24 de abril de 2011

O AMOR ROMÂNTICO E O PAR IDEAL

      O amor romântico povoa as mentalidades do Ocidente desde o século XII, mas só pode fazer parte do casamento na década de 1940 para cá. O problema desse tipo de amor é que ele não é construído na relação com a pessoa real, mas sobre a imagem que se faz dela. Acredita-se que só é possível ser feliz vivendo-se um romance, que traz a ilusão do amor verdadeiro. São várias as mentiras que o amor romântico impinge para manter a fantasia do par amoroso idealizado, na qual duas pessoas se completam e nada mais está lhe faltando.

      E quais seriam essas mentiras? Na verdade, são afirmações absurdas em torno desse amor romântico. Primeiro, que só é possível amar uma pessoa de cada vez. Segundo, que quem ama não sente desejo por mais ninguém. Terceiro, que o amado é a única fonte de interesse do outro. Quarto, que quem ama sente desejo sexual pela mesma pessoa a vida inteira. Quinto, que qualquer atividade só tem graça se a pessoa amada estiver presente. Sexto e ultimo, que todos devem encontrar um dia a pessoa certa. E onde existe essa pessoa? Como nenhuma dessas afirmações corresponde à realidade, em pouco tempo de relação, as pessoas se decepcionam e se frustram. Embora existam pessoas que ainda acreditam nisso, está surgindo uma nova forma de amar e viver melhor, cujos principais ingredientes são amizade, companheirismo e solidariedade.

      Não há duvida que amor e sexo não sejam compatíveis, que um não necessita do outro. Que casamento e sexo são absolutamente incompatíveis. Evidentemente, que existem casamentos em que o sexo é ótimo, mas não podemos discutir idéias baseados em exceções. Na grande maioria dos casos, o sexo no casamento é uma tragédia. Eu arriscaria até a dizer que o casamento é o lugar onde menos se faz sexo e, quando se faz, geralmente é o de pior qualidade. É enorme o número de mulheres que fazem sexo com seus maridos sem vontade alguma, só por obrigação. Penso que isso se deve não só à rotina e à excessiva intimidade, mas, principalmente, à cobrança de exclusividade. E as pessoas se tornam emocionalmente dependentes umas das outras. A certeza da dependência do outro torna a relação estável demais. Não há um grau necessário de insegurança, o que motivaria a conquista e a sedução. Não existe receita como afirmam alguns psicólogos, aconselhando para “ser criativo”. Isso não passa de frase de efeito. É o desejo que gera a criatividade, e não o contrário.

      Todos sabem que o casamento, na maioria dos casos, traz mais infelicidade do que alegria. É só olhar em volta. O casamento obriga homens e mulheres a viverem dentro de regras e normas estabelecidas, visando ao controle da liberdade de cada um. É na área afetiva e sexual que as limitações são mais claras. Você só deve amar uma única pessoa durante anos e, somente com ela, pode fazer sexo. É comum várias pessoas terem características que nos satisfazem e nos atraem sexualmente. Então, fica difícil cumprir essas exigências. O resultado é muita gente infeliz, sem prazer de viver, recorrendo a antidepressivos e ansiolíticos. O casamento só pode funcionar bem e durar muito se for como sempre foi: uma união por interesses políticos e econômicos. O casamento não foi criado para a felicidade humana. Os problemas surgiram quando o amor passou a fazer parte dele. Essa novidade de se misturar romance e expectativa de satisfação sexual com casamento dificilmente vão dar certo. São ingredientes totalmente incompatíveis com a união estável que, durante séculos não se duvidou disso. Basta puxar pela nossa história, que não é nem um pouco atraente.

      Pelo andar da carruagem, não tenho dúvidas de que as relações amorosas do futuro serão mais livres e, por isso mesmo, mais satisfatória. É importante que as pessoas fiquem juntas pelo prazer da convivência e não por dependência. Cada um deve ter direito a vida própria, a amigos e programas separadamente. Penso que a cobrança de exclusividade sexual deva deixar de existir. O proibido estimula a curiosidade.

      Em um casamento, o companheirismo, a solidariedade e o carinho vão aumentando na mesma medida em que o desejo sexual vai diminuindo. A certeza de posse e de exclusividade que faz as pessoas se sentirem garantidas no casamento e leva à acomodação, inibindo o desenvolvimento de uma vida sexual criativa com o parceiro. Não existindo mais o estímulo da sedução e da conquista, o sexo vai se deteriorando. Portanto, como afirma à psicanalista e sexóloga Regina Navarro Lins, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o número de homens e mulheres casados que têm relações extraconjugais ocasionais é enorme e, hoje, o percentual de mulheres praticamente se nivela ao dos homens. Isto implica que tanto os homens quanto as mulheres, sonham com a poligamia. Está na natureza e na essência  humana.   

2 comentários:

  1. Concordo......não existe pessoa certa,porque quando existe,se torna a pessoa errada e assim recomeça o circulo vicioso da procura .

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  2. Sabe porque determinei que viveria sozinha????
    Por ter vivido relacionamentos que começaram com grande amor e terminaram com decepções e traumas.
    Hj quando quero cia tenho bons amigos e quanto a sexo posso ter com segurança e muito prazer com alguém que me deixa tranquila e não me cobra nada..porisso o prazer é maior e até muito mais divertido.

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