30 de agosto de 2018

SANTO AMOR MALDITO

Santo é o amor, que habita nossos corações. Maldito silêncio! Não temo a solidão, mas sim o silêncio que vem da tua alma. Amo os finais de tarde, com olhar de saudosista, procuro no crepúsculo do sol, no ainda azul do céu, uma fagulha do teu olhar. Debaixo da blusa um coração gritando de saudade, anunciando-se ao tato do mundo. Distrai-me no olhar e vaga em nuvem solta num ar de serena loucura. Tarde dourada e de luz na qual se movem sem rumo essas minhas lembranças. Essa nave que eu sou, beira o teu cais e já nem sei se vou ou se volto.

Teu rosto nasce em todos os momentos que olho para o céu e pergunto: “Por que o amor é dado de graça?” Para que os servos se purifiquem. Se for para ser assim, deito-me nos braços desses olhos, penduro o coração nas nuvens moça do teu gozo. E nele inteiro me encolho. Amada face, tanto te busquei no difícil trabalho de viver, tanto em grutas de mim te desejei, em tempo de calar e de sofrer. Santo amor, tanto amou em silêncio por estrada à procura de ti amada face, que agora a tua feição em minhas mãos é névoa a esgarçar-se.

Por conseguinte, somos corações de cristal num pulsar apaixonado do beija flor. Neste instante uma lágrima anda pelo teu rosto, contemplando manancial de dores que nunca saberei. Sentimento que veio de tão longe e andou pelas encostas de um semblante com lâminas de luz e de segredo. O tempo se desenha no teu rosto. Santo aquele que anda pela estrada e afunda a superfície de uma vida, na inquietação do silêncio maldito. Mas teu rosto prossegue, cheio de insônias e esperança. Santo amor, tu és feliz e forte em si mesmo.

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