31 de outubro de 2023

A PALAVRA AMOR NÃO É LEVADA A SÉRIO NA EDUCAÇÃO

Investir numa didática afetiva é a saída para estimular o autoconhecimento dos alunos e formar seres autônomos e saudáveis. Se quisermos mudar o mundo, temos de investir em educação. Não mudaremos a economia, porque ela representa o poder que quer manter tudo como está. Também não mudaremos o mundo por meio da diplomacia, como querem as Nações Unidas – sem êxito.

Para ter um mundo melhor, temos de mudar a consciência humana. Por isso me interesso pela educação como processo de mudança. É mais fácil formar a consciência dos jovens. Podemos conceber uma educação para a consciência, para o desenvolvimento da mente. Uma educação que prepare os professores para que eles se aproximem dos alunos de forma mais afetiva e amorosa.

Precisamos de professores que sejam capazes de conduzir as crianças ao desenvolvimento do autoconhecimento, respeitando suas características pessoais. Os estudos nessa área da educação vêm demonstrando, que esse é o caminho para formar pessoas mais benévolas, solidárias e compassivas. Hoje a educação é despótica e repressiva. É como se educar fosse dizer faça isso e faça aquilo. Não há uma educação para o amor.

A palavra amor não tem muita aceitação no mundo da educação. Na poesia, talvez. Na religião, talvez. Mas não na educação. O tema inteligência emocional é um pouco mais disseminado. É usado para que os jovens tomem consciência de suas emoções. É bom que exista para começar, mas não tem um impacto transformador. A inteligência emocional é aceita porque tem o nome inteligência no meio.

Tudo o que é intelectual interessa. Não se dá importância ao emocional. Esse aspecto é tratado com preconceito. É um absurdo, porque, quando implementamos uma didática afetuosa, o aluno aprende mais facilmente qualquer conteúdo. Uma parcela significativa de professores concorda com esse ponto de vista, mas na prática não fazem nada. Pode ser que isso ocorra por causa da própria inércia do sistema.

O Ministro da Educação é como um visitante que passa pelos ministérios e consegue apenas resolver o que é urgente. Ele mesmo não estabelece prioridades. Precisamos de uma mudança de consciência e o melhor caminho é a transformação da educação, por meio de uma nova formação de educadores – orientada não só para a transmissão de informações, mas para o desenvolvimento de competências existenciais.

A verdadeira crise é uma crise das relações humanas, a crise de um mal antigo das relações humanas, uma incapacidade fraternal, de verdadeiras relações amorosas, um mal antigo que agora se tornou crise porque se tornou insustentável. É, pois uma crise de amor e o que fracassa é um modelo de sociedade atual, que ainda permeia o modelo patriarcal.

Concluo com um belíssimo poema de Rubem Alves: “Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de serem pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado”.

22 de outubro de 2023

NÓS HUMANOS ESTAMOS PRECISANDO DE BONDADE

Bondade significa fazer o bem ao próximo, e existem pessoas dispostas a isso, por mais que a gente não tenha esse conhecimento, já que na mídia tradicional essas pautas não possuem relevância. A sociedade se acostumou a acreditar que o mundo está numa verdadeira tragédia. Claro, não é mentira. Mas existem coisas boas acontecendo por aí e são vários os exemplos. Porém, todos sabem que a humanidade em si está precisando de mais bondade.

Com esse sentimento, é possível diminuir os índices de violência, construir uma sociedade mais igualitária e que respeita ao próximo e ainda transformar os seres humanos em pessoas mais otimistas. Não há um caminho, uma regra para se tornar mais bondoso. Essa prática que é cultural e familiar não precisa de muito.

Por vezes, somos bondosos e não notamos como fazemos a diferença na vida das pessoas. Uma pesquisa publicada na revista online Greater Gold, da Universidade de Bekerley, mostrou que para aumentar a nossa felicidade, basta ajudar o próximo.

E é isso mesmo. Como você se sente quando ajuda alguém? Não se sente bem? Importante? Ativo? Aqui é necessário destacar que ajudar ao próximo precisa ser feito com o coração, e não por interesse. Neste sentido, a bondade precisa ser colocada em prática e ser treinada! Esse sentimento se reflete e é uma corrente que passa para os outros.

Quanto mais bondosos formos com o próximo, melhores relações nós criamos e mais bondade podemos acender no coração destas pessoas. As relações estão muito líquidas e artificiais. Virou rotina a violência, as mortes brutais, crianças passarem fome, crueldade. É como se estes fatos fossem incorporados em nosso cotidiano e, de fato, estão. Precisamos unir forças para lutar por um mundo mais justo. As causas envolvendo bondade estão presentes no dia a dia, mas é preciso mais.

Portanto, é preciso abrir o coração para os desafios, para aquilo que nos amedronta. É preciso pedir ajuda e, ainda, oferecer ajuda. Ao acendermos a luz em nosso coração, podemos compreender que ajudando aquela pessoa ao nosso lado, estaremos criando relações de otimismo. Não se constrói um mundo mais justo sem bondade. E, para isso, não precisamos aceitar que essa é uma tarefa impossível de ser colocada em prática.

15 de outubro de 2023

A DIFERENÇA FUNDAMENTAL ENTRE SOLIDÃO E SOLITUDE

Paul Johannes Oskar Tillich (1886-1965) foi um teólogo alemão e filósofo da religião. Dentre suas várias contribuições ao mundo da teologia e filosofia do século XX, destaca-se justamente o tema central que trataremos ao longo dessa matéria: solidão e solitude. Afinal, qual a diferença entre ambas?

Paul Tillich em seu livro: “O Eterno Agora”, ele discorre acerca das palavras “solidão” e “solitude”. Apesar da segunda ser pouco usada no português, ela possui tradução e significado próprio na nossa língua. Originária do latim, solitude pode ser descrita como: “a glória em estar sozinho”. Já a solidão é uma condição associada à dor e à tristeza. É um sentimento de vazio. Sentir-se sozinho mesmo na presença de amigos e familiares.

Solitude implica em querer estar sozinho, em aproveitar esses momentos únicos consigo mesmo. É, basicamente, escolher ser sozinho e ser feliz com essa escolha. É algo feito de forma deliberada, consentida e positiva. É, por exemplo, decidir viajar sozinho por um longo tempo, somente em companhia de si mesmo. Solitude é usada de forma poética na nossa linguagem.

Segundo o psicanalista Felipe de Souza, autor de textos para o site Fãs da Psicanálise: “a solitude permite o tempo, o espaço e o silêncio para fazer o útil ou o belo. Também permite não fazer nada. Também permite desenvolver a espiritualidade, encontrar-se enquanto uma pessoa diferente dos demais e se aceitar como se é – independentemente da aprovação do outro”.

Portanto, ela é quase que um estado de silêncio meditativo, e nós já explicamos o quão poderoso pode ser estar quieto, tanto para seu corpo quanto para sua mente. Além disso, seguindo o raciocínio do psicanalista, a solitude pode ser um caminho poderoso para encontrar com a sua espiritualidade - que também revelamos morar dentro de si mesmo, basta querer encontrá-la.

9 de outubro de 2023

TUDO NA VIDA SE DÁ NUM ESTADO DE POESIA

Vamos examinar de perto uma das coisas mais linda da natureza humana que é o encontro amoroso. Esse contato vivo de intimidade profunda, de total embriaguez amorosa é estimulado pelas afinidades que nutre um pelo outro. O fato de vislumbrar alguém que primeiro nos prendeu pelo olhar, o sorriso, pela conversa agradável.

É nesse momento mais feliz que chegamos o mais perto possível, nos abraçamos, nos acariciamos, trocamos beijos, começamos a fazer agrados. Quantas qualidades que nos transcendem se manifestam nesse momento. Chamamos isso de contato vivo, porque nem todos os contatos são vivos.

Podemos estar junto de uma pessoa por algum tempo, e não sentir nenhuma vibração, não da química, não há comunicação. Quando há afinidade, trocas de olhares e uma boa comunicação entre ambos, começa ocorrer fatos que só podem ser compreendidos como um encontro de almas. Nossas almas entram em sintonia afetiva e espiritualmente. Aqui sim, temos um amor de boa qualidade, de trocas prazerosas.

Quando encontramos alguém com a mesma vibração que a nossa, não perca essa preciosa e bendita oportunidade, pois não é todos os dias que isso acontece. De um mundo com oito bilhões de pessoas, achar alguém que faça nosso sorriso aumentar ainda mais é uma chance de ouro que não pode ser desperdiçada.

Não existe coisa melhor do que alguém que nos dá o devido valor. Alguém que chore por nós, mas que seja um choro de felicidade por estar vivendo tantas coisas boas ao nosso lado, que se lembre de nós em vários momentos do dia, das mais aleatórias situações aos mais importantes momentos.

Seja na hora do cafezinho, seja no meio da agitação e pressa do dia a dia, seja ao ver aquele por do sol. Tomar banho de mar a noite, seja para demonstrar confiança e intimidade, seja para partilhar uma perda ou vitória. No fim, fazer parte da vida do outro por inteiro é uma grande raridade que deve ser vangloriada, isto é surreal.

Portanto, viver é poesia. Gosto de chuva, gosto do cheiro da terra quando chove, assim como também gosto de mar e praias, de montanhas e cachoeiras, de rios e lagoas, de árvores e plantas, flores e passarinhos. Ouvir música e ficar em silêncio, amo. Contemplar as estrelas na madrugada. Ver o nascer e o pôr do sol. A lua cheia brilhando intensamente. Gosto de poesia e de palavras verdadeiras que toca a alma. Mas o sorriso de quem se ama é um oásis para mim. Só comparado a um arco-íris em um céu azul. Aonde o céu azul é mais azul.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...