13 de março de 2011

O SENTIDO DA PARTICIPAÇÃO POLÍTICA

          Estamos todos mais que conscientes que a nossa Aldeia Global é uma soma espantosa de injustiças, opressões, explorações, violência e ameaças monstruosas de destruição do planeta. No entanto, os terremotos, tempestades e furacões ratificam a vergonha e o horror em que vive a humanidade.

          Uma matéria publicada pela revista Veja em agosto de 2002 intitulada “O Planeta Pede Socorro”, alertando-nos para um futuro catastrófico, caso não se faça nada para alterar o aquecimento da atmosfera, florestas destruídas, escassez de água limpa, derretimento das geleiras, extinção dos animais. Os pesquisadores apontam para um desastre ainda maior. Uma nuvem de poluentes equivalente a três Estados brasileiros com 3 km de espessura que atingiu uma parte da Ásia, onde vive um quinto da humanidade.
          Estima-se que trinta por cento das maiores bacias hidrográficas perderam mais da metade de sua cobertura vegetal, reduzindo a qualidade da água e aumentando os riscos de enchentes. Cerca de quarenta por cento da população no mundo vive em regiões com escassez de água potável. O que está faltando para responder e agir aos problemas que estamos criando para nós mesmos? Quem na verdade é o responsável por esse caos? Qual é a nossa proposta diante de fatos tão evidentes? Ou será que vamos apenas assistir passivamente essa falência múltipla, como se não fôssemos os culpados? Contudo, o tempo transcorre. O que podemos fazer para melhorar a nossa relação com o meio ambiente? Afinal, só possuímos essa casa chamada Planeta. É o que deixaremos para nossos filhos e netos.

          Para o filósofo Antonio Gramsci, a indiferença é a ausência de vontade, é parasitismo e covardia, não é vida. A indiferença afoga os entusiasmos mais esplendorosos, atua poderosamente na história. Essa indiferença que confunde os programas sociais, e destrói os planos mais bem construídos de uma educação integral, que se rebela contra a inteligência e a sufoca.

          Participar não é simplesmente influenciar em ações políticas, mas criar uma nova atitude, transformar as pessoas, demonstrar as novas idéias, como aparecem. Entusiasmar outras pessoas de maneira eficaz é possível, através de conceitos políticos. Inventar novos movimentos culturais, visando à transformação de pessoas e da cultura. Movimentos interessados em assuntos sócio-econômicos, políticos e também em relações interpessoais, na arte, na música, constituem estilo de vida e valores.

          A grande luz, e a esperança é o somar um trabalho dos milhares de indivíduos que anseiam a mesma ideia. É preciso sentir que não estamos sozinhos. Portanto, o primeiro passo e o mais importante, é participar. É compartilharmos das descobertas pelos cidadãos, é um importante direito e o dever de construir a história. Debater seriamente as questões políticas, mostrando os problemas reais a que tem enfrentado em desmascarar a retórica ilusória de encorajar em um novo espírito na política.

          As eleições são momentos privilegiados que temos para mostrar nossa participação. É a chance que tem de substituir políticos que só defenderam seus interesses. É o momento adequado para se escolher melhor o partido, trocá-lo se for necessário, não vender o voto a preço algum. As escolas também possuem uma tarefa fundamental nestes movimentos, a de promover e incentivar a formação política e a participação nas organizações.

          É bom lembrar, historicamente, que alguns movimentos importantes começaram em pequenos grupos. Os primeiros cristãos são um grande exemplo. Era um pequeno grupo que representava uma idéia, que mantém viva até hoje, por que estava incorporada na essência de cada um, na carne e no espírito. Não corria o perigo de a idéia morrer. Demonstravam força, disciplina, alegria e uma profunda convicção sem serem fanáticos. Está claro que o importante é a pratica da vida, atitude total, a meta e não uma conceituação.

          Enfim, todo esse esboço do movimento pretende ser uma proposta experimental de como se deve começá-lo. É concebido como um elemento importante na transformação da sociedade permitindo ao individuo descobrir maneiras para a participação e ação imediata e dar respostas a questões sociais não respondidas pelos políticos. Estamos bem no meio da crise. Não nos resta muito tempo. Se não começarmos agora, amanha talvez seja tarde demais. Há esperança, porque existe uma possibilidade real de que o homem possa reafirmar e tornar humana a sociedade que ai está. Como argumenta Erich Fromm no livro: A Revolução da Esperança; “não nos cabe completar a tarefa, mas não temos o direito de nos obster dela”. Portanto, o desafio maior está em mudar a nossa maneira de pensar. Não é uma tarefa fácil. Não será algo rápido para muitos de nós. Acredito que não exista desafio maior do que entender como funcionamos e principalmente, como funciona a nossa sociedade, tendo em vista que somos um projeto de humanidade dentro desse contexto social globalizado.

Um comentário:

  1. Muito bom esse texto, atual e pratico para a nossa sociedade, da maneira que vivemos e aceitamos, mesmo não concordando com o sistema pre estabelicido.

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