23 de novembro de 2018

NÃO ACREDITO NO AMOR COMO POSSE

Para o filósofo e teólogo judeus Martin Buber (1878-1965) dividiu as relações humanas em dois tipos: O “eu-você” e “eu-isso”. O primeiro representa as relações amorosas, à troca de reciprocidade. Enquanto no segundo é marcado por relações possessivas e manipuladoras, isto é, pessoas que se relacionam com o outro como se este fosse um objeto. Todavia, uma relação saudável precisa principalmente de interação “eu-você”, mas frequentemente cometemos o erro de tratar as outras pessoas como coisas, criando uma dinâmica “eu-isso”. Uma maneira ante social e desrespeitosa que denota poder e que certamente resultará em rivalidade. Razão pela qual não acredito no amor como posse.

No entanto, amor é para dar e receber, é a doação do outro para conosco, é assim que deve ser visto. Às vezes não recebemos, mas é importante continuar dando. A posse não funciona com o amor, é um dos temas mais recorrente nos meus ensaios filosóficos: “Crônicas do Amor em Verso e Prosa”, que agora também virou livro. Entendo que o amor não muda com o tempo, a única coisa que muda é a maneira como se fala de amor. As histórias de amor são sempre iguais. A forma de falar do amor é que muda. O amor é um projeto sempre renovado que surge de repente. Ele traz em si uma exigência de permanência no tempo. Amar é aceitar o outro tal como ele é e tal como será, imutável com o seu potencial de dinamismo.

Portanto, vejo no amor uma comunhão intensa, que cada qual participa da vida um do outro e qualquer separação representa um dilaceramento. Não conseguimos estar sós, porque fomos programados para dar e receber amor. E estando a sós, não sabemos dar a nós próprios! No fundo, o querer possuir, o ser nosso é uma limitação da felicidade, porque gera ciúme, desconfiança, conflitos e discussões. O amor nunca poderá florescer, se estiver enclausurado. É como uma flor numa jaula, que dificilmente crescerá, porque não há espaço para a criatividade, nem espaço para o próprio crescimento. E, sem crescer, tudo para e morre. Até o amor!

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