8 de abril de 2011

A UTOPIA DO PROFESSOR

Os estudos comprovam a cada ano através do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) que mais de um milhão de jovens, com idade entre 12 e 17 anos, não sabem ler e nem escrever. Conseqüentemente esse agravante tem como base às leis que asseguram, através da Constituição Federal, o direito a todos os cidadãos ao estudo, mas estas leis não são capazes de garantir uma política educacional eficiente com escola de qualidade para qual o jovem se sinta atraído. Os indicadores são mais que suficiente para mostrar o descaso pela educação no país. A desvalorização ética e a falta de respeito para com o professor. Principalmente, o descaso do Estado em relação ao salário desses profissionais.

Temos acumulado reproduções de modelos, e estas nos têm afastado, historicamente, da realidade, anulando potencialmente o desenvolvimento da capacidade de criar. É importante que os professores entendam os desafios da educação que não são os mesmos dos governos, que visam à manutenção do poder. Em vez de ficarem discutindo com a direção da escola sobre a disciplina dos alunos, os quais pouco se preocupam com os educadores. A categoria precisa ser mais unida e não participar do intento governamental. Na verdade, ele espera um professor vacilar para colocar a sociedade contra o professorado. 

Conforme aconteceram em anos anteriores.  Em novembro de 2004, a professora Tânia de Araújo Costa trabalhava em Nova Odessa, cidade no interior Paulista. Transformou-se em notícia nacional do dia para a noite. Todos os refletores da mídia a focalizaram enquanto professora, por conta de um aluno indisciplinado cuja mãe irresponsável demonstrou não conhecer o próprio filho.
O fato este ocorrido no dia 12 de novembro daquele ano. O garoto de sete anos na sala de aula juntamente com os colegas; às 18 horas com a escola vazia, o garoto sozinho, disse estar de castigo. Devido a esse fato iniciou-se um processo administrativo para a educadora, a fim de apurar os fatos e punir o culpado. Durante o inquérito ficou provado que não fora a professora responsável pelo ocorrido. Revelou-se, portanto, ter sido o aluno por si só, e com medo de ser punido pelos genitores, resolveu permanecer escondido na escola e acusar sua professora, Tânia, na época.  A mídia devido à desse episódio contribui para depreciar a reputação dos professores. 

Publicaram ser comuns educadores torturarem psicologicamente alunos em sala de aula. Após a professora ter sido inocentada, a mídia se quer deu o direito de resposta, para que ela pudesse retratar- se. Perante a opinião publica, Tânia      continua sendo a “tia vilã”, que põem crianças inocentes de castigo.
Tornou-se comum caso de desrespeito contra o professor e a Educação. Outro episódio dessa natureza se deu em Belo Horizonte. Um estudante processa a escola e o professor por tirar notas baixas, alegando danos morais. Segundo o aluno, passou a noite estudando, portanto, não achou correto o professor ter dado uma nota baixa. Razões essa que culminou num processo contra o mestre. Em nenhum momento questionou-se o conhecimento desse aluno. Parece haver uma inversão de valores. Uma lógica perversa por trás dessa violência e desrespeito que vem assolando os profissionais da Educação.      
O professor precisa compreender e romper com essa falsa lógica. Rejeitar a cultura da descrença e construí-la dentro de si, como ação política, de crença e esperança. Perceber que o pensamento cada vez mais está sendo dispensado pela massa, e privilegiado pela classe dominante. O maior exemplo desta constatação é o sistema educacional brasileiro. O indivíduo que pensa, questiona e duvida, diverge de determinações pré-estabelecidas e optam pela informação. Torna-se, portanto, um sujeito consciente, será perigoso para quem detém o poder.
O ensino brasileiro precisa mudar? Penso que sim. Discute-se frequentemente a respeito do processo educativo.  Há aqueles os quais defendem os discentes outros, o educador. Ainda existem aqueles favoráveis ao conteúdo. Acredita-se que no centro do processo educativo esteja um projeto social. A sociedade brasileira nesse sentido torna-se democrática e cidadã, fundamentada na igualdade entre os indivíduos e no respeito. Conforme o filósofo francês, Jean Jacques Rousseau, analisou as razões das desigualdades sociais. Segundo ele, o ser humano é naturalmente bom, mas a sociedade o corrompe gerando a desigualdade, escravidão e a tirania.
Por outro lado, o Ministério da Educação é quase que exclusivamente, uma obrigação com a instrução. O discurso do ministro é técnico. Nem o governo nem a igreja tratam seriamente a questão da educação, no sentido verdadeiro da palavra. O governo interessa-se pela instrução técnica e a igreja limita-se à simples moralização. No entanto, não se observa avanço em nenhum dos seguimentos. A instrução e a moralização tornam o homem realmente melhor.
Segundo o filósofo e educador Humberto Rohden, argumenta no seu livro “Educação do Homem Integral” instrução torna o homem erudito, meio robotizado, só serve para si mesmo. A moralização torna o ser humano altruísta. A erudição e o altruísmo não são ensino verdadeiro – não passam de condicionamento psíquico. Altruísmo é uma forma de egoísmo sublimado, aquele que espera recompensa após a morte. A erudição torna o homem técnico e conteudista. O homem realmente educado é bom, ele não espera recompensa por ser bom, nem no presente e mesmo após a morte.
Portanto, o governo e a igreja tiveram sua culpa por omissão. Limitaram-se aos fatos, não se interessaram pelos valores. Estudos revelam sem valores, não há educação. Verdade, justiça, amor, respeito e honestidade são valores, criação da consciência crítica, e não simples descoberta da ciência, nem altruísmo moral. Albert Einstein disse “o homem da ciência, descobre os fatos da natureza, mas o homem de consciência realiza valores dentro de si mesmo”.                                       

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