25 de junho de 2022

QUANDO O AMOR SE PROPÕE, DESFAZEMOS DELE

As pessoas têm uma tendência a tratar com superficialidade a felicidade quando ela se propõe. Basicamente não valorizam muito as relações amorosas quando as têm. Sempre querendo ter razão em vez de ser feliz. Viram as costas e partem em busca de outros amores, achando que vai ser melhor um novo amor.

Na verdade, não muda muito. Aquele período de luto do amor que juntos viveram, não se cumpriu. Aqui fica a seguinte observação: “se a pessoa mal encerrou a relação e já está com o pé em outra, é porque ela não se valoriza”. Entre uma relação e outra existe um período de estiagem, de muita reflexão, de avaliação. Sobretudo, para não cometer os mesmos erros.

Pois se tratando de seres humanos, acima de tudo temos que nos dar valor para poder valorizar o outro e ser valorizado, caso contrário essa pessoa não te merece. É o mesmo que viver uma relação descartável, usa e joga fora, não consegue aprofundar na essência um do outro. Vive-se uma relação pautada no desrespeito e na exploração.

As pessoas não sabem e não querem saber, o quanto custa o prazer que não têm e que está aí ao alcance das mãos e do corpo. Contato, carícia, abraço, intimidade, amor, quem não quer? É ridículo o nosso contorcionismo psicológico, a fim de conseguir fazer de conta que o outro só nos interessa pela sua aparência e pelo seu corpo sarado. Esquecemos que o corpo pertence ao tempo. Achamos que não precisamos de mais nada. E não cuidamos do principal, que é o amor que sentimos um pelo outro!

É preciso fazer algo pela relação amorosa em vez de continuar procurando quem é que devia ou quem é o culpado. E com isso ficamos justificando que tem outros amores melhores, na tentativa de agredir o outro. Essa conspiração contra a felicidade, contra o amor, que poderia ser de boa qualidade, pode acarretar outros problemas futuros. Certamente, vai levar para a nova relação às mesmas dificuldades de filtragem e assim, sucessivamente. O mal não está em errar a dose. O mal está em não aprender a dosar os conflitos.

Como os costumes de convivência se desenvolvem lentamente, as pessoas, na verdade, não percebem o que está acontecendo, a não ser pelo mal estar ou pelas brigas que não resolvem. Não é um problema de ensinar a viver, ainda que ensinar também tenha cabimento, penso que é uma questão de mostrar, apontar, fazer o outro ver o que está acontecendo. Como seria bom se as pessoas fossem vazias como o “céu”, e não tão cheias de palavras, de ordens e de certezas.

Só amamos as pessoas que se parecem com o "céu", onde podemos fazer voar nossas fantasias, como se fossem pipas. Tenho para mim que o maior perigo do nosso mundo não está na violência urbana, nem mesmo nos poderosos; está na falta de alegria de viver das pessoas, no seu tédio, na sua frustração e na sua indiferença. Por isso faz-se necessário desejar outros relacionamentos, superficiais tanto quantos já viveram e continua vivendo. Triste fim para muitos!

Portanto, a pessoa que torna superficial as relações amorosas ou que se aliena, pouco a pouco, faz com que vá crescendo nela o desejo de que esse mundo, infeliz, árido e ameaçador, termine de vez com os seus sonhos narcísicos. Enfim, a mais profunda felicidade do “normopata” é livrar-se de sua vida infeliz, matando quem lhe ama na fantasia, partindo em busca de um novo amor centrado no seu egoísmo. Aqui vai um conselho: “não importa o que a vida fez de você, mas o que você faz, com aquilo que a vida fez de você”. 

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