31 de julho de 2019

O FASCÍNIO PELAS OPERAÇÕES DO PENSAMENTO

A filosofia possui interesse em investigar a verdade das coisas. O uso da razão é necessário para que a verdade seja descoberta e a “lógica” é a forma de usar corretamente o raciocínio. Sendo assim, a lógica tenta investigar as leis do pensamento e a forma correta de pensar. Mas, o que é lógica? Lógica é um substantivo feminino que tem origem no grego – “Logiké”, relacionado com o “logos, razão, palavra ou discurso”, que significa a “ciência do raciocínio”. Portanto, a lógica é uma parte da filosofia que trata das formas do pensamento em geral (dedução, indução, hipótese, inferência etc) e das operações intelectuais que visam à determinação do que é verdadeiro ou não.

Para pensar um pouco sobre lógica é preciso, em primeiro lugar, conhecer alguns termos usados. A lógica tem como objeto de estudo a “proposição”, isto é, a atribuição de um predicado a um sujeito. A proposição é a forma de exprimir juízos feitos pelo pensamento. A sequência de proposições é um raciocínio. De modo que, as proposições são formadas por termos. Quando afirmamos que: “João é homem”, essa proposição é a atribuição do predicado “homem” ao sujeito “João”. Os termos de nossa proposição podem ser caracterizados e foi o filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.) quem propôs a divisão dos termos em diversas categorias. Para ele, os termos podem ser divididos em dez categorias: “substância, quantidade, qualidade, relação, lugar, tempo, posição, posse, ação e paixão” (passividade). No nosso exemplo, “João” é a substância e “homem” é a qualidade.

As categorias, por sua vez, possuem outras classificações. A partir da qualidade, as proposições podem ser afirmativas ou negativas. Por exemplo: “João é homem” e “João não é mulher”. Do ponto de vista da quantidade, as proposições podem ser de três tipos: “universais, particulares e singulares”. Universais: “Todo João é homem” ou “Nenhum João é mulher”. Particulares: “Alguns homens se chamam João” ou “Alguns homens não se chamam João”. E singulares: “Este homem se chama João” ou “Este homem não se chama João”. Além disso, as proposições podem ser classificadas pela modalidade, sendo necessárias, não necessárias e possíveis. Se o predicado está contido no sujeito, como na proposição. “O quadrado é uma figura com quatro lados”, a proposição é necessária. Se o predicado não está contido, como em: “Nenhum quadrado é uma figura com três lados”, a proposição é não necessária. Se o predicado é indiferente, como em: “Alguns homens se chamam João”, a proposição é possível.

Da relação entre proposição, temos as contraditórias, por exemplo: “Todos João é homem” e depois “Algum João não é homem”. Existem as contrárias, por exemplo: “Todo João é homem” e “Nenhum João é homem”. E há também as subalternas, por exemplo: “Todo João é homem” e “Algum João é homem”. A partir dessas relações entre as proposições, Aristóteles pensou numa forma adequada de raciocinar. Essa forma, o “silogismo”, é uma inferência, isto é, concluir algo de proposições anteriores. Silogismo é um modelo de raciocínio baseado na ideia da dedução, composto por duas premissas que geram uma conclusão. Por exemplo: “Todo homem é mortal, Sócrates é homem, Logo, Sócrates é mortal”.

Portanto, o silogismo é formado por três proposições: premissa maior, premissa menor e conclusão. Vale lembrar que a conclusão é inferida das duas premissas iniciais através do termo médio. Temos, então, uma estrutura como a seguinte: Premissa maior: Termo médio e Predicado. Premissa menor: Sujeito e Termo médio. Conclusão: Sujeito e Predicado. No exemplo o Termo médio é homem, o Predicado é mortal e o Sujeito é Sócrates. De uma maneira mais abstrata podemos concluir que nosso pensamento segue leis e regras. Só posso concluir com esse belíssimo exemplo, que vai nos ajudar a não ser tão impulsivos e ansiosos. De modo que: “Se posso controlar meus pensamentos e meus sentimentos se originam de meus pensamentos. Logo, posso controlar os meus sentimentos”.

27 de julho de 2019

CÂNTICO DOS CÂNTICOS, UMA HISTÓRIA DE AMOR

Um dos poemas de amor mais famoso de todos os tempos é também um dos livros mais enigmáticos da Bíblia. O Cântico dos Cânticos, que compõe o livro do Antigo Testamento, começa atribuindo sua autoria ao rei Salomão (971-931 a.C.), talvez por entender do tema amor, pois segundo a história ele tinha um harém de 700 esposas e 300 concubinas. O livro começa assim: “Beija-me com teus beijos! Tuas carícias são melhores que o vinho!”. Com estes versos inaugura o Cântico dos Cânticos, um longo diálogo entre um jovem casal apaixonado.

Entre os judeus e os cristãos não faltaram polêmicas sobre a inclusão ou não do poema nas Escrituras Sagradas, assim como não faltaram traduções e interpretações que buscavam minimizar, ou até eliminar, seu erotismo elegante, mas, desinibido. Todavia, ninguém duvida quando ouvimos as expressões: “lábios de mel” ou “olhos de jabuticaba”, são nesses versos que escutamos ecos de uma tradição poética de mais de três mil anos, inaugurada, ao que tudo indica, pelos escribas egípcios e, portanto, tão antiga quanto à própria civilização.

Durante milhares de anos a palavra “amor” sofreu uma metamorfose tremenda com a entrada em cena do Novo Testamento. Agora “Deus é amor”, proclamada por São João Evangelista (10-103 d.C.) em sua Primeira Epístola, talvez a manifestação mais clara de que o termo antes usado para se referir à atração entre homem e mulher muda de sentido e é adotado como base de toda uma nova religião. Essa revolução só pode realmente ser compreendida, quando descobrimos que nada menos que três palavras diferentes do original grego do Novo Testamento foram traduzidas como “amor”.

O amor “ágape”, ou seja, um amor desinteressado, de doação sem espera de recompensa: “caridade”. Essa terminologia foi utilizada pelo Evangelista São João e também pelo São Paulo Apostolo (05-67 d.C.), no célebre capítulo 13 de Coríntios, transformado em balada pop por Renato Russo (1960-1996) da Banda Legião Urbana na canção “Monte Castelo”: “ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, e tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda tivesse toda a fé, se não tivesse amor, eu nada seria”.   

Finalmente, da para entender porque em várias edições do Novo Testamento, esse trecho aparece com a palavra “caridade” no lugar de “amor”. A influência grega nessa espiritualização do conceito de amor, não foi pequena. A prova principal está na expressão “amor platônico”, que entrou para o vocabulário popular do mundo todo com seu sentido distorcido. Vale à pena voltar à fonte do “O Banquete”, escrito por Platão (427-347 a.C.), simplesmente porque é um dos textos chaves da cultura clássica ocidental e um dos mais saborosos tratados filosóficos da Grécia Antiga sobre o amor.

24 de julho de 2019

NO CASAMENTO HÁ UMA MORAL VITUPERA

A transparência total no casamento aliada à liberdade de ter amores paralelos, não são aceitas por muitas pessoas e parecem difíceis demais de serem vividas pelos que decidem ser livres, mesmo depois de casados, como no caso dos filósofos franceses Jean-Paul Sartre (1905-1980) e Simone de Beauvoir (1908-1986). Não é fácil enfrentar, com distanciamento, uma relação amorosa paralela ao parceiro. Quantas pessoas são capazes de saber que o companheiro ou a companheira está envolvido em outro relacionamento afetivo, sem que isso leve à separação? Na realidade, é mais fácil permanecer num casamento, quando a fidelidade não é posta em jogo. Porque no casamento, vive-se uma moral vitupera (vitupera vem do verbo vituperar, o mesmo que criticar, repreender, censurar, caluniar).  

No caso dos dois filósofos franceses citados, não se pode nem mesmo falar de infidelidade na relação, uma vez que as relações chamadas por eles de “contingentes” eram previstas no pacto não escrito e, sim, combinado. Na relação de Sartre e Simone de Beauvoir só existia uma moral, de ambos viverem em total transparência, fidelidade dos espíritos e liberdade dos corpos. Para a jornalista e pesquisadora Leneide Duarte-Plon que relata em seu livro: “Por Que Elas São Infiéis?”, uma de suas pesquisadas, contou que tentou viver no casamento uma relação livre e transparente, durante muitos anos. O chamado casamento aberto.

Diz ela: “No início, o marido pedia a ela para que contasse sobre os seus casos, falar sobre os encontros, descrevendo se possível em detalhes, como se isso o estimulasse em seu próprio desejo em relação à esposa e a outras mulheres. Depois de terem dito tudo um ao outro com franqueza total, essa mulher e o marido se separaram”. A teoria da liberdade do casamento aberto ou da transparência é tentadora. Mas na prática mostra que poucos casais conseguem ser transparentes. Essa liberdade no casamento é combatida pela moral vigente em quase todas as sociedades. Mas, algumas mulheres aceitam, com certa indulgência, a infidelidade masculina.

No entanto, a mulher é mais controlada pela sociedade. É como se fosse um direito só do homem de ter uma amante ou um caso extraconjugal. Gosto mais da palavra “extraconjugal” por ser menos preconceituoso. Segundo o filósofo inglês Bertrand Russell (1872-1970), prêmio Nobel de Literatura em 1950, defensor de ideais pacifistas, humanitário e da liberdade de pensamento, é autor do livro: “O Casamento e a Moral”, argumenta que o fator primordial da moral sexual na civilização ocidental desde os primórdios do cristianismo, consistiu na garantia da virtude feminina, indispensável à família patriarcal. O livro analisa os fundamentos sociais, econômicos, religiosos e culturais da instituição do casamento. Russell não via razão, por exemplo, para condenar duas pessoas que se amam apenas porque tiveram relação sexual fora do casamento. Além disso, afirmava para o horror dos moralistas de sua época, que uma aventura extraconjugal não deveria ser motivo de escândalo e ruptura. 

Para Russell, quanto mais o povo for civilizado, menos o indivíduo é capaz de obter felicidade durável, com o mesmo parceiro a vida inteira. Quem vê nos laços do casamento um valor definitivo e irrevogável não permite que a imaginação se deixe estimular, passear e procurar a possibilidade de novas fantasias. No entanto, a chave da compreensão das relações extraconjugais passa primeiro pela imaginação do sujeito desejoso e logo é transformado pelos amantes na idealização da felicidade. Até porque, o nosso sonho, tanto do homem como da mulher, é a poligamia (poligamia: onde o homem ou a mulher tem mais de um relacionamento amoroso ao mesmo tempo). Os chamados civilizados em geral são polígamos. Naturalmente, é possível dominar esse instinto, os desejos de viverem novas emoções, mas é difícil impedir sua existência, ou seja, negar que eles existem. Vira e mexe ele aparece, mesmo dentro de um casamento estável.

Portanto, com o progresso da emancipação da mulher, as oportunidades de casos extraconjugais multiplicaram-se. A ocasião faz nascer a ideia, que faz nascer o desejo, que finalmente propicia o encontro que todos desejam, principalmente quando as amarras da religião estiverem ausentes. Penso que a fantasia masculina básica é possuir todas as mulheres. Ao passo que a fantasia feminina básica é manter o homem ideal só para ela devorá-lo num sublime amor canibal. Assim como, na crença do homem pela fidelidade de sua mulher seja uma ilusão puramente masculina. Por que afinal, onde está o modelo de casamento ideal?  

22 de julho de 2019

MULHERES TAMBÉM SE EXCITAM COM IMAGENS ERÓTICAS

Às vezes aprender é bom. Por isso sempre trago assuntos variados, assim como desta reflexão: “a excitação erótica feminina”. Estudos vem demonstrando que as mulheres reagem a imagens eróticas da mesma forma que os homens. Durante muito tempo se acreditou que os homens têm uma tendência maior a reagir a estímulos visuais do que as mulheres. A ideia de eles serem “criaturas visuais” cai como uma luva para explicar o maior apego do sexo masculino, como por exemplos: os filmes eróticos. Mas segundo um estudo divulgado há pouco tempo, nos mostra que essa pode ser apenas uma história fantasiosa.

O Instituto Max Plank de Cibernética Biológica reuniu homens e mulheres para observarem imagens cotidianas de pessoas, bem como imagens eróticas, enquanto seus cérebros passavam por uma análise por meio de redes neurais. E qual foi o resultado? Os cérebros dos participantes responderam a essas imagens da mesma maneira, independentemente do sexo biológico. E mais: as mulheres se excitam com imagens eróticas, tanto quanto os homens. Pelo menos no nível da atividade neural, os cérebros de homens e mulheres responderam da mesma maneira às imagens erotizadas, afirma o matemático e físico Hamid Noori, coautor da pesquisa.

À revista científica “Proceedings”, Noori e sua equipe afirmam que encontraram poucos sinais de diferenças funcionais quando as imagens eróticas foram mostradas. Todos os participantes apresentaram a mesma mudança na atividade cerebral nas amígdalas cerebelosas, na ínsula e no corpo estriado. As pequenas diferenças aconteceram com as mulheres: algumas tiveram um volume maior de massa cinzenta nessas regiões do que os homens. Isto mostra uma evolução na sexualidade feminina e o quanto as mulheres são sensíveis aos estímulos eróticos. Quebrando tabus e criando novos paradigmas. 

Portanto, muitas dessas regiões estão associadas também ao processamento de informação emocionais e parte delas também estão conectadas ao sistema de recompensa do cérebro, explica Noori. Talvez a principal razão seja que, para a mulher, existem efeitos inibitórios secundários que as impedem de expressar o que realmente sentem, afirma a pesquisa. Mas pelo menos neste momento, os estudos indicam que homens e mulheres não são muito diferentes como se imaginava. Contudo, o que sabemos é que o sexo é apenas um contato físico pessoal em busca do prazer momentâneo, só no amor somos capazes de viver uma relação interpessoal e espiritual com o outro. De modo que, descobrir o amor é mergulhar na essência humana.

19 de julho de 2019

EXIBICIONISMO, UMA QUESTÃO DE VAIDADE

O assunto que trago para a nossa reflexão, tem tudo a ver com a realidade em que estamos vivendo neste momento conturbado que atravessa a nossa sociedade. A atual ânsia de visibilidade das pessoas, de ver e ser visto, tanto no mundo real como no mundo virtual, faz com que elas se anulem na sua essência. Seria uma questão de vaidade? Caso seja, será que a vaidade mudou de status? Antes condenada, hoje tornou-se um valor? Foram os meios eletrônicos que fizeram essa ânsia de visibilidade ou eles são apenas consequência? O que aconteceu com a vaidade humana, aumentou ou diminuiu? 

Acontece que a questão da vaidade é um assunto pouco discutido no meio filosófico. Este tema é levantado desde os primeiros filósofos. Por volta dos séculos IV e III antes de Cristo, existe uma reflexão filosófica que se alonga até o século XIX. Depois disso esse assunto foi renegado ao terceiro e até ao ultimo plano na filosofia. A filosofia recente discute muito pouco a vaidade, mal toca no assunto. De modo geral, a ciência humana não discute sobre a vaidade. A “vangloria”, que seria a gloria justa e verdadeira do que nós efetivamente somos. Mas, não é desta gloria que vamos tratar aqui e sim da “gloria vã”, que é a gloria de quem imagina ser muito mais do que realmente é.

Na verdade, o vaidoso é manipulável. Sobretudo, graças às redes sociais, em particular no Facebook. Por exemplo: o que há de pessoas escrevendo e postando besteiras no Facebook, além de se sentirem envaidecidas por isso. A gente vê diariamente o quanto existe de imbecilidade nestas postagens e o pior de tudo, elas ficam satisfeitas consigo mesmas. Como diz na Bíblia, mais precisamente no Velho Testamento no século III antes de Cristo, em Eclesiastes: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade”. Até onde estudei, na psicanálise não existe a palavra vaidade. Construiu-se uma teoria psicológica desprezando e desconsiderando a vaidade, transferindo-se a nomenclatura para narcisismo, que seria um termo que subentende amor por si mesmo. Uma expressão dúbia, porque amor não é obrigatoriamente igual à vaidade. Além de que, não existe amor por si mesmo, o que existe é esse autoerotismo, esse prazer de se destacar e chamar a atenção, de atrair olhares. É próprio da natureza humana.

No entanto, nunca teve tão exaltado esse exibicionismo, por isso que as pessoas evitam falar sobre o assunto, tudo gravita em torno disso. Um exibicionismo sem fundamento, sem o menor sentido, porque o prazer erótico de exibir e de se destacar ele, evidentemente, pode se dar de duas maneiras diferentes. No primeiro caso, o individuo buscar um destaque por um conceito legitimo cujo ele envaidece meritoriamente, pela aparência. Por exemplo: as celebridades que estão em evidência na mídia. E no segundo caso, o Facebook que pode fazer e faz um pouco isso, ajudando os vaidosos a se destacar. Esse exibicionismo que se manifesta muito intensamente, principalmente na questão erótica, a partir dos anos setenta até hoje. Atualmente exibir o físico masculino e feminino ficou muito exaltado e exagerado ao mesmo tempo, chocando um pouco e impactando os olhares. Provocando tensões, ciúmes, inveja e rivalidade perante a sociedade.

Portanto, a vaidade tem tudo a ver com a necessidade de satisfação pessoal, que depende da aprovação e da estrema admiração dos outros. É um sinal de que as pessoas gostam da sensação de ter alguma coisa que os outros não têm, e assim se sentindo mais poderosa. Nas redes sociais, o desejo de ser invejado tende a se manifestar com maior frequência. O próprio instagram, que já foi apontado como uma das redes que mais causa depressão entre os usuários. Cria a ilusão de que o outro tem uma vida incrível e que você precisa ter uma vida assim também. No meio jovem, tem essa tendência mais recorrente de forjar uma vida perfeita. Essa busca constante em transmitir uma imagem de perfeição em todos os momentos, pode frustrá-los, e pode realmente levar, até mesmo à depressão. As redes sociais são veículos de exposição seletivos, isto é, a pessoa escolhe deliberadamente o que postar e compartilhar, o que facilita a exposição de feitos e conquistas. Este é ápice do vaidoso que faz de tudo por um “curtir” dos outros em suas fotos e postagens. Efetivamente, trata-se de um narcisista decadente.  

17 de julho de 2019

ESTAMOS NUMA ENCRUZILHADA HISTÓRICA

Estamos vivendo numa encruzilhada histórica e não damos conta que mais do que nunca o país continua em nossas mãos. Na verdade, tudo se discute neste país, porém, menos uma coisa não se discute. Não se discute, por exemplo; se a democracia faz parte da nova política. No entanto, ela está aí, como se fosse uma espécie de santa no altar, de quem nós esperamos um milagre. Mas, que está aí como referência a uma suposta democracia. E ninguém notou que estamos vivendo uma democracia sequestrada, condicionada e amputada.

Por conseguinte, como podemos então, continuar a falar em democracia se aquele que efetivamente governa o país e que são eleitos pelo povo não gosta de pobre. Pois, até agora esse governo não percebeu, que a grande maioria do povo brasileiro é pobre e vive quase abaixo da linha de pobreza. Para não dizer de miseráveis. Quem colocou esse governo, não foi essa população que vive a margem da miséria? Onde está então a democracia? Parece que o futuro vai nos comprometer se não houver mudanças radicais e significativas na postura dessa nova política. Que de nova não tem nada. Veja a que ponto chegamos. Aqui está novamente a nossa subsistência em questão. Só o tempo dirá.

Para fundamentar o que estou dizendo, o nosso presidente disse durante uma sessão solene na “Câmara dos Deputados”, “que o Brasil precisa passar por uma quimioterapia (substâncias químicas para tratamento de enfermidades, como o câncer), para que ele não pereça, estamos fazendo juntos essa quimioterapia, alguns pouquíssimo ainda reage”. Depois dessa comparação absurda, indico o livro: “A Doença Como Metáfora”, da autora Susan Sontag (1933-2004), uma das intelectuais mais influentes e polêmicas de nossa época. Mergulhou no estudo das doenças para compreender suas metáforas em nossa cultura. O interessante é que o livro trata dessa mania de associar doenças aos fatos.  

Portanto, essa mania de associar a situação do país, com doença como o câncer é uma coisa horrorosa e estupida. Proveniente de um governo fraco, truculento e incompetente. Os males do país são cometidos por políticos corruptos e por um governo refém da classe dominante. Frequentemente, de alguma forma consciente, percebemos como está agindo esse governo em sete meses de gestão. Ao passo que ninguém tem câncer por que quer. Existe sempre um juízo de natureza moral implícito aqui. Primeiro que é injusto justificar o nosso sofrimento, aos erros cometidos no passado e que continua no presente com esse governo. E o mais grave, não faz sentido ficar ameaçando as pessoas como se elas fossem culpadas. Talvez por acreditar que com a nova política tudo seria diferente.

16 de julho de 2019

NEPOTISMO E DINASTIA CHEGAM AO PODER

Não tem como não se indignar diante da chamada nova política, batizado pelo governo Bolsonaro. Até seus eleitores acham o governo Bolsonaro uma lastima, muito fraco, por exemplo; é um governo que até agora não descobriu a existência de pobre no Brasil. Esse governo passa uma ideia um pouco olímpica, uma mistura de autoritarismo, de quem não aceita conversar e muito menos sugestão de como fazer o país andar e gerar emprego, fazer a economia crescer. Demonstra um governo sem preparo e completamente perdido em seu discurso. Mas há quem ache o governo bom.

Quem está chocado com tudo isso são os próprios eleitores de Bolsonaro, porque eles caíram na conversa de que, realmente se tratava de uma nova política. Os seus eleitores achavam, que nomear pessoa despreparada era coisa de petista. Nomear pessoas sem trato intelectual para determinadas tarefas públicas, era coisa de petista. Pelo menos essa era a cabeça dos eleitores de Bolsonaro. Aparelhar o estado brasileiro com interesses subalternos, que não a defesa do Brasil era coisa de petista. Até um fanático bolsonarista é capaz de entender que existe gente mais bem preparada para assumir a embaixada brasileira em Washington, EUA, que tem preparo técnico que obviamente o Eduardo Bolsonaro não tem.

De modo que virou uma nomeação de família. O Bolsonaro entendeu a sua eleição como uma espécie de chancela aristocrática, parece que ele está querendo criar uma “dinastia” (série de reis ou soberanos de uma mesma família que se sucedem no trono). As pessoas que não pensaram o suficiente, talvez não tenham percebido que é evidente que esse governo está sonhando com uma dinastia. Fazer dois mandato e colocar o filho Eduardo como seu sucessor. De maneira, eternizar o bolsonarismo no poder. 

A esquerda está torcendo pelo presidente nomear mesmo o filho. Tem duas maneiras de ser refém dos adversários. Primeiro; o adversário criticou vai lá e faz o que o adversário quer por medo, insegurança. Conheço pessoas assim, que vive para não desagradar aqueles que as odeiam. E continuam refém do seu algoz. Segundo; aqueles que fazem o seguinte; tudo que o critico fizer ele faz ao contrário e é refém do mesmo jeito. Até porque esse seu adversário pode enganar. Digamos que o Morais é meu adversário político, aí ele sabe e já sacou o seguinte: “tudo que eu falo o Eduardo faz ao contrário”. Como o Morais é esperto, ele pensa com uma cabeça lógica e diz: “vou propor uma coisa certa para que o Eduardo faça ao contrário”. Esta é a nova política do governo vigente.

Portanto, fazendo as coisas erradas esse governo está dando pilha para o seu adversário. É o que Bolsonaro está fazendo com o Brasil. Nomeando um embaixador a altura do seu governo. Fraco e despreparado! Sempre que seus adversários tiveram algo a falar sobre nepotismo, agora haverá um belíssimo exemplo neste governo. Destacando que nepotismo não se aplica neste caso a Súmula 13° do STF (Supremo Tribunal Federal) que considera nepotismo contratar pessoas em vários graus de parentesco, não obstante, se a pessoa tiver uma vida política, uma audiência política e for político o STF não considera nepotismo. O fato do STF não considerar nepotismo não quer dizer que é um bom papel o que o governo Bolsonaro está fazendo. Isto é nojento! É de embrulhar o estomago o imbróglio desse governo.

12 de julho de 2019

A COVARDIA É MÃE DA INTOLERÂNCIA

A intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade que as pessoas têm de reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões de cada um. Alguém pode definir intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil, em relação às opiniões de outros, mesmo que nenhuma ação seja tomada para suprimir tais opiniões divergentes ou calar aqueles que as têm. Tolerância, por contraste, pode significar “discordar pacificamente”. A emoção é um fator primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa, que pode indicar preconceito, podendo levar à discriminação de todos os tipos.

Todavia, a discriminação dá munição ao que quer matar psicologicamente o diferente, aquele que não aceita imposições ao ser contestado. Entretanto, anima-o a desconsiderar os sentimentos do outro e justifica a sua irracionalidade dizendo que sempre agiu certo e o outro que é o errado, por isso ele envenena todo o ambiente por onde passa. Contudo, a covardia é mãe da intolerância. Tudo se faz em nome do amor, até mesmo matar o outro emocional e fisicamente. Construímos a infelicidade de muitos e deixamos de cultivar os bons sentimentos, e fazer deles a oficina de um mundo melhor, onde o prazer da diversidade seja apreciado como expressão do sorriso de Deus.

Todas as pessoas que tem certeza do que falam e fazem, na verdade, são intolerantes. Se elas estão certas sobre suas ideias, por que vai ouvir a outra pessoa? Naturalmente, quem tem certeza em tudo que fala e faz não se pode dizer aberta a novas ideias. Por conseguinte, essa pessoa se arma de preconceito e vai ficando cada vez mais fechada dentro do seu encantado mundinho de certezas. Para ela o outro não passa de um dissimulado e mentiroso, por pensar diferente. Na verdade, sempre que surge um conflito entre pessoas ou casais, sempre tem alguém que acredita estar certo, que nunca errou e sempre manteve um diálogo aberto e franco, o outro é que faltou com a sinceridade. A culpa sempre recai no outro, sendo que os dois têm tudo a ver com o peixe (para usar uma metáfora). Mas, nesta hora ninguém assume o veneno que destilou por conta da sua intolerância. As divergências de pensamento existem e deve ser respeitadas. Não é elegante chamar alguém de dissimulado e mentiroso por pensar diferente, talvez por não compreendê-lo naquele momento.

Portanto, o intolerante só tem a perder, porque afasta as pessoas do seu convívio. Esquece que para viver feliz é preciso aprender a praticar trocas recíprocas de generosidade. Receber das pessoas mais próximas os alimentos da alma e o carinho que ela nos oferece e oferecendo cada um de nós também o melhor para os que partilham conosco a aventura de estar vivos. Como disse o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980): “Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem amar ninguém”. A vida está sempre nos dando algo, mesmo quando nós temos a impressão que ela está nos tirando coisas. Existe algo que pode nos curar de uma grande tristeza, que é o amor. O amor é a coisa mais importante que nós temos. Ele é maior que a distância, que as diferenças. É o amor que nos uni, nos conecta, faz com que nós sejamos a melhor versão de nós mesmos. “Amar é reconhecer a face de Deus no rosto do outro”. Chamar alguém de dissimulado e mentiroso é depreciá-lo na sua essência. Vamos viver com dignidade, respeitando e amando o nosso semelhante. Com respeito e amor é que vamos tornar o mundo um lugar viável para se viver.

8 de julho de 2019

ENTRE OS DOIS MUNDOS ESTÃO OS HUMANOS

Segundo o filósofo grego Platão (427-347 a.C.), acreditava que o mundo que conhecemos não é o verdadeiro. De modo que vivemos entre dois mundos, o da aparência e o das ideias. Para ele a realidade não está no que podemos ver e tocar, ouvir e perceber. A verdade para Platão é o que não se modifica nunca, o que é permanente, eterno, sempre será, por estar numa dimensão espiritual onde só a razão pode tocar. Contudo, podemos afirmar que o amor é dos deuses. Quando se ama é na essência que o amor se faz encarnado.

Para o filósofo pré-socrático Parmênides (530-460 a.C.), desde o nascimento até a morte somos únicos na essência. Mas como encontrar essa verdade? Na filosofia de Platão existem dois mundos: o primeiro é aquele que podemos perceber ao nosso redor, através dos cinco sentidos, é o chamado mundo das aparências. O outro é o mundo das idéias, onde tudo é perfeito e imutável. Não podemos tocá-lo, ele não é concreto. Só o pensamento pode atingir essas ideias. Para entender melhor, a gente precisa conhecer a alegoria que Platão criou: “O Mito da Caverna”.

De modo que, para Platão a maior parte dos humanos se encontra prisioneira da caverna. Isto foi dito a mais de 23 séculos. Imagine um grupo de prisioneiros que nasceu no interior de uma caverna escura. Eles estão acorrentados de costas para a entrada da caverna e só podem olhar para a parede do fundo. A luz que entra na caverna projeta nessa parede as sombras e nada mais. Os prisioneiros acham que elas são a realidade. Nunca viram a luz. A vida das pessoas na modernidade para Platão é como dos prisioneiros do Mito, acorrentados no fundo da Caverna.

Portanto, vemos as coisas que conhecemos como se fossem reais, mas não passa de sombras, pura ilusão. Vemos, mais não enxergamos o que é comum nos dias de hoje. Como disse Platão, a verdade está fora da caverna, no mundo das ideias, onde há luz. Ou seja, é preciso desconfiar do que os nossos olhos e ouvidos dizem. Devemos nos guiar pelo pensamento e pela razão. Foi em torno dessa ideia que nasceu a filosofia (século V a.C.).

6 de julho de 2019

NOS ENCONTROS ESTÃO OS DESENCONTROS

Percebo que as pessoas estão muito exigentes em relação ao amor. Qualquer passo em falso: Adeus!  Não aceitamos erros alheios. Não aceitamos qualidades no outro que, para nós, sejam defeitos. Queremos que todos estejam conectados com nossas expectativas. O que nos é possível, não nos interessa. Almejamos o perfeito. O irreal. O ilusório. Queremos sempre o melhor, mesmo que o “melhor” não se adéqua à nossa vida.

Vivemos na verdade, a era da Intolerância. Do imediatismo. Da falta de paciência. No meio do caos, esquecemos o essencial: "para se relacionar, é preciso estar aberto". Ser tolerante e compreensivo. Ter uma boa dose de bom senso. Entender que as pessoas não são descartáveis. Não existe manual, nem informações no rótulo. Quer saber? Todo mundo tem lá seus “defeitos”. Mas, nessas horas, não existe nenhuma garantia que vai dar certo. No máximo, uma terapia ou um bom ombro amigo para se reajustar.

Agora, minha pergunta: porque andamos, assim, tão exigentes? Será culpa da tecnologia e sua crescente evolução? Será falta de autoconhecimento e amor próprio? Será que, no fundo, temos medo de amar e nos boicotamos com situações que nunca vão dar em nada? Pode ser um pouco de cada coisa. Outro dia li uma frase interessante: “o dilema da mulher moderna é saber, ao certo, o que ela procura. Porque, se ela procurar, vai achar. No entanto, se uma mulher vem sonhando em ter um caso amoroso com um homem, se ela vem pensando nisso algum tempo, na verdade, está plantando uma semente mental que um dia poderá germinar”. 

Não vamos colocar a culpa no outro. Se as coisas não estão dando certo, temos grande responsabilidade sobre elas.  Não vamos começar nosso discurso manjado que queremos viver o amor, quando, na verdade, só atraímos problemas, somos instáveis na subjetividade e avessas a responsabilidade. Se isso acontece uma vez ou outra, tudo bem. Não damos sorte no amor, ninguém foge do fracasso amoroso. Mas se o padrão prevalece, então, está na hora de revermos nossos conceitos. Nós encontramos na verdade, aquilo que procuramos.

Todavia, encontramos alguns amores que nos trazem infelicidade, angústia e ansiedade. O melhor a fazer é dar uma pausa e pensar a relação, sentir a dor que poderá estar machucando ambos. Repensar quem somos e o que realmente queremos deste encontro. Sabemos que ninguém gosta de aceitar suas culpas, muito menos admitir quando faz escolhas erradas. Fugir do amor com medo de sofrer ou com medo de perceber que ter um relacionamento saudável não traz garantia nenhuma de felicidade.

Portanto, viver o amor nada mais é do que conhecer a si mesmo profundamente e entender quem a gente é. E o que nos faz bem. De modo que, antes de colocar a culpa da sua vida amorosa no outro. No destino ou em algum Karma. Que seja em qualquer lugar fora de você, pense bem. Nós encontramos fora o que na verdade, está dentro de cada um. O amor pela essência humana.

3 de julho de 2019

VIVEMOS UMA DEMOCRACIA CONFUSA E ATRAPALHADA

Alguns filósofos e sociólogos duvidam que uma pessoa ou uma sociedade possa sobreviver só com a verdade absoluta. Uma sociedade em que todas as verdades fossem cegamente expostas seria mais um inferno do que um paraíso, pois seria um escândalo total e os exemplos estão aí para ser comprovados. Em seis meses de governo, o país parado. Veja, a minha posição não é de natureza moralista, é uma posição ética. Acho esse momento oportuno para se debater questões de ética, do ponto de vista dos fatos e com uma cabeça lógica. Não estão conseguindo vencer determinadas questões que diz respeito ao o humano. Como já escrevi aqui: “o humano me basta e nele encontro até o divino”.

Há uma medida em tudo que fazemos, ou seja, tudo na vida privada ou social tem um limite. E aquilo que fica aquém ou além desse limite, não consegue ser justo. É necessariamente injusto com a própria vida. Só existe o justo, naquilo que há limite, caso contrário não consegue alcançar a justiça e nem serve ao “Direto Justo”. Estamos vivendo uma democracia confusa e atrapalhada. De modo que nenhum país sério do mundo aceitaria a violência moral e ética que estamos sofrendo. Vamos raciocinar um pouco, vamos usar a lógica. Defender o modo Institucional é mudar pelo caminho da Lei o que tem que ser mudado. São notórias as agressões à "Ordem Legal", cometido por um verdadeiro ente de razões. Afinal, razão de quem?

Qual o lugar no mundo, onde o juiz condena um político e aceita ser ministro do político adversário que foi beneficiário pela sentença do político preso? Penso que nenhum país do mundo aceitaria uma violação dessa natureza. Essas conversas que estão vindos a público indicam que existe um “Estado Paralelo” no país, que não respeita nada, nem o devido "Processo Legal". Isto que está acontecendo no Brasil fere o código de ética da magistratura e vários outros artigos da Constituição Brasileira. Corrupção se combate dentro da Lei, propondo Leis novas.

Portanto, há uma desmoralização do “Processo Penal” como raramente se viu. Quem realmente quer defender a democracia brasileira e o futuro do Brasil, deveria defender o devido “Processo Legal”. No entanto, estamos todos meio confusos e atrapalhados, vivendo um clima de barata voando e não se sabe de onde vem. Quem sabe estão precisando ler mais e falar menos. Tenho uma boa indicação de leitura para os políticos e magistrados do nosso país, leiam “O Federalista”, são textos explicando a Constituição Americana. No artigo 10 de James Madison (1751-1836), ele diz que o povo transfere para as Instituições todos os seus desejos e apetites. Contudo, as Instituições filtram esses desejos e apetites, dando ao povo uma biografia impoluta. Infelizmente isto no Brasil não está acontecendo.

2 de julho de 2019

A HONESTIDADE E A VERDADE CAMINHAM JUNTAS

A literatura, de um modo geral vista sob os aspectos da filosofia, psicologia e da religião, nos mostra que relacionamentos saudáveis e duradouros devem ser baseados na honestidade e na verdade. Há um desejo muito forte em todos nós, de acreditarmos que ao menos aqueles a quem amamos e aqueles que nos amam também serão sempre honestos e verdadeiros conosco. E não dá para nos relacionarmos de outra maneira quando implica amizade e amor. Será que existe alguém completamente honesto?

A maioria das relações falidas tem como base a ausência da honestidade, a principal responsável pelo desgaste e falência dos casais. A desonestidade levou milhares de famílias à separação, amantes a se agredirem e até mesmo cometerem os chamados crimes passionais. Grandes negócios foram desfeitos, assim como derrubou governos ditadores e a falta dessa honestidade gerou guerras consideradas sangrentas na história da humanidade. Contudo, as pessoas continuam achando mais prático dizer uma mentira, embora a maioria das crises possa ser contornada pelo uso da verdade. A prática da verdade, principalmente nessa hora, é indispensável.

Concordamos que a honestidade é a melhor política, mas jamais sonharíamos em dizer à maioria das pessoas, quando nos perguntam, o que pensamos delas. Os gregos eram escolados em disfarçar a verdade. Eram ensinadas técnicas de como proferir através de uma boa oratória de maneira que pudessem impressionar o público. Essa estratégia é usada até hoje em dia, de maneira insolente pelos políticos e publicitários para vender o seu produto. Tudo isso começou na Grécia Antiga com os Sofistas, mais conhecidos como "professores da sabedoria", mas num sentido pejorativo, ou seja, alguém que usa de raciocínio capcioso, de má fé, com intenção de enganar. Entretanto, o grande filósofo grego Sócrates (470 a.C.- 399 a.C.), foi em essência, condenado à morte por dizer a verdade, pois seus juízes acreditavam que a sua verdade corromperia a juventude da época.

A história da humanidade é marcada pela desonestidade. Nós somos muito mais caprichosos, irregulares e desonestos do que dizemos. Um dos enigmas para mim é que a vida real das pessoas não é flor que se cheire. Quando se fala dos seres humanos, é de uma santidade e de uma honestidade que eu nunca vi no mundo. Nega-se a maldade e a crueldade e elas aparecem por todos os lados. Para o escritor Leo Buscaglia, se as pessoas não estão, na realidade, empenhadas em mentir, elas criam imaginosas meias mentiras criativas ou fogem à questão completamente. Alguns filósofos e sociólogos duvidam que uma pessoa ou uma sociedade possa sobreviver só com a verdade absoluta. Uma sociedade em que todas as verdades fossem cegamente expostas seria mais um inferno do que um paraíso, pois seria um escândalo total e os exemplos estão aí para comprovarem.

Nossa segurança está baseada no fato de que as informações que nos são dadas, principalmente por aqueles a quem amamos, são honestas. Todavia, quando ela é afetada, ou desaparece, não é surpreendente que nossas vidas fiquem temporariamente desequilibradas. Quando o nosso amor é forte o suficiente, podemos ser capazes de aceitar a situação ou concluirmos que aquilo não foi feito com más intenções ou com o desejo de machucar. Podemos até lidar com a mentira e aceitá-la com tolerância humana. Reconhecemos que todos nós cometemos erros e omitimos fatos. Sempre perdoamos, principalmente quando é um filho que se desviou da verdade e cometeu um ato desonesto.

Portanto, temos uma grande necessidade de acreditar, de confiar uns nos outros. Penso que ficaríamos loucos se percebêssemos um dia que não haveria ninguém em quem pudéssemos confiar. É através da confiança que nosso sistema de valores cresce e se transforma. Com a segurança e a reafirmação resultantes da confiança, tornamo-nos mais abertos ao risco que implica viver. Contudo, como poderemos esperar total honestidade dos outros, se nós mesmos mentimos a nós próprios? Devemos encarar esses lapsos como pequenas falhas humanas e usá-los como experiências de aprendizado para futuros relacionamentos de maior confiança já que sempre desejamos que nossos relacionamentos durem e cresçam. Por isso mesmo é que tanto a honestidade e quanto a confiança devem ser nossos objetivos primordiais e inevitáveis.  

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...