31 de maio de 2019

APANHEI DA SORTE E LUTEI CONTRA A MORTE

O que sonhei não foi o que encontrei pela vida afora. Apanhei da sorte e lutei contra a morte. Sai derrotado, mas, com o coração renovado. Pois, em nenhum momento me senti um fracassado. Porque acredito que só o amor faz as pessoas evoluírem espiritualmente. É grande o sofrimento para quem preconiza o aprimoramento do amor. De modo que, continuo com a velha tese de que só o amor transforma. O poeta e jornalista Guilherme de Almeida (1890-1969), escreveu um texto maravilhoso falando sobre a vida, do ponto de vista poético. Não tenho esse texto mais vou puxar pela memória e tentar adaptar suas ideias. Um sábio me disse: “Esta nossa existência não vale a angustia de viver. Se fossemos eternos, a ciência, num transporte de desespero, inventaria a morte. Uma célula orgânica aparece no infinito do tempo e vibra, cresce e se desdobra e estala num segundo. Homem, eis o que somos neste mundo”! Falou-me assim o sábio e eu comecei a ver, dentro da própria morte o encanto de morrer.

Um monge me disse: “Ó mocidade, és relâmpago, ao pé da eternidade! Pensa, o tempo anda sempre, o rio anda e não repousa. Esta vida da gente não vale grande coisa. Uma mulher que chora o homem que implora o seu amor. Momento em que ambos sofrem da mesma dor. O riso às vezes, quase sempre o pranto. Depois, o mundo, a luta que intimida quatro círios acesos, irmão eis a vida”! Isto me disse o monge e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto de morrer. Um mendigo me disse: “Para o mendigo, a vida é o pão e o andrajo é a proteção que o cobre nas noites mal dormidas. Não creio muito nessa fantasia de que somos imagem e semelhança Deus. Até porque, Deus me da fome e sede a cada dia, mas nunca me deu pão e nem me deu água. Nunca! Deu-me a vergonha, o medo, a mágoa de andar, de porta em porta, todo esfarrapado. Deu-me esta vida, somente a calçada para descansar e um pão seco para matar a minha fome”! Foi o que me disse o mendigo e eu continuei a ver, dentro da própria morte, o encanto do morrer.

Uma mulher me disse: “Vem comigo! Fecha teus olhos e sonha, pois, será o meu único e grande amor. Sonha com um lar, uma doce companheira, que a queira muito e que ela também te queira. Um telhado, um penacho de fumaça e uma rede para juntos balançar. Uma cortina na janela e passarinhos cantando em volta da casa. Que maravilha viver e com você aprender. Pois, dentro da nossa casinha a vida acontece de verdade, como ela é de fato”!

Portanto, passamos muito rápido pela vida. Aprendi que a vida tem que ser vivida em função de alguma coisa e não contra alguma coisa. Tudo que se constrói com amor e respeito não se perdem nunca. Escolha a vida por respeito à vida. Se não for por respeito, escolha bolsas, sapatos, roupas de grife e seda caxemira, para achar que é feliz. Escolha facebook, twitter, instagram e milhares de outras formas de cuspir o seu ódio em pessoas que você nunca viu na vida. Escolha atualizar o seu perfil e diga para o mundo que está tomando café e espere que em algum lugar alguém se importe. Escolha procurar antigas paqueras, para acreditar que não está tão velho quanto eles. Escolha perder aquele que você ama, enquanto ele some de vista, uma parte de você morre com ele, até ver um dia que pedaço por pedaço terão sumido e não restará nada de você para chamar de vivo ou morto. Lembre-se o que disse o mestre e ativista hindu Mahatma Gandhi (1869-1948): “não existe um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho”. Escolha a vida e respeite o teu próximo, porque ele carrega o sopro da vida. O ar que respiramos é o espirito da vida. 

29 de maio de 2019

A EDUCAÇÃO COMO PERSPECTIVA HUMANIZADORA

Temos um país economicamente rico, com um povo pobre e basicamente analfabeto. Nesta circunstância triste e cruel, será preciso pensar num projeto educacional sério, efetivo que demonstre resultados. Todavia, não basta dar estudos para todos, será preciso pensar em desenvolver no interior das escolas publicas um ensino de qualidade que vá eliminando, gradativamente, a velha dualidade da educação publica e privada. Precisa-se de uma escola que possa ser frequentada por todos. Pobres e ricos sem qualquer distinção de raça, cor, religião ou sexo, como estabelece a “Constituição Federativa Brasileira”.

Afinal, em que consiste a educação hoje? Que modalidade ou aspecto dela é mais interessante? Quem realiza a educação como um processo? Quais são as metas ou fins a que se propõe a educação? A educação não é algo que se possa fazer de fora para dentro da pessoa, como uma imposição. A educação é uma realidade vital e condicionada por circunstâncias concretas e chamada a superá-la a partir da própria situação em que se encontra o sujeito da educação, que é o nosso aluno. De modo que, a escola da resposta às necessidades presentes? Nosso sistema educativo continua sendo para o aluno um sistema educativo que o atrai e o estimule? Precisamos rever alguns pontos.

A educação é normalmente considerada nos diferentes países, como uma das prioridades a ser atendida nos planos dos governantes como a principal necessidade social. Mas, esse mesmo pressuposto assinalado acima não demonstra nem de longe, a importância de rever e melhorar o nosso modelo educacional. Muito pelo contrário, os nossos governantes querem acabar de vez com a educação, a começar pelas universidades publicas. O Ministro da Educação Abraham Weintraub, a gente nota que ele é do tipo que gosta de confronto. Tem especial predileção por desqualificar seus adversários. Falta ao Ministro se dedicar mais as políticas públicas, à leitura e estudar um bom livro de gramática, pois seu vocabulário é péssimo e escreve mal.

Portanto, a educação deve ser pensada de dentro para fora do individuo, caso ainda deseja os nossos governantes, ter um ensino de qualidade e um povo civilizado. De modo que o grande problema das escolas hoje é o modelo pedagógico que aí está. Porque incentiva a passividade e a repetição ideológica. Com isso exclui a inovação, a criatividade e a ação do aluno em seu meio. Contudo, é notório que a escola pública tornou-se um exemplo clássico de descaso político, recheado por interesses de poucos e com uma consequente mediocridade. A informação íntegra do jovem é desvalorizada para que, cada vez mais, o cidadão perca o senso crítico, indispensável para a transformação e reconstrução da sociedade que tem como característica a boa formação do homem na sua totalidade.

26 de maio de 2019

NO TOM DA PROSA

Uma das coisas que mais gosto na vida é conversar e a outra é escrever. Nesta reflexão resolvi juntar as duas coisas. Vou escrever como se tivesse conversando com meu leitor. Meus textos são compostos por duas pessoas. No caso eu, o “autor” e o leitor, o meu “co-autor”. Apesar das nossas limitações e distância, espero que possamos estabelecer um diálogo aberto. No livro “O Mundo de Sofia” também existe uma prosa em forma de bilhetes e cartões postais, que foram mandados do Líbano por um major desconhecido, para a menina Sofia. De modo que o mistério que envolve os bilhetes e os postais é o ponto de partida deste fascinante romance sobre a história da filosofia.

No entanto, com certa frequência tenho trazido temas como: “A sexualidade humana, as relações de amor, casamento e outros afins”. De modo que, não escrevo para que aceitem as minhas ideias como dogmas, mas, para refletirmos juntos sobre o que está acontecendo com as relações humanas e com o mundo. Para fundamentar oque vou dizer, apresento alguns dados já estudados e publicados cientificamente para que possamos nos entender. Creio que sempre tratei as mulheres como iguais, mas só mais recentemente lendo os ensaios da educadora Claudia Bonfim, que pude compreender melhor essas diferenças. O quanto a mulher ainda hoje é inferiorizada, marginalizada por uma sociedade machista, anacrônica e patriarcal. Parece até que a mulher só é vista como objeto de prazer, como as mucamas dos senhores de engenhos do século passado.

Pesquisei duas grandes autoridades no assunto, para falar sobre a sexualidade humana. O primeiro foi o filósofo e educador Cesar Nunes da UNICAMP, e o segundo foi a filosofa e educadora Claudia Bonfim, vice-presidente, pesquisadora e educadora sexual da Associação Brasileira de Educação Sexual – ABRADES. Ela publicou algum tempo atras um texto maravilhoso sobre a “masturbação feminina”. Assim como outros tantos assuntos são abordados nas minhas reflexões. De modo que, para falar do casamento, recorri a outro grande mestre, o psiquiatra José Ângelo Gaiarsa (1920-2010), que segundo ele dizia: “que as famílias se amam eventualmente e se traem sistematicamente”. Para a psiquiatra e educadora Regina Navarro Lins, o lugar aonde menos se faz sexo é no casamento, autora do livro: “A Cama na Varanda”.

Portanto, o sexo é um fenômeno pessoal, depende só do corpo para sentir. Já o amor é um fenômeno interpessoal, espiritual, precisando da existência do outro para sentir. Ou seja, “amor eu sinto, sexo eu pratico”. Praticar sexo é uma escolha, ter prazer é uma possibilidade, ao contrário do amor. Sentir amor não é uma escolha e sim, um acontecimento espiritual, ou seja, um dom, que não depende do meu querer. Realmente, não da para combinar sexo com amor. Tendo em vista, que o beijo na boca é mais íntimo do que o sexo. Numa relação a dois, quando o amor termina, a primeira coisa que acaba é o beijo na boca. O sexo ainda perdura por um bom período. Contudo, a sexualidade é a linguagem do corpo e dos sentimentos, é um brincar com o corpo, é uma descoberta significativa para a nossa subsistência. É com o coração que transformamos o conhecimento em sabedoria, para assim ser feliz e viver em harmonia com o nosso corpo, a nossa alma e a natureza que nos cerca. Foi um prazer ter essa prosa com meus leitores. É por tudo isso que continuo escrevendo. “Quanto mais eu sei, mais eu sei que nada sei”.

23 de maio de 2019

ESTAMOS TODOS CEGOS DA SENSIBILIDADE

A transição do mundo moderno, para o mundo líquido vem do fracasso das relações humanas. Na verdade, somos intolerantes e mesquinhos com os outros. A vida em sociedade é feita de pequenas e grandes mentiras. No entanto, o errado é sempre o outro. As promessas modernas provindas de uma racionalidade que se inicia no Renascimento e atinge seu ápice no século XIX com os incríveis avanços científicos e políticos provindos da Revolução Francesa e Industrial. Ao entrar no século XX, a ciência e essa ideia da razão como o propósito da existência humana, encontram seus dias de trevas. Apesar de iniciar o século XX com um otimismo incrível proporcionado pela Belle Époque (expressão francesa que significa bela época), o voo alto da razão faz queimar suas asas, assim como Ícaro (mitologia grega), e implode duas grandes guerras que matariam mais de 60 milhões de pessoas no mundo. A ideia de que a razão e a ciência salvaria o mundo fracassa. A modernidade cria a guerra.

De modo que é comum a nossa racionalidade jogar a culpa por esses grandes eventos em uma irracionalidade, herança iluminista que não nos deixa culpar aquilo que, segundo eles, esse mal está na nossa essência (a estorinha do escorpião e o sapo). Contudo, é justamente essa razão levada a níveis extremos que proporcionou as duas grandes guerras: “a bomba atômica, a linha de produção do holocausto e tudo isso fruto da razão”. De modo que, o mundo pós-moderno nasce a partir do fracasso nas relações humanas. Criamos um problema e, contudo, aumentamos o nosso desespero. Com grande apelo consumista e a negação das questões morais, sociais e ecológicas, parece que permanecemos numa espécie de ressaca ética. Ética para quê?

No entanto, o escritor José Saramago (1922-2010) no seu livro: “O Ensaio Sobre a Cegueira”, retrata bem esta questão da cegueira. Será que é preciso cegar todos para que enxerguemos o mal que estamos fazendo um ao outro. Estamos todos cegos, cegos das nossas leis, cegos da razão, cegos da sensibilidade, cegos do nosso egoísmo, cegos da nossa crueldade e violência. Todos estão enclausurados na caverna da indiferença, da insensibilidade e da incapacidade de ver e enxergar o seu semelhante. Andamos pelas ruas parecendo cadáveres ambulantes, meio embotado, mergulhados num sonambulismo incomensurável. Basicamente vivemos uma vida automatizada sem a menor consciência de quem somos. Pensamento totalizado, ou seja, somos levados a um pensamento único e uniforme, que é o da globalização econômica, que substitui o pensar crítico.

Portanto, crescemos muito em tecnologia nos últimos anos e atrofiamos espiritualmente. Vivemos a era da mecanização dos homens e a espiritualização das máquinas. Estamos assistindo relações humanas que podia ser de boa qualidade, fracassar. Relações de amizade se deteriorando e o espaço para a solidão aumentando cada vez mais. Pessoas fechadas no vazio do seu mundo e projetando no outro a razão do seu fracasso. Na política não é diferente, basta dar uma olhada nas manchetes, para ver o caos que se instalou na vida dos 14 milhões de desempregados, sem falar do restante da população brasileira. Tudo isso fracassou na educação e no amor. Contudo, na chamada modernidade líquida há ainda a herança maldita da racionalidade, mantendo sua essência e assumindo as mais diferentes formas, a todo instante, tentamos desviar sua culpabilidade. Não seria o amor, por exemplo, a única saída para vermos um mundo mais humano?

14 de maio de 2019

NADA PERMANECE IGUAL, TUDO SE TRANSFORMA

Ninguém se banha duas vezes ou mais no mesmo rio, pois cada vez que se entra no rio a água não é a mesma. Foi o filósofo grego Heráclito de Éfeso, que formulou essa tese que até hoje nos fascina. O fluxo eterno das caisas que é a própria essência do mundo, apontou Heráclito (540 a.C.-470 a.C.). Ele foi um filósofo pré-socrático que viveu na Ásia Menor. E se ainda hoje ficamos espantado com isso, é porque nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando no fundo, que tudo permaneça igual. Então é necessário um filósofo da antiguidade ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender, que nada é permanente a não ser as mudanças. O devir em filosofia é o mesmo que movimento permanente das coisas que se desfazem, transformando-se em outras coisas.

O mundo explica-se, não apesar das mudanças de seus aspectos muitas vezes contraditórios, mas exatamente por causa dessas mudanças e contradições. De modo que isso quer dizer que todas as coisas opõem-se uma às outras, e dessa tensão resulta a unidade do mundo. Para Heráclito a harmonia nasce da própria oposição. Sendo assim, a divergência e a contradição não só produzem a unidade do mundo, mas também sua transformação. O mundo é um fluxo contínuo de mudanças, o mundo é como um fogo eterno sempre vivo e, “nenhum deus, nenhum homem o fez”. Heráclito concebia a realidade do mundo, como algo dinâmico em permanente transformação. Para ele, a vida é um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias. Assim afirmava que “a luta ou os conflitos eram a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”.

No entanto, é pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Para melhor entender cito Guimarães Rosa no seu livro “Grande Sertão Veredas” em que escreveu o seguinte: “o mais importante e bonito do mundo é isso, que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando, afinam ou desafinam, a verdade maior é o que a vida me ensinou”. O mais incrível é que o filósofo flagra a fluidez e o escritor se maravilha com isso. É o mais bonito da vida diz Guimarães Rosa. É uma celebração do movimento, não é um lamento. De modo que é no amor líquido que vamos perceber essa fragilidade, essa dificuldade de se perpetuar os vínculos amorosos como diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) ao falar da “modernidade líquida”, nada é feito para durar.

Portanto, estamos em constante mudança, mesmo sendo o amor a maior potência do universo, até ele está sujeito a mudanças. Se considerarmos que sua excelência o “amor”, existe para “unir” as pessoas. Mas, como tudo na vida é um eterno fluir e nada permanece, então, como fica o amor? Levando em consideração que o tempo não para e que estamos em constante encontro. Sendo assim, a cada encontro seremos outra pessoa, nunca a mesma, talvez na essência como disse o filósofo grego Parmênides de Eleia (510-445 a.C.), na sua frase célebre: “o ser é e o não ser não é”. Contudo, só posso concluir com uma frase nobre de Martim Luther King, prêmio Nobel da Paz: “Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser; mas, graças a Deus, não somos o que éramos”.    

9 de maio de 2019

DESVENDANDO A SEXUALIDADE ATRAVÉS DO TANTRA

Tantra é uma palavra sânscrita, “Tan” significa expansão e “Tra”, libertação. De modo que, Tantra significa o caminho para libertação através da expansão, que também encontrará muitas referências na sexualidade. No entanto, o Tantra propriamente dito, envolve a aproximação muito lenta do homem com a mulher, aproveitando cada passo, sentindo cada pequeno gesto como: "um olhar, um sorriso, um abraço e etc". É uma forma sábia de prolongar estes momentos prazenteiros e assim viver em eterna delícia. Esta é a essência da mensagem tântrica. O que as pessoas não sabem é que, se colocar esta proposta tântrica para os seus parceiros, ocorrerá uma fantástica mudança na vida de ambos. Na verdade, a prática da intimidade tântrico leva a pessoa a mudar os hábitos sexuais e a forma como se vê a relação amorosa. Desprendendo-se de imagens, conceitos e atitudes como a do homem dominador e da mulher submissa. De modo que a mulher não precisa se vestir de enfermeira e nem de mulher samambaia. A excitação de ambos acontece num processo de relaxamento e não por fetiches ou fantasias.

O Tantra é popularmente conhecido como uma técnica que retarda o orgasmo e potencializa o prazer. Essa prática proporciona um movimento de energia sexual capaz de se expandir e circular pelo corpo todo, passando pelos canais de energia chamados de “chakras”, amenizando aquela afobação, sem nenhuma necessidade de urgência de terminar logo. Podendo durar em média de duas a três horas de prazer intenso. Além do mais a sensação tende a ser diferente da intimidade comum, porque em vez de expulsar a energia e terminar logo, o prazer se espalha para o resto do corpo. No caso do homem, isso significa que não há ejaculação precoce para a satisfação e a alegria da mulher. No Tantra Hindu é a mulher a “sacerdotisaque leva e ensina ao homem a arte do amor. Está implícito no Tantra que a mulher sabe sentir prazer muito mais e melhor do que o homem, o que é evidente para um bom observador. Num bom clima amoroso pode-se dizer que a mulher sente prazer em qualquer parte do corpo. É óbvio que a mulher seja a professora do amor romântico por natureza, só ela é capaz de tamanha intimidade amorosa com seu parceiro.

A essência do Tantra está no prazer prolongado, é aquele “ir” devagar e percebendo cada movimento do corpo, é o ficar atento ao que está fazendo e sentindo o momento de intimidade. Segundo o psicanalista e pesquisador Wilhelm Reich, a nossa sexualidade padrão parece uma coisa frenética, angustiante, sofrida, desesperada e na maioria das vezes agressiva de ambas as partes. Uma mistura de sentimentos variados, inclusive raiva, angústia, ódio, até fáceis de compreender se levarmos em conta a nossa história de repressão durante séculos. Nos encontros sexuais sempre existe uma voz íntima principalmente na mulher a dizer: “agora vou fazer o que não se deve”. Então, tudo fica apressado, frenético, ansioso e pior ainda, carregado de culpa. Penso que para sentir uma alegria prazerosa, de corpo inteiro, você precisa aprender a relaxar, rir de si mesmo, de sentir-se gostoso ou gostosa, sem culpa, sem medo e sem vergonha. Mas, para isso é preciso desmanchar tudo o que de repressivo aprendemos na vida. Com a prática Tântrica isso é possível.

Portanto, em nossa sociedade e cultura, somos ensinados a racionalizar nosso modo de viver, fazer julgamento sobre o que achamos ser certo ou errado e lutar contra aquilo que não está de acordo com as nossas expectativas. O Tantra em contraste a tudo isso, nos ensina a aceitar o que está acontecendo e deixar fluir sem medo ou stress. Expandindo a nossa consciência e movendo a nossa energia através de tudo que a vida nos apresenta. Dar boas vindas a todos os nossos mais loucos pensamentos, sentimentos e desejos. Isto significa amar todas as partes do meu corpo e aprender com elas. Não julgue mal a si mesmo ou qualquer outra coisa, mas aprenda quem você é de fato para se aceitar de verdade. Pois, da vida nada se leva a não ser a vida que se leva. E que as nossas boas ações, sejam um contínuo sim, numa vida consciente.            

5 de maio de 2019

A RAZÃO COMO PONTO DE PARTIDA

René Descartes (1596-1650), considerado o pai da filosofia moderna, foi ele depois da Idade Média, o primeiro pensador europeu que situou a importância do conhecimento na vida do homem. É bom lembrar que Descartes não era cético; não recomendava a dúvida por causa da dúvida, mas sim, como meio preliminar para investigar a verdade. Descarte deu ao homem moderno uma base filosófica para livrar-se das crenças em feiticeiras, o que contribuiu consideravelmente para o desaparecimento da bruxaria no século XVIII. Ao mesmo tempo desaparecem as fadas, os demônios e todas as semi-criaturas da terra e dos bosques.

Supõe-se, de modo geral, que isto tenha sido uma vantagem, uma vez que ajudou a varrer da mente humana a superstição e a magia. O resultado foi um semi-caos no interior do qual o homem ficou entregue à perplexidade e à dúvida. Foi o momento de emergência da loucura, ou melhor, foi o momento em que a razão produziu a loucura. Mas a psicanálise veio em seguida e derrubou a razão e a consciência do lugar sagrado em que se encontravam. Tornava-se evidente que a raça humana não era tão racional o quanto se acreditava. Mostrou que o narcisismo é o polo da objetividade, da razão e do amor.

Uma das descobertas importantes e de maior alcance foi a de Sigmund Freud (1856-1939), o conceito do narcisismo. O amor próprio, o medo à castração, o ciúme, o sadismo. Freud chamava de “neurose narcisista”. No início da vida, a criança dirige sua libido para seu próprio corpo. Ela ama a si mesma. Suas reações emocionais dependem, principalmente, de seu bem-estar ou de seu mal-estar físico. É egocêntrica. Este período recebeu o nome de narcisista devido à lenda grega de um jovem chamado Narciso, que se apaixonou pela sua própria imagem refletida na água.

César o imperador romano usou do poder para dobrar a realidade a suas fantasias narcisistas. Obrigaram todos a concordarem que ele era o deus, o mais poderoso e mais sábio dos homens. Parece bastante razoável se tratar de um sentimento de megalomania. Por outro lado, ele sabia o quanto era odiado, e que poderiam derrubá-lo e matá-lo. Por isto suas desconfianças patológicas também podem ser perfeitamente compreendidas.

Portanto, quanto menos uma pessoa conhecer a respeito do seu passado e do seu presente, mais insegura terá de mostrar-se seu juízo sobre o futuro. Contudo, digo o que penso, com esperança. Penso no que faço com . Faço o que devo fazer, com amor. Esforço-me para ser cada dia melhor, pois bondade também se aprende. A vida é muito curta para se ter inimigos. Agradeço sempre pelo “dom da vida e de poder “amar” mesmo sem ser compreendido. 

POEMA INSTANTE DO POETA JORGE LUÍS BORGES

Se eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria ...