2 de setembro de 2018

AMOR COMO PRAZER NEGATIVO

O amor é parte de um prazer que o filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), chamava de prazer negativo. Porque funciona como um remédio para sensação desagradável de desamparo. Isto é, um prazer que deriva com o fim da dor do desamparo. O aconchego é o remédio para o desamparo e solidão. E por isso o amor é interpessoal, é paz e é um prazer negativo. O sexo ao contrário, é pessoal, pura excitação e é um prazer positivo, porque não depende da existência de um desconforto anterior, ou seja, a pessoa não precisa estar com nenhuma sensação ruim, para que tenha o prazer derivado do toque nas zonas erógenas e suas estimulações sexuais. O sexo não precisa do amor para acontecer. Sexo é um fenômeno biológico e o amor é um fenômeno espiritual. Sexo a gente pratica e o amor à gente sente na essência.

Aprendemos que sexo e amor são componentes de um mesmo instinto. Isto não é verdade. O amor corresponde à agradável sensação de aconchego que sentimos quando próximo de uma pessoal muito especial, ou seja, aquela que amamos. É como a criança no colo da mãe, nosso primeiro objeto de amor. A dor derivada da sensação de desamparo e de incompletude que todos sentimos, desde o momento do nascimento se atenua nestes momentos de reencontro. Isto nos traz paz e harmonia ao lado daquela pessoa que para nós é única. O amor adulto é idêntico ao infantil, por isso as cobranças. Não existe amor por si mesmo, dizer eu me amo é pura balela, ninguém ama sozinho. Se somos infelizes e sofremos é porque precisamos do outro. O amor vem de fora e por isso ele é interpessoal, visto por Schopenhauer, como um prazer negativo.

Portanto, amor é paz e é interpessoal, preciso do outro para ter paz. Sexo é excitação e é essencialmente pessoal, não preciso do outro para senti-lo. O mais típico momento de sexo, o que corresponde ao orgasmo, é o mais solitário, ao contrário do que todos pensam. A excitação física é tão forte que ficamos totalmente voltados para ela, do mesmo modo que nos aconteceria se tivéssemos uma forte dor física. Não há lugar, nestas condições fisiológicas, para qualquer tipo de atenção ao outro. Talvez por isso que preferimos o sexo com amor, depois do gozo, podemos nos abraçar e nos aconchegar para atenuar a solidão que acompanha esse prazer máximo. Contudo, o beijo na boca é mais íntimo do que o sexo. No entanto, numa relação amorosa, quando o amor termina, a primeira coisa que acaba é o beijo na boca. O sexo ainda perdura por um bom tempo. Enfim, praticar sexo com amor é estar nos braços da divindade.

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