12 de julho de 2019

A COVARDIA É MÃE DA INTOLERÂNCIA

A intolerância é uma atitude mental caracterizada pela falta de habilidade ou vontade que as pessoas têm de reconhecer e respeitar as diferenças de crenças e opiniões de cada um. Alguém pode definir intolerância como uma atitude expressa, negativa ou hostil, em relação às opiniões de outros, mesmo que nenhuma ação seja tomada para suprimir tais opiniões divergentes ou calar aqueles que as têm. Tolerância, por contraste, pode significar “discordar pacificamente”. A emoção é um fator primário que diferencia intolerância de discordância respeitosa, que pode indicar preconceito, podendo levar à discriminação de todos os tipos.

Todavia, a discriminação dá munição ao que quer matar psicologicamente o diferente, aquele que não aceita imposições ao ser contestado. Entretanto, anima-o a desconsiderar os sentimentos do outro e justifica a sua irracionalidade dizendo que sempre agiu certo e o outro que é o errado, por isso ele envenena todo o ambiente por onde passa. Contudo, a covardia é mãe da intolerância. Tudo se faz em nome do amor, até mesmo matar o outro emocional e fisicamente. Construímos a infelicidade de muitos e deixamos de cultivar os bons sentimentos, e fazer deles a oficina de um mundo melhor, onde o prazer da diversidade seja apreciado como expressão do sorriso de Deus.

Todas as pessoas que tem certeza do que falam e fazem, na verdade, são intolerantes. Se elas estão certas sobre suas ideias, por que vai ouvir a outra pessoa? Naturalmente, quem tem certeza em tudo que fala e faz não se pode dizer aberta a novas ideias. Por conseguinte, essa pessoa se arma de preconceito e vai ficando cada vez mais fechada dentro do seu encantado mundinho de certezas. Para ela o outro não passa de um dissimulado e mentiroso, por pensar diferente. Na verdade, sempre que surge um conflito entre pessoas ou casais, sempre tem alguém que acredita estar certo, que nunca errou e sempre manteve um diálogo aberto e franco, o outro é que faltou com a sinceridade. A culpa sempre recai no outro, sendo que os dois têm tudo a ver com o peixe (para usar uma metáfora). Mas, nesta hora ninguém assume o veneno que destilou por conta da sua intolerância. As divergências de pensamento existem e deve ser respeitadas. Não é elegante chamar alguém de dissimulado e mentiroso por pensar diferente, talvez por não compreendê-lo naquele momento.

Portanto, o intolerante só tem a perder, porque afasta as pessoas do seu convívio. Esquece que para viver feliz é preciso aprender a praticar trocas recíprocas de generosidade. Receber das pessoas mais próximas os alimentos da alma e o carinho que ela nos oferece e oferecendo cada um de nós também o melhor para os que partilham conosco a aventura de estar vivos. Como disse o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980): “Quem de dentro de si não sai. Vai morrer sem amar ninguém”. A vida está sempre nos dando algo, mesmo quando nós temos a impressão que ela está nos tirando coisas. Existe algo que pode nos curar de uma grande tristeza, que é o amor. O amor é a coisa mais importante que nós temos. Ele é maior que a distância, que as diferenças. É o amor que nos uni, nos conecta, faz com que nós sejamos a melhor versão de nós mesmos. “Amar é reconhecer a face de Deus no rosto do outro”. Chamar alguém de dissimulado e mentiroso é depreciá-lo na sua essência. Vamos viver com dignidade, respeitando e amando o nosso semelhante. Com respeito e amor é que vamos tornar o mundo um lugar viável para se viver.

Um comentário:

  1. Bom dia, como prometido Li o seu texto e gostei muito!
    Parabéns!

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