27 de novembro de 2015

O QUE É O AMOR?

Um dos mais belos textos da literatura mundial é: “O Banquete”. Platão expôs aquilo que seria a sua doutrina sobre o amor. A narrativa que relata uma festa realizada na casa de um famoso poeta Agatão, que vai desencadear uma série de elogios aos deuses que, se acreditava, não havia ainda recebido os louvores dos homens. Assim, o deus foi tido por diversos caracteres, desde o deus mais antigo e por isso bom educador, passando por uma força cósmica universal geradora dos seres, até por uma dupla característica, sendo uma vulgar e outra ascética, bem como o deus mais jovem, mais belo e por isso irresponsável e criador de confusão.

Chegada à vez de Sócrates falar, surge o problema: Sócrates não sabia falar bem, não tinha o dom da eloquência. Ele não sabia elogiar, mas gostaria na forma de diálogo, falar de deus. E sua primeira questão foi: “o que é o amor?” Ou seja, antes de falar se ele é bom ou mau, belo ou feio, se ajuda ou se atrapalha na educação, deveríamos saber o que ele é. Para desconcerto geral, Sócrates definia o amor como sendo a busca da beleza e do bem. E sendo assim, o amor não pode ser nem belo e nem bom. Quem ama, deseja algo que não tem. Quando se tem, não se deseja mais. Só desejamos o melhor, ninguém escolhe o mal voluntariamente. Logo, o amor é o desejo do belo e do bom. Essa definição permite uma compreensão universal do objeto (o amor). Mas não devemos também acreditar que por não ser bom, o amor é mau. Não é uma conclusão necessária. Para isso, Sócrates vai contar o que Diotima contou-lhe sobre o amor.

Para combater o mito que acabara de escutar da boca de um comediógrafo (Aristófanes – mito da alma gêmea). Sócrates mostra o que aprendeu com aquela que o iniciou nos mistérios do amor. Diotima disse ao nosso filósofo que durante uma festa, todos os deuses foram convidados, menos a deusa Penúria. Faminta e isolada, ela procurou alimento nos restos da festa. Porém, ao ver o deus Astuto, deus engenhoso, cheio de recursos e que estava embriagado, deitado num jardim, a deusa resolveu ter um filho com ele. Nasce daí o deus Eros (ou amor), que assume as características de seu pai. Como sua mãe, ele é pobre, carente, faminto e desejante. Mas como seu pai, ele é nobre, cheio de recursos para alcançar o que lhe aprouver, sempre saciando suas necessidades.

Em um nível cósmico, a função do deus é ligar os homens a Zeus, sendo um intermediário entre eles. Aos deuses, o amor leva as súplicas dos homens, seus anseios, suas dúvidas e necessidades através das preces e orações. Aos homens, o deus do amor traz as recomendações aos sacrifícios e honra aos deuses. Por isso, não sendo nem bom e nem mau, mortal e também imortal, o amor é o que nos leva a escolher sempre o melhor, a fazer o bem. Ele morre, como um desejo que se acaba, mas logo nos inflama novamente, renascendo na alma dos homens. Afinal, o que é o belo e o bem que o amor busca?

Para Platão, no nível mais imediato, o amor refere-se à nossa sensibilidade e apetites, principalmente o sexual. Vemos, a partir de um corpo, a beleza e o desejo de procriar nele. Isso significa, inconscientemente, que o desejo por um corpo belo é a tentativa da matéria de se eternizar. Os filhos são uma forma dos pais serem eternos. No entanto, o belo não é somente o corpo, tanto que logo que esse desejo se esvai, percebemos que outros corpos também nos atraem. Assim, passamos do singular (indivíduo) para o universal (todos os indivíduos). Mas ainda nisso não consiste a beleza, apenas participa da ideia. Para Platão, subimos degraus na compreensão da beleza, dos corpos até as ações na ciência, na arte e na política, que expandem a ideia de beleza. Mas ela mesma é uma ideia, norteadora das ações humanas, que dirige as almas para o bem absoluto que não pode simplesmente ser conquistado pelo homem encarnado.

Portanto, o homem na sua dualidade corpo e alma, jamais conhecerá a verdade de modo absoluto. Isso cabe somente aos deuses. Mas nem por isso deve deixar de se desenvolver. É moral dever agir procurando o melhor sempre. Ao homem ser desejante intermediário entre os deuses e os outros seres não consciente, cabe buscar o conhecimento que o aproxime dos deuses, não se deixando fascinar pelo sensível, mas buscando compreender o inteligível, o reino das ideias, o que propriamente é o saber. Assim, naturalmente, o homem é filósofo (ou deveria ser) buscando a sabedoria, entendendo por isso a melhor forma de usar a parte que lhe é principal – a alma – para agir, ser dono dos desejos, compreendendo a função de cada um e não se tornar escravos desses.

24 de novembro de 2015

VONTADE NÃO É DESEJO

Desejo é diferente de vontade. Desejo é coisa da alma e do corpo. Vontade é coisa do raciocínio e do ego. Para melhor compreende essa dualidade, vamos imaginar dirigindo num transito e de repente o guarda quer nos multar por excesso de velocidade, mesmo sabendo que estamos no limite permitido, o nosso desejo é de enfiar a mão na cara do guarda. Nosso desejo é provar que estamos com a razão. Mas, sabemos que isso de nada adiantará, pois o poder está com ele. Ora, sabendo que o poder está com ele, então, contemos o nosso desejo e usamos a nossa vontade para argumentar.

Na relação afetiva acontece a mesma coisa. Ao conhecer uma pessoa que nos atrai e provoque o nosso desejo de ter alguma intimidade com ela. Se negarmos que estamos a desejando, vamos reprimir e por via disso, vamos enfraquecer a nossa individualidade. Podemos não ter nenhuma intimidade com essa pessoa em respeito a nossa outra cara metade. Assim como não gostaríamos que fizessem conosco, não faríamos com quem amamos. Porém, a nossa vontade prevaleceu e não cedemos aos nossos desejos.

Isto implica que sem reflexão, agimos por impulso e não percebemos que este impulso – desejante ou reativo – é resultante do que sentimos; se não refletimos o que sentimos, certamente agimos de maneira equivocada pela perturbação emocional. A diferença entre o desejo e a vontade se encontra numa relação muito estreita, embora distinta. Para melhor compreender vamos recorrer ao poema de Adélia Prado que diz: “Eu não quero a faca e o queijo, eu quero a fome”. Além do princípio pedagógico fantástico que carrega a frase, ela põe em relevo a vontade e o desejo. Algo que nos inquieta. Isto é, a fome é o desejo, o instinto, comemos quando estamos com fome para satisfazer nosso organismo. O querer a fome é querer comer, com apetite para a satisfação do desejo.

Entretanto, a vontade está explícita nessa frase. A vontade é o querer com apetite. Porém, essa vontade se expressa fora do âmbito do desejo, que é impulsivo, enquanto que a vontade é um querer racional com finalidade de resolver o problema da fome. A vontade é potência, estímulo, cultivo. O ato é manifestação da realização do desejo. Se desejo é porque ainda não tenho. Só desejamos aquilo que não temos. O homem deseja a mulher e vice e versa, por carência e a ausência que reclama a sua outra metade. Quando ambos se encontram e se completam, sai de cena o desejo para dar lugar à excitação.

A paixão, pensada e vivenciada pela nossa juventude é desejo, falta, dor e ausência. Amor é essa vontade espontânea de amar, dar-se, cuidar e atender. Cada um com seu pensamento e sua vida, cada qual se avalia e diz se realmente ama o outro ou fica com ele por medo, carência, utilitarismo ou qualquer outro tipo de pretexto. Volto a citar Adélia Prado: “não quero a carne, não quero o gozo, quero é o tesão. Que seja pela vida, pela amada, pela fotografia, pelo cinema, pelos esportes ou seja lá que causa for”. Viver é pensar e pensar é viver, no nível mais profundo dessa vontade, que tanto falta em nós. Porém, tão comum e abundante é o desejo em nossa sociedade. Sendo assim, para que pensar? Logo digo: para saber-me mais perto da vontade de viver que do desejo de vida. Tendo em vista que a vida já temos, precisamos colocar nela a vontade de viver.

Portanto, desejo é tudo o que emerge do pensamento à ação sem que se possa controlar; é o impulso instintivo, é a avidez pelo prazer das sensações. Vontade é a ação regida pela razão, independentemente da corrente dos desejos, ou seja, é o uso da razão para deliberar escolhas. Muito diferente de desejo, vontade é o saber materializado em conduta; é tudo o que o pensamento produz para se sobrepor aos instintos, a fim de viver melhor. A fronteira entre a vida boa e a vida ruim está no descolamento entre a racionalidade e o impulso desejante, ou seja, entre a vontade e o desejo. A vontade percebe que, apesar do desejo, é possível viver na contramão dos instintos. Contudo, a isso chamamos liberdade, que é a soberania da competência deliberativa sobre as próprias inclinações. Sou livre quando, ao flagrar meus desejos, consigo agir racionalmente, contrariando o que sugerem meus impulsos. 

18 de novembro de 2015

O AMOR SE ALIMENTA DA CONFIANÇA

Não acredito que possa haver alguém que tenha experimentado o amor mesmo que desprovido de intenções sexuais e não tenha conhecido o ciúme. Até porque os dois geralmente andam juntos. Há pessoas que acham que o ciúme é o tempero do amor. Com certeza estão equivocados. O ciúme impede a generalização do amor. Uma pitadinha de ciúme às vezes pode valorizar a pessoa amada. Costumo comparar o ciúme com a pimenta. Quando demais, acaba estragando o prato predileto. Uma pitadinha é ótimo; demais, leva o amor a se transformar em sofrimento. Parece que as pessoas andam se tornando mais possessivas, mais controladoras e, por isso, mais sofredoras e mais causadoras de sofrimentos.

Vou pontuar essa reflexão numa pesquisa do meu colega psicólogo e educador Ênio Brito Pinto, autor do livro: “Orientação Sexual na Escola – A importância da psicopedagogia nessa nova realidade”. Segundo o Ênio Brito, o que é terrível no ciúme é o sofrimento que ele causa tanto na pessoa ciumenta, como na pessoa vítima dos ciúmes. Vou um pouco além, quem sente ciúme está sempre alerta, sempre estressado, sempre atento além da conta para a possibilidade de uma traição. O corpo fica rígido, a respiração curta, o sistema nervoso simpático mais atuante do que o parassimpático. Vou explicar melhor para entendermos o ciúme.

Nós temos em nosso corpo o que é chamado de Sistema Nervoso Autônomo. Ele tem esse nome porque é mesmo autônomo, ou seja, não depende de nossa vontade. Vamos dizer que ele é composto por dois pilares: “o sistema nervoso simpático e parassimpático”. O parassimpático é o responsável pelas nossas sensações de calma e de tranquilidade. O simpático, ao contrário do que o nome sugere, é o responsável pelo estado de alerta, pela atenção, pela descarga de adrenalina no corpo. Se estivermos passeando calmamente, felizes da vida, uma conversa agradável ou ao lado da amada curtindo uma fantasia interessante, prevalece o parassimpático. Mas, se de repente a pessoa é tomada subitamente por um susto, passa predominar o sistema nervoso simpático.

Ora, o que acontece é que a pessoa ciumenta fica muito no simpático. Tudo a assusta, tudo é motivo para achar que o outro a está traindo ou poderá trair. Será que amar é estar alerta, como se a pessoa só pudesse olhar para os riscos do amor? Acontece que o amor é um risco. Não existe amor sem risco, porque nenhum amor nos de certeza. Amar é uma aposta razoável. Temos que acreditar que o outro nos respeitará, sempre nos valorizando por compartilhar do mesmo amor que junto sentimos. Amor é fogo e certeza é vácuo. Quando acaba a incerteza, o amor também se acaba, já que nada é mais destruidor de amor do que a certeza. O amor se alimenta da confiança. Ela é o nutriente do amor, é oxigênio para a lareira amorosa. Não há nada que nutra melhor o amor do que a confiança de que o outro nos ama e valoriza este amor. Este é o limite da relação amorosa, pois está alicerçada na confiança.

Entretanto, de qualquer forma, mesmo com essa confiança básica, amar é conviver com algum grau de insegurança. Finalizo essa reflexão citando um grande poeta português Luís Vaz de Camões (1524-1580), que expressava em seus poemas um amor idealizado que não chegava às vias de fato, colocava-se sempre no plano da abstração. Falava do amor preso ao dualismo, do amor que por um lado ilumina a mente, gera a poesia e enobrece o espírito, que aproxima do divino, do belo, do eterno, do puro e do maravilhoso. Dizia também do amor que tortura e escraviza pela impossibilidade de ignorar o desejo de posse da amada e as urgências da carne. Camões queixou-se inúmeras vezes, amargamente, da tirania desses amores impossíveis, chorou as distâncias, as despedidas, a saudade, a falta de reciprocidade e a impalpabilidade dos nobres frutos que esse amor produz.

Concluo então, com um soneto de Camões muito conhecido: “Amor é fogo que arde sem se ver. É ferida que dói e não se sente. É um contentamento descontente. É dor que desatina sem doer. É um não querer mais que bem querer. É solitário andar por entre a gente. É nunca contentar-se de contente. É cuidar que se ganha em se perder. É querer estar preso por vontade. É servir a quem vence o vencedor. É ter com quem nos mata lealdade. Mas como causar pode seu favor. Nos corações humanos amizade. Se tão contrário a si é o mesmo amor?” 

15 de novembro de 2015

ENSAIO ACERCA DO ENTENDIMENTO HUMANO

Nos escritos “Ensaio Sobre o Entendimento Humano” do filósofo inglês John Locke (1632-1704), ele faz uma crítica à doutrina do racionalismo cartesiano, principalmente à teoria das ideias inatas, ao defender que todas as ideias têm origem na experiência sensível. Sua reflexão tem por objetivo saber qual é a essência, qual a origem e o alcance do conhecimento humano. Ao investigar a origem das ideias, ao contrário de Descartes que privilegiava as verdades obtidas pela razão, típica da lógica e da matemática. Locke preferiu o caminho do mundo sensível, ou seja, que todas as ideias derivam da sensação ou reflexão.

Locke parte do seguinte argumento; suponhamos que a mente seja como uma folha de papel em branco, desprovida de todos os caracteres, sem qualquer impressão. Como será suprida? De onde lhe provém este vasto estoque de informações, que ativa e que o ilimitado universo de fantasia humano, imprimiu com uma variedade quase infinita? De onde apreende todos os materiais da razão e do conhecimento? A tudo isso responde Locke, numa só palavra, da experiência. Todo o nosso conhecimento está fundado na mente, e dela deriva fundamentalmente o próprio conhecimento. Empregada tanto nos objetivos sensíveis externos como nas operações internas de nossas mentes, que são por nós percebidos e refletidos, nossa observação supre nossos entendimentos com todos os materiais do pensamento. Segundo Locke, são dessas duas fontes de conhecimento que brotam todas as nossas ideias que possivelmente teremos.

Para Locke, os nossos sentidos, familiarizados com os objetos sensíveis particulares, levam para a mente várias e distintas percepções das coisas, segundo os vários meios pelos quais aqueles objetos os impressionaram. Por exemplo: temos a ideia do azul, branco, quente, frio, amargo, doce, dia, noite e todas as ideias que denominamos de qualidades sensíveis. Quando Locke diz que os sentidos levam para a mente, entendemos com isso, que os sentidos retiram dos objetos externos para a mente o que lhes produziu esta percepção. É como receber um bombardeio. A esta grande fonte da maioria de nossas ideias, bastante dependente de nossos sentidos, dos quais se encaminham para o entendimento. Locke denominava de sensação.

Outro argumento forte de Locke é das operações de nossas mentes. A outra fonte pela qual a experiência supre o entendimento com ideias é a percepção das operações de nossa própria mente que se ocupa das ideias que já lhe pertencem. Essas operações, quando a alma começa a refletir e a considerar, suprem o entendimento com outra série de ideias que não poderia ser obtida das coisas externas, tais como a percepção, o pensamento, o duvidar, o crer, o raciocinar, o conhecer, o querer e todos os diferentes atos de nossas próprias mentes.

Observando esses atos em nós mesmos, nós os incorporamos em nossos entendimentos como ideias distintas, do mesmo modo que fazemos com os objetos que impressionam nossos sentidos. Todas as pessoas têm esta fonte de ideias completamente em si mesmo. Embora não a tenha sentido como relacionada com os objetos externos, provavelmente, ela está e deve propriamente ser chamada de sentido interno. Mas como Locke denominou a outra de sensação, esta ele denominou de reflexão. Portanto são ideias que a mente reflete acerca de suas próprias operações, como elas se formam e como elas se tornam as ideias dessas operações no entendimento. Que para Locke são os únicos dados originais dos quais as ideias derivam.

Portanto, toda e qualquer prova ou demonstração analítica, indutiva, intelectual, supõem um fundamento anterior e independente. Como a janela aberta é a condição necessária para que a luz do sol ilumine a sala, mas a causa dessa iluminação é o foco solar. Da mesma forma, não podem os pais ser considerados como verdadeira causa do filho, senão apenas a condição necessária para a formação do mesmo. Não são eles os autores e criadores da prole, senão somente formadores e modeladores da mesma. Contudo, para o filósofo e empirista escocês da Renascença Davi Hume (1711-1776), onde não há verdadeira causa ali não pode haver certeza, senão apenas probabilidade. O que se pode provar é apenas provável. Para haver certeza, é necessário recorrer a algo que não possa ser provado e nem necessite de provas. Quem nada supõe nada pode provar.

8 de novembro de 2015

MEDITAÇÕES METAFÍSICAS DE RENÉ DESCASTES

O filósofo e matemático francês René Descartes (1596-1650), considerado o pai da filosofia moderna, foi o principal representante do racionalismo no século XVII. Por conseguinte, tem como ponto de partida a busca de uma verdade que não possa ser posta em dúvida. Descontente com os erros e ilusões dos sentidos, procura o fundamento do verdadeiro conhecimento. Tendo em vista a dúvida como um método do pensamento rigoroso.

Todavia, ele começa duvidando de tudo, das afirmações do senso comum, dos argumentos da autoridade, do testemunho dos sentidos, das informações da consciência, das verdades deduzidas pelo raciocínio, da realidade do mundo exterior e da realidade do seu próprio corpo. Só é interrompida essa cadeia de dúvida diante do seu próprio ser que duvida. Se eu duvido, eu penso; se penso, logo existo.

As meditações metafísicas de Descartes têm como objetivo comprovar a objetividade do conhecimento científico. Partindo dessa intuição primeira e incontestável, ele distinguiu os diversos tipos de ideias, percebendo que algumas são duvidosas e confusas e outras são claras e distintas. Dado a facilidade com que nosso espírito se deixa levar pelas opiniões e ideias alheias, sem se preocupar em verificar se são ou não verdadeiras. São essas opiniões que emitimos, tão forte e poderosa que ofusca o nosso intelecto.

Para Descartes, o erro situa-se no conhecimento sensível, de maneira que o conhecimento verdadeiro é puramente intelectual, isto é, fundado apenas nas operações do intelecto ou entendimento e tem como ponto de partida as ideias inatas ou observações que foram inteiramente controladas pelo pensamento. São as ideias inatas, verdadeiras, não sujeitas a erro, pois vêm da razão, independentes das ideias que vêm de fora, formadas pela ação dos sentidos.

Segundo Descartes, o pensamento sobre Deus é a ideia de um ser perfeito; se um ser é perfeito, deve ter a perfeição da existência, senão lhe faltaria algo para ser perfeito. Portanto, ele existe. Se Deus existe e é infinitamente perfeito, não posso me enganar. Argumenta Descartes que a existência de Deus é garantia de que os objetos pensados por ideias claras e distintas são reais. Descartes concluiu que o mundo é uma realidade. E, dentre as coisas do mundo, o meu próprio corpo existe.

Descartes argumentava também de certa preguiça que o arrastava diante desse desígnio árduo e trabalhoso, como um escravo que gozava de uma liberdade imaginária e logo suspeitava que essa liberdade era apenas um sonho e temia ser despertado, pois, preferia essa ilusão agradável para ser mais longamente enganado. Em vez de propiciar a clareza do conhecimento e da verdade.

Ora, considerando que todos os pensamentos que temos quando em vigília, nos podem também ocorrer quando dormimos. Sendo assim Descartes julgou que a verdade: eu penso, logo existo era tão certa que todas as demais suposições não seriam capaz de abalá-la, e que podia aceitá-la como o primeiro princípio da Filosofia que procurava.

Portanto, partindo dessa premissa conclui-se que a alma pela qual sou o que sou, é inteiramente distinta do corpo e, mesmo, que é mais fácil de conhecer do que o corpo, e, ainda que este nada fosse à alma, não deixaria de ser tudo o que é. Lembrando que Descartes não era cético; não recomendava a dúvida por causa da dúvida, mas sim, como meio preliminar para investigar a verdade. Ele recomendava a seus discípulos que sejam cem por cento não dogmáticos, não aceitando nada simplesmente porque fulano ou sicrano o disse, ou por ser de tradição e rotina geral. Contudo, só pode conhecer algo quem se põe como que em campo raso, sem nenhuma construção alheia à sua mente. 

UMA HISTÓRIA DE AMOR QUE SÓ O TEMPO ENTENDE

Vou dividir com você essa História de Amor, porque ela tem muito do que vivi nesses últimos anos e mais precisamente nos últimos meses. Até ...