25 de julho de 2021

PARA UM AMOR MADURO O ESSENCIAL É CONFIAR

Hoje, quero me dedicar a um aspecto essencial das boas relações amorosas que é o desenvolvimento da confiança recíproca e que muito tem deixado a desejar. Amar implica depender, estar nas mãos de outra pessoa. Ela tem, mais do que ninguém, o poder de nos fazer feliz ou sofrer. Basta querer nos magoar que conseguirá isso, com uma simples palavra num tom mais agressivo ou um gesto de indiferença. Se quiser nos fazer sentir insegurança, não terá problema algum. Fica mais do que evidente que, quando uma pessoa ama alguém que não se empenha em despertar a sensação de confiança e de lealdade, ela irá padecer muito.

Irá se sentir permanentemente ameaçada, terá ciúme de tudo e de todos. Amar alguém que não nos passa confiança é, pois, uma irresponsabilidade para consigo mesmo. É uma ousadia, uma ingenuidade e uma grande demonstração de imaturidade emocional. Em geral as pessoas se colocam nessa condição em virtude de terem se encantado com alguém que, de fato, não dá sinais de confiabilidade. Aceitam essa atitude egoísta do amado imaginando que seja uma fase, um período doloroso que irá passar com o tempo. Fazem tudo para demonstrar o seu amor, para cativar o outro e esperam que isso faça com que, finalmente, ele se renda, e também se entregue de corpo e alma à relação afetiva.

Acaba se compondo uma espécie de desafio, em que aquele que não é confiável percebe que recebe mais atenção e carinho exatamente por agir dessa forma. Com isso se perpetua a situação e me parece bobagem achar que o futuro será diferente do presente. Quando a “mágica do encantamento” amoroso não vem acompanhada da “mágica da confiança” a pessoa está posta numa situação muito difícil, na qual o sofrimento e insegurança serão as emoções mais constantes. E o que é preciso para se ter essa mágica da confiança?

Pois, essa confiança vem de vários fatores a principio, sendo que o primeiro deles depende do comportamento da pessoa amada. Não é possível confiarmos numa pessoa que mente, a não ser que queiramos nos iludir e tentemos achar desculpas para não perder o encantamento por ela. Não é possível confiarmos em pessoas cujo comportamento não está de acordo com suas palavras e suas afirmações. Assim como não é possível confiar numa pessoa que grita conosco numa atitude de desrespeito, no momento em que mais precisamos dela.

Aliás, quando o discurso não combina com as atitudes, penso que devemos tomar essas últimas como expressão da verdadeira natureza da pessoa. Não é possível confiarmos em pessoas que mudam de opinião com a mesma velocidade com que mudamos de roupa. É evidente que todos nós, ao longo dos anos, atualizamos nossos pontos de vista. Porém, acreditar em certos conceitos num dia – na frente de certas pessoas – e defender conceitos opostos no outro – diante de outras pessoas – significa que não se tem opinião firme sobre nada e que se quer apenas estar de bem com todo mundo. Amar uma pessoa assim é, do ponto de vista da autopreservação, uma temeridade e um total desrespeito consigo mesmo.

Como dizia o psiquiatra, psicoterapeuta e escritor Flávio Gikovate (1943-2016): “a capacidade de confiar depende também de como funciona o mundo interior daquele que ama e não apenas da forma de ser e de agir do amado”. Não são raras as pessoas que não conseguem desenvolver a sensação de confiança em virtude de uma auto-estima muito baixa. Desconfiam da capacidade que têm de despertar e conservar o amor da outra pessoa; se sentem inseguras, acham que a qualquer momento podem ser trocadas por criaturas mais atraentes e ricas de encantos. E, o que é mais grave, se sentem assim mesmo quando recebem, sinais constantes, coerentes e persistentes de lealdade por parte da pessoa amada.

Finalmente, para uma pessoa desenvolver a capacidade de confiar é necessário que ela seja uma criatura confiável. Costumamos avaliar as outras pessoas tomando por base nossa própria maneira de ser. Se nos sabemos mentirosos, capazes de deslealdade e de desrespeito aos outros, como ter certeza de que as outras pessoas não farão o mesmo conosco? Só aquele que tem firmeza interior, que tem confiança em si mesmo no sentido de respeitar as regras de conduta nas quais acredita, pode imaginar que existam pessoa em condições de agir da mesma forma. Se a felicidade sentimental depende do estabelecimento da confiança recíproca, ela será, pois, um privilégio das pessoas íntegras e de caráter. Contudo, são poucos os casais que vivem em concórdia, num relacionamento que crie condições para que ambos cresçam emocional e intelectualmente.

20 de julho de 2021

SÓ O AMOR NOS FAZ EVOLUIR ESPIRITUALMENTE

Venho aprendendo cada dia mais com o passar dos anos, sobre a importância do amor para a nossa vida. Estou chegando perto dos novecentos textos publicados no meu Blogger. No entanto, muito do que escrevi, falo sobre temas que mais me atrai; como o amor, a ecologia, que inclui os seres vivos o meio ambiente e as relações humanas. Porque acredito que só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. Encaro essas minhas posições como uma luta. Trago no fundo do meu coração a alegria e a esperança, de que estou semeando as melhores sementes. Aprendi que quem acredita faz acontecer ao passo que quem espera ver para crer, nada acontece. Só posso dizer que conviver com a dúvida e a desconfiança é o mesmo que anular-se para a vida.

Em outras palavras, a minha vivência junto às pessoas de diversas atividades, em diferentes cidades, principalmente por onde passo, para divulgar os meus livros ou dar oficinas de leituras e palestras, cresço e aprendo muito. Porém, outro tanto, soma o meu conhecimento acadêmico, mais precisamente com os filósofos e pensadores que entrei em contato através da literatura. Tratam da questão do amor com profundidade como: Platão, Arthur Schopenhauer, Michel Foucault e o escritor e pedagogo Leo Buscaglia. Os relatos contidos nesta reflexão objetivam enfocar as situações tal qual acontece no cotidiano das pessoas. Evidentemente, que também implica a minha experiência como homem apaixonado e que viveu um pouco desse êxtase no paraíso dos amantes. Hoje posso dizer que entendo um pouco do amor, esse nobre sentimento que faz bem a nós humanos, pois sem amor a vida torna-se árida e amarga. O combustível para uma vida plena e viver em paz, só será possível através do amor. Porque o amor é paz e aconchego.

Não só aos poetas e filósofos cabe compreender o amor, mas, a todos os mortais cabe essa compreensão desse sentimento profundo e essencial à vida, embora muito pouco estudado nas escolas e universidade, onde o educando é levado, em geral, a uma formação dessensibilizada com a afetividade. A educação praticada hoje está longe da comunicação amorosa, quer na família, quer nas instituições educacionais. Em geral, o academicismo, desnudo de sentimentos mais elevados, embota a consciência integral, impedindo a manifestação do ser cósmico que transcende qualquer pensamento. O amor é um impulso de vida, portanto, incontrolável e irracional. Minha mensagem é simples: “o melhor prazer ou presente do mundo é um ser humano caloroso, vibrante, que nunca esgota”. Isto porque, o amor é um fenômeno genuinamente humano.

Entretanto, é uma verdade absoluta e incontestável, que a maioria dos centros educacionais funciona como espaço de imposição e transmissão do conhecimento, quando poderiam constituir lugar de encontro e de apropriação do saber. Nesta estrutura, cabe aos jovens apenas a assimilação de conteúdos com o mínimo de questionamento e envolvimento. Até porque o ser humano se manifesta não apenas pela racionalidade, mas também pelos sentimentos. É na integração harmonizada entre pensar e sentir que lhe garante a condição de consciência e transcendência. Os centros educacionais na sua grande maioria “informam”, mas não “formam”. O amor vem sendo ignorado pelos educadores. As pesquisas vem nos mostrando esta falta de sensibilidade dos mestres. É um assunto que pouco ou quase nada se fala nos livros de psicologia, sociologia, antropologia e muito menos na filosofia.

Portanto, pretendo mostra nesta reflexão o que pode haver de melhor em cada um de nós. Somos um corpo sexualizado e, é com esse corpo que nos apresentamos. É um voto de confiança ao ser humano na sua totalidade cosmológica. É a certeza de que podemos contribuir para a estruturação de uma nova etapa da humanidade, em que o amor seja a linguagem predominante. Podemos transformar nossas vidas em projeto amoroso ainda que o contexto apresente dificuldades. Quero acreditar que o amor nos chega através de alguma força misteriosa da vida. Somos capazes de alcançar estados mais elevados de consciência. Tudo depende de reconhecer o estágio em que nos encontramos e buscar com discernimento, novos rumos existenciais. Seguir em frente com vontade inquebrantável, cultivando expressões amorosas. É disso que é feito a vida. Não é somente por meio do intelecto que evoluímos; fazemos, sobretudo, pela amorosidade, processo integrativo de todas as potencialidades do ser, profundamente voltado para a sabedoria derivada da irmã natureza. Como diz o adágio grego da escola socrática: “Conheça-te a ti mesmo”, aqui está a síntese de toda a busca de pacificação íntima, sem a qual ninguém pode amar de modo incondicional ou encontrar o amor em estado de mais pureza. Contudo, se o seu caminho é o amor, o fim não tem importância, porque no processo entrará o coração.

18 de julho de 2021

O MAIS DIFÍCIL É AMAR O TEU PRÓXIMO

Madre Teresa de Calcutá (1910-1997) ou Santa Teresa de Calcutá, foi uma religiosa e missionária católica de etnia albanesa naturalizada indiana, fundadora da congregação das Missionárias da Caridade, cujo carisma é o serviço aos mais pobres dos pobres por meio da vivência do Evangelho de Jesus Cristo. Ela dizia algo que vale pensar: “o difícil é amar o próximo, amar quem está longe é fácil”. Ficar tocado ou chocado porque pessoas estão sem socorro em alguns momentos. Ficar absolutamente entristecido, porque pessoas que são vitimadas por um acidente ou pela contaminação do covid-19, ou quem sabe por uma doença degenerativa, ou por fome. Isto importa e chama-se compaixão.

Mas, amar o próximo que é mais difícil, aquela pessoa que está a sua volta, na sua cidade, na sua convivência diária, ou seja, na sua circunstância. Por isso eu volto exatamente a essa ideia, parodiando Fernando Pessoa: “tudo vale a pensa se a alma não é pequena”. E uma alma se apequena quando ela fica restrita, guardada dentro de si. Em pleno 2021 estamos vivendo uma pandemia devastadora. Varias pessoas que nós conhecíamos e admirávamos, partiram, algumas o foram por conta do vírus e outros por outras doenças.

Certa vez eu li uma frase do escritor e jornalista Gilberto Dimenstein (1956-2020, vitima do covid-19), que nunca mais esqueci sobre o que é solidariedade. Ele dizia que na vida: “quando você vem andando com uma vela acesa nas mãos e encontra uma outra pessoa que vem com uma vela apagada nas mãos e você cede a chama com tua vela, ambos ficam mais iluminados”. Isto implica em solidariedade. Afinal, parte daquilo que é a partilhar, representa exatamente a nossa condição, de nós iluminarmos cada vez mais a nossa trajetória. É através do amor e do respeito que nos solidarizamos.

Portanto, a única saída para que a gente persista e vá buscar e acima de tudo, não perca a vitalidade que a esperança carrega é lembrada na frase do filósofo, poeta e escritor norte-americano Ralph Waldo Emerson (1803-1882): “torna-ti necessário a alguém”. Quando isso acontece dizemos que a vida fez sentido e estamos realizados, tem tudo a ver com nossas buscas. Ao tornarmo-nos necessário a alguém, dessa forma nossa vida irá fazer todo sentido. Como dizia o escritor francês e autor do Pequeno Príncipe, Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944): “cada um é responsável por todos. Cada um é o único responsável. Cada um é o único responsável por todos”. Ou seja, tu és responsável por aquilo que cativas. Ele está sugerindo que a gente participe do cuidado da nossa vida e a vida de outras pessoas.   

16 de julho de 2021

O POETA FAZ AMOR COM AS PALAVRAS

O amor é como o sol. Uma nuvem pode escondê-lo, mas nunca apagá-lo. Quando daqui algum tempo, espero que muito distante, chegaras aos confins do azul do céu e guardaras justamente no olhar da princesa toda cor deste planeta, que com rosas vermelhas enfeitou o amor que o poeta fotografou. Que alegrou a beleza dos rios e dos verdes campos por onde ela pisou. E as canções de amor que ouvia no silêncio da noite, entre uma melodia e outra o poeta lia nas estrelas as inspirações que escrevia.

Vem mais um dia semear esperança num coração solitário. Uma semente caída de uma árvore pode produzir outra árvore, porque a natureza é feita dessa energia descrita no amor. Só um sonho vagarosamente pela noite adentra e não amanhece se a realidade não vier contemplar o despertar desse amor. Por esse passado o poeta e a princesa, viveram a eternidade de um coração inspirado. Como uma força cósmica, todas as tardes vêm semear esperança neste coração solitário.

O silêncio para o poeta é marca de sua inspiração. Falar da princesa é como pintar a natureza. Uma música veio seguindo os passos da princesa e o poeta pode ver o brilho em teus olhos, como a cauda de um cometa riscando o céu estrelado em noite fria de inverno. O balanço da música brincava com o espaço solitário do poeta, renovando os anos passados em cada nota musical. Ambos não querem morrer, pois querem ver como será envelhecer.

A princesa construiu na cabeça do poeta uma nova moradia. Embriagados pelo amor da fonte universal, olham o vento brincando no quintal, embalando as flores do jardim e transformando tudo em sinfonias. Com essa musicalidade do corpo, é que renova a gratidão de haurir a leveza, que a razão incendeia. Os olhos é uma janela acesa de vida, que tritura as ansiedades e acolhe gente que chora como este simples poeta.

Já dizia o poeta: “deixa o rio andar ou empurra um rio abstrato, mantendo as vidas da vida”. Rasga por dentro uma dor que machuca em cores, a vida passa como cortes de metal, em vagalhões de mar e luz, misturando o céu e a terra. Vinda de outras vidas sangra o espírito que o amor espera. O poeta ouve o que as coisas dizem. Sua fala é a voz das coisas. E as coisas se transformam em poesia. O poeta entra no universo das coisas e faz amor com as palavras. Eis que surge a princesa e penetra no corpo do poeta e o novo evangelho se anuncia: “o amor se fez carne”. Agora, ambos estão vivos e a prova de que permanecem no amor é a saudade que eterniza a memória de seus corações. Nesses versos mostra que a vida anterior que retorna em forma de dor que não dói, mas pode ser fatal.

13 de julho de 2021

QUEM NADA COMPREENDE NADA AMA

Segundo o médico, alquimista e astrólogo suíço-alemão Paracelso (1493-1541), dizia: “Quem nada conhece nada ama. Quem nada pode fazer nada compreende. Quem nada compreende nada vale. Mas quem compreende também ama, observa e vê. Quanto mais conhecimento houver inerente numa coisa, tanto maior o amor. Aquele que imagina que todos os frutos amadurecem ao mesmo tempo, como as cerejas, nada sabe a respeito das uvas”. Amar é simples, difícil é encontrar a pessoa certa para amar ou pelo qual ser amado. Tendo em vista, que a maior necessidade do homem é evitar a angustia da separação, abandonar o sentimento de solidão e isolamento. No entanto, a falência absoluta em alcançar esse alvo significa loucura, porque o pânico do isolamento completo, só pode ser ultrapassado por um afastamento do mundo exterior, de tal modo radical que o sentimento da separação desapareça. Porque o mundo exterior, de que se está separado, também desapareceu. Então, como sentir-se livre para experimentar o amor?

Analisando o amor sob a ótica de Erich Fromm, fica claro para nós mortais, que o amor é a única resposta sadia e satisfatória para o problema da existência humana. É o amor uma arte ou só uma sensação agradável? Se o amor é uma arte, exige conhecimento e esforço. Porque toda arte demanda interpretação e conhecimento. Sendo o amor só uma sensação agradável, como aquela experimentada ao acaso nos encontros casuais nas noites de happy hour (em português = hora feliz). Isto é, uma sensação de prazer facilmente confundida com a paixão, que passa rápido. Sendo assim, como posso ser livre para sentir o que sinto? É comum entre homens e mulheres, procurar desenvolver maneiras agradáveis e gentis, conversas interessantes, serem prestativos, modestos e inofensivos. Ou seja, os mesmos modos usados para conseguir sucesso, fazer amigos ou influenciar pessoas. Enfim, o que se considera comumente ser amável é uma mistura de ser popular e possuir certos dotes de sedução para impressionar o outro.

Entretanto, a partir do momento em que não se sente livre para sentir o que se sente, fica-se à mercê de doenças psicossomáticas. Significa a negação das emoções. É não se aceitar na sua totalidade. Só que o fato de negarmos o que sentimos não resolve, pois há em nós energia emocional continua procurando uma forma de ser liberada. Se formos proibidos de expressar o amor que sentimos, podemos acumular raiva, mágoas, ressentimentos ou desenvolver sintomas físicos. Veja o absurdo disso, posso sentir, porém não posso expressar. Por medo da felicidade que bate em nossa porta. Pois, viver com medo é viver pela metade. Isto contém um grau muito limitado de liberdade. A pessoa tem permissão para sentir, mas não para deixar claro esse sentimento. O que vão pensar de mim se mostrar isto? Ou então, ela se permite sentir, falar, mas não agir em função do que sente. Seu sentimento fica dissociado da conduta, muitas vezes por não ter aprendido a tomar decisões baseadas em suas emoções.

Agir no impulso da emoção, sem controle é típico de quem coleciona determinadas emoções segundo a psicóloga e educadora Ana Maria Cohen, que acrescenta. “Pode-se trocá-las por explosões, brigas, vingança ou mesmo homicídio e suicídio”. No caso do amor essas emoções reprimidas, quando explode desencadeia nos chamados crimes passionais. A ação baseada no impulso, embora caracterize uma liberdade maior, não é isenta de problemas. Se tiver raiva contida, explode, não importando onde ou com quem. Se tiver medo, paralisa ou foge, agindo impulsivamente. Isso já é um indicador que a pessoa tem um problema de fato.

Portanto, sentir, verbalizar e agir quando conveniente, respeitando a si e ao outro, é o próximo passo na direção da liberdade emocional. E acontece quando, ao sentir e poder verbalizar, a pessoa resolve se é conveniente ou não manifestar a emoção e qual a melhor forma de fazê-lo. Contudo, existe uma relação de magnetismo entre as pessoas, uma atração instintiva e pontual, pela qual somos tomados por um desejo enorme de prazer em estar com o outro. É através do impulso instintivo que nasce o amor, no mais profundo recôndito do nosso inconsciente onde a razão e a reflexão não têm absolutamente nenhum acesso. Por conseguinte, se as famílias e a sociedade em geral negar essa vontade de vida e de viver, no amor instintivo essa vontade é afirmada perante os humanos. Sendo o amor à manifestação viva dessa vontade de viver.

9 de julho de 2021

UMA PALAVRA ERRADA PODE MUDAR O CONTEXTO

O termo verbo ou palavra é usado de maneiras diferentes na Bíblia. No Novo Testamento, há duas palavras gregas traduzidas como “verbo” ou “palavra”: “rhema” e “logos”. Elas têm significados ligeiramente diferentes. Rhema normalmente significa uma palavra falada. Por exemplo, em Lucas 1:38, quando o anjo disse a Maria que ela seria a mãe do Filho de Deus, Maria respondeu: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra (rhema)”.

Logos, no entanto, tem um significado mais amplo e mais filosófico. Este é o termo usado em João 1. Esse termo geralmente implica uma mensagem total e é utilizado principalmente em referência à mensagem de Deus para a humanidade. Por exemplo, Lucas 4:32 diz que, quando Jesus ensinava o povo, muito se maravilhavam da sua doutrina, porque a sua palavra (logos) era com autoridade. As pessoas ficaram surpresas não apenas pelas palavras específicas que Jesus escolheu, mas por sua mensagem profunda e total.

A finalidade da doutrina cristã é a de aprimorar nosso comportamento individual e social. Através dos ensinamentos de Jesus sobre a força indescritível das atitudes e das palavras. Porém, nossas atitudes e palavras pronunciadas são claramente direcionadas para os nossos semelhantes; isto formando poderoso campo energético e vibratório entre os humanos. Quantas vezes nossas palavras são verdadeiramente devastadoras, semelhante a um furacão, destruindo tudo que vai pela frente. Uma palavra errada pode mudar o contexto de toda uma história. Mas se tiver fé, força e coragem, é possível reverter através de atitudes ética.

Da mesma forma que há também silêncios intencionais, cheio de eloquência perigosa, como nas situações de descasos e indiferenças em relação aos semelhantes. Nossas palavras muitas vezes carregam julgamentos fáceis e levianos, filhos de certa arrogância; e jeitosamente, levantamos suspeitas maldosas de pessoas inocentes, que pauta suas vidas na ética. Por exemplo; ambientes familiares, comunidades religiosas, nossos locais de trabalho, de quanto cuidado tudo isso necessita. Deve-se tomar cuidados com certas palavras, desde que esta não seja degenerada em vulgaridade desrespeitosa sobre o outro. Li, certa vez, que três coisas não voltam: a flecha disparada, a palavra dita e a oportunidade perdida.

Portanto, a palavra é descarga “física” de uma carga “psíquica”. Disse o mestre Jesus: “O homem bom, do bom tesouro do coração, tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro, tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:45). A palavra tem a leveza do vento e a força da tempestade. Celebro o amor e elejo um pensamento bom por dia. Percebo a força e o mistério que a palavra amor carrega. O que recebo do outro é sempre um eco. Através da palavra semeio o amor que lhe tenho, porque só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. A capacidade de sentir amor faz a gente melhorar como ser humano e fazer o mundo melhor, onde impera o respeito.         

4 de julho de 2021

CARTAS DE AMOR EM VERSO E PROSA

Como dizia o poeta, compositor e cantor Gonzaguinha (1945-1991): “há um lado carente dizendo que sim, e essa vida da gente gritando que não”. O heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935), Álvaro de Campos, nos da uma pista exata sobre o significado de escrever uma carta de amor. Isto é, se há amor por que não contar em verso e prosa? “Todas as cartas de amor são ridículas. Não seriam cartas de amor se não fossem ridículas. Também escrevi em meu tempo cartas de amor, como as outras, ridículas. As cartas de amor se há amor, tem que ser ridículas. Mas, afinal, só as pessoas que nunca escreveram carta de amor é que são verdadeiramente ridículas. Quem me dera no tempo em que escrevia, sem dar por isso cartas de amor, ridículas. A verdade é que hoje, as minhas memórias dessas cartas de amor é que são ridículas. Naturalmente, ridículas são aquelas pessoas que nunca escreveram uma carta de amor. Ridículas como as outras”.

Sempre me expressei melhor por escrito. Oralmente não sou muito feliz às vezes falo o que não devo e o que devia falar, não expresso. Não sei se aconteceu com você leitor, mas no meu tempo de escola, era proibido falar. Então, escrevia. A partir daí, acostumei-me a escrever e virei escritor. Adoro escrever. Adoro ler. Mas, adoro também conversar. Como seria uma carta de amor imaginária a alguém especial? Sobretudo, se for uma linda história de amor! Começaria mais ou menos assim: “Conversar com você é muito bom. Porque você é boa ouvinte. Ouve com atenção e valoriza cada frase ou pronunciamento da pessoa que conversa com você. Pesa. Pondera. E não fala precipitadamente. Analisa. E é sincera. Suas colocações são muito inteligentes! Você escreve, lê e fala muito bem. É sensata. Moderna. Charmosa. Quente. Enfim, uma companhia muito agradável. Adoro estar com você. Você é maravilhosa como mulher, como profissional e como amiga. Conviver com você todos esses anos foi muito bom. Você é dessas pessoas que despertam na gente o prazer de viver”.

Na verdade, é uma declaração imaginária de amor: “Se eu pudesse não me afastaria nunca mais da sua presença. Mas, não depende só de mim. E o sentimento quando não é recíproco, não vale a pena! Tem que ser uma atração mútua. Caso contrário, não compensa. Eu passei uma parte da vida procurando a mulher ideal. E não a encontrei. De repente, você apareceu e meu anjo da guarda me disse: É esta! Eu sempre errei, mas meu anjo da guarda, jamais erraria. Eu lhe disse, no nosso primeiro encontro, que não suporto nada forçado. Tudo tem que ser espontâneo e natural. Apelação não é comigo. Suplicar, nem pensar. Ou é uma vontade mútua, ou nada poderá acontecer. Posso lhe garantir que da minha parte é natural. Eu a amaria intensamente. Não sei se por toda a vida, mas seria verdadeiro, sincero e integral. Um amor exclusivo. Criativo. Moderno. Sensual e Erótico. Alegre. Irreverente. Provocante. Total. Enfim, maravilhoso. Faria tudo para que acontecesse assim”. É como imagino uma linda história de amor.

Vou um pouco além da proposta que traz a carta: “amá-la exclusivamente e intensamente por muitos dias e muitos anos. Não sei até quando, mas, por um tempo ideal. Se possível, até o fim da vida. Já não somos jovens, precisamos de alguém para cuidar de nós. Gostaria de cuidar de você e queria que você cuidasse de mim. Daqui a alguns anos, seremos idosos. Idoso sozinho é a coisa mais triste que existe, não existe nada pior. A nossa convivência poderia ser gostosa. Depende de planejamento. Tenho a impressão, parodiando Guilherme Arantes”: “que o melhor das nossas vidas está para começar”. De modo que, poesia pertence àquela categoria de palavras que, durante certo tempo, caíram enfermas, em desamparada exaustão; eram evitadas e dissimuladas seu uso expunha-nos ao ridículo. E foi tão exauridas que, enrugadas e feias, transformaram-se em sinal de perigo. Aquele que, não obstante, se punha a exercer a atividade que, como sempre, prosseguiu existindo chamava a si próprio “alguém que escreve poesia”.

Portanto, dedico a todos os românticos e apaixonados essa carta de amor, em verso e prosa. Como filósofo e poeta, concluo com essa frase: “Se for para esquentar, que seja no sol, de preferência ao meu lado. Se for para enganar, que seja o estômago. Se for para chorar, que chore de alegria. Se for para mentir, que seja a idade. Se for para roubar, que roube um beijo dessa pessoa que te ama. Se for para perder, que se perca o medo de revelar o amor que sentimos um pelo outro. Se for para cair, que seja na gargalhada. Se for para existir a guerra, que seja de travesseiros com a pessoa amada. Se existir a fome, que seja de amor. Se for para ser feliz, que seja o tempo todo. Se possível ao lado desta pessoa que te emociona. Porque o amor não é um sentimento qualquer, que se acha solto por aí todos os dias da sua vida. Se quisermos a felicidade, temos que correr atrás e não esperar que ela bata a nossa porta”.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...