parecia ser a solução de todos os problemas: “apesar de nunca querer morrer de verdade, sonhava com a morte do sofrimento”. Queria matar aquilo que doía: o remorso, o medo da solidão, uma saudade de quem partiu para sempre. Vale lembrar, que saudade é amar o passado que nos machuca.

Portanto, alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem sirvam de reportagem para os noticiários sensacionalistas, deixam marcas profundas na alma das pessoas amadas. Entenda, de uma vez por todas, que ciúme doentio não é manifestação de amor, que onde prevalece à dor e a humilhação, não pode haver relacionamento saudável. Podemos ter a infelicidade de ser vítima da primeira ofensa ou da primeira agressão, mas não precisamos aceitar a segunda. Respeite-se e não precisará exigir isso dos outros. Lembre-se que violência começa com o desrespeito e, desrespeito, começa com a nossa aceitação. Contudo, todas as pessoas são merecedoras de respeito e consideração. Tendo em vista, que a felicidade só aparece para aquele que sofre, que se machuca na vida e que mesmo assim, busca e tenta sempre, trilhar o caminho do bem.

6 de novembro de 2022

INVARIAVELMENTE A LEITURA NOS RENOVA

Abro esta reflexão com uma frase do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), que diz: “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Ler para mim é como respirar. Tanto é verdade, que as pessoas mais próximas e especiais da minha vida, sempre indico uma leitura ou presenteio com um livro meu. A síntese de todo escritor está na frase do poeta brasileiro Castro Alves (1847-1871): “Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar”. Até porque, a gênese da filosofia é antes de tudo, pensar a vida.

Ao ler descobrimos um mundo novo, rico de coisas desconhecidas. O hábito de ler deve ser estimulado desde a mais tenra idade, pois é na infância que o ser humano compreende que ler é algo importante e prazeroso. Despertado o hábito, certamente será um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Saber ler e compreender o que os outros dizem nos torna racionais. É a leitura que possibilita a capacidade de interpretar, tornando o leitor mais informado e crítico.

É a forma mais antiga e a mais eficiente até hoje, de adquirir conhecimento. Ler revistas, sites, gibis, livros de romance, entre outras leituras de entretenimento, é tão eficaz quanto ler um livro técnico. A diferença é que ler algo técnico oferece conhecimento especificamente sobre aquele determinado assunto, enquanto leituras diversificadas estimulam o raciocínio e melhoram o vocabulário.

É a mais pura verdade o dito: “somente escreve bem quem lê muito”. Quem tem esse hábito conversa fluentemente sobre qualquer assunto e consegue formar opiniões bem fundamentadas. A leitura é um hábito que só traz benefícios para a nossa vida. Através dos sentimentos, quando olhado com o coração, é que está o poder da transformação do conhecimento que nos faz sábio. Só assim encontraremos a paz e viveremos em harmonia com o nosso corpo e nossa alma.

Encerro essa reflexão citando o filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014) que diz: “há um tipo de educação que tem por objetivo produzir conhecimentos para transformar o mundo, interferir no mundo, que é a educação científica e técnica. Mas há uma educação – e é isso o que chamo realmente de educação – cujo objetivo não é fazer nenhuma transformação no mundo, e sim transformar as pessoas”. Sobretudo, por ser a leitura o alimento da alma. Ser sábio é sentir com o coração o que a razão explica com sabedoria.

2 de novembro de 2022

A MORTE É TUDO AQUILO QUE NÃO TEMOS MAIS

Entendemos como morte tudo aquilo que não temos mais. A morte que para nós existe visível é a do outro que já não existe mais. Penso que se fossemos Brás Cuba, aquele do romance escrito por Machado de Assis (1839-1908), com certeza este trabalho de nossas Memórias Póstumas, talvez pudéssemos adiantar algo de concreto sobre a morte, por isso somos eternos inconformados, pois, o que nós não podemos conceber é não ter memória da nossa morte. Passamos a vida inteira morrendo aos pouco e, quando a morte vem nos buscar, não podemos assisti-la.

A morte está onde menos esperamos que ela estivesse. Tanto naquelas fotos que guardo dos meus filhos quando eles tinham aproximadamente entre três e quatro anos de idade, como naquela música da época que nos traz lindas recordações de momentos que vivemos, que a morte levou e nos deixou saudades. Como diz a música de Nelson Cavaquinho e Jair Costa, “Eu e as Flores”: Quando eu passo perto das flores quase elas dizem assim: Vai, que amanhã enfeitarei o seu fim. Entretanto, ao olhar hoje para as fotos dos meus filhos quando eram pequenos, sinto um aperto no coração e prontamente sou tomado por um saudosismo incomensurável, sinto que aquelas crianças da foto não existem mais, como jamais voltarão a existir. É aqui onde mora a nossa saudade e as lembranças vivas daquilo que já morreu.

Como argumenta o escritor irlandês James Joyce (1882-1941): “A nossa história é um pesadelo do qual estamos tentando acordar”. O final das coisas é sempre doloroso para quem fica. Sinto que a dor faz parte do simples fato de que o mundo existe. A dor é o preço que pagamos por estar vivos. Para o filósofo Karl Marx (1818-1883): “a alienação cria o descompasso entre a nossa existência e a nossa essência. Não vivemos o que somos e nem podemos ser o que gostaríamos de viver”. Entretanto, a meu ver essa adequação entre a essência e a existência, está a nossa santidade. Contudo, a dor pelos vivos às vezes dói muito mais e arranca de nós um pedaço, ou seja, a metade adorada e querida de nós que vai junto com aquele que amamos.

28 de outubro de 2022

VALE A PENA INVESTIR EM AMORES PELA METADE?

O amor é complicado, especialmente quando estamos presos a tantas expectativas de “o que deveria ser”. Filmes e livros românticos nos deram a ideia de que o amor é apenas grandes faíscas e borboletas no estômago, quando na vida real é preciso muito trabalho para fazer as coisas funcionarem.

Todos nós nos apaixonamos à primeira vista e acreditamos que essa pessoa é aquela com quem teremos nosso “felizes para sempre”. Vale a pena sonhar e talvez haja alguns para quem o conto de fadas foi cumprido ao pé da letra, mas o que acontece quando não é? Isso pode ser muito comum antes dos 25 anos, mas quando você chega aos 35 anos, as coisas mudam. No entanto, é quando você se torna mais consciente do que deseja.

Aos 35 anos, os relacionamentos românticos e de amizade assumem um significado completamente diferente. Não se trata mais de estar com alguém porque “há química”, mas porquê se complementam e se ajudam a construir um futuro para ambos. O medo sempre estará presente, principalmente quando já passamos por muitas decepções. Mas temos a certeza de uma coisa, é que não vale a pena investir tempo e energia em amores pela metade.

Não importa quanto tempo tenha passado, se você não tem alguém ainda, deve saber de uma coisa: você merece o amor mais bonito e isso começa com você mesmo. O amor atrai amor, mas primeiro você deve senti-lo em relação a si mesma. Pare de forçar as coisas, se contentando com alguém que não está disposto a investir o tempo que você investe. Não se apegue ao que não quer ficar. Lembre-se que o amor verdadeiro se constrói a cada dia e acontece quando duas pessoas aprendem a dar as mãos para caminharem juntas lado a lado.

26 de outubro de 2022

UM TEXTO FORA DO CONTEXTO, VIRA PRETEXTO

Sabe qual o grande problema quando nós não estamos nessa luta pessoal para resolver os problemas da nossa vida intima, o mais grave é que não resolvemos. Não resolvemos porque nós não explicitamos a Deus nas nossas orações, aquilo que verdadeiramente precisamos. A nossa realidade, a nossa vida em geral, seja lá o que for, ela nunca é aquilo que a gente vê ou mostra. Perdemos com facilidade a admiração pelos humanos e, contudo, o amor cai junto. Quando olhamos para o outro, sempre olhamos com os olhos que fomos treinados para ver. O segredo é treinar o coração para ver e enxergar. No livro “O Pequeno Príncipe” diz a raposa: “só se vê bem com o coração”. E sabe por quê? Porque o essencial é invisível aos olhos.

O que significa que a raposa ao dizer para o pequeno príncipe, que só se vê bem com o coração ela estava dizendo que os olhos vêem a realidade do mundo das aparências e não dos fatos. Nunca olhamos para as pessoas, e quando olhamos não as enxergamos e sim projetamos nela as nossas fraquezas e frustrações. E quando a vemos projetamos as coisas negativas do nosso passado, da nossa história de vida. De modo que a luta pessoal para resolver os problemas da vida intima, exige muita paciência, perseverança, persistência, é um cair e levantar constante, sem desistir. Só os covardes desistem, para tudo sempre tem uma saída jeitosa. Neste caso o amor é mais falado do que vivido e por isso vivemos um momento de secreta angústia.

Enquanto não enxergarmos aquilo que é, somos um cego diante da vida. Um texto fora do contexto, vira pretexto. Somos treinados a olhar para as pessoas e isolamos o momento, fechamos a lente e não concentramos na visão do nosso coração. Contudo, estamos todos numa solidão e ao mesmo tempo cercados por uma multidão. A pessoa não é aquilo que gostamos, então levamos essa imagem para os outros (fulano não vale nada, é um canalha mentiroso, um insensível desalmado). Se quiser enxergar uma pessoa como realmente ela é se afaste um pouco e a visualiza de fora, procurando ver e analisar o contexto dela. Pessoas pessimistas só deturpam a realidade dos fatos. De modo que vivemos uma sociedade desfigurada, fragmentada com grande necessidade de fé em Deus. Só um milagre pode provocar uma grande mudança coletiva dos humanos.

Portanto, o milagre precisa acontecer dentro do coração de cada um de nós. Só para usar uma linguagem platônica, tudo que existe de concreto na vida, começou primeiro no mundo das ideias. Porém, antes de existir na nossa cabeça, já era gestado no nosso coração. No entanto, não experimentamos milagres fora, porque não pensamos em milagres dentro, no coração. Pior, pensamos em desgraça, pensamos mal do outro, pensamos que nada vai dar certo, que tudo vai dar errado e ficamos jogando a culpa nos outros, no governo, no mundo, etc. Ninguém é culpado pelo mal que você está vivendo. Pare de culpar pessoas, pare de culpar seu passado. Comece a pensar num milagre, mas para pensar num milagre gesta primeiro o milagre no seu coração. O grande milagre foi quando aqui chegamos, geramos e transformamos vidas. Isto é milagre, pois aprendemos a enxergar com o coração o amor que ainda não conhecíamos. Aprendi com a vida, que para amar é necessário reconhecer que temos necessidade do outro.   

23 de outubro de 2022

O AMOR NÃO SUPORTA DISTÂNCIA E NEM INDIFERENÇA

A dor é tanta que a procura das palavras se transformam num peso enorme. Empurro as palavras como quem empurra blocos de granito. Gostaria mesmo é de ficar quieto, não dizer nada, não escrever nada. Sei que minhas palavras são inúteis. A morte do amor faz com que tudo seja inútil.  

Olho em volta as coisa que amo, os objetos que me davam alegria, as plantas, os rios, pássaros cantando e voando livremente. Hoje rego as plantas por obrigação. O dever me empurra: elas precisam de mim. E esse amor por onde andas? Será que ele esqueceu que clamo por ele todas os dias? Está tudo cinzento, sem brilho, sem cor e sem gosto. Nem o vinho que gosto bebo mais!

Recordo-me das palavras de Cecília Meireles. Palavras que, acredito, foram escritas muito antes desse amor nascer, antes que esse amor já tivesse transformado em beleza, por ser um amor proibido, está longe do meu alcance: “Eu não tinha este rosto de hoje. Assim calmo, assim triste, assim magro. Nem estes olhos tão vazios. Nem o lábio amargo. Eu não dei por esta mudança. Tão simples, tão certa, tão fácil: Em que espelho ficou perdida a minha face”?

18 de outubro de 2022

SEMPRE HÁ QUEM QUEIRA O QUE O OUTRO DESPREZA

Para o filósofo e educador Marcel Camargo: "sempre vai existir alguém que queira o que o outro despreza. Se alguém não cuidar, outra pessoa vai. Se alguém não valorizar, outra pessoa vai. Entende uma coisa, sempre vai existir alguém disposto a fazer o que outra pessoa não faz".

Muitas vezes as pessoas vão perdendo alguém aos poucos, uma vez que estão por perto, mas, na verdade, nunca estão realmente com essa pessoa. Ninguém suporta por muito tempo ficar perto de alguém que não se importa consigo e nem retribui o carinho de alguém que não oferece apoio e nem permanece inteiro, em nenhum momento dos dias, como se tudo fosse mais importante do que a pessoa que está e sempre esteve ali ao seu lado.

Cabe, portanto, a nós mesmos perceber quando ali nada mais faz sentido, cabe a nós mesmos perceber que é um suicídio lento e gradual permanecer junto de quem não se esforça para reconhecer a nossa dedicação e nem aquilo que fazemos pela pessoa. Amar alguém sem ter amor-próprio nunca dá certo, pois assim sempre haverá alguém dando sem receber.

É preciso não nos esquecermos de que podemos sempre recomeçar, inclusive longe de quem tanto nos parecia vital, de quem parecia ser indispensável, longe daquele ambiente sufocante que achávamos insubstituível. Não se trata de ser um desistente, trata-se de sobrevivência, do corpo e da alma.

Acreditar que seremos o suficiente para alguém, que merecemos retorno emocional na mesma medida, que existe felicidade possível, que amar e ser amado é algo a que temos direito, tudo isso nos acordará por dentro, para que possamos trazer para junto das nossas vidas as coisas e as pessoas que acrescentarão sonhos e verdades ao que temos de mais especial dentro de nós.

O AMOR É MUITO MAIS DO QUE UMA ATRAÇÃO FÍSICA

Algumas pessoas nos atraem, de primeira, somente pela aparência, sem nem sabermos explicar o porquê direito. É a chamada atração física, que muitas vezes aproxima as pessoas, de início, para aventuras iniciais. No entanto, caso o físico não nos revele uma essência interessante, o relacionamento não dura, não se sustenta.

Embora hoje as aparências e superficialidades sejam supervalorizadas, em meio à rapidez que permeia todos os setores de nossas vidas, transformando-nos em robôs ligados no modo automático, na maioria das vezes insensíveis, não existe relacionamento capaz de sobreviver somente pautado sobre a materialidade. Se sobreviver, será aos pedaços, desconexo, inverídico.

Viver não é fácil, ainda mais com as dificuldades que crescem a cada dia. Sem que tenhamos alguém que nos receba com verdade e transparência ao final do dia, tudo ficará pior. Os pesos de fora se acumularão aos que nos aguardarão no lar, onde o amor não estará. Ou ficamos com a nossa própria companhia, ou com alguém que nos seja recíproco, porque, ao menos em nosso tempo livre, teremos que nos distanciar do que é falso, vazio e irreal.

Conviver com alguém requer entrega, partilha, sinceridade, o que não se sustenta sob aparências e frivolidades. A atração física pode até servir para a aproximação, porém, o que faz o amor durar é exatamente o que não se vê, o que é de dentro, íntimo e pessoal. Somente quem se desnuda para além do corpo é capaz de se entregar e de receber sentimentos verdadeiros. A superficialidade é como um muro que barra o que vem de dentro.

O corpo envelhece, a pele enruga, os cabelos vão ficando brancos, a força física se esvai aos poucos, porém, sentimentos verdadeiros e recíprocos permanecem acesos e renovados a cada amanhecer. Para o educador e filósofo, Marcel Camargo da Unicamp: “no final de nossas vidas o sexo já não fará diferença alguma, mas sim as conversas entre nós e a pessoa amada”. E é assim que o amor fica. E é assim que o para sempre não acaba.

9 de outubro de 2022

O PENSAMENTO É UM DIÁLOGO DA ALMA CONSIGO MESMO

Aprender apreciar o que outro tem bom, antes de perder energia em lamentar ou criticar o que precisa mudar. Criar e recriar sempre e continuadamente novas sensações, novas emoções, novas manifestações de carícias através de uma expressão simples de afeto, ternura e sedução, que é a principal matéria prima da carícia, para a manutenção do amor. 

Entretanto, o diálogo é capaz de unir pessoas de tal forma que elas se sentem valorizadas e aptas para viver o respeito e a solidariedade. Todavia, quando o relacionamento começa a perder esse alicerce do diálogo, as pessoas vão se distanciando e, o mais grave, vão criando uma espécie de alucinação mental. De modo que a pessoa começa a pensar que o outro não gosta mais dela.

Muitas vezes o casal chega a pensar que a sua relação foi pautada em um amontoado de mentiras. Quando na verdade, o que marcou o fim da relação foi à falta de dialogo e respeito. Quanto menor for à comunicação e a falta de respeito dentro de um relacionamento, maior é a distância entre ambos. Fica implícito que amar é dialogar, é saber falar ao outro das coisas que não estão indo bem e ter a humildade de se mostrar ferido.

Portanto, quando sua conduta não agrada, no momento em que essas coisas estão acontecendo e antes que elas se transformem em sentimentos amargos. É saber valorizar tanto o outro, a ponto de não deixar que nenhuma desconfiança paire entre ambos. Como argumenta Platão: “o pensamento é um dialogo da alma consigo mesmo”.

6 de outubro de 2022

A COVARDIA É SURDA E SÓ OUVE O QUE CONVÉM

Há mais de dois mil anos nascia um homem, chamado Jesus de Nazaré, que iria revolucionar o mundo. Trazia ideias profundamente renovadoras para a Humanidade, que seriam discutidas até hoje com profundidades. Mas ele pouco conseguiu. A não ser aumentar ainda mais o ódio daqueles que comeram do pão e do peixe. Sua mensagem era de amor entre as pessoas e paz na terra as pessoas de boa vontade.

Mas esse homem não foi feliz no seu gesto de apaixonado pelo seu semelhante. Na letra da música “Todos Estão Surdos” de Roberto Carlos, diz o seguinte: “Tanta gente se esqueceu que a verdade não mudou. Quando a paz foi ensinada pouca gente escutou”. A letra continua dizendo: “Meu amigo volte logo, venha ensinar o meu povo, o amor é importante vem dizer tudo de novo”. “Que o amor só traz o bem”, não se discute, todos sabem. “Que a covardia é surda e só ouve o que convém”, nós estamos cansados de saber, como muito bem diz a letra: Agora, voltar a ensinar tudo de novo?

Aqui já é um caso para se pensar. Se Jesus Cristo voltar, na certa vão te crucificar de novo e com requintes de crueldades. Não vão querer saber se sua filosofia fala de amor. Todos querem ser amados. Mas quem quer amar o seu próximo, que sou eu um deles? Se tivesse Jesus pregado o respeito entre as pessoas, talvez o efeito fosse outro. Respeitar é mais fácil que amar? Será?

Será que um dia as pessoas vão criar juízo e parar de espalhar o ódio e a tirania em torno de um sentimento tão lindo como o estado amoroso, os raros momentos de êxtases que temos na vida. Ou esse ódio é intrínseco na raça humana? Para o historiador Leandro Karnal, nós somos cordiais, que significa dizer: que em primeiro lugar nós agimos com o coração, inclusive quando odiamos. Nosso ódio também é cordial, passional. Historicamente o nosso mundo foi e continua sendo cercado por um ódio espantoso, implacável quando se trata de perseguição contra alguém.

30 de setembro de 2022

A TERNURA É A SEIVA DO AMOR

Como argumentava o filósofo e teólogo São João da Cruz: “o amor é uma doença que, nas minhas palavras, só se cura com aquilo que chamaria de ternura essencial”. Reiterando as palavras do místico poeta, vou um pouco mais além, citando outro grande filósofo e teólogo Leonardo Boff (1938): “a ternura é a seiva do amor”. Penso que se cada um quiser guardar, fortalecer e dar sustentabilidade ao amor, que seja terno para com quem se ama. Sem o azeite da ternura não se alimenta a chama sagrada do amor, certamente ela se apagará.

Lembrando que ternura não é simplesmente uma emoção, excitação de sentimento face ao outro. Porém, se assim fosse seria sentimentalismo que é um produto da subjetividade mal integrada. O sujeito que se dobra sobre si mesmo e celebra as suas sensações que o outro provocou nele. Nunca sairá de sim mesmo, ao contrário, a ternura irrompe quando a pessoa se descentra de si mesma e sai na direção do outro, sente o outro como sendo parte da sua essência, participa de sua existência, se deixa tocar pela sua história de vida.

A ternura não é efeminação e renúncia de rigor. É um afeto que à sua maneira nos abre ao conhecimento do outro. Segundo o Papa Francisco (1936), quando esteve no Brasil, falou na sua homilia para os bispos latinos americanos presentes no Rio de Janeiro, cobrando-lhes “a revolução da ternura” como condição para um encontro fraterno e verdadeiro entre os humanos. Só conhecemos bem o outro quando nutrimos afeto e nos envolvemos com essa pessoa que queremos estabelecer laços de comunhão amorosos. É aqui que a ternura pode e deve conviver com o extremo empenho por essa causa.

No entanto, a relação de ternura não envolve angústia porque é livre de busca de vantagens e de dominação. O nascer do amor se da pela própria força do coração. É o desejo mais profundo de compartilhar carinhos. A angústia do outro é minha angústia, seu sucesso é o meu sucesso e sua salvação é a minha salvação. O amor e a vida são frágeis. Sua força invencível vem da ternura com a qual os cercamos e sempre os alimentamos.

Portanto, concluo esta reflexão citando um grande bandeirante do amor, o educador e escritor ítalo-americano Leo Buscaglia (1924-1998). Ele foi idealizador de um curso sobre amor na Universidade da Califórnia nos Estados Unidos. Publicou um livro com o título “Amor”. Por coincidência, faleceu no dia dos namorados, 12 de junho de 1998 e nos deixou a seguinte mensagem: “O amor tem os braços abertos. Se você fechar os braços ao amor, verá que está apenas abraçando a si mesmo. Quando você ama uma pessoa, se transforma no espelho dela e ela no seu. O amor verdadeiro só cria, nunca destrói”. Toque sempre o coração e a alma de quem você ama. Como dizia Platão: “tudo que está na minha alma, toca a alma do outro”.


22 de setembro de 2022

LEVO NO CORAÇÃO A INOCÊNCIA DE QUEM SE DESCOBRE

Certa vez uma pessoa da minha confiança, disse-me: “você está ficando velho, tornando-se uma pessoa amarga e teimosa”. Responder a essa pessoa, seria curvar-se diante da ignorância. Gente nasce não pronta e vai se fazendo ao longo da vida. O que fica velho são coisas. Gente não envelhece, gente se renova a cada ano que passa. Não estou ficando velho, estou me tornando sábio. Deixei de ser alguém que apenas agrada os outros, para transformar em alguém que me agrado em ser quem sou. Parei de procurar aceitação dos outros para me aceitar.

Não estou ficando velho como disse equivocadamente essa pessoa. Estou me tornando assertivo, seletivo com lugares, pessoas, costumes e ideologias. Já deixei apegos, dores desnecessárias, pessoas tóxicas, almas doentes e corações podres, não é por amargura, é simplesmente por saúde. Não adianta querer ter saúde mental se você se envolve com pessoas que te adoecem.

De modo que, parei de viver histórias e comecei a escrevê-las, deixei de lado os estereótipos impostos, parei de levar bagagens inúteis na minha bolsa, agora levo livros que embelezam a minha mente e daqueles que leem o que escrevo. Troquei os drinks alcoólicos por xícaras de café, esqueci-me de idealizar a vida e comecei a vivê-la.

Não estou ficando velho, engano de quem assim me vê. Levo na alma o frescor da vida e no coração a inocência de quem diariamente se descobre. Carrego nas mãos a ternura de um casulo, que ao abrir-se expandirá as suas asas a outros lugares inatingíveis, para aqueles, que só procuram a frivolidade do material. Do status e do sexo casual. Desconhecem os mandamentos do amor.

Portanto, levo no meu rosto o sorriso, que se escapa travesso ao observar a simplicidade da natureza. Levo nos meus ouvidos o canto das aves alegrando o meu caminhar. Não estou ficando velho. Estou ficando seletivo, apostando no meu tempo para o intangível, me dando a mim mesmo. Tem gente que se desgasta o tempo todo querendo ter razão, ao invés de querer ser feliz.

18 de setembro de 2022

VIVE-SE UMA RELAÇÃO PAUTADA NO DESRESPEITO

As pessoas têm uma tendência a tratar com superficialidade a felicidade quando ela se propõe. Basicamente não valorizam muito as relações amorosas quando as têm. Sempre querendo ter razão em vez de ser feliz. Viram as costas e partem em busca de outros amores achando que vai ser melhor. Na verdade, não muda muito. Aquele período de luto do amor que juntos viveram não se cumpriu. Aqui fica a seguinte observação: “se o indivíduo mal encerrou essa relação e já está com o pé em outra, é porque ele não é digno de você”.

Entre uma relação e outra existe um período de estiagem, de muita reflexão, de avaliação. Sobretudo, para não cometer os mesmos erros. Pois se tratando de seres humanos, acima de tudo temos que nos dar valor para poder valorizar o outro, caso contrário essa pessoa não te merece. É o mesmo que viver uma relação descartável, não consegue aprofundar na essência um do outro. Vive-se uma relação pautada no desrespeito.

As pessoas não sabem e não querem saber, quanto custa todo o prazer que não têm e que está aí ao alcance das mãos e do corpo. Contato, carícia, abraço, prazer, intimidade, quem não quer? Freud tem mostrado todo o penoso e ridículo contorcionismo psicológico que desenvolvemos a fim de conseguir fazer de conta que o outro só nos interessa pela sua aparência e pelas suas palavras bonitas que achamos que precisamos somente disso e mais nada.

É preciso fazer algo pela relação amorosa em vez de continuar procurando quem é que devia ou quem é o culpado. E com isso ficar justificando que tem outros amores melhores, na tentativa de agredir o outro. Essa conspiração contra a felicidade, contra esse amor que poderia ser de boa qualidade, pode acarretar outros problemas futuros. Certamente vai levar para a nova relação às mesmas dificuldades de filtragem e assim, sucessivamente. O mal não está em errar a dose. O mal está em não aprender a dosar os conflitos.

Um observador externo detecta com bastante facilidade distorções no relacionamento e na comunicação nas relações amorosas. Como os costumes de convívio se desenvolvem lentamente, as pessoas, na verdade, não percebem o que está acontecendo, a não ser pelo mal estar ou pelas brigas que não resolvem. Não é um problema de ensinar a viver, ainda que ensinar também tenha cabimento, penso que é uma questão de mostrar, apontar, fazer o outro ver o que está acontecendo. Não perdoamos quem nos vê como somos.

Portanto, tenho para mim que o maior perigo do nosso mundo não está na violência urbana, nem mesmo nos poderosos; está na falta de alegria de viver das pessoas, no seu tédio, na sua frustração e na sua indiferença. Por isso faz-se necessário desejar outros relacionamentos, superficiais tanto quantos já viveram. Contudo, a pessoa que torna superficial as relações amorosas ou que se aliena, pouco a pouco, faz com que vá crescendo nela o desejo de que esse mundo, infeliz, árido e ameaçador, termine de vez com os seus sonhos narcísicos. Enfim, a mais profunda felicidade do normopata é livrar-se de sua vida infeliz, matando quem lhe ama na fantasia partindo em busca de um novo amor centrado no seu egoísmo.  

12 de setembro de 2022

O AMOR GERA ENCANTAMENTO E NOS TRANSFORMA

A palavra amor tem mais sentidos do que qualquer outra palavra do mundo, segundo os especialistas em ciências humanas. De modo que, quando estamos diante de alguém que nos desperta emoção ou encantamento, penso estar aí a gênese do amor, somos tomados por uma ternura  que nos convida para uma fusão. Começa brando, suave e macio e aos poucos vai contaminando todo o nosso ser, tomando conta da nossa alma e do nosso corpo da cabeça aos pés.

O amor a meu ver tem duas funções que quase se confundem, mas podemos descrevê-las como se realmente fossem duas. A primeira é levar-nos à descoberta de nós mesmos enquanto pessoas que somos e capazes de amar. A segunda é pôr-nos em contato com a divindade, a eternidade, o infinito ou o ilimitado. Isto só se dá entre duas pessoas que se proponham a viver um romance ou um caso amoroso.

Portanto, pouco a pouco, ganhamos dignidade e respeito por nós mesmos, ao mesmo tempo vamos reconhecendo essa força interior chamada amor e cientes do quanto o outro é necessário para a manifestação desta força e o quanto ela é poderosa, a ponto de nos transformar. Tendo em vista que onde há amor há transformação. Onde não há transformação e nem crescimento não podemos dizer que exista amor.

6 de setembro de 2022

QUALIDADE DE VIDA SÓ É POSSÍVEL COM AMOR

Pesquisas apontam que estar em um relacionamento pode ser significante na percepção do bem-estar. O amor pode ser o segredo para a qualidade de vida. Não tem nada de escolher a vida de casado ou a de solteiro. Há muitas pessoas que são felizes mesmo não estando em um relacionamento.

Agora, o que não dá para negar, é que ter um amor faz bem. E mesmo que isso seja uma certeza para a maioria das pessoas que o vivem, algum tipo de relacionamento afetivo-amoroso. É o que alguns estudos nos ajudam a visualizar.

Um artigo de pesquisadores da USP, Manoel Antonio dos Santos e Fabio Scorsolini Comin, buscou compreender as correlações entre a vida a dois e o bem-estar. A investigação submeteu um grupo de 106 indivíduos a um questionário.

Quem respondia as perguntas fazia parte de diferentes grupos sociais e demográficos. A análise das respostas revelou que as pessoas que se dizem satisfeitas com a vida, em diferentes domínios, também o fazem em relação à experiência afetiva com o seu amado.

Portanto, segundo o artigo, a satisfação com a vida está positivamente correlacionado com a satisfação entre os amantes. “O que nos permite sugerir que uma vida a dois rica e carregada de elementos e vivências positivas, poderia estar diretamente ligada à percepção de satisfação com a vida expressa por aqueles que estão amando”.

31 de agosto de 2022

UMA ALEGRIA INESPERADA NA TRISTEZA

Da prosa ao poema a gente compreende que pode entristecer-se com o outro por vários motivos ou nenhum motivo aparente, a tristeza pode ser por nós mesmos ou pelas dores do mundo, pode advir de uma palavra ou de um gesto.

Porém, ela sempre aparece e devemos nos aprontar para recebê-la, porque existe uma alegria inesperada na tristeza, que vem do fato de ainda conseguirmos senti-la. Se pelo caminho como já aconteceu, encontrares uma alma que te queira bem, aceita em silêncio o suave ardor da sua benquerença.

Mas, não lhe peça coisa alguma, não exijas e não reclames nada do ente querido. Receba com amor o que com amor lhe é dado, porém, quanto mais querida te for essa alma, tanto mais lhe serve, sem nada esperar.

Pois duas almas que se tocam não impõe dever e nem obrigação. Se não for assim, colocará em risco o amor, começando pela agonia dos corpos até a separação das almas. Só num clima de absoluta espontaneidade poderá sobreviver esta plantinha tão delicada que é o nosso amor.

29 de agosto de 2022

QUEM PODE PROMETER AMOR ETERNO?

Uma das coisas mais difíceis no mundo moderno é um homem se entender profundamente bem com uma mulher. E vice e versa. Está suposto, que duas pessoas, quando envolvidas afetivamente, por força dos costumes sociais, buscam alternativas para ficarem juntas no casamento. E o pior de tudo, com a promessa de serem fiéis até o fim da vida.

É o que se jura na presença de um padre ou de um pastor diante das testemunhas. Quem pode jurar que vai amar o outro a vida inteira? É preciso negar tudo que experimentamos de bom na vida como sentimento e emoção para fazer uma promessa dessas. Seria mais razoável se um dissesse para o outro: “vamos fazer o possível e um pouco mais para convivermos bem”.

Mas garantir amor eterno é não saber o que está dizendo. Porque afinal, a ideia de que se tem do casamento é para sempre. Contudo, continuamos falando do casamento como o maior encontro da vida, quando todo mundo está cansado de saber que é uma panela de pressão pronta para explodir. Por que será?

Portanto, se o ser humano pudesse ter essas horas de felicidade com alguém especial e não com qualquer um, é evidente que estaríamos em um mundo muito melhor. Seria muito mais fácil cooperar para a preservação e o desenvolvimento desse mundo, teríamos mais prazer de estar junto a alguém e de atuar com esse alguém, que tanto bem nos faz.

20 de agosto de 2022

QUEM PODE PROMETER AMOR ETERNO?

Uma das coisas mais difíceis no mundo moderno é um homem se entender profundamente bem com uma mulher. E vice e versa. Está suposto, que duas pessoas, quando envolvidas afetivamente, por força dos costumes sociais, buscam alternativas para ficarem juntas no casamento. E o pior de tudo, com a promessa de serem fiéis até o fim da vida.

É o que se jura na presença de um padre ou de um pastor diante das testemunhas. Quem pode jurar que vai amar o outro a vida inteira? É preciso negar tudo que experimentamos de bom na vida como sentimento e emoção para fazer uma promessa dessas. Seria mais razoável se um dissesse para o outro: “vamos fazer o possível e um pouco mais para convivermos bem”.

Mas garantir amor eterno é não saber o que está dizendo. Porque afinal, a ideia de que se tem do casamento é para sempre. Contudo, continuamos falando do casamento como o maior encontro da vida, quando todo mundo está cansado de saber que é uma panela de pressão pronta para explodir. Por que será?

Portanto, se o ser humano pudesse ter essas horas de felicidade com alguém especial e não com qualquer um, é evidente que estaríamos em um mundo muito melhor. Seria muito mais fácil cooperar para a preservação e o desenvolvimento desse mundo, teríamos mais prazer de estar junto a alguém e de atuar com esse alguém, que tanto bem nos faz.

12 de agosto de 2022

APRENDER APRECIAR O QUE O OUTRO TEM DE BOM

Parece que as pessoas e os parceiros afetivos, tanto homens como mulheres, estão se esquecendo de que as relações humanas precisam ser nutridas e adubadas todos os dias para se manterem vivas, essa não parece ser uma tarefa impossível, pois há de se praticar os exercícios naturais de constantes carícias como o abraço, palavras carinhosas de incentivo e aceitação do outro.

A carícia significa toda a manifestação humana física, verbal ou gestual que transmita a outra pessoa uma sensação de bem estar, aceitação e reconhecimento. Uma manifestação que demonstre o quanto ela é importante para você. Melhor do que falar sobre carícias é recebê-las ou praticá-las.

Os estudos vêm demonstrando que a falta ou a insuficiência de carícias tem enorme influência no bem estar, até mesmo na saúde física e mental das pessoas. Fenômeno esse que começa nos primeiros anos de vida. Especialistas são unânimes em afirmar que a criança precisa tanto de estímulos físicos quanto de alimentos. Sem os toques e carícias, ela provavelmente acabará sofrendo de alguma debilidade mental e poderá até morrer por sentir-se rejeitada, caso seja privada dessas relações físicas. 

Segundo o filósofo e psiquiatra canadense Eric Berne, criador da “Análise Transacional”, ele acredita que exista na nossa estrutura corporal uma cadeia biológica que leva da privação emocional e sensorial a mudanças degenerativas e até a morte por causa da apatia. Neste sentido, as fomes de contato físico, de abraços e de aconchego têm a mesma relação com a sobrevivência de um organismo humano quanto à fome de alimento.

Portanto, sempre que possível realçar verbalmente as qualidades do outro, pois esse é um comportamento lícito para que se concretizem as diversas manifestações de carícias. Tendo em vista que somos um projeto de humanidade e isto implica que todo o ser humano é imperfeito por natureza, não somos melhores e nem piores que o outro. Aprender apreciar o que outro tem bom, antes de perder energia em lamentar ou criticar o que precisa mudar. Criar e recriar sempre e continuadamente novas sensações, novas emoções, novas manifestações de carícias através de uma expressão simples de afeto, ternura e sedução, a principal matéria prima da carícia.     

6 de agosto de 2022

ATRAVÉS DO TANTRA RESGATAMOS O PRAZER DA ALMA

Grande parte do nosso tempo e muito do nosso esforço e energia consumida pela correria do dia a dia, com trabalho, afazeres domésticos e outras responsabilidades, esquecemos de nós, das nossas carências afetivas. Achamos desnecessário e custoso, ficamos na espera que as coisas se resolvam por si só. Todavia, deixamos de lado e perdemos um tempo precioso de aprofundar nosso conhecimento sobre nossa sexualidade e compreender nossas emoções e melhorar nossas relações afetivas com a pessoa amada. Investimos tempo e dinheiro em coisas materiais e supérfluas, esquecemo-nos do espiritual como se nossa “essência” não fosse importante.

Infelizmente, há um enorme preconceito e desconhecimento sobre o quanto é possível aprender, evoluir e aperfeiçoar nossa forma de se relacionar afetiva e sexualmente. As pessoas têm medo de buscar esse conhecimento e de investir em assuntos do coração, principalmente quando isso tudo, está relacionado com Amor e Sexo.

Nos ensinamentos Tantra, o indivíduo vai aprender como melhorar e apropriar-se de forma mais produtiva e efetiva a sua energia sexual. Sobretudo, resgatar a sexualidade e a naturalidade do seu corpo através do prazer, do toque e da sensibilidade que nele irá despertar no momento do encontro amoroso.

Para muita gente boa, a dificuldade em se conseguir conectar com o prazer e com o corpo está associada a idéias e conceitos sobre o que é certo e o que é errado, quanto ao que se pode experimentar em relação a sua sexualidade.

O que o medo faz com essa pessoa? Faz com que ela mergulhe a cara no trabalho e ocupações diárias, com isso enterra todas as possibilidades de sentir prazer no corpo. Vai estar sempre cansada e indisposta. Fazendo aqui uma comparação com a avestruz. No caso descrito, a pessoa não consegue ver o corpo como extensão do seu Ser. Vive com medo de assumir a sua sexualidade e viver com medo é viver pela metade.

Seguramente, o encontro com a pessoa amada, não será pleno e integro pautado no sexo amoroso. Ambos vão percebendo ao longo dos encontros e das experiências, que está faltando algo a mais para se chegar ao ponto e ao ápice do encontro. Pelo simples fato de não sentirem essa intimidade um com o outro. A desconexão torna-se evidente, pela forma pronta e mecânica de se fazer sexo, meio bicho e afoito, cujo orgasmo é o estímulo final a ser alcançado, sem nenhuma conotação afetiva. Praticam-se uma relação primaria e primitiva de péssima qualidade sem nenhum comprometimento um com o outro. É bom que se diga: “praticar sexo é uma escolha e ter prazer é uma possibilidade”.

Portanto, para os ensinamentos do Tantra, o sexo não deve permanecer sexo e sim transformá-lo em Amor, assim como também o Amor não deve permanecer Amor, mas transformar-se em Luz, ou seja, na experiência imediata com a Divindade, no ultimo e supremo cume místico. Contudo, nesse momento seja o ato e não o ator. Ao amar seja o Amor. Não é o seu Amor, não é meu Amor, não é o Amor de alguém mais. É simplesmente o Amor que tomou conta da Essência. Enfim, quando você não está ali é porque você está nas mãos da fonte, da corrente Suprema, você desapareceu e tornou-se apenas energia irradiando Luz ao Ser. Quando sua mente é sexual você explora o outro. Quando você ama, o outro se torna importante e ímpar. Quando você se entrega completamente nesse Amor, esquecendo de si e a pessoa amada desaparecer e, se nesse momento houver somente o Amor fluindo, então SHIVA diz: a vida eterna é sua. Aqui o tempo desparece.

29 de julho de 2022

AMOR É UMA PALAVRA QUE QUASE PERDEU O SENTIDO

Amor é uma palavra que na nossa cultura quase perdeu o sentido. Há uma história muito interessante, sobre o Rabino israelense-americano Abraham Twerski (1930-2021). Ele passou por um jovem, que estava claramente se deliciando com um prato de peixe que comia. Então, ele disse ao jovem:

Por que você está comendo esse peixe?” O jovem respondeu: “Porque eu amo peixe!”. Ao que o Rabino lhe retrucou: “Ah, você ama o peixe e por isso você o tirou da água, o matou e o ferveu? Não me diga que ama o peixe. Você ama a você mesmo. E porque o peixe é gostoso, em sua opinião, você o tirou da água, o matou e o ferveu”.

Muito do que se chama de “amor” é “amor de peixe”. E então. Um casal de Jovens se apaixona, os jovens se apaixonam, o que isso significa? Isso significa que ele viu nessa mulher, alguém que ele creu que poderia prover todas as suas necessidades emocionais e físicas, e ela sentiu que esse homem poderia lhe fazer o mesmo.

Isso foi amor. Mas ambos estão olhando para as próprias necessidades. Não é amor um pelo outro. A outra pessoa se torna um veículo para a minha satisfação. Muito do que chamam de “amor” é “amor de peixe”. E um amor externo não é sobre o que vou receber, mas sobre o que eu vou dar. Havia um professor de ética, o Rabino ortodoxo Eliyahu Eliezer Dessler (1892-1953), que disse que as pessoas cometem um erro grave ao pensar que você dá àqueles que você ama.

Portanto, a verdadeira resposta para o amor que está se perdendo é: você ama aqueles a quem você dá. E seu argumento é, que se eu dou algo a você, eu me investi em você. E já que o amor-próprio é algo natural, todos amam a si mesmos, agora que parte de mim está em você, há uma parte de mim em você que eu amo. Então, o amor verdadeiro é um amor que “”, não que “recebe”.

19 de julho de 2022

O DIÁLOGO SE CONSTRÓI DE FORMA ÉTICA E SOLIDÁRIA

O diálogo se constrói de forma ética e solidária. A palavra, substrato do diálogo, é o instrumento mais eficaz para a democratização dos saberes, para a resolução de conflitos, para a interação entre os povos e para consolidação do desenvolvimento cultural, técnico e científico que impulsiona o processo civilizatório.

Só ao ser humano foi dada a capacidade de dialogar, o que faz do diálogo uma característica única na comunicação humana. Pressupõe a reciprocidade existencial e ao mesmo tempo as diferenças e as semelhanças, que nos tornam pessoas mais interessantes. O diálogo é a base e o ponto de partida para compreendermos o outro.

É que torna viável o entendimento entre duas ou mais pessoas. Denota respeito e capacidade de compreensão dos problemas, sobretudo, porque o dialogo é racional e consciente. Por outro lado, o respeito além de racional está no plano do espiritual e, é até mais importante que o amor. Conheço pessoas que odeia o diálogo. Por que será que algumas pessoas fogem do diálogo? Será por medo de revelar a sua verdadeira identidade?

O diálogo é a ponte que une as pessoas e, em especial os casais. Quando um casal aprende a demonstrar através do diálogo o que espera um do outro, o que gosta e o que não agrada, a relação fica mais verdadeira e tende a durar. Entretanto, o medo de conversar é uma semente que vai crescendo na relação e, com o passar dos anos, vai corroendo os sentimentos e essa união supostamente estável, chega ao fim.

Portanto, muitas vezes, quando um dos amantes resolve falar, ambos terminam descobrindo que já estão vivendo em mundos tão distantes e tão diferentes que às vezes é tarde demais para reativar o encanto. Pois a semente do amor foi sufocada pelo veneno das mentiras, da hipocrisia e até da omissão. Tendo em vista, que o diálogo pode acontecer de diversas maneiras, até mesmo através dos olhares, palavras e atitudes, são formas de dialogar.

8 de julho de 2022

A VIDA É MOVIMENTO E IMPERMANÊNCIA

Algum tempo atras, alguém me disse que sentia medo de ser feliz. Essa fala me chamou muito atenção. Comecei a refletir o por que essa pessoa teria medo da felicidade? Fiquei pensando o quanto não faz sentido termos medo da felicidade. Se algo de bom te acontece, agradece e aproveita! Parece simples, mas conheço gente apegada ao sofrimento, que se acostuma às lamúrias da vitimização, e mesmo quando a vida apresenta oportunidades vibrantes, continua cravada na dor do passado.

Lembrei de um trecho do livro “Olhando para a Alma das Crianças”, em que Bert Hellinger, escreve: “Vou contar uma história. Alguém estava viajando de trem num vagão-leito. Estava no leito debaixo e, em cima, havia alguém que ficava dizendo: Estou com tanta fome, estou com tanta fome”. O passageiro debaixo foi até o vagão restaurante e lhe trouxe algo para comer. Passado algum tempo, o passageiro de cima, começou novamente: “Eu estava com tanta fome, eu estava com tanta fome”.

Aqui vai uma pergunta: como você lida com as experiências positivas da sua vida? Agradece e aproveita? Sente culpa pelas alegrias que recebeu? Tem medo de perder os momentos bons? Saboreia cada experiência positiva com entrega e leveza? Você se permite ser feliz?

Certa vez conversei com uma pessoa muito próxima, que se sentia culpada por estar feliz. Tudo estava correndo bem em sua vida, mas a jovem tinha receio de que algo ruim poderia acontecer. E por que não aproveitar e celebrar as bênçãos da vida? Por que o medo de ser feliz? Por que não, simplesmente desfrutar o presente que o momento presente oferece? Talvez por medo de perder o momento feliz, perde-se a oportunidade de desfrutá-lo.

E a melhor forma de agradecer por um bom momento, é vive-lo plenamente! Tudo passa, é verdade, mas você guardará no seu coração uma história de felicidade e poderá se abrir para novas oportunidades de criar sorrisos! A vida é movimento. A vida é impermanência. A felicidade não é uma bolinha estática que se pode guardar em uma caixinha. A alegria é feita de bolinhas de sabão, efêmera, mas sempre se pode assoprar.

Portanto, diante de algo bom a “psicologia positiva”, sob orientação da psicóloga e escritora Gabi Ribas, que nos inspira a intensificar e ampliar o nosso bem estar, através da vivência do "savoring", que significa saborear e apreciar as experiências positivas no momento presente. Procura receber as bênçãos da vida com os braços abertos, sem medo de ser feliz! A alegria traz a sensação de estar em paz com a vida, e o universo agradece cada despertar para a conexão com a felicidade! Enfim, viva a plenitude. Viva o presente. Você merece ser feliz! Não desista nunca!

25 de junho de 2022

QUANDO O AMOR SE PROPÕE, DESFAZEMOS DELE

As pessoas têm uma tendência a tratar com superficialidade a felicidade quando ela se propõe. Basicamente não valorizam muito as relações amorosas quando as têm. Sempre querendo ter razão em vez de ser feliz. Viram as costas e partem em busca de outros amores, achando que vai ser melhor um novo amor.

Na verdade, não muda muito. Aquele período de luto do amor que juntos viveram, não se cumpriu. Aqui fica a seguinte observação: “se a pessoa mal encerrou a relação e já está com o pé em outra, é porque ela não se valoriza”. Entre uma relação e outra existe um período de estiagem, de muita reflexão, de avaliação. Sobretudo, para não cometer os mesmos erros.

Pois se tratando de seres humanos, acima de tudo temos que nos dar valor para poder valorizar o outro e ser valorizado, caso contrário essa pessoa não te merece. É o mesmo que viver uma relação descartável, usa e joga fora, não consegue aprofundar na essência um do outro. Vive-se uma relação pautada no desrespeito e na exploração.

As pessoas não sabem e não querem saber, o quanto custa o prazer que não têm e que está aí ao alcance das mãos e do corpo. Contato, carícia, abraço, intimidade, amor, quem não quer? É ridículo o nosso contorcionismo psicológico, a fim de conseguir fazer de conta que o outro só nos interessa pela sua aparência e pelo seu corpo sarado. Esquecemos que o corpo pertence ao tempo. Achamos que não precisamos de mais nada. E não cuidamos do principal, que é o amor que sentimos um pelo outro!

É preciso fazer algo pela relação amorosa em vez de continuar procurando quem é que devia ou quem é o culpado. E com isso ficamos justificando que tem outros amores melhores, na tentativa de agredir o outro. Essa conspiração contra a felicidade, contra o amor, que poderia ser de boa qualidade, pode acarretar outros problemas futuros. Certamente, vai levar para a nova relação às mesmas dificuldades de filtragem e assim, sucessivamente. O mal não está em errar a dose. O mal está em não aprender a dosar os conflitos.

Como os costumes de convivência se desenvolvem lentamente, as pessoas, na verdade, não percebem o que está acontecendo, a não ser pelo mal estar ou pelas brigas que não resolvem. Não é um problema de ensinar a viver, ainda que ensinar também tenha cabimento, penso que é uma questão de mostrar, apontar, fazer o outro ver o que está acontecendo. Como seria bom se as pessoas fossem vazias como o “céu”, e não tão cheias de palavras, de ordens e de certezas.

Só amamos as pessoas que se parecem com o "céu", onde podemos fazer voar nossas fantasias, como se fossem pipas. Tenho para mim que o maior perigo do nosso mundo não está na violência urbana, nem mesmo nos poderosos; está na falta de alegria de viver das pessoas, no seu tédio, na sua frustração e na sua indiferença. Por isso faz-se necessário desejar outros relacionamentos, superficiais tanto quantos já viveram e continua vivendo. Triste fim para muitos!

Portanto, a pessoa que torna superficial as relações amorosas ou que se aliena, pouco a pouco, faz com que vá crescendo nela o desejo de que esse mundo, infeliz, árido e ameaçador, termine de vez com os seus sonhos narcísicos. Enfim, a mais profunda felicidade do “normopata” é livrar-se de sua vida infeliz, matando quem lhe ama na fantasia, partindo em busca de um novo amor centrado no seu egoísmo. Aqui vai um conselho: “não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz, com aquilo que a vida fez de você”. 

16 de junho de 2022

VIVER NO AMOR PLENO É O MAIOR DESAFIO DA VIDA

Todo amor demanda uma magia, uma mística que só os amantes sabem sentir e compreender esse fenômeno. Custou muito para eu chegar a essa conclusão. Penso que toda pessoa que ama deve dizer: “Amo pelo prazer que tenho quando estou ao seu lado. Amo pelo desejo de viver esse mistério com você”. Não existe amor onde não existe desejo e excitação, pois a mística do amor está no encontro dos dois corpos. Não há explicação para o que acontece entre quatro paredes. Ambos são tomados por uma atmosfera divina no momento do êxtase.

Não há vontade de desistir desse abismo atraente, que soa insondável, que penetra no proibido, que se esforça por segurar o impalpável amor e ver no invisível, sentir a presença da divindade e, é nesse momento que se encontra o alívio ilimitado transcendental desse amor.

Segundo Leo Buscaglia, um dos maiores escritores acerca do Amor nos últimos tempos, que coincidentemente faleceu aos 74 anos no dia dos namorados, 12 de junho de 1998. Ele dizia que: “viver no amor é o maior desafio da vida. Exige mais sutileza, flexibilidade, sensibilidade, compreensão, aceitação, tolerância, conhecimento e força, muito mais que em qualquer outro esforço ou emoção, pois o amor e o mundo de hoje atuam como se fossem duas grandes forças contraditórias”.

Por outro lado, a pessoa deve saber que só sendo vulnerável pode verdadeiramente oferecer e aceitar amor. Ao mesmo tempo sabemos que se revelarmos através dessa vulnerabilidade na vida diária, em geral corremos o risco de sermos explorados. Quanto mais sensível for tanto o homem quanto a mulher, maior possibilidade existe para uma frustração amorosa trágica e mortífera. Como dizia o poeta Gonzaguinha: “há um lado carente dizendo que sim. E essa vida da gente gritando que não”.

O verdadeiro amor é algo cósmico, místico, único e sem repetição, esse tipo de amor não se pode fazer aleatoriamente, uma segunda ou terceira edição, ele está para além do nosso alcance, é algo que nos acontece e não está em nosso poder fazer com que aconteça pela segunda ou terceira vez. Algo o partiu e como um delicado cristal da alma que amava não há conserto. O verdadeiro amor não aparece todos os dias ao gosto do consumidor, como imaginamos.

Portanto, quem acredita na possibilidade de curar um amor arrumando outro, está completamente equivocado. Isto só vem provar a horripilante superficialidade com que tratava o amor anterior. Contudo, é no amor romântico que reside o segredo da alegria que sempre acompanha a vida. A vida, quando plena, é exuberante em alegria, por conta dessa mística do amor romântico, tende a fazer com que enxerguemos que estamos em estado de alma gêmea, ligadas para sempre, mesmo na distância.     

2 de junho de 2022

NA INTIMIDADE TÂNTRICA BUSCA-SE A TRANSCENDÊNCIA

A massagem Tântrica veio da Índia, de uma cultura chamada Tantra. Na verdade, o Tantra aponta para autodescoberta através do corpo. No Tantra tudo é sagrado, desde o corpo até a sexualidade é sagrada. O corpo é visto como um templo. Partindo desse pressuposto a massagem Tântrica é uma ferramenta do Tantra que trabalha energia vital que também é chamada de energia sexual. A finalidade da massagem Tântrica é harmonizar o centro energético, que visa despertar e ampliar a sensibilidade do corpo e, consequentemente, intensificar as sensações de prazer. São toques de carícias suaves e agradáveis pelo corpo todo. Esse alisar o corpo inteiro estimula a bioeletricidade, harmoniza os chacras e libera o fluxo da energia pelos canais energéticos.  

Durante anos de nossas atividades sexuais, criamos hábitos e manias nada satisfatórios para nossa sexualidade. Fazemos sexo sempre na mesma posição, nos mesmos dias da semana, principalmente para os que são casados há muitos anos. O sexo passou a ser uma atividade orientada para somente ter orgasmo. Não há uma troca de contato íntimo e carícias entre os parceiros, que dê um tempero diferente nessa comida. Abusando um pouco do trocadilho. É tudo muito afoito, frenético e precário. Desta forma ficamos totalmente perdidos na pressa de chegar lá. Para usar uma linguagem poética, o melhor do passeio por esse santuário de prazer acaba por se perder ao longo dessa viagem prazenteira. Penetramos direto na caverna e não apreciamos a beleza que existe em torno dela.

Que intimidade pode existir numa relação sexual quando as luzes estão apagadas, ou quando os olhos estão fechados, com o parceiro perdido em alguma fantasia, pensando em outra ou em outro? Vale para os dois. Nesse momento o que vale é o conjunto todo, mente, corpo e espírito. O contato íntimo Tântrico é uma crescente satisfação sexual no nível físico e emocional, bem como no nível espiritual. A essência deste momento ímpar é que o sexo que já se encontra em estado amoroso, pode ser muito mais do que uma simples experiência física. É um ato muito íntimo que envolve deliciosamente o prazer intenso e prolongado, levando ambos ao êxtase.

O filósofo inglês Bertrand Russel (1872-1970), prêmio Nobel de Literatura em 1950, escreveu um ensaio sobre as três grandes paixões de sua vida. Vou deter-me somente na primeira das suas paixões para fundamentar o significado máximo desse estado amoroso que é o símbolo da nossa própria existência.

Argumenta Russel, “primeiro busquei o amor, que traz o êxtase tão grande que sacrificaria o resto de minha vida por umas poucas horas dessa alegria. Procurei-o também, porque abranda a solidão, aquela terrível solidão em que uma consciência horrorizada observa da margem do mundo, o insondável e frio abismo sem vida. Procurei-o finalmente, porque na união do amor vi, em mística miniatura, a visão prefigurada do paraíso que santos e poetas imaginaram. Isso foi o que procurei e, embora pudesse parecer bem demais para a vida humana, foi o que finalmente encontrei”. No entanto, para mergulhar nessa viagem ilustrada por Russel, é importante assinalar que na intimidade Tântrica não existe começo, meio e fim, como estamos acostumados na relação sexual rotineira. O que existe é o momento presente a cada etapa dessa viagem pelos corpos um do outro. Não existe tempo de duração é o encontro com o “Divino”. Só é dado esse direito aos santos e poetas, os seres mais sensíveis e iluminados desse planeta.

Portanto, neste momento de intimidade intensa a mulher é considerada uma “Deusa”, onde o sexo torna-se sagrado e a união dos amantes atinge um nível espiritual significativo para ambos. Essa troca de contato íntimo e consensual entre duas pessoas é uma expressão primária de amor. Por conseguinte, é aqui que o Tântrico aparece como observador da natureza íntima contida em tudo no universo, procura na união dos pólos opostos a unidade maior, sem se preocupar com abordagem ética e moral. Busca a transcendência do “Eu” através da força máxima do universo que está contida nos mistérios sexuais e esses mistérios estão contidos dentro e fora de cada um de nós. Que são os nossos impulsos e atrações. A nossa metade em busca da outra metade perdida. São as nossas almas em busca de perfeição.              

28 de maio de 2022

TODO AMOR DEMANDA UMA MAGIA, UMA MÍSTICA

Todo amor demanda uma magia, uma mística que só os amantes sabem sentir e compreender esse fenômeno. Custou muito para eu chegar a essa conclusão. Penso que toda pessoa que ama deve dizer: “Amo pelo prazer que tenho quando estou ao seu lado. Amo pelo desejo de viver esse mistério com você”. Não existe amor onde não existe desejo e excitação, pois a mística do amor está no encontro dos dois corpos. Não há explicação para o que acontece entre quatro paredes. Ambos são tomados por uma atmosfera divina no momento do êxtase.

Não há vontade de desistir desse abismo atraente, que soa insondável, que penetra no proibido, que se esforça por segurar o impalpável amor e ver no invisível, sentir a presença da divindade e, é nesse momento que se encontra o alívio ilimitado transcendental desse amor.

Segundo Leo Buscaglia, um dos maiores escritores acerca do Amor nos últimos tempos, que coincidentemente faleceu aos 74 anos no dia dos namorados, 12 de junho de 1998. Ele dizia que: “viver no amor é o maior desafio da vida. Exige mais sutileza, flexibilidade, sensibilidade, compreensão, aceitação, tolerância, conhecimento e força, muito mais que em qualquer outro esforço ou emoção, pois o amor e o mundo de hoje atuam como se fossem duas grandes forças contraditórias".

Por outro lado, a pessoa deve saber que só sendo vulnerável pode verdadeiramente oferecer e aceitar amor. Ao mesmo tempo sabemos que se revelarmos através dessa vulnerabilidade na vida diária, em geral corremos o risco de sermos explorados. Quanto mais sensível for tanto o homem quanto a mulher, maior possibilidade existe para uma frustração amorosa trágica e mortífera. Como dizia o poeta Gonzaguinha: “há um lado carente dizendo que sim. E essa vida da gente gritando que não”.

O verdadeiro amor é algo cósmico, místico, único e sem repetição, esse tipo de amor não se pode fazer aleatoriamente, uma segunda ou terceira edição, ele está para além do nosso alcance, é algo que nos acontece e não está em nosso poder fazer com que aconteça pela segunda ou terceira vez. Algo o partiu e como um delicado cristal da alma que amava não há conserto. O verdadeiro amor não aparece todos os dias ao gosto do consumidor, como imaginamos.

Portanto, quem acredita na possibilidade de curar um amor arrumando outro, está completamente equivocado. Isto só vem provar a horripilante superficialidade com que tratava o amor anterior. Contudo, é no amor romântico que reside o segredo da alegria que sempre acompanha a vida. A vida, quando plena, é exuberante em alegria, por conta dessa mística do amor romântico, tende a fazer com que enxerguemos que estamos em estado de alma gêmea, ligadas para sempre, mesmo na distância.     

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...