13 de setembro de 2018

SOMOS MOVIDOS PELA ESPERANÇA

Em um mundo de pouco amor e muita indiferença, ainda somos movidos pela esperança e pela fé. Não é possível conceber a existência humana sem sonhos, sem utopia e sem esperança. Sendo que a esperança é uma dimensão que faz parte do nosso “ser-no-mundo” como dizia o filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Desde que fomos lançados na aventura da existência, a esperança nos é indispensável na construção do nosso “Ser”, por estar intrinsecamente ligada ao nosso corpo e a nossa mente. Podemos dizer que a esperança é uma necessidade ontológica. O fato é que nós não poderíamos ser sem mover-se na esperança. Ao estudar a história da humanidade, percebe-se que todos os grupos humanos em diferentes épocas, cultivaram a esperança em relação ao futuro, sonhando com a liberdade, com um mundo de justiça, de respeito à vida e de amor ao próximo.

De modo que, é na esperança que encontramos coragem para lutar contra os grandes horrores e barbáries presentes na história humana. A começar pela mitologia grega, quando a personagem Pandora abriu a caixa aonde Zeus havia aprisionado todos os males e as misérias deste mundo, o que restou bem no fundo da caixa foi à esperança. Entretanto, é este tesouro guardado no fundo da caixa que nos motiva a lutar sempre e acreditar, apesar de todos os males que escaparam da caixa de Pandora. Vale lembrar, que a caixa de Pandora é um mito grego, que narra a chegada da primeira mulher a terra e com ela a origem de todas as tragédias humanas. Na mitologia grega, Pandora foi à primeira mulher criada por Hefesto sob as ordens de Zeus o deus soberano.

Vivemos uma escassez de esperança, as pessoas não se entendem mais, coloca-se em duvida tudo, inclusive a existência do amor. Parafraseando Clarice Lispector (1920-1977): “Decifra-me, mas não me conclua, posso te surpreender”. No entanto, assistimos diariamente a intolerância na sociedade e particularmente de pessoas que fizeram e fazem partes da nossa vida. Rotulando-nos de covarde e aventureiro. Como dizia o filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900): “Aqueles que foram visto dançando, foram julgados insanos, por aqueles que não podiam escutar a música”. Penso que a ofensa é um fracasso pessoal. Tem pessoas que não adianta ficar pedindo compreensão. São portas fechadas e não estão preparadas para tamanha grandeza. São incapazes de gestos nobres, de generosidade. São pessoas boas para julgar e condenar, sem pensar no amanhã. Não acreditam no futuro e nem nelas mesmas. Há um vazio existencial e um desencanto amoroso. São pessoas extremamente negativas e intolerantes. Usam frase vazias e inócua para massacrar o outro.   

Portanto, o ser humano não é plenamente humano se não cultivar a esperança de um futuro melhor e se não agir para fazer desse mundo um lugar seguro para se viver. Estamos apodrecendo aos poucos e vamos desaparecer mais ou menos depressa. Quando o arrependimento chegar, poderá ser tarde para o seu resgate. O mundo que nos espera não está por ser conquistado pela força e a intolerância. Mas, está por ser construído e só depende de nós. Nesta tarefa de construir outro mundo possível, os sonhos, a esperança que não é espera, mas, um fazer acontecer é imprescindível. Parafraseando o cantor Geraldo Vandré (1935): “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”. Contudo, a morte causa a ausência e a ausência causa o desejo da presença. “Amei o amor, amei a dor, abandonei a vingança, agora amo a esperança”.

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