14 de maio de 2019

NADA PERMANECE IGUAL, TUDO SE TRANSFORMA

Ninguém se banha duas vezes ou mais no mesmo rio, pois cada vez que se entra no rio a água não é a mesma. Foi o filósofo grego Heráclito de Éfeso, que formulou essa tese que até hoje nos fascina. O fluxo eterno das caisas que é a própria essência do mundo, apontou Heráclito (540 a.C.-470 a.C.). Ele foi um filósofo pré-socrático que viveu na Ásia Menor. E se ainda hoje ficamos espantado com isso, é porque nos apegamos teimosamente ao que já passou, esperando no fundo, que tudo permaneça igual. Então é necessário um filósofo da antiguidade ou um escritor contemporâneo para nos fazer entender, que nada é permanente a não ser as mudanças. O devir em filosofia é o mesmo que movimento permanente das coisas que se desfazem, transformando-se em outras coisas.

O mundo explica-se, não apesar das mudanças de seus aspectos muitas vezes contraditórios, mas exatamente por causa dessas mudanças e contradições. De modo que isso quer dizer que todas as coisas opõem-se uma às outras, e dessa tensão resulta a unidade do mundo. Para Heráclito a harmonia nasce da própria oposição. Sendo assim, a divergência e a contradição não só produzem a unidade do mundo, mas também sua transformação. O mundo é um fluxo contínuo de mudanças, o mundo é como um fogo eterno sempre vivo e, “nenhum deus, nenhum homem o fez”. Heráclito concebia a realidade do mundo, como algo dinâmico em permanente transformação. Para ele, a vida é um fluxo constante, impulsionado pela luta de forças contrárias. Assim afirmava que “a luta ou os conflitos eram a mãe, rainha e princípio de todas as coisas”.

No entanto, é pela luta das forças opostas que o mundo se modifica e evolui. Para melhor entender cito Guimarães Rosa no seu livro “Grande Sertão Veredas” em que escreveu o seguinte: “o mais importante e bonito do mundo é isso, que as pessoas não são sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando, afinam ou desafinam, a verdade maior é o que a vida me ensinou”. O mais incrível é que o filósofo flagra a fluidez e o escritor se maravilha com isso. É o mais bonito da vida diz Guimarães Rosa. É uma celebração do movimento, não é um lamento. De modo que é no amor líquido que vamos perceber essa fragilidade, essa dificuldade de se perpetuar os vínculos amorosos como diz o sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017) ao falar da “modernidade líquida”, nada é feito para durar.

Portanto, estamos em constante mudança, mesmo sendo o amor a maior potência do universo, até ele está sujeito a mudanças. Se considerarmos que sua excelência o “amor”, existe para “unir” as pessoas. Mas, como tudo na vida é um eterno fluir e nada permanece, então, como fica o amor? Levando em consideração que o tempo não para e que estamos em constante encontro. Sendo assim, a cada encontro seremos outra pessoa, nunca a mesma, talvez na essência como disse o filósofo grego Parmênides de Eleia (510-445 a.C.), na sua frase célebre: “o ser é e o não ser não é”. Contudo, só posso concluir com uma frase nobre de Martim Luther King, prêmio Nobel da Paz: “Não somos o que deveríamos ser; não somos o que queríamos ser; não somos o que iremos ser; mas, graças a Deus, não somos o que éramos”.    

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