29 de novembro de 2022

COMO IDENTIFICAR UMA PERSONALIDADE HISTRIÔNICA

Existem pessoas que gostam de ser o centro das atenções, que gostam de estar rodeadas de amigos e se sentirem admiradas pelos outros. Isso não necessariamente é um problema, mas existem casos em que esse gosto por se destacar se torna uma necessidade, o que pode ser bem preocupante. Trata-se do transtorno de personalidade histriônica (TPH), caracterizado por essa necessidade de chamar a atenção, frequentemente acompanhada de um forte apelo sexual, e uma emocionalidade exagerada e difusa.

Pessoas que sofrem desse transtorno geralmente dão muita ênfase à sua aparência, vestindo-se de forma provocativa ou sedutora. São pessoas altamente sugestionáveis que, não raramente, agem de forma submissa com a finalidade de chamar a atenção.

O transtorno pode causar muito sofrimento para quem é acometido por ele, pois facilmente a pessoa se torna emocionalmente dependente dos outros, chegando a desenvolver estratégias de manipulação e chantagem emocional para manter os outros interessados. Além disso, os comportamentos sedutores não se restringem apenas aos interesses amorosos, acontecendo também em contextos inadequados, como no trabalho, durante atividades ocupacionais, entre outros.

Na fala, pessoas com esse transtorno costumam dramatizar bastante, contando histórias impressionistas que podem faltar em detalhes, dando opiniões sem conseguir embasá-las. Em situações sociais, podem ser facilmente vistos como a “alma da festa”. Demonstram suas emoções de maneira dramática e exagerada, mas também parecem “ligar e desligar” as emoções rapidamente, como se nada tivesse acontecido.

Em geral, esses comportamentos se tornam aparentes no início da vida adulta. Estudos epidemiológicos apontam que o transtorno atinge menos de 2% da população e sugerem que é mais comum em mulheres. Contudo, há chances de atingir homens em igual proporção, mas são poucos os que procuram ajuda por isso.

13 de novembro de 2022

AMAR E COMPARTILHAR O QUE TEMOS DE MAIS ÍNTIMOS

Às vezes a gente pensa que gosta de alguém, só porque aquela pessoa entende a gente. Na verdade, o que mais queremos naquele momento é ser compreendido por alguém. Postulamos essa premissa e misturamos tudo, confundindo amor com carência.

Somos invadidos por uma sensação de vazio e solidão que ocupa profundamente o nosso coração de tal forma e com tal intensidade que perdemos a referência dos nossos mais obscuros sentimentos. No entanto, chegamos a pensar que, realmente, seja mesmo o cupido que nos flechou (da mitologia grega), no momento em que alguém sorri para nós.

Por ser a nossa mente seletiva, e para minimizar os nossos conflitos e neuroses, prontamente criamos fantasias e com isso misturamos os sentimentos, que nos confunde completamente. Para não embarcar nesta loucura, precisamos urgentemente criar um antídoto e desfazer o engano, antes de nos envolver, achando que o amor está batendo a nossa porta.

O primeiro passo é resgatar a nossa dignidade. Palavrinha muito falada e pouco experimentada, que tem a ver com honra, respeito e amor próprio. Para descobrir o amor no outro só é possível através da dignidade, que é a nossa maior autoridade para viver o amor. Um amor digno. Importante não confundir “amor próprio” com narcisismo, que é outra coisa completamente diferente. Assim como a palavra “dignidade”, nada mais é do que uma qualidade moral que infunde respeito entre o sujeito e sua relação com o meio.

Todavia, a dignidade é o antídoto para esse engano. Esta palavra tem tudo a ver com valores e princípios morais, respeito pelos seres viventes. Como seria doce viver se a contenção exterior representasse sempre a imagem da disposição do nosso coração. No entanto, vivemos num mundo dividido e marcado pela intolerância e pela violência. O ser humano está perdido na massa de cultura inferior, abandonado na sua solidão e, ao mesmo tempo, tomado por uma esperança.

9 de novembro de 2022

UMA RAJADA DE OFENSAS PODE MATAR UM AMOR

Os relacionamentos chegam ao fim por diversos motivos. Alguns por excesso de ciúmes, outros por exagerados cuidados, outros por falta de respeito, mas, dificilmente acabam por falta de amor. Talvez eu esteja entre uma pequena parcela da população, que ainda acredita no amor. Muitas vezes abandonamos uma pessoa, ainda sentindo muito amor por ela. Mas, a nossa relação sofreu tantos maus tratos, que não há mais como continuar. As relações são afetadas pela maneira como o outro nos trata, seja de uma forma boa ou ruim. Se bem cuidado, o amor dura uma vida, se maltratado dura semanas.

Porém, é interessante comparar do inicio ao fim do relacionamento. No começo as pessoas são gentis, educadas e se mostram preocupadas com o outro. Deixam até aquela sensação de eternidade na história de amor que estão começando a viver. Mas, na primeira briga, desrespeitam o companheiro de forma cruel, como se não tivesse nenhum sentimento entre eles. Em algum momento a sociedade pregou que basta amar para uma relação durar. E muita gente boa acreditou nisso. E o cuidado com o outro? E o afeto e o respeito, não precisam? Ou engole tudo isso com gelo? A verdade é que as pessoas perderam o respeito pelos outros e, no calor das emoções, usam as ofensas como quem usa uma metralhadora com a intenção de matar.

No entanto, conforme a rajada pode ser fatal e levar esse amor ao óbito. Mata o respeito, mata a confiança e principalmente a vontade de continuar. A pouco tempo li um livro interessar que tem tudo a ver com o tema tratado, cujo título é: “O Lobo da Estepe”, do escritor alemão Hermann Hesse (1877-1962), Prêmio Nobel de Literatura em 1946. Ele conta a história de um intelectual cinquentão vivendo em plena desvairada década de 1920 que, após abandonar a regrada vida burguesa, se entrega à dissipação da vida boêmia dos bares, dos salões de dança onde aprende o jazz das elegantes cortesãs.

Através dessa leitura e com a minha experiência, consegui entender o que acontece na alma humana diante dos conflitos e como podemos lidar com eles. Segundo o próprio Hesse: “o livro trata, sem dúvida, de sofrimentos e necessidades, mas mesmo assim não é o livro de um homem em desespero, mas o de um homem que crê no amor”. Nesse livro, em certo momento da narrativa, Hesse apresenta o conflito do homem entre a vontade de viver e de morrer, já que a segunda atitude parecia ser a solução de todos os problemas: “apesar de nunca querer morrer de verdade, sonhava com a morte do sofrimento”. Queria matar aquilo que doía: o remorso, o medo da solidão, uma saudade de quem partiu para sempre. Vale lembrar, que saudade é amar o passado que nos machuca.

Portanto, alguns relacionamentos, ainda que não levem à morte nem sirvam de reportagem para os noticiários sensacionalistas, deixam marcas profundas na alma das pessoas amadas. Entenda, de uma vez por todas, que ciúme doentio não é manifestação de amor, que onde prevalece à dor e a humilhação, não pode haver relacionamento saudável. Podemos ter a infelicidade de ser vítima da primeira ofensa ou da primeira agressão, mas não precisamos aceitar a segunda. Respeite-se e não precisará exigir isso dos outros. Lembre-se que violência começa com o desrespeito e, desrespeito, começa com a nossa aceitação. Contudo, todas as pessoas são merecedoras de respeito e consideração. Tendo em vista, que a felicidade só aparece para aquele que sofre, que se machuca na vida e que mesmo assim, busca e tenta sempre, trilhar o caminho do bem.

6 de novembro de 2022

INVARIAVELMENTE A LEITURA NOS RENOVA

Abro esta reflexão com uma frase do escritor Monteiro Lobato (1882-1948), que diz: “quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê”. Ler para mim é como respirar. Tanto é verdade, que as pessoas mais próximas e especiais da minha vida, sempre indico uma leitura ou presenteio com um livro meu. A síntese de todo escritor está na frase do poeta brasileiro Castro Alves (1847-1871): “Bendito aquele que semeia livros e faz o povo pensar”. Até porque, a gênese da filosofia é antes de tudo, pensar a vida.

Ao ler descobrimos um mundo novo, rico de coisas desconhecidas. O hábito de ler deve ser estimulado desde a mais tenra idade, pois é na infância que o ser humano compreende que ler é algo importante e prazeroso. Despertado o hábito, certamente será um adulto culto, dinâmico e perspicaz. Saber ler e compreender o que os outros dizem nos torna racionais. É a leitura que possibilita a capacidade de interpretar, tornando o leitor mais informado e crítico.

É a forma mais antiga e a mais eficiente até hoje, de adquirir conhecimento. Ler revistas, sites, gibis, livros de romance, entre outras leituras de entretenimento, é tão eficaz quanto ler um livro técnico. A diferença é que ler algo técnico oferece conhecimento especificamente sobre aquele determinado assunto, enquanto leituras diversificadas estimulam o raciocínio e melhoram o vocabulário.

É a mais pura verdade o dito: “somente escreve bem quem lê muito”. Quem tem esse hábito conversa fluentemente sobre qualquer assunto e consegue formar opiniões bem fundamentadas. A leitura é um hábito que só traz benefícios para a nossa vida. Através dos sentimentos, quando olhado com o coração, é que está o poder da transformação do conhecimento que nos faz sábio. Só assim encontraremos a paz e viveremos em harmonia com o nosso corpo e nossa alma.

Encerro essa reflexão citando o filósofo e educador Rubem Alves (1933-2014) que diz: “há um tipo de educação que tem por objetivo produzir conhecimentos para transformar o mundo, interferir no mundo, que é a educação científica e técnica. Mas há uma educação – e é isso o que chamo realmente de educação – cujo objetivo não é fazer nenhuma transformação no mundo, e sim transformar as pessoas”. Sobretudo, por ser a leitura o alimento da alma. Ser sábio é sentir com o coração o que a razão explica com sabedoria.

2 de novembro de 2022

A MORTE É TUDO AQUILO QUE NÃO TEMOS MAIS

Entendemos como morte tudo aquilo que não temos mais. A morte que para nós existe visível é a do outro que já não existe mais. Penso que se fossemos Brás Cuba, aquele do romance escrito por Machado de Assis (1839-1908), com certeza este trabalho de nossas Memórias Póstumas, talvez pudéssemos adiantar algo de concreto sobre a morte, por isso somos eternos inconformados, pois, o que nós não podemos conceber é não ter memória da nossa morte. Passamos a vida inteira morrendo aos pouco e, quando a morte vem nos buscar, não podemos assisti-la.

A morte está onde menos esperamos que ela estivesse. Tanto naquelas fotos que guardo dos meus filhos quando eles tinham aproximadamente entre três e quatro anos de idade, como naquela música da época que nos traz lindas recordações de momentos que vivemos, que a morte levou e nos deixou saudades. Como diz a música de Nelson Cavaquinho e Jair Costa, “Eu e as Flores”: Quando eu passo perto das flores quase elas dizem assim: Vai, que amanhã enfeitarei o seu fim. Entretanto, ao olhar hoje para as fotos dos meus filhos quando eram pequenos, sinto um aperto no coração e prontamente sou tomado por um saudosismo incomensurável, sinto que aquelas crianças da foto não existem mais, como jamais voltarão a existir. É aqui onde mora a nossa saudade e as lembranças vivas daquilo que já morreu.

Como argumenta o escritor irlandês James Joyce (1882-1941): “A nossa história é um pesadelo do qual estamos tentando acordar”. O final das coisas é sempre doloroso para quem fica. Sinto que a dor faz parte do simples fato de que o mundo existe. A dor é o preço que pagamos por estar vivos. Para o filósofo Karl Marx (1818-1883): “a alienação cria o descompasso entre a nossa existência e a nossa essência. Não vivemos o que somos e nem podemos ser o que gostaríamos de viver”. Entretanto, a meu ver essa adequação entre a essência e a existência, está a nossa santidade. Contudo, a dor pelos vivos às vezes dói muito mais e arranca de nós um pedaço, ou seja, a metade adorada e querida de nós que vai junto com aquele que amamos.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...