14 de março de 2011

OLHAR PLATÔNICO DO AMOR

A paixão está no ar, no olhar. Na tentativa de explicar a razão contida em gestos basicamente instintivo das seduções, agracia o trabalho ingrato que filósofos e psicanalistas, há anos arrastam através de uma lógica sentimental poética.

Por que será que o olhar da sedução é tão fascinante a ponto de despertar inesperadamente o desabrochar da paixão? Aqui está um enigma para a humanidade pensar. Todavia, os poetas já diziam que os olhos são a janela da alma. E de alma Platão entende. Como diz poeticamente o psicólogo Roger Rosa Ribeiro: "é no olhar que te vejo, no olhar eu te mexo, no olhar te desejo".

Apesar de todo o temor que sentimos diante do encontro amoroso, embora não reconheçamos, ainda assim o amor permanece como o enigma que norteia a nossa existência. Até porque temos uma tendência a maltratar o amor quando ele surge. Agregamos tudo de ruim, a começar pelo ciúme. Justificamos como se isto fizesse parte do amor.

As pessoas sempre buscaram preencher o sentido da sua existência com o amor. O amor que sempre se apresentou como um mistério para a condição humana, mistério este que, ao longo dos séculos, filósofos, poetas e atualmente os psicólogos sempre procuraram desvendar.

Platão narra em um de seus diálogos, o Banquete, que até virou peça de teatro. Para explicar a origem do amor, ele usa da mitologia. Num passado remoto existiam criaturas monstruosas. Metade homem e metade mulher, Seres humanos completos, com duas faces, quatro braços, quatro pernas, continha em sim mesmo os dois sexos. Essas criaturas andrógenas, num dado momento, resolveram invadir o Olimpo, a morada dos deuses. Zeus como o representante maior dos deuses e responsável pelo Olimpo, para punir essas criaturas andrógenas ele as partiu ao meio, tornando-se metade, separando em dois sexos. Entretanto, foi a partir daí, que essas criaturas, saíram pelo mundo e passaram a buscar incessantemente a outra metade, que só assim restituiriam a plenitude perdida. É bom que se diga isso é mitologia. Cada um tem a sua essência, é um ser único, não existe outro exemplar idêntico. Portanto, insubstituível. 

Segundo Platão, essas criaturas somos nós mesmos, em busca da nossa parte perdida, ou seja, a nossa cara metade. Por conseguinte, buscamos através do amor a unidade perdida, a totalidade que se rompeu com a separação. O que fazemos no momento da sedução? Senão buscar no outro a nossa identidade. Desta forma, viver o verdadeiro encontro amoroso seria reviver o encontro com a nossa própria essência, que desperta no amor. Eu desejo o outro para crescer nesse amor.

Portanto, aqui entra o jogo de sedução, que significa inconscientemente a saudade deste encontro. Seduzindo ou sendo seduzidos, buscamos reencontrar o que em nós foi perdido. É no olhar da sedução que nasce a promessa que este encontro está prestes a acontecer. A própria palavra sexo, que tem sua origem no latim, sectum, que ao traduzir quer dizer: metade, parte. É o que somos, quando estamos sós. Seres humanos incompletos, reclamando a sua outra cara metade, segundo Platão. Contudo, o outro torna-se o meu objeto de desejo. Cada um com a sua essência juntos se completam nesse AMOR.      

2 comentários:

  1. Esta busca incessante de nos completarmos, de nos tornarmos plenos, com certeza só pode vir deste sentimento q reje o mundo.
    Adorei o tema
    Viva o amor

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  2. Parabens!!!
    Realmente esse texto é acima de qualquer comentario.
    è tudo que sentimos e oferecemos.
    O amor visto de uma forma plena.
    Eduardo, esse texto esta entre os meu preferidos.
    Bjs

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