30 de setembro de 2023

O CORPO É PRÉ-HISTÓRIA DA NOSSA VIDA INTERIOR

O corpo humano é o maior patrimônio que devemos cuidar e preservar. Através dele comunicamos nossos sentimentos e emoções. Ele realmente exerce uma grande influência em nossa relação com o mundo sensível e o mundo das ideias, como argumenta Platão (427-347 a.C.), nos seus diálogos sobre o conhecimento.

O corpo é nosso cartão de visita, coloca em evidência a nossa estadia no mundo dos vivos e, dispensa apresentação pela sua genialidade na organização dos pensamentos e ações na natureza. Contudo, essa complexa máquina humana, ainda é um mistério para muitos estudiosos da fisiologia humana. Afinal, no corpo tudo é manifestação de vida, são nossos anseios de vida por mais vida. Mas, que tipo de vida buscamos?

No entanto, se o corpo não falasse as palavras não teriam sentido. O psicanalista austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), foi o primeiro que, frente ao silêncio do paciente, começou a observa-lo e então fez a descoberta do que era evidente. O nosso corpo expressa sentimentos e emoções contidas, involuntariamente. Reich percebeu que o modo de estar em silêncio da pessoa, pode significar tanto quanto uma declaração verbal.

A diferença essencial entre Freud e Reich. É que Freud apenas limitava-se a ouvir e interpretar a comunicação verbal dos seus pacientes, ao passo que Reich, passou a ver e a interpretar a comunicação não verbal mostrada pelo corpo. Ouvir a voz do corpo é que nos leva para o eu profundo, portanto, para Reich esse é o caminho que nos conduz a nossa interioridade.

Todavia, as pessoas têm pouca familiaridade com seu aspecto exterior, como sua face, gestos e atitudes corporais. Estranham demais suas aparências ao se verem gravadas em vídeo. Isto é, elas não sabem o que exprimem ou manifestam facial e corporalmente, pouco percebem ou sabem de sua “Couraça Muscular do Caráter” noção central para Reich.

A couraça é todo o esforço muscular que a pessoa faz, afim de não mostrar e disfarçar o que pretende, o que deseja ou o que sente. É um paradoxo. Só consegue disfarçar eficazmente para si mesma, porque ela não se vê. Na verdade, toda pessoa sabe o que está sentindo, mais não sabe o que está mostrando para os outros, que só a vê e observa.

Portanto, o nosso corpo é um prodigioso laboratório transformador, que transmuta oxigênio, água, alimentos em vida. Sendo assim, para os que amam viver, o corpo não pode ser aquele talento que o imprudente enterra como diz nos Evangelhos. Sendo o corpo nossa forma de presença no mundo, bem como o berço, no qual nascem todos os nossos conteúdos íntimos como emoções, crenças e conhecimentos. O corpo é pré-história da nossa vida interior, este parece ser para nós como o templo de todos os sentimentos, que precisa ser respeitado.

25 de setembro de 2023

TANTO NO AMOR COMO NA VIDA HÁ UM IMPULSO DIVINO

O amor é a nossa imagem e manifestação da vida. Tanto no amor como na vida, estamos sujeitos às mesmas revoluções e mudanças. A nossa existência é resplandecente, permeada de momentos alegres e cheia de esperanças, pelo simples fato de sermos felizes por amar. Este agradabilíssimo estado leva-nos a procurar outros bens muito mais sólidos para continuar a viver.

Não nos contentamos por estar vivo, considerando a vida com o fato de subsistirmos, queremos progredir, ocupamo-nos com os meios para nos aperfeiçoarmos e para assegurar a nossa boa sorte. Se houver amor melhora ainda, aumenta a nossa esperança na vida. Amor e vida caminham juntos, nutrindo um ao outro, se por algum motivo não for assim, não há prazer nas conquistas.

Tudo está insatisfeito e sem vida, deixando a desejar. Esta incompletude é que nos vai exterminando aos poucos. Como diz a música “Morro de Saudade” do poeta e compositor Gonzaguinha (1945-1991): “ó fantasia da minha vida, meu sonho gostoso, meu gozo. Ó minha estrela, essa saudade me deixa assim tão nervoso”.

Procuramos a proteção divina, mostrando-nos solícitos aos nossos semelhantes e não aguentamos que outros queiram o mesmo que temos em vista. Será porque somos egoístas? Este estímulo de continuar a existir acumula-nos de mil trabalhos e esforços que logo se apagam quando alcançamos o desejado.

Todas as nossas paixões ficam então satisfeitas e nem por sombras podemos imaginar que a nossa felicidade tenha fim. No entanto, esta felicidade raramente dura muito e fadiga-se da graça da novidade. Para possuirmos o que desejamos não paramos de desejar mais e mais.

Habituamo-nos ao que temos, mas os mesmos haveres não conservam o seu preço, como nem sempre nos tocam do mesmo modo. Mas, há uma energia que nos impulsiona e nos toca profundamente, impedindo de nos acomodar ou desistir. Nossa força poderosa que nos mantêm vivos e atuantes está no amor e nesse impulso divino.

17 de setembro de 2023

UM PEQUENO PANORAMA DA SOCIEDADE ATUAL

Entretanto, são tantas as realidades que compõem a verdade que podemos observar no dia a dia. Pessoas explorando pessoas e as matando de todas as formas. Desde a indiferença até a morte física. Na sociedade atual o sexo é livre e o amor se tornou uma boa conta bancaria. Onde perder o celular é pior do que perder os teus valores. Onde a moda é fumar e beber, e se não fizer isso, você está obsoleto. Onde o banheiro tornou-se estúdio para fotos e a igreja, o lugar perfeito para se fazer check in com espiritualidade.

Século XXI, onde homens e mulheres temem uma gravidez muito mais que HIV. Onde o serviço de entrega de pizza chega mais rápido do que a ambulância. Onde as pessoas morrem de medo de terroristas e criminosos muito mais do que temem a Deus. Onde as roupas decidem o valor de uma pessoa e ter dinheiro é mais importante do que ter amigos ou até mesmo família. Nem de longe deslumbram que amor é fundamental para o homem e para a sociedade. Sem amor, o homem torna-se árido, incapaz de encantar-se com a vida e de envolver-se com os outros.

Século XXI, onde os filhos são capazes de desistir dos seus pais pelo seu amor virtual. Onde os pais esqueceram-se de reunir a família à mesa para um jantar harmonioso, conversando sobre o dia a dia, pois estão entretidos no seu trabalho ou no celular. Onde homens e mulheres muitas vezes, só querem relacionamentos sem obrigações e seu único "compromisso" se torna posar para fotos e postar nas redes sociais jurando amor eterno.

Vivemos em uma sociedade onde o amor se tornou público ou uma peça de teatro. Onde o mais popular ou o mais seguido com mais curtidas em fotos é aquele que aparenta esbanjar felicidade; aquele que posta fotos em lugares legais e badalados rodeados por "amizades vazias" com "amores incertos" e "famílias desunidas". Onde as pessoas se esqueceram de cuidar do espírito, da alma vazia e resolveram cuidar e cultuar os seus corpos esteticamente falando. Sem nenhuma conotação com a saúde.

Portanto, estamos vivendo numa sociedade onde vale mais uma lipoaspiração para ter o corpo desejado do "mundo artístico" do que um diploma universitário. Onde uma foto na academia tem muito mais curtida do que uma foto estudando ou praticando boas ações. Século XXI aqui você só sobrevive se jogar com a "razão", e sendo assim você é destruído se agir com o teu “coração”. Contudo, ninguém é cem por cento feliz!

8 de setembro de 2023

AMOR É UM EVENTO QUE APARECE QUANDO QUER

Quando você encontrar a outra metade da sua alma, você vai entender porque todos os outros amores deixaram você ir. Quando você encontrar a pessoa que realmente merece o seu coração, você vai entender porque as coisas não funcionaram com todas as outras pessoas.

Os místicos e apaixonados concordam que o amor não tem razões. Angelus Silésius, místico medieval, disse que o amor é como a rosa: “A rosa não tem porquês. Ela floresce porque floresce”. Drummond repetiu a mesma coisa no seu poema “as sem-razões do amor”. É possível que ele tenha se inspirado nestes versos mesmo sem nunca os ter lido, pois as coisas do amor circulam com o vento. “Eu te amo porque te amo, sem razões. Não precisas ser amante, e nem sempre saber sê-lo”.

Meu amor independe do que me fazes. Não cresce do que me dás. Se fossem assim ele flutuaria ao sabor dos teus gestos. Teria razões e explicações. Se um dia teus gestos de amante me faltassem, ele morreria como a flor arrancada da terra. “Amor é estado de graça e com amor não se paga”. Nada mais falso do que o ditado popular que afirma que “amor com amor se paga”. O amor não é regido pela lógica das trocas comerciais. Como a rosa floresce, eu te amo porque te amo.

Amor é isto: “a dialética entre a alegria do encontro e a dor da separação”. De alguma forma a gota de chuva aparecerá de novo, o vento permitirá que velejemos de novo, mar afora. Morte e ressurreição. Na dialética do amor, a própria dialética do divino. Quem não pode suportar a dor da separação, não está preparado para o amor. Porque o amor é algo que não se tem nunca.

Portanto, o amor é um evento de graça. Aparece quando quer, e só nos resta ficar à espera. E quando ele volta, a alegria volta com ele. E sentimos então que valeu a pena suportar a dor da ausência, pela alegria do reencontro. Amamos aquela pessoa não pela beleza que existe nela, mas pela beleza nossa que aparece refletida nos olhos dela. Não amamos aquela pessoa que fala bonito. Amamos aquela pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. Como dizia Rubem Alves: “é na escuta que o amor começa e, é na não escuta que ele termina”.

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...