26 de fevereiro de 2014

INTOLERÂNCIA GERA DISCRIMINAÇÃO

A intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade que as pessoas têm de reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões de cada um. Alguém pode definir intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil, em relação às opiniões de outros, mesmo que nenhuma ação seja tomada para suprimir tais opiniões divergentes ou calar aqueles que as têm. Tolerância, por contraste, pode significar “discordar pacificamente”. A emoção é um fator primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa, que pode indicar preconceito, podendo levar à discriminação de todos os tipos.

A discriminação mata, mas muito antes de matar fisicamente ela faz infeliz o que se sente pecador, impossibilita a vida do que é excluído do convívio social, descaracteriza os que são empurrados para o gueto, cria um verdadeiro inferno para aqueles que pensam diferentes das normas aceitas. Todavia, a discriminação da munição ao que quer matar o diferente, aquele que não aceita imposições. Entretanto, anima-o a desconsiderar os sentimentos do outro e justifica a sua irracionalidade dizendo que sempre agiu certo e o outro que é o errado, por isso ele envenena todo o ambiente por onde passa. Contudo, a covardia é mãe da intolerância. Tudo se faz em nome do amor, até mesmo matar o outro emocional e fisicamente. Construímos a infelicidade de muitos e deixamos de cultivar os bons sentimentos, e fazer deles a oficina de um mundo melhor, onde o prazer da diversidade seja apreciado como expressão do Sorriso de Deus.

Todas as pessoas que tem certeza do que falam e fazem, na verdade, são intolerantes. Se elas estão certas sobre suas ideias, por que vão ouvir as outras pessoas? Naturalmente, quem tem certeza em tudo que fala e faz não se pode dizer aberta a novas ideias. Por conseguinte, essa pessoa se arma de preconceito e vai ficando cada vez mais fechada dentro do seu encantado mundinho de certezas. Na verdade, sempre que surge um conflito entre pessoas ou casais, sempre tem alguém que acredita estar certo, que nunca errou e sempre manteve um diálogo aberto e franco, o outro é que faltou com a sinceridade. A culpa sempre recai no outro, sendo que todos os envolvidos têm tudo a ver com esse conflito. Mas, nesta hora ninguém assume o veneno que destilou por conta da sua intolerância.

Portanto, o intolerante só tem a perder, porque afasta as pessoas do seu convívio. Esquece que para viver feliz é preciso aprender a praticar trocas recíprocas de generosidade. Receber da natureza e dos mais viventes os alimentos da alma e os carinhos que nos podem oferecer e oferecendo cada qual de nós também o melhor para os que partilham conosco a aventura de estar vivos. Como disse o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980): “Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem amar ninguém”. Vou um pouco mais além. Quando a primavera chega e embeleza os campos com seu verde fascinante, isto só se da porque cada broto em cada ramo cumpriu sua tarefa de florescer de novo. A importância do ser humano está nas grandes revoluções sociais, mas está também nas conversões interiores à vida digna. Viver com dignidade é saber amar e respeitar o seu próximo.

16 de fevereiro de 2014

OS ENCANTOS DA SERPENTE

Vivemos num mundo de ilusão e contaminados por uma falsa ideologia. Consumimos diariamente o mortífero veneno da serpente do preconceito. De quantas destruição são capazes os preconceitos. Talvez a maior deformidade e defeito moral da sociedade de todas as épocas tenham sido, as personalidades preconceituosas. Vejo o preconceito como uma espécie de “loucura mansa”, nem sempre tão mansa em razão da sua carência de motivos justificáveis. Certas pessoas e classes sociais, inventam um mundo para si e, feito numa espécie de delírio, sem nem dar razões mais inteligentes ou solidas, decidem o que é aceitável e o que não é, o que é certo e o que é errado. Elas se vestem, algumas usam roupas nada comportadas, calçam sapatos finos e se enchapelam em suas ideias preconcebidas, tornando-se arbitrários como os fanáticos e os loucos.

Na mitologia grega, Medusa era uma deusa muito bonita, que quando lançava seu olhar sobre as coisas vivas, as transformava em pedra. Por esta razão o filósofo francês Jean-Paul Sartre (1905-1980), dizia que nos seres humanos, os preconceitos funcionam como “olhares de Medusa”: as pessoas olham para seus semelhantes lá de dentro dos seus valores e, segundo as suas predições e neuroses, petrificam-nos num rótulo, num preconceito. Hoje em dia é preciso estar bem atento para que não se caia no doce engano de que mudar de preconceitos seja alguma forma de libertação. Para o escritor que vive da observação e tem uma boa história para contar, pode encontrar com uma Medusa e ter sua obra petrificada.

Está claro que todos os tipos de preconceitos são armas mortíferas contra o bom relacionamento humano. Grande parte das pessoas mais velhas, tende a avaliar o mundo dos jovens de dentro da mentalidade que sua história de vida lhe legou. Afinal, nem sempre é fácil acompanhar os tempos e passar, na vida, por infindáveis adaptações. O primeiro impulso psicológico é medir os outros por nós mesmos. Daí os mais velhos tenderem a ver, no modo de pensar e agir do que estão chegando para a vida mais socializada, traços de irresponsabilidade, de mau gosto, quando não de decadência mesmo. Parece que a juventude ameaça criar um mundo ruim, porque é diferente daquele idealizado pelos de mais idade. Às vezes alguns chegam a desconfiar de que os adultos nutrem, no profundo de si, uma secreta magoa de já não poderem ser tão jovens e audaciosos como os rapazes e moças. Em muitos lares e instituições de ensino, instala-se uma autêntica guerra entre novos e idosos ou mais vividos.

Por outro lado, o que há de problemático é que os jovens encontram quase sempre, para si, o mesmo caminho vicioso. Desenvolvem de seu lado, outra quantidade de preconceitos contra o modo de ser dos da geração anterior. Esses jovens são afiados na inventividade linguística e no bom humor. Nos chamando de “tio dinossauro, careta, quadrado, surfista de banheiro, etc”. O humor até que é bom, mas a agressividade não é. Parece para muitos jovens que o mundo está embolorado pelos coroas. Aqui está uma expressão cruel para os idosos.

Entretanto, sentimos vontade de questionar: “Será que para combater preconceitos o caminho seja inventar outro? O remédio para um vício seria assumir outro igual e contrario? Quem conseguirá escapar assim, dos terríveis olhares de Medusa?" Se o erro de um provoca o erro dos outros, esse caiu no encantamento da serpente. Roda-se e volta sempre ao mesmo lugar de onde se quer saiu. É preciso que coloquemos com muito cuidado, o problema de como quebrar os encantos da serpente dos preconceitos, que tanto envenena a humanidade. É bom lembrar que o preconceito nasce da insegurança e da fraqueza humana, pode nascer até de um certo medo de enfrentar a vida. Sobretudo, para aqueles que estão atras do fácil, e não se importam com a construção de boas relações interpessoais.

Portanto, a vida acaba nos colocando ante duas possibilidade. Ou o preconceituoso que nos provoca é um ser humano frágil, embora inteligente e sensível – e aí está nossa tarefa de dar-lhe concreta ajuda em questioná-lo; ou por outro lado, o preconceituoso que cruza nossa estrada é um desinteligente, que nunca saberá ouvir argumentos alheios. E neste caso cabe-nos somente deixá-lo com seu mundinho. O que jamais será bom, o que nunca será produtivo para ninguém, é atirar um erro contra o outro, passar a vida acumulando e gastando munições inúteis, com pessoas infectadas pela serpente do preconceito. Contudo, depois o tempo passa, nós passamos, e nada se passou em nossas vidas que as tornassem mais vigorosamente dignas de ser vividas.

AS COISAS SÃO OS NOMES QUE LHE DAMOS

O que é que você está fazendo com a sua solidão? Quando você a lamenta, você está dizendo que gostaria de se livrar dela, que ela é um sofri...