16 de setembro de 2018

DEVANEIOS DA MADRUGADA

Quando o teu corpo nasceu naquela noite as véspera da primavera, trouxe a tona os meus desejos. Era uma estrela desesperada de longas caudas e corpo macio. No calor do momento percorri, com as mãos tocando no recesso da consciência a alma eminente. Olhando para a emoção sentia o pulsar do coração que se atirava rijos contra a fome do meu peito. Toda a morte que assusta os meus instantes, se apaga quanto sinto o coração disparar. Sei o que quero e por isso procuro entre passos firmes e seguros.

Nos devaneios da madrugada sigo pelo escuro, caminhos que nunca chegam ao fim. Loucura é a minha ansiedade, entre o tremor das pernas e o calor mais úmido que me recebe em desespero. Prazer se mistura com a sensualidade dos beijos, quando aperto o teu corpo junto ao meu, semeio-te de mim. Depois vem o nada, o medo de uma história mal começada. Feixe de energias levanta com o fogo e névoa o cristal do desejo. O saber que tu existe alivia-me a vida e reconforta a minha alma. Será isso mesmo um devaneio?

Nada em teus olhos que eu não queira olhar para sempre. A madrugada do céu estrelado roda a lua como um brinquedo cósmico, redesenhando o perfeito êxtase que invade o meu ser. Pelos lados vejo a brisa gritando por compaixão, num instante sou tomado pela emoção. Outra brisa chegante e um quinhão de silêncio, isto será um amanhã plantando além do horizonte um lugar só nosso. São muitas flores sobre o teu silêncio. Agora repleto está o meu devaneio.

Um dia voltarás trazendo estrelas deste céu pacífico e sem sofrimentos. Palavras leves, tu virás trazê-las, pincelando o melhor dos nossos tormentos no brilho daquele inesquecível primeiro olhar. No devaneio da madrugada há uma chuva de prata, marcando a alvorada de uma glamorosa chegada. Custei a compreender meu pobre devaneio, mas com humildade andei pelos teus gestos, vindo do brando coração sofrido e de braços abertos, mas feliz ao acordar e sentir que nada está perdido. Devaneios, uma explosão de metáforas.

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