17 de agosto de 2021

SÓCRATES JÁ DIZIA: CONHEÇA-TE A TI MESMO

No século quinto antes de Cristo vivia em Atenas, o grande filósofo Sócrates (470-399 a.C.). A sua filosofia não era apenas uma teoria especulativa, mas a própria vida que ele escolheu viver. Aos setenta e tantos anos foi Sócrates condenado à morte, sob a acusação de corromper os jovens com os seus ensinamentos, embora fosse inocente.   

Todavia, enquanto aguardava no cárcere o dia da execução, os seus discípulos e amigos moviam céus e terra para livrá-lo da morte. O filósofo, porém, não moveu um dedo para evitar esse final triste. Muito pelo contrário, em perfeita tranquilidade e paz de espírito aguardava o momento em que beberia o veneno mortífero. Na véspera da execução os amigos e discípulos conseguiram subornar o carcereiro, que logo abriu a porta da prisão.

Críton, o mais crítico dos discípulos de Sócrates, entrou na cadeia e disse ao mestre: “Foge depressa, Sócrates!”, perguntou o preso: “Fugir, por que?” Críton indagou prontamente: “Ora, não sabes que amanhã vão te matar?” E Sócrates seguro de si argumenta: “Vão matar-me? Ninguém pode me matar!” Insistiu Críton: “Sim, amanhã terás que beber a taça de cicuta mortal. Vamos mestre, foge depressa para escapares da morte!”

Responde o condenado: “Meu caro amigo Críton, que mau filósofo és tu! Pensar que um pouco de veneno possa dar cabo de mim”. E Sócrates continua: “Pois o que eles vão matar é esse invólucro material, o meu corpo e não a mim, os meus pensamentos vão perdurar. Eu sou a minha alma. Ninguém pode matar Sócrates!” E ficou sentado com a porta da prisão aberta, enquanto Clíton se retirava chorando, sem compreender o que ele considerava teimosia ou estranho idealismo do mestre.

No dia seguinte, quando o sentenciado já havia bebido o veneno mortal e seu corpo estava começando a desfalecer, pois, aos poucos o mestre ia perdendo a sensibilidade, ainda perguntou-lhe, entre soluços o discípulo: “Sócrates, onde queres que te enterremos?” Ao que o filósofo, semiconsciente murmurou: “Já te disse, amigo, ninguém pode enterrar Sócrates. Quanto a esse meu invólucro, enterrai-o onde quiserdes. Não sou eu que estão enterrando, pois eu sou a minha alma”.

Portanto, assim pereceu esse homem, que tinha descoberto o segredo da felicidade, que nem a morte lhe pode roubar. “Conheça-te a ti mesmo”, com essa frase Sócrates nos remete a uma profunda reflexão sobre a felicidade, a descoberta do verdadeiro “Eu divino”, do eterno e imortal, sobretudo, porque o desejo universal é a felicidade.

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